Hyung, eu tô apaixonado
Escrita por Hywnie
Feliz natal, meu amores! Curtem a historia e riem bastante, ein!!
A neve cobria toda a cidade quando chego cedo no shopping. Logo meu horário iria começar e o dia ia ser longo, então já me desfiz de toda roupa de frio para aproveitar o aquecedor e me vesti com a típica roupa vermelha e a barba branca.
Ser papai noel nunca esteve nos meus planos, mas, infelizmente, as contas não paravam de chegar. Então, se eu quiser mais do que carvão no natal, tinha que ralar.
Já vestido, vou até o cenário que estava terminando de ser montado e cumprimentei a equipe. Pelo menos, o trono era bem confortável.
— Bom dia, Jungkook! — um dos elfos, Hoseok, me cumprimenta com um sorriso grande.
Ele daria um melhor papai noel que eu. Se eu fico 5 minutos sorrindo a bochecha já dói e a vontade de arrumar as malas e voltar para a casa dos meus pais começa a aparecer.
— Bom dia, Hobi! Como cê tá? — perguntei, já pegando algumas decorações para ajudar na montagem.
— Com ressaca — ele responde simples e eu apenas rio.
Em poucos minutos terminamos a montagem do cenário e todos decidimos ir até a praça de alimentação tomar um café antes de começar a entreter as crianças.
E é aí que acontece.
Eu estava sentado de boa, tomando meu café, sem proteção, despreparado, quando o vejo.
Os cabelos vermelhos se destacavam, tinha bochechas rosadas e um sorriso de parar o trânsito. Parecia um deus; na verdade, um elfo, a julgar pela fantasia.
Meu coração já não se comportava, batia loucamente dentro do peito e meus olhos se recusaram a piscar e perder um milissegundo sequer daquela visão.
— Hyung. — Seguro no braço de Hoseok, como se para me estabilizar na realidade. — Eu tô apaixonado.
Ele me olha como se eu fosse doido até seguir minha linha de visão e ver o belo elfo no outro lado.
— Pode parar que você apaixonado é desastre na certa — ele diz. — Tirando que ele é muita areia pro seu caminhãozinho.
— Vai ganhar carvão esse ano só para deixar de ser mal comigo — ameaço ele, mas em momento algum tirando os olhos do ruivo.
Ele segue pelo corredor do shopping até entrar em uma das lojas de brinquedos e cumprimenta outro funcionário que se vestia igual a ele.
Então ele trabalha ali, penso comigo.
Minha mente já arquitetava vários planos diferentes para conhecer o pequeno elfo, um pior que o outro.
— Você não está pensando em algum plano esquisito e que com certeza vai dar errado, não, né? — Hobi pergunta.
— Não — respondo —, até porque esse vai dar certo.
Ele apenas suspira, já pensando na vergonha que eu provavelmente — com certeza — iria passar.
— Está pensando em quê?— finalmente pergunta.
— Bem, eu sou o papai noel. E o que eu faço? — pergunto, mas ele apenas me olha em desinteresse.
— Passa o dia todo sentado e prometendo presente para crianças inocentes que nunca irão ganhar o que querem? — ele fala, me olhando sério.
— Brinquedos! — respondo, ignorando a resposta mal humorada dele. Hobi nunca funciona bem de manhã. — Então, meu plano é descobrir sobre ele, fazer um presente e chamá-lo para sair.
— Mas não vai, porque você é desastrado pra caralho e vai dar tudo errado — Hobi amaldiçoa.
Como se fosse verdade. Só aconteceu todas as vezes que eu tentei, mas dessa vez vai dar certo.
Terminamos de comer e começamos o trabalho.
MISSÃO 1: DESCOBRIR SEU NOME
A manhã foi bem movimentada, muitas crianças vindo, uma mais fofa que a outra, e uma pedindo algo mais impossível que a outra.
O horário de almoço chega e é hora de colocar a primeira parte da missão em prática.
Era bem simples: eu ia até a loja de brinquedos que ele trabalha para comprar um presente para meu sobrinho, ia ser atendido por ele e, então, saber seu nome. Não tem como dar errado, tem?
Tiro a barba e a grande camisa vermelha, ficando apenas com a calça e uma regata preta que usava por baixo, deixando as tatuagens à mostra.
Olho para o lado quando escuto alguns assobios e vejo os elfos me olhando de forma descarada.
