Capítulo 47 - Não Tão Perto Quanto Eu Gostaria
POV Nico.
— Você acha que eu estou exagerando? — Eu pergunto inseguro.
— Não. É normal se sentir assim. Isso acontece quando alguém te pressiona a falar ao invés de esperar até você estar pronto para dizer ou de aceitar que você não quer dizer. E isso é meio que segredo nosso.
Eu sorrio:
— Our dirty little secret.
Will ri:
— Não poderia encontrar uma definição melhor...
Ele fica em silencio:
— Will? — Eu chamo seu nome quando o silêncio continua a se estender.
— Você já fez esse tipo de coisa antes? — Ele pergunta soando inseguro.
— Você é muito ciumento. Sabia disso?... — Ele não me responde e eu continuo — A resposta é não. Foi à primeira vez.
Eu o asseguro e isso parece conforta-lo:
— Estamos cheios de primeiras vezes. — Ele diz, e sei que está sorrindo ao dizer isso, assim como eu ao ouvir sua fala.
Ficamos em silencio, mas dessa vez é um silencio confortável preenchido com nossos sentimentos um pelo outro:
— Gosto de você. — Will diz.
Meu coração dispara com sua constatação:
— Gosto de você também. — Eu respondo contente.
***
Se ódio do seu armário da escola matasse eu estaria morto:
— Tudo bem? — Will pergunta ao se encostar no armário ao lado do meu para conversar comigo.
— Estou ótimo. — Eu digo tentando tirar um livro do meu armário sem muito sucesso — Droga! — Eu exclamo quando o livro se recusa a sair do lugar.
— Você está de mal humor. — Will constata ao me afastar do meu armário e retirar o livro ele mesmo com uma facilidade que me impressiona e ao mesmo tempo me irrita.
— É esse? — Ele pergunta me estendendo o livro.
Eu suspiro, meu corpo relaxa liberando um pouco da tensão em meus ombros:
— É. — Eu digo pegando o livro de sua mão — Obrigado.
— Esse mau humor tem motivo? — Ele pergunta.
— Não. É natural.
— Talvez um beijo te ajudasse a relaxar. — Ele diz em voz baixa se inclinando para perto de mim.
Por mais que eu ainda esteja de mal humor não consigo deixar de sorrir:
— Vamos para sala. — Eu digo esbarrando meus ombros com os dele, uma forma de toca-lo sem que ninguém ache estranho.
***
— Muito bem. Atualizações, por favor. — Will pede.
Estamos fazendo uma reunião sobre a lavagem de carros no meio da aula de geografia que era uma das únicas aulas em que todos participávamos juntos.
Nós nos reunidos para fazer um trabalho em grupo que a professora havia passado, mas... Não estávamos fazendo:
— Consegui um patrocínio de produtos de limpeza. — Jason informa — Os produtos vão ser entregues pela empresa semana que vem. Os produtos podem ficar lá em casa até o dia da lavagem. Que tal?
— Ótimo. Quanto a mim eu já agendei o barracão da praça durante o final de semana e já requisitei as licenças que ficarão prontas semana que vem se tudo der certo. — Will diz.
— Muito bem, temos o local e os produtos de limpeza para lavar os carros, agora vamos a divulgação...
Discutimos os meios de divulgação e quais deles cabiam em nosso orçamento ou então para quais poderíamos conseguir patrocínio, quando chegamos em um consenso deixamos Piper e Annabeth encarregadas dessa parte:
— Muito bem, acho que por hoje é só. — Annabeth conclui.
— Tudo certo então... Agora vamos fazer o trabalho de geografia. — Eu sugiro.
***
Durante as refeições no intervalo Will se sentou ao meu lado novamente, o pessoal ainda não estava muito acostumado com nossa "amizade" e Annabeth era uma das que observava com atenção tudo que fazíamos.
E Will adorava provocar, ficava cheio de toques por sob a mesa e gracinhas, fingindo que era brincadeira e como posso dizer? Isso me deixava excitado, esses toques não eram nem de perto suficientes.
