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28/03/2024

Point of view: Jennie Kim
Seul - Coreia do Sul
Quinta-feira

06:00 AM

Acordei com o despertador, indicando que estava no horário de trabalhar. Levantei-me sem muita vontade, indo até o banheiro para me preparar. Escovei meus dentes e tomei um banho morno, colocando um vestido preto e colado, junto com um sobretudo branco e um salto alto preto.

Voltei para a cama e peguei o meu celular, indo em direção a cozinha logo em seguida. Comecei a preparar um café da manhã para mim, tendo direito a: torradas, frutas e cappuccino.

Deixei a torradeira fazendo seu trabalho, enquanto voltava para o quarto.

— Meu amor, acorda — deixei um selar em sua bochecha carnuda, sentindo o cheiro maravilhoso de seu sabonete.

— Bom dia, mamãe — ele disse, enquanto se espreguiçava, fazendo meus lábios se formaram num sorriso boiola, acariciando suas barriga coberta pelo o seu pijama.

— Dormiu bem, filho?

— Uhum, eu mimi muito bem. Deixa eu adivinha, hora do banho? — observei seus olhos semicerrados, com dificuldades para ficarem totalmente abertos. Sorri com a pergunta e assenti. — Hoje é dia de escola, então?

— Sim, bebê, hoje é dia de escola. Feliz? — o peguei no colo, caminhando até a cozinha, pois normalmente, ele toma café primeiro, já que faz uma bagunça quando come.

— Não — ele fez beicinho, quebrando o meu coração em mil pedaços. Eu odeio ver ele triste assim. — Eu posso faltar hoje, mamãe?

— Você não tem babá pra ficar com você, meu filho — coloquei ele na cadeira, agachando-me logo em seguida e encarando seus olhos e sua cabeça que estava abaixada. — Meu amor, levanta essa cabeça e olha aqui — ele me obedeceu, tendo lágrimas em seus olhos. — Se alguém mexer com você de novo, fala que você tem sim um pai, só que ele está trabalhando e não pode ir na escola.

— Mas, mamãe, mentir é feio, e eu não gosto de ser feio — não pude conter a risada após a sua fala. — E, bom, eu já disse pra eles que o papai morreu e eu tenho só a minha mamãe, mas eles continuam falando que o meu papai me abandonou porque eu sou chato — ele ficou cabisbaixo, e isso partiu o meu coração.

— Filho, olha pra mamãe — segurei suas mãos e conti o meu choro. — O seu papai ama você independente do lugar onde ele esteja. E você não é chato, você é o garoto mais legal que eu conheço. Tenho certeza que os seus amigos de verdade não acham que o seu papai te abandonou.

— Eu não tenho amigos.

— E o Minho?

— Ele é meu melhor amigo.

— Então, meu filho. Ele sabe que o seu papai não te abandonou. Não liga pra quem fala o contrário disso, tá bom. Eu te amo, a titia Rosie e a titia Chu te ama, o titio Kookie, o titio Jimin e o titio Tae também te ama. Não fica triste por isso. A próxima vez que eles falarem essas baboseiras sobre o seu papai, me fala que eu vou ir lá na sua escola, ok?

— Tá bom — ele respondeu, contendo os soluços. Abracei ele com força, não querendo soltar-lo nunca mais. — Eu te amo muito, mamãe. Obrigado por cuidar de mim — sua voz de choro partiu o meu coração. Parei de abraçar-lo e limpei sua lágrimas, deixando as minhas escaparem.

— Eu também te amo, meu filho. Eu te amo muito.

Eu queria falar a verdade para ele, mas eu não sei como, e bom, eu exclui o pai dele da minha vida, então nem tem como eu entrar em contato com ele para avisar sobre o Jinwoo.

— Vou pegar seu Sucrilhos, ok? — me levantei quando tive certeza que ele estava mais calmo.

— Mamãe, eu quero torrada, não Sucrilhos. Enjoei disso aí — eu ri, me lembrando de alguém que falava do mesmo jeito que o Jinwoo.

— Tá bom, meu filho.

Caminhei até a torradeira, pegando as duas torradas que seria para mim, mas como ele quer, irei comer só uma. Após isso, eu fui até a mesa e coloquei a torrada no prato dele, vendo-o umedecer seus lábios.

— Hummmmm, que delícia — sorri após sua fala, começando a preparar seu leite quente.

— Aqui está, filho. Coma tudo pra ficar forte, ok? Quer mais alguma coisa?

— Eu quero geleia com torrada — ele sorriu, mostrando os seus dentes que já nasceram ou estavam nascendo.

Passei a geleia na torrada, com cuidado, logo o entregando novamente, e depois do meu ato, observei ele comer, saboreando a torrada, fazendo biquinho e mastigando de olhos fechados. Não resisti e acabei apertando suas bochechas com uma mão, fazendo ele me olhar com os olhos arregalados.

— Ai que neném mais lindo da mamãe — balancei seu rosto e soltei, o vendo massagear o local que foi apertado. Eu sorri quando ele emburrou, dizendo que estava doendo agora.

***

Cheguei na empresa onde eu trabalho, indo direto para a minha sala organizar algumas coisas do dia à dia.

Coloquei minha bolsa na poltrona que tinha ali para as minhas horas de descanso, e sentei-me em minha cadeira, ligando o computador logo em seguida.

Atualmente, estou trabalhando como secretária, porém o meu chefe mora em outro país, de vez em quando ele vem ver como anda tudo por aqui.