— E aí, papai noel, esse saco aí é só de brinquedo?! — Soobin, um dos elfos, pergunta rindo.
Apenas nego divertido com a cabeça e vou em direção à loja.
Chegando lá, começo a me sentir nervoso. Era bem simples, mas Hoseok estava certo, eu era bem desastrado.
Entro na loja e sou inundado com diversos sons, crianças chorando, correndo, gritando, kpop tocando e muita conversa. Sigo para tentar encontrar o elfo ruivo quando outro me atrapalha.
— Boa tarde, senhor, como posso ajudá-lo? — ele pergunta com um sorriso claramente ensaiado, nem um pouco parecido com o sorriso radiante do ruivo.
— Não, obrigado, só estou procurando um presente — agradeço e continuo andando.
— Quantos anos tem a criança? — o elfo persiste, me seguindo. — Menino ou menina?
— É um menino, de 9 anos, mas eu realmente não preciso de ajuda — tento dispensar o cara, e dessa vez ele acena e se retira.
Continuo andando pela loja em busca do pequeno elfo, até que o vejo ali, organizando alguns brinquedos. Disfarçadamente, vou até alguns brinquedos perto dele na esperança de me perceber e me atender.
Olho algumas pistolas de brinquedos que com certeza meu sobrinho gostaria, já que ele está bem na fase de criança pestinha.
— O senhor gostou das pistolas de brinquedo?! — Aquele elfo desgraçado brota do meu lado do nada, me assustando. — Temos uma promoção dela junto com uma fantasia do personagem a quem pertence ela, o senhor gostaria de ver?
Encaro ele, me perguntando que se eu me livrasse dele ali eu ganharia carvão de Natal.
— Não precisa, eu estou bem — digo curto, mas tentando ser educado.
— Se o senhor quiser ver, também temos algumas espadas, arco e flechas de brinquedo, todos com fantasias. Estou aqui para ajudar! — E o cara continuava, me olhando sorrindo.
Para evitar que as crianças vejam a cena do papai noel sendo preso, eu apenas continuei andando, ignorando o energúmeno verde que ainda andava atrás de mim.
Qual a porra do problema desse cara?!
Fui até uma estante bem ao lado de onde o ruivo estava. Eu parei ali, olhando os brinquedos, e cruzei os braços apenas para flexionar um pouco os músculos; se é pra chamar atenção, tem que fazer bonito. Ele me olhou de cima a baixo, e eu sorri para ele.
Eu, Jungkook, falo que o sorriso que dei foi bonito e até sexy. Ele, tempos depois, disse que eu sorri como uma pessoa com tique nervoso, mas a opinião dele não vale nada aqui.
Continuo olhando os brinquedos, esperando que ele venha me atender, até que sinto novamente um olhar em mim. Torci mentalmente para que fosse ele, mas quando o olho, ele está concentrado em sua tarefa, porém a sensação continua.
Olho para o outro lado e não há ninguém. Mas quando olho para trás, me assusto ao ver a desgraça daquele elfo de novo.
— O senhor se interessou pelas pistas de corridas? Temos com um combo com alguns carrinhos, gostaria de ver? Eu ajudo o senhor a escolher o melhor presente, fomos bem treinados para isso!
À essa altura, aquele sorriso ia me dar pesadelos.
Grito mentalmente para me acalmar e conto até 10.
— Eu já falei que não preciso de ajuda! — falo (vou negar até a morte que gritei). — VAZA DAQUI, SEU SACO DE MERDA! — Isso aqui eu também nego que disse.
Me viro para correr daquela maldição de novo, mas calculo mal meus movimentos e em 2 segundos me vejo tropeçando em uma montanha de bonecas que soltavam risadas.
Como já dizia o grande filósofo e pensador Félix: eu devo ter salgado a Santa Ceia.
Pois então, no momento me encontro caído em uma montanha de bonecas de olhos arregalados rindo de mim. Bom, Hoseok estava certo.
Eu já estava vendo a luz no fim do túnel vindo até mim, até que uma cabeleira ruiva vem em minha direção.
— Você está bem? — ele perguntou, preocupado, mas sua voz ainda tinha um tom cômico.
Não respondo, só olho para ele com uma súplica para que acabe logo com meu sofrimento.
Ele ri e se dirige para o outro elfo, aquele que me seguiu o tempo todo, o culpado de todo meu sofrimento e vergonha.
