Texto VI
Casaco velho
Depois de muito tempo eu tirei um dia para organizar meu guarda roupa e lá, achei aquele casaco velho que você tanto usava nas noites frias.
Peguei o casaco em minhas mãos e ele já não tinha o seu cheiro, mas sim, um cheiro de velho e guardado. A lã estava se desfiando e nele ainda tinha a marca do último beijo que depositei em seu ombro enquanto caminhávamos sobre a ponte coberta de gelo aqui perto de casa.
A lembrança de seu olhar triste sobre mim enquanto suas mãos ficavam cada vez mais magra sobre a cama do hospital e as gotas das minhas lágrimas caindo sobre seu braço repleto de manchas roxas pelo fato de sempre está sendo perfurado.
Você me olhou e abriu um sorriso com muito esforço, dizendo que não era para eu chorar pois você sairia dessa mais forte que nunca e por alguns instantes eu acreditei. Horas depois eu andando e um lado para o outro ansiosa por uma notícia sua, o médico veio e me informou da sua partida.
Lembro-me de meu mundo ter desabado em cima de mim naquele instante e como se o céu estivesse anunciando sua chegada, uma forte chuva pegou todos de surpresa.
No dia do seu enterro eu lembro do meu peito ter se apertado ainda mais. Sua mãe me abraçou tentando me consola e seu irmão insistiu em ir morar comigo junto da mulher dele, mas tudo parecia piorar pois cada traço seu, tinha nele, mas não era você.
E agora, mesmo depois de 10 anos meu peito se aperta só de olhar seu casaco mas ao mesmo tempo, me deixa feliz. Pois sei que em nenhum momento você me fez infeliz e apesar de ter partido cedo, você sempre teve tudo de mim e eu sempre tive tudo de você.
Obrigado por ter sido meu enquanto pode.
Com amor, Lua
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