Escutei três batidas na porta da minha sala. Permiti a entrada da pessoa, logo vendo um rapaz alto e moreno, que estava vestindo um conjunto moletom cinza molhado de suor e um boné preto. Ele se aproximou e se sentou na cadeira em frente a minha, apoiando suas mãos na mesa.

— O que você tá fazendo aqui? Veio brigar comigo de novo?

— Eu só vim conversar sobre o Jinwoo, Jennie — bufei e revirei os olhos, cruzando os braços e relaxando as minhas costas na cadeira. — Você não acha que ele tem que saber que tem um pai?

— Já conversamos sobre isso, Taehyung.

— Jennie, pare de ser cabeça dura. O que você acha que o Jinwoo vai fazer quando souber que você mentiu pra ele? O que acha que ele vai fazer quando descobrir que o pai dele não está morto? — ele disse com a voz um pouco mais alta, e isso me estressou bastante.

— Você sabe muito bem que eu tenho um motivo pra não contar a ele sobre o Lohan.

— Eu sei? — ele perguntou, sínicamente. — Você já tem maturidade suficiente pra saber que essa mentira não vai ir muito longe.

— Será que dá pra você me deixar trabalhar em paz? Toda vez que você vem até mim é pra falar sobre o Lohan — meus olhos lacrimejaram.

— Não sou só eu que falo com você sobre ele. Porra, Jennie, ATÉ O SEU NAMORADO FALA SOBRE ISSO — ele gritou, demonstrando impaciência comigo.

— Não mete o Kai nisso.

— SE VOCÊ NÃO QUER CONTAR PRO LOHAN QUE ELE É PAI POR CAUSA DO KAI, PARA! VAI LÁ E CONTA, CARALHO — ele levantou da cadeira e começou a andar pela minha sala, com as mãos no quadril e suspirando bastante. — O Kai te incentiva a contar pro Lohan que ele pai, porque ele sabe que é o certo, Jennie — ele virou para mim, encarando-me com lágrimas em seus olhos.

— Você já pensou no que eu sinto? — perguntei, desviando o meu olhar da mesa para ele, deixando uma lágrima escorrer. — VOCÊ SABE A DOR QUE EU SENTI QUANDO NOS DESPEDIMOS? VOCÊ SABE? — me levantei, aproximando-me dele e ficando em sua frente. — EU CHOREI POR NOITES QUANDO ELE FOI EMBORA, CARALHO! EU AMO O LOHAN, E SÓ INCENTIVEI ELE A IR PRA TAILÂNDIA PORQUE EU NÃO AGUENTAVA MAIS VER ELE SE MACHUCANDO, PORRA — gritei com ódio, fechando meus olhos e me reinando a um choro forte.

— Jennie, por favor...

— Você que começou com isso e agora você vai me escutar — disse, entredentes. — Eu escondi que estava grávida do Lohan porque eu sabia que, se eu contasse pra ele, ele iria voltar pra Seul e deixar seus sonhos pra trás. Você tem ideia do quanto ele sofria aqui? Você sabe quem acalmava ele, quem dava colo, um ombro pra ele chorar? — perguntei, chorando e olhando no fundo de seus olhos. — Taehyung, eu perdi as contas de quantas vezes eu segurei o choro perto do Lohan. O Jinwoo tem muitas semelhanças com o Lohan, e cada dia que passa, ele fica mais igual ao pai dele. Eu tento deixar ele no passado e seguir minha vida, mas é impossível.

Parei de falar, pois o choro estava ficando mais forte e eu estava perdendo as forças.

— Vem cá, Jennie — ele me puxou até a poltrona, fazendo-me sentar nela. Ele se agachou em minha frente, segurando minhas mãos.

— Toda vez que o Jinwoo chora nos meus braços porque está sofrendo bullying na escola, eu tenho um déjà-vu de quando o Lohan chorava em meus braços porque estava sofrendo transfobia na escola, Tae. O meu passado tá me assombrando pra caralho — disse, entre os soluços fortes e altos, vendo as lágrimas do rapaz, escorrerem pelo seu rosto.

— Você sabe que não vai poder enterrar o seu passado assim, sem mais nem menos, né?

— Eu sei. Mas o que eu posso fazer? Eu me afastei do Lohan pra deixar ele viver a vida dele, longe dos perigos de Seul, longe das ameaças que recebia de sua família...

— Jen, você sabe o que ele sentiu quando a única pessoa que o apoiou em tudo, se afastou dele do nada? — neguei. — Então, maninha, conversa com ele.

— Tae, mas e se ele ficar puto comigo e não querer mais saber de nada sobre o Jinwoo? Ou pior: e se ele querer pegar a guarda do Jinwoo só pra ele?

— Ele não vai fazer isso. Você sabe.

Ele me envolveu em um abraço apertado, acariciando as minhas costas.

— Eu sei que antes de eu vir aqui, a gente estava brigados, mas eu não aguento ficar longe de você — sua voz saiu um pouco abafada, já que seu rosto estava enterrado em meu pescoço. — Me desculpa por ter dito todas essas coisas pra você, e me desculpa por não ter tentando entender o seu lado. Eu te amo e vou te apoiar em tudo, independente da sua escolha.

— Eu também te amo.

— Agora eu vou ir pra casa, tchau — ele se afastou de mim, deixando um selar no topo da minha cabeça.

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