— Eu vou buscar a caixa de primeiros socorros, cuida dele para mim, Tae. — E o ruivo se afasta.
— Pode deixar, Jimin-ssi — ele responde e anda até a minha figura ainda esparramada vergonhosamente no chão.
— Precisa de ajuda, senhor? — o filho da puta ainda me pergunta, sorrindo.
— Pro inferno.
Pelo menos descobri seu nome.
MISSÃO 2: DESCOBRIR SOBRE ELE
18 de dezembro
A primeira missão foi um completo sucesso e Hoseok não pôde dizer o contrário.
Até porque ele está rindo há 10 minutos após eu ter contado os acontecimentos de mais cedo.
Após a minha vergonha épica, Jimin sequer me ajudou, teve que fazer outras coisas; quem me ajudou foi o maldito do Taehyung, que não fez questão nenhuma de esconder a risada. Talvez eu devesse apresentar ele ao Hobi, combinam perfeitamente.
Mas para mim deu tudo certo, eu sei seu nome, então, partiremos para a segunda missão.
Descobrir sobre ele.
Essa vai ser um pouco mais complicada, já que ainda não consegui ter uma conversa decente com ele — nem conseguiria.
Então vou tentar o caminho mais fácil: usar meu dia de folga para segui-lo e observá-lo para ver o que lhe interessa.
E não me importa o que Hoseok diga, não é crime se for em nome do amor.
São 10 da manhã e já estou aqui, desta vez com roupas normais. Paro em frente à uma coluna perto da loja de brinquedos e, como não sei seu horário de almoço, eu tenho que esperar.
Me aproximo um pouco mais das janelas para ter uma melhor visão.
E lá está ele.
Os cabelos ruivos, a roupa verde que o deixa extremamente fofo, e o sorriso... ah, aquele sorriso. Quase me derreto no chão ao vê-lo.
Corro até ali perto para comprar uma bebida e algo rápido de comer, já que não sei quanto tempo vou ficar de tocaia, então tenho que ter algo pra não ficar com fome.
Logo volto para minha posição e fico observando-o trabalhando. Tão lindo, tão fofo. Ele atende cada cliente com um sorriso de parar o trânsito, uma delicadeza impossível.
Por volta das 11:40 ele e Taehyung saem para almoçar juntos. Os dois parecem bem amigos, sempre conversando enquanto trabalham, risos daqui e dali.
Hmmmm…
Os dois vão em direção à praça de alimentação e eu os sigo discretamente.
Eles pedem um almoço e se sentam. Peço um lanche para mim também e me sento a duas mesas deles, longe o suficiente para não repararem, mas perto o bastante para ouvi-los.
— Vamos sair para beber hoje, Minnie? — Taehyung pergunta. Minnie?! Quem esse bosta acha que é para dar apelidos ao amor da minha vida?
— Não sei, Tae, amanhã temos que acordar cedo — o amor da minha vida diz enquanto toma um suco. Isso aí, bem sensato, igualzinho a mim.
— A gente compra algumas cervejas e vai pra sua casa então, eu tô de carro hoje — ele insiste e Jimin apenas acena.
Ir pra casa dele?! Não!
Só eu posso, mesmo que não saiba onde é e ele não me conheça.
Eles continuam conversando amenidades até um assunto me chamar atenção.
— Você lembra daquele cara do outro dia? — Taehyung pergunta, já rindo ao se lembrar. — Ele caiu feito uma jaca madura. As bonecas rindo só deixou tudo melhor.
Já deixo escrito aqui que quando eu e Jimin nos casarmos ele não vai ser convidado.
— Foi muito engraçado! — Jimin respondeu, rindo também.
Ouviram esse barulho? Foi meu coração se quebrando em mil pedaços.
— O Niki gravou um vídeo na hora, quer ver? — o maldito pergunta já sacando o telefone.
E os dois passaram os próximos dois minutos rindo da minha pessoa.
Eu já estava querendo chorar e me esconder pelo resto da vida que esperava ser curta.
Perfeito. A primeira impressão que deixei para meu futuro marido foi de um palhaço, alguém que ele vai se lembrar e rir e não pensar: “nossa, eu quero casar com ele”.
— Mas ele é bem bonito, né? — Ouço Jimin falar.
Opa! Chorar? Desviver? Nunca! Vou viver a eternidade toda só pra tê-lo ao meu lado.
