Capítulo 56 - Nós Não Terminamos!

POV Nico.

Quando Will bate a porta do meu quarto e vai embora um vazio se instala em meu coração junto com uma conclusão tardia.

Eu não queria terminar, eu estava com medo e assustado com o que o futuro podia trazer e eu queria que Will me dissesse que eu estava louco e que isso nunca aconteceria.

Eu queria que ele pegasse minhas inseguranças e as jogassem no lixo. Queria que ele me abraçasse, me beijasse e dissesse que sempre estaríamos juntos não importa o que aconteça.

Mas... O que foi que eu fiz?

***

Will não apareceu para me levar para a escola no dia seguinte, mas eu não esperava que ele aparecesse.

Hazel acha estranho:

— Aconteceu alguma coisa? — Ela pergunta enquanto está dirigindo.

— Não quero falar sobre isso. — Eu digo.

— Will fez alguma coisa? — Ela pergunta suavemente.

— O que?! Não!

Hazel fica em silencio por um tempo:

Você fez alguma coisa? — Ela me pergunta.

Ignoro sua pergunta ao encarar a paisagem pela janela do carro. Hazel desiste de fazer perguntas.

POV Will.

— Ele terminou comigo. — Eu digo para Jason.

Eu pedi para ele dirigir, já que não me encontro em condição de estar no controle de um veículo:

— Como é que é?! — Jason pergunta chocado e ele é obrigado a frear em cima da hora ou passaria pelo sinal vermelho.

Jason consegue parar e olha para mim. Eu encaro a janela perdido em pensamentos me perguntando o que fiz de errado:

— Por quê? — Jason pergunta.

— Ele não queria um namoro a distância. — Eu digo.

— Ah. — Jason compreende, mas visivelmente está desapontado com o caminho que as coisas levaram — Ele vai pra Stanford, certo?

— Sim.

Minha voz sai sem emoção alguma, o choque do que aconteceu deixou meu coração dormente:

— Will? Você está bem?

— Não.

Jason me olha por algum tempo, depois acena com a cabeça e continua a dirigir em silencio.

Na escola eu não falo com Nico, não consigo me forçar a olhar para ele, então eu o ignoro.

Posso ouvir os cochichos das fofocas e sentir o olhar dos nossos amigos sobre nós, mas nenhum de nós diz nada.

POV Nico.

— Me diga agora o que aconteceu! — Thalia exige na primeira oportunidade que ela tem.

Estamos no meio do corredor:

— Vamos para o jardim. — Eu digo.

Nós escolhemos uma arvore com uma sombra boa e eu explico o que aconteceu. Thalia fica de boca aberta e depois sua expressão muda me indicando que ela está nervosa:

— Você. É. Tão. Estúpido! — Thalia me diz pontuando cada palavra e gritando ao me chamar de estúpido, o que foi bem merecido.

— Eu nunca disse que queria terminar. Eu só estava dizendo...

— Nico. — Thalia me interrompe me olhando com a expressão mais séria que eu já vi — Você tem que entender que ouvir da pessoa que você ama, que ela acha que o que um sente pelo outro não vai ser suficiente para continuarem juntos... É... — Thalia parece procurar uma descrição — É uma facada direta no coração.

— Eu não queria terminar. Eu só queria que ele me dissesse que estou errado e que nada disso aconteceria.

— É isso que você não entende. Will não duvida dos sentimentos dele. Ele duvida dos seus. — Ela diz apontando pra mim.

— Eu o amo. — Eu digo.

— Sugerir terminar o namoro depois da formatura não demonstra amor.

— Eu já expliquei que não foi o que eu quis dizer... Eu estava assustado e preocupado...

— Sim, mas não é pra mim que você tem que explicar!

***

Quando o sinal bate eu tento ir atrás de Will, quero me explicar, quero que ele me entenda:

— Will. — Eu chamo quando o alcanço no estacionamento — Por favor, vamos conversar. — Eu peço enquanto ando atrás dele.

— Acho que o que você disse ontem foi o suficiente. — Ele diz ríspido.

— Por favor. Me deixa explicar!

Will para e eu quase me choco contra ele. Will se vira pra mim e seu olhar frio me petrifica:

— Explicar o que? — Ele pergunta com raiva, seu tom de voz me assusta.

— Eu... — Eu tento falar, mas as palavras ficam presas em minha garganta.

— Explicar que você não me ama o suficiente para ficar comigo. Não se preocupe. Eu recebi a mensagem. — Ele diz e vai embora antes que eu consiga responder.

***

No dia seguinte Will também me ignora e frustra qualquer tentativa minha de falar com ele. Na hora de ir embora ele dispara para fora da sala sem olhar para trás.

Quando estou indo embora percebo que o carro de Will está no estacionamento e ele ainda deve estar na escola, todos já foram embora, pode ser uma oportunidade de falar com ele.

POV Will.