***
Depois que todos terminam de comer o grupo se dispersa, observo Thalia saindo do refeitório e me viro para Will que assim como eu ainda está sentado à mesa:
— Eu vou atrás da Thalia para conversarmos. — Eu digo já me levantando.
— Te vejo na próxima aula. — Will diz conciso ao ver que estou com pressa.
Eu encontro Thalia sentada em um dos bancos do jardim da escola:
— Eu quero conversar com você. — Eu digo parando ao seu lado ainda de pé.
Ela me olha confusa, mas concorda com a cabeça:
— Claro. Sobre o que? — Ela pergunta atenciosa.
Eu respiro tentando relaxar e me sento ao seu lado:
— Sua indiscrição. — Eu digo.
Duas coisas me incomodavam, as perguntas incessantes e a indiscrição de Thalia em relação a minha irmã, Hazel já era implicante o suficiente sem que Thalia jogasse lenha na fogueira ao contar tudo que acontecia entre mim e Will para ela.
Eu havia refletido muito e depois da minha conversa com Will eu não estava mais bravo, mas toda a situação me deixava desconfortável, eu podia lidar com as perguntas incessantes, mas não com sua indiscrição.
Eu sentia como se não pudesse confiar em Thalia, pois havia a possibilidade de ela contar para minha irmã:
— Ah, Nico. Eu não fiz nada demais...
— Thalia. — Eu digo, meu tom de voz 100% sério de quem realmente não está para brincadeira.
— Isso é sério? — Ela pergunta apreensiva finalmente me levando a sério.
— Sim. Quando eu te conto algo ou quando você vê algo acontecer eu espero que você guarde para você e não que conte para minha irmã.
— É com isso que está chateado?
— Tem mais uma coisa.
— O que?
— Você é minha melhor amiga, mas isso não quer dizer que eu vou te contar tudo ou que você tem que saber tudo. Me deixa desconfortável. Se você pergunta uma vez e eu não quero dizer, eu espero que você respeite isso.
Ela passa um tempo em silencio, acho que absorvendo a notícia. Por fim ela acena como se tivesse entendido e então pergunta:
— Então... Eu só posso perguntar uma vez?
— Isso.
— E se você não quiser responder não posso insistir?
— É.
— Mas só quando o assunto é você e Will?
— Quando se trata de algo pessoal.
— Então... você e Will? — Ela pergunta sorrindo.
Eu rio:
— Basicamente.
— Tudo bem. Eu posso fazer isso. E me desculpe por contar a Hazel, na hora eu realmente não achei que você fosse se importar.
— Mas eu me importo.
Ela acena com a cabeça novamente:
— Desculpe, não quis ser chata. — Ela diz.
— Tudo bem. Só não faça de novo.
***
Ao final das aulas Will e eu andamos lado a lado para fora da sala de aula:
— Eu falei com a diretora durante o intervalo. — Ele me diz.
— E o que ela disse?
— Ela pediu um relatório de como as coisas estavam indo. Ela pareceu satisfeita com o que eu disse. Ela também disse que no dia da lavagem ela vai ir para ver como tudo está indo.
Aceno com a cabeça e digo;
— Eu já imaginava que ela fosse. Agora só falta a divulgação e esperar pelo grande dia.
Will suspira quando chegamos ao estacionamento:
— O que? — Eu pergunto.
— Não tivemos nenhum momento sozinhos hoje, eu queria te beijar. — Ele diz baixinho.
Eu sinto meu rosto esquentar:
— Vamos ter outras chances...
— OIII!!! — Hazel diz, aparecendo por trás de nós e logo se enfiando entre nós.
— Como vão vocês? Não acha que estão muito perto, não?
— Não tão perto quanto eu gostaria. — Will murmura.
— Bom saber. Agora vamos que temos que ir embora. — Hazel diz me arrastando para o carro.
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