Viro o pescoço tão rapidamente que a cadeira começa a tombar para trás, igual a gente faz quando criança, sabe? Que sempre dá aquela sensação que você vai cair?
Dessa vez não foi só a sensação. E, antes de perceber, eu passei essa vergonha novamente. Eu vi em câmera lenta a cadeira tombar, a sensação de perigo, os olhos de Taehyung e Jimin em mim e no próximo segundo eu estava no chão.
De novo.
— Meu Deus! — O ruivo vem em minha direção para me ajudar. — Você está bem?!
O olho com toda dor e sinceridade do mundo.
— Não.
Ele quase ri, mas consegue se segurar. Ele me dá as mãos para me ajudar e ao lado, Taehyung está vermelho de tanto rir. Filho da puta.
— Você se machucou? — Jimin me pergunta, passando as mãos em minhas costas.
"Só meu coração e dignidade", penso, mas evito passar mais constrangimento, então apenas nego.
— Meu Deus, Jungkook, o que aconteceu?! — Escuto a voz de Hobi se aproximando de mim.
— Eu só cai, hyung — digo com vergonha, já indo em direção a ele para me esconder.
Hoseok me olha, olha para Jimin, e intercala olhares.
Belisco sua costela para ele tentar pelo menos disfarçar.
— Ok, obrigada por ajudá-lo, Jimin. Eu sei que Jungkook consegue ser bem desastrado. — O merda ao invés de falar bem de mim pro meu futuro marido, não, ele me humilha mesmo.
— Tudo bem. — O ruivo ri da situação, antes de fazer uma cara confusa. — Mas como sabe meu nome?
Merda. Merda. Merda.
— Bom, chegou minha hora, tenho que voltar ao trabalho — Hobi desconversa. — Prazer em conhecê-los e já vamos indo.
Ele puxa minha mão com ele para garantir que não vou ficar parado feito uma estátua babando pelo elfo.
Eles nos olham confusos enquanto acenam um tchau.
— Só passa vergonha hein, Jungkook! — Hoseok me repreendeu, rindo.
— Nem vem, Hobi! Foi culpa daquela cadeira homofóbica! — Faço beiço pra ele. — Mas veja só, ele me acha bonito. Já é uma vitória em tanto — digo com um sorriso tão grande que quase me rasga as bochechas.
Ele ri da minha cara como sempre e me abandona no meio do shopping para voltar ao trabalho.
Humph! Os de verdade eu sei quem são.
Me sento em um canto qualquer para arquitetar o resto do plano que por enquanto já não deu muito certo.
Penso no outro elfo de cabelos azuis, Taehyung. Os dois parecem bem próximos, talvez eu deva arranjar um jeito de convencê-lo a me falar sobre Jimin. Mas o santo dele parece que não bateu com o meu.
O que fazer…?
Já sei!
[...]
Fico rondando o shopping até dar o horário de fechamento da maioria das lojas, mas eu precisava de um lugar mais deserto. Passei o resto da tarde planejando essa etapa, então não pode dar errado.
Quando ouço passos vindo em direção ao estacionamento e a voz do elfo, me posiciono no esconderijo, um saco preto em uma mão e uma corda em outra.
Se eu vou sequestrar ele? Que tipo de pessoa vocês acham que eu sou?
Isso é apenas um, como dizer, incentivo para ele falar.
Olho de esguelha e, graças a deus, meu futuro marido não tá com ele, ou teria sido meio estranho.
Quando ele se aproxima mais eu me preparo.
1…
2…
3 e… vai!
Assim que o vejo pulo pra cima e enfio o saco preto em sua cabeça, mas novamente, nada sai como planejado.
— QUE PORRA É ESSA?! — quem grita já me acerta o braço e me joga na parede. Em seguida, ele tira o saco da cabeça e me dá um soco na costela.
Me abaixo no chão de dor, já querendo chorar. Porra de soco forte.
Vejo que ele ia me acertar um chute antes de olhar bem pra mim.
— Você?! — Ele me olha incrédulo. — Que caralhos que você tá fazendo?
Eu olho pra cima, com lágrimas nos olhos e um beiço.
— Eu só queria ajuda — digo com a voz embargada de dor.
— Ajuda? E pra isso você ia me sequestrar?
— Não era sequestro, era só um incentivo — resmungo, ainda encolhido no chão.
— E você quer ajuda com o que exatamente? — Ele cruza os braços, desconfiado.