Eu tive que voltar para pegar meu caderno que eu esqueci. De alguma forma não encontro Nico no caminho de volta. Eu não quero ouvir o que ele tem a dizer, já me machuquei o suficiente.

Quando estou saindo da classe depois de pegar meu caderno ouço alguém dizer:

— Problemas no paraíso?

Eu me viro na direção da voz e tenho uma desagradável surpresa ao ver Dylan encostado na parede:

— O que você quer? — Eu pergunto ríspido.

Dylan sorri, um sorriso macabro, daqueles que pessoas loucas dão quando apreciam o sofrimento dos outros:

— Vi você e Nico no estacionamento ontem. O que ele fez pra você?

— Cuide da própria vida Dylan. — Eu digo me preparando para ir embora.

Dylan pega meu braço e me vira de frente para ele, me solto de seu aperto:

— Pelo que eu entendi, ele terminou com você.

— O que você é? Um perseguidor?

— Sabe, se o Nico não quiser. Eu quero. — Ele diz tentando fazer uma voz sensual que me faz querer vomitar.

Meu rosto se retorce com o nojo:

— Você é ridículo. — Eu digo.

Dylan olha para algo atrás de mim então me pega de surpresa ao avançar e me beijar de surpresa, fico chocado, tanto que minha reação atrasa um pouco, mas o empurro com toda força para longe de mim.

Ele olha para algo atrás de mim triunfante, olho para trás e vejo Nico encarando a cena com uma expressão um tanto quanto raivosa, vendo essa expressão posso dizer que Nico nunca realmente ficou bravo comigo antes.

Ele parece odiar o que está vendo:

— Nico...

Eu nem o vejo passando por mim, é como se ele tivesse se teletransportado pelas sombras e quando dou por mim Nico avança contra Dylan o acertando com um gancho de direita certeiro no rosto dele que tem a expressão de genuína surpresa com o ataque.

Dylan tenta se defender, mas é inútil e eu mesmo não consigo me mover ou reagir, Nico pode ser pequeno, mas fraco não é.

Quando percebo que tudo está indo longe demais eu tento separar Nico de Dylan, Nico resiste e é difícil, mas por fim eu consigo:

— Nico. Fique calmo. — Eu peço a ele.

— Não. — Ele diz ofegante ainda tentando sair dos meus braços.

Dylan ainda está com a expressão chocada e agora tem a mão à frente do nariz que acho que pode estar quebrado, meu lado médico quer dar uma olhada, mas não acho que seja seguro, não com o diabinho da tasmânia ainda se debatendo em meus braços.

Ouço passos vindos pelo corredor e não acho que essa cena seria bem vista:

— Vem. Vamos sair daqui.

Arrasto Nico para a enfermaria da escola me desviando do som dos passos. A escola costuma ficar aberta, pois a noite ainda tem alguns cursos.

A enfermeira não está o que torna as coisas mais fáceis, nós entramos e continuo arrastando Nico até estarmos perto do leito da enfermaria.

Envolvo Nico pela cintura e o coloco na cama que tem na enfermaria. Ignoro o ofego que ele dá quando faço isso e as sensações que isso me causa:

— O que você estava pensando?! — Eu pergunto ao olhar a situação das suas mãos.

— Não estava. — Ele responde em voz baixa, posso sentir seu olhar em meu rosto, mas me recuso a olha-lo nos olhos.

Ao invés disso examino seus punhos, eles estão machucados devido aos socos que ele deu em Dylan:

— Me desculpe. — Ele sussurra.

Pego alguns curativos, remédios e gaze para passar em seus punhos machucados:

— Porque você fez aquilo? — Eu pergunto pegando a mão de Nico e limpando seus ferimentos.

— Ele te beijou. — Ele sussurra.

Ergo a cabeça para olhar em seus olhos:

— E? Nós terminamos. Isso não deveria importar pra você. — Eu digo.

Nico tira sua mão da minha, ponha suas mãos em minha nuca e me puxa para ele, e então sua boca está na minha, tento me afastar, mas Nico envolve suas pernas em minha cintura e cruza os pés as minhas costas o que aproxima meu corpo do seu e me impede de escapar.

Eu desisto de resistir e me entrego ao seu beijo, a atração é mais forte que eu. Apoio minhas mãos no colchão da cama me inclinando ainda mais na direção de Nico que passa suas mãos para meus ombros.

Nico desacelera o beijo e separa nossos lábios, mas encosta sua testa na minha:

— Nós não terminamos! — Ele diz me olhando nos olhos, sua voz é ofegante por causa do beijo.

Observo a expressão de Nico, decidido e um pouco inseguro. Eu queria pegar todas essas inseguranças e joga-las pela janela:

— Ah não? — Eu pergunto pondo seu cabelo atrás da orelha.

— Não. — Ele afirma.

— Então o que aconteceu?

— Eu fui estúpido. Me enchi de dúvidas e inseguranças e no final eu causei toda essa briga fundada por medos irracionais.

— Concordo. — Eu digo, mas estou sorrindo.