Fico calado e encolhido, mas ele continua me encarando esperando uma resposta.
— Euqueriaconsquistarojimin — digo bem rápido e baixo.
— Fala direito, homem! Ou não ajudo com nada também! — Taehyung reclama.
— EU QUERIA CONQUISTAR O JIMIN! — gritei um pouquinho mais alto do que pretendia.
Ele me olha surpreso e logo em seguida começa a rir. Rir muito. Ele está no chão comigo de tanto rir.
Filho da puta.
— Essa vergonha toda que você tá passando é por isso?! — ele me pergunta, ainda se acabando de rir.
Eu viro a cara de vergonha, me sentindo corar.
Ele se recupera depois do que parece meio século e me encara.
— Por que eu deveria ajudar? — Ele arqueia uma sobrancelha. — Você nem comprou nada comigo na loja aquele dia!
— Claro que não! Você ficou no meu pé feito um sanguessuga! — reclamo. — E eu queria ser atendido pelo Jimin. — me defendo também.
— Uai, final de ano! Eu tenho que bater meta. — Ele revira os olhos.
— Vai me ajudar ou não? — pergunto, me levantando.
— E o que eu ganho com isso? — O merdinha me olha com um sorriso sapeca.
Deus, eu vou me arrepender disso.
— O que você quer?
Ele pensa um pouco, até me olhar parecendo um diabinho.
— Eu quero que você passe vergonha. — Ele sorri.
— OUTRA?! — reclamo. — O tanto de vergonha que eu já passei na frente dele e você quer outra?
— Sim, mas essa eu vou escolher.
Penso nos prós e contras. Vergonha eu já ia passar de uma forma ou outra, então, melhor que seja com algum resultado bom.
— O que eu tenho que fazer?
[...]
19 de dezembro
A todos os meus espectadores, eu quero que saibam que o amor mexe com a nossa cabeça, nossa mente vira outra; e é por esse motivo no qual, atualmente, me encontro no meio de um shopping lotado com uma caixa de som e uma fantasia vergonhosa de papai noel sexy, só por isso.
A fantasia continha basicamente uma calça, um colete vermelho e branco aberto sem mangas e uma touca. A calça era muito apertada, o colete era pequeno e eu estava sem camisa no frio de um shopping.
Taehyung ainda me paga.
E, para piorar, já que nada na minha vida é fácil, eu estava na praça de alimentação à espera do ruivo que acha que estava ali para encontrar o elfo de cabelo azul. Tecnicamente, ele estava, mas com uma surpresinha a mais.
Segundo Taehyung, ele nunca iria se esquecer de mim com isso. Claro, tamanha vergonha a gente lembra pra sempre, principalmente a alheia.
— Ele tá vindo, se posiciona aí. — O outro me cutuca.
Posicono a caixa de som — que estava conectada ao celular de Taehyung — em cima da mesa e fico parado.
Ele se afasta um pouco para não parecer que estávamos juntos, e eu tenho certeza que a câmera dele estava ligada, por mais que ele negue.
Jimin chega, cumprimentando o amigo, que aponta para mim rindo.
Me coloco de lado e Taehyung aperta o play.
Vergonhosamente, começo a dançar ao som de Miniskirt do AOA.
É o amor.
Quando o refrão da música chega, tenho certeza que estou tão vermelho quanto as roupas que estou usando, um monte de pessoas em volta rindo, gravando. Eu sequer tenho a coragem de olhar na cara do ruivo com medo de sua reação.
A dança finalmente chega ao fim e tomo fôlego para olhar Jimin. Ele apenas me encarava, sorrindo. O mundo parecia simplesmente parar com aquele sorriso. Mas, infelizmente, a risada engasgada do merda do Taehyung me acorda e me lembra de onde estou.
Escuto alguns assobios vindo de algumas mulheres e, com certeza, de mães das crianças que vem tirar foto comigo. Fujo com vergonha e ignoro totalmente Hoseok, que viu a cena toda.
No caminho, me visto com um casaco que deixei comigo e desço para esperar o elfo.
— Você arrasou! — ele diz, rindo da minha cara.
— Tá, agora sua parte do trato. — Fuzilo ele com os olhos.
— Tudo bem, calma, senta aí. — Nós sentamos no chão mesmo e escuto atentamente o que ele diz.
— O Jimin é bem simples — ele começa. — Ele gosta de chocolate branco, ama qualquer tipo de doce que tenha limão ou maracujá, adora comédia romântica e chora fácil. Ele cursa faculdade de dança, sua especialidade é dança contemporânea e balé. Sua cor favorita é azul, seu livro favorito é Percy Jackson. Nasceu em Busan e daqui a pouco está careca de tanto que ele pinta o cabelo.
Absorvo cada informação, guardando tanto na cabeça quanto no coração, esse cara é perfeito para mim.
— O que você mais acha que ele gostaria de ganhar? — pergunto, com medo de errar no que fazer.
— Qualquer coisa, o que importa é a intenção — ele disse, mas sei lá, ele não é confiável. — É isso! Tô vazando!
Ele se levanta e sai, e eu fico ali pensando no que farei.
Já sei! E dessa vez, é algo fácil, não se preocupem!
Antes de ir para casa, passo no mercado — não no do shopping, por mim não volto nunca mais lá —, compro algumas coisas e sigo para casa.
Não acerto de primeira, mas na segunda tentativa fica bom o bastante para ser um presente. Coloco na geladeira e me arrumo para dormir.
20 de dezembro
De manhã já acordo bem ansioso e com medo da reação do ruivo. Pego o presente e coloco em uma caixa com um bilhetinho.
Minha pretensão é entregar o presente por agora. Não eu, óbvio, depois de ontem não tenho coragem nem de me olhar no espelho. Me encontro com Taehyung perto da loja e entrego para ele passar o embrulho para Jimin.
— O que você fez? — ele pergunta, já abrindo a caixa, mas impeço ele com um tapinha na mão.
— Não é pra você, então não abra. — Ele revira os olhos pra mim e segue para encontrar Jimin.
Me escondo atrás da parede para observar, vejo ele o cumprimentar e entregar o presente, deixando o ruivo confuso.
Seu rosto se ilumina ao ver uma pavlova com geleia de maracujá e abre o bilhete que deixei.
"Espero que goste da sobremesa!
Para: Jimin
De: seu admirador secreto e futuro amor da sua vida.
Ps: a dança de ontem foi somente para você."
Seu sorriso se alarga ainda mais e ele e Taehyung entram para trabalhar.
Saio saltitando pelo shopping até onde eu deveria trabalhar.
— Bom dia, pessoal, lindo dia, ótimo dia! — digo todo feliz e já começando a ajudar na montagem do cenário.
— Pra quem passou uma vergonha épica ontem você está bem feliz — Hoseok diz.
— E vai valer a pena, hoje ninguém vai estragar meu dia. — E sigo todo feliz.
O tempo passa de boa, bastante crianças, bem feliz, apesar de a cada cinco segundos alguém fazer questão de lembrar da minha vergonha anterior, mas como eu disse, ninguém vai estragar meu dia.
Exceto isso.
Já perto do horário de almoço do meu querido elfo ruivo, o shopping começa a encher mais. Meu plano era tirar meu intervalo no mesmo horário e "acidentalmente" me esbarrar com ele, mas a fila de crianças não parecia diminuir.
Olho ali perto e ele está vindo nessa direção, meu coração começou a errar algumas batidas, minhas mãos a suar, mas me obriguei a manter a atenção nas crianças.
Observo de soslaio ele escorado numa coluna do lado me olhando com um sorriso fofo.
Até perdi o fio do pensamento aqui.
— Oi, posso tirar uma foto ou estou velha demais para isso? — Escuto uma voz jovem. Na minha frente, um grupo com três amigas me olha sorrindo. Infelizmente, aqui não tem regras sobre adultos tirarem fotos.
— Claro! — Sorrio educado. Geralmente, os adultos que tiram fotos comigo se sentam no banquinho ao lado do trono, mas duas das três pestes acharam que se sentar em meu colo seria legal.
Endureço no trono só esperando a maldita foto. Uma delas, ao sair, fez questão de apertar a minha coxa disfarçadamente e me entregar um papel com um piscar de olhos.
Biscate.
Abro o papel e é um ig do instagram e um número de telefone. Reviro os olhos e jogo o papel do lixo ali do lado.
Me viro para olhar novamente o amor da minha vida, mas ele caminhava em passos rápidos para longe.
Ótimo. Perfeito. Melhor merda que poderia acontecer.
Fico preso ali por mais duas horas até conseguir sair. Vou direto na loja à procura do ruivo, mas Taehyung me barra assim que entro.