Nico me olha culpado:

— Me perdoa?

Eu me desvencilho de Nico e me sento na cama:

— Sim, mas... Eu quero entender da onde surgiu essas inseguranças.

— É algo que ocasionalmente aparecia na minha mente e eu ignorava, mas com a formatura se aproximando, eu fiquei preocupado e ao invés de falar com você eu tirei minhas próprias conclusões e estraguei tudo.

— Eu não diria tudo, mas... Converse comigo. Toda vez que você se sentir dessa maneira, você tem que conversar comigo. — Eu peço para Nico — Eu não fazia ideia de que você estava pensando essas coisas.

— Eu sei. Não vai acontecer de novo. Eu juro!

Olhos para Nico com a expressão séria, ele retribui meu olhar e ainda parece preocupado. Pego seu rosto em minhas mãos:

— Pare com essa expressão. Nós estamos bem. — Eu digo, lhe dando um selinho.

— Como pode me perdoar tão fácil?

— Porque eu amo você.

Nico me pega de surpresa ao se lançar em meus braços e me abraçar, o abraço de volta:

— Desculpe por dar uma de louco inseguro. Eu mesmo não me entendo. — Ele diz.

Nico se afasta e me olha nos olhos:

— Eu amo você.

Tiro sua franja da frente de seus olhos:

— Nico. Se isso acontecer de novo não vai ter volta. Você entende?

Nico acena com a cabeça:

— Sim. — Ele diz e volta a me abraçar.

***

Naquele dia Dylan foi levado ao hospital e pelo que ouvi seu nariz foi de fato quebrado, Nico adorou ouvir essa notícia, mas felizmente Dylan não nos denunciou, ou melhor, não denunciou Nico.

Todos ficaram felizes por Nico e eu termos nos entendido. Fizeram várias perguntas sobre os motivos da nossa briga, mas escolhemos não falar nada, os únicos que ficaram sabendo foram Jason e Thalia.

As provas foram uma loucura, o que teve de alunos amaldiçoando os professores, acho que foi um recorde, mas no fim todos se deram bem.

Agora que Nico não estava mais nutrindo inseguranças irracionais ele estava mais leve emocionalmente falando e isso melhorou nossa comunicação.

A festa de formatura correu bem, tivemos apresentações de dança, bebidas batizadas, professores bêbados pagando mico enquanto dançavam no palco totalmente descoordenados, não acho que já tenha rido tanto na minha vida.

Na nossa escola não tínhamos esse lance de rei e rainha do baile todos ganharam coroas e a maioria nem usava.

Também tivemos a valsa onde todos os casais se juntaram na pista de dança para dançar coladinho. Assim que a valsa começou a tocar eu vou até Nico que está falando com a Thalia, eu o puxo pelas mãos. Nico sorri pra mim:

— O que foi? — Ele pergunta desconfiado.

— Vamos dançar. — Eu digo.

— Você quer dançar valsa? — Ele pergunta cético.

Puxo Nico de encontro a mim e sussurro em seu ouvido:

— É a dança dos apaixonados.

Nós vamos para a pista de dança e lá dançamos abraçadinhos.

Um fato interessante que aconteceu na nossa escola é que depois que eu e Nico nos assumimos vários casais gays e lésbicos surgiram.

As pessoas tem medo de se assumir, mas se um toma coragem isso inspira os outros a se mostrar. Realmente é triste que as pessoas tenham que ter medo disso e que a sociedade seja tão preconceituosa.

***

Nico e eu havíamos conversado muito sobre como nosso relacionamento continuaria devido à distância, devíamos ter conversado mais antes aí teríamos evitado aquela briga, mas as vezes alguns conflitos são necessários para tornar a relação mais forte.

Estávamos no meu quarto conversando. Estávamos ambos sentados na cama com as pernas cruzadas de frente um pro outro:

— Vamos nos falar todos os dias por Skype. — Eu digo.

— Mas e se você ficar exausto e não me responder quando eu te chamar? — Nico pergunta.

— Nós adequamos os nossos horários. Vamos estar começando na faculdade e não sabemos como vai ser, mas se não der para falar por skype, nos falamos pelo celular se não por mensagem. Vamos dar um jeito. Nem que eu tiver que te irritar as quatro da manhã te ligando sem parar. — Eu digo.

— Não vai me irritar. — Ele diz.

— Porque você está corando? — Eu pergunto para ele sorrindo.

— Não estou. — Ele diz tentando olhar para baixo para esconder o rosto.

Pego seu rosto em minhas mãos e lhe dou um selinho:

— E cada oportunidade que tiver eu vou para Stanford te ver. — Eu digo.

— Eu também vou para Colúmbia te ver.

— Eu estava pensando que... Depois que nos formarmos... Nós podemos morar juntos. O que acha?

Nico me olha em silencio por um tempo o que me deixa um pouquinho inseguro:

— Eu vou amar. — Ele diz.

E então selamos nosso acordo com um beijo.

FIM!

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