— Aquilo não deu uma boa impressão, cara — ele me diz com uma cara de pena.
— Mas não foi minha culpa! Se eu soubesse que aquelas garotas iam fazer, eu teria impedido — tento me defender.
— Bem, aí é com Jimin se vai falar com você ou não. — O otário dá de ombros. — Ele é bem sensível, não teve muitos relacionamentos bons, então se ele se sentir confortável para isso, ele vai. Confia no pai.
Saio de lá com uma expressão de derrota.
O resto do dia correu com muita neve e um ar de tristeza, ainda trabalhei bastante e me joguei na cama em tristeza profunda ao chegar em casa. A vida perdeu o sentido.
[...]
MISSÃO 3: ACEITAR E CHORAR (ou não)
24 de dezembro
Havia se passado 4 dias, 4 longos dias que mais pareciam 4 décadas, e nada do ruivo.
Eu tinha enchido muito o saco de Taehyung, mas ele me impedia de falar com o meu amor. Segundo ele, Jimin que tinha que vir até mim.
Aff, eu já quero é casar com ele, não sou de esperar.
Mas até passar 4 dias eu já estava na fossa, na merda, pronto para me jogar de um arranha-céu.
Já era véspera de Natal, meu último dia de trabalho, cada vez que eu passava ali sentia vontade de chorar ao lembrar que não tenho meu elfo pra mim, mas sempre tento mantenho o sorriso pras crianças.
O dia passou lento, o ritmo de crianças era pouco, havia mais adultos comprando presentes de última hora.
Hobi até tentou me alegrar durante esses dias, me levava para beber, mas eu sofria e chorava como quem acabou de se divorciar de um casamento de 20 anos.
Até as 18h chegar, pareceu uma eternidade. Liberei todos para irem embora, já que prometi que desmontaria o cenário sozinho. Todos tinham alguém com quem comemorar, menos eu, o sofrido, o renegado, o nada dramático que sofria de amor.
Já estava começando a retirar as decorações quando ouço uma voz doce atrás de mim.
— Eu sei que natal já é amanhã, mas dá tempo de pedir uma coisa? — Me viro e vejo o anjinho ruivo que tem visitado todos meus sonhos.
— Claro… — respondo meio (completamente) bobo e me sento novamente ao trono.
Ele caminha até mim. Pensei que ia se sentar ao meu lado, mas ele me surpreendeu ao sentar em meu colo.
— Então, papai noel — ele começa —, tem um carinha aí que é muito bonito, engraçado e que com certeza passa vergonha. — Ele me olha para ver minha reação, mas eu apenas o olhava com os olhos brilhando. — Ele fez muito pra chamar minha atenção, infelizmente não foi só a minha que chamou. Não gostei, mas eu estava reconsiderando, então eu precisava de um presente.
— Claro, tudo que você quiser — começo meio afobado, mas tento me acalmar e não perder a pose. — O que gostaria?
Ele tira um pequeno galho com folhas da bolsa que segurava e coloca acima de nós dois.
Um visco.
Ele me olha, sorrindo sapeca.
— Um beijo — ele pede.
Sem palavras, apenas dou um sorriso do tamanho do mundo e me aproximo. Os olhos dele brilhavam, a boca carnuda extremamente convidativa.
Ao que levo minha mão para abraçar sua cintura, eu erro a distância e ela passa direto. Mas a surpresa me faz tombar e, totalmente sem equilíbrio, me jogo pra frente, caindo do trono e levando Jimin comigo.
Caímos ambos em cima do tapete felpudo em frente, ele abaixo de mim.
Muito dorama mesmo.
Ele me olha e fico com medo dele se estressar pelo desastre. Mas ele ri.
Ele ri.
Não falo que ele é perfeito para mim?!
— Você não perde uma, né — meu belo fala enquanto passa os braços atrás do meu pescoço.
— Isso tudo é culpa sua e do seu sorriso de parar o trânsito e minha cabeça junto. — Me aproximo para colar nossos lábios.
No final, realmente valeu a pena a vergonha toda.
Menos quando Taehyung mostrou meu vídeo dançando no nosso casamento alguns anos depois.
E o filho da puta ainda foi padrinho.
Espero que tenham se divertido com ela, não sou expert em escrever comédia.
Quero agradecer a betagem novamente da jupteryoon!! Obrigada, bem! Sempre maravilhosa!
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