Capitulo 13 - Você Já Fez?
POV Nico.
Meus pais me ligaram para poderem me arrastar por mais um passeio. Eles estavam muito animados enquanto falavam de um outro casal que conheceram essa manhã durante um passeio romântico que fizeram.
Eu não estou realmente prestando atenção no que eles estão falando, minha mente ainda está naquele momento na praia, Will estava me olhando, realmente olhando, eu decidi não mencionar e apenas continuar observando o mar deixando que ele continuasse sua inspeção do meu rosto enquanto eu tentava entender porque Will está agindo dessa maneira e porque me vejo tão encantado por essa sua nova versão.
Agora, horas depois, quando meus pais e eu estamos voltando para o hotel, ainda estou tentando entender:
— ...Solace é um nome legal. — Escuto o final da frase de meu pai.
— Espera. Você disse Solace? — Eu pergunto meu tom de voz ansioso demais para o meu gosto.
— Olha só, parece que alguém não estava prestando atenção. — Diz minha mãe tentando parecer severa, mas posso ver que não está realmente brava.
Meu pai ri da tentativa da minha mãe de ser severa:
— Deixe o garoto, ele deve ter muitas coisas na cabeça. E sim, eu disse Solace, esse é o sobrenome do casal com o qual vamos jantar hoje, essa parte você ouviu, certo?
Jantar? Não, não ouvi. Mas esse sobrenome... Eles estão falando dos pais de Will?
— Que vamos jantar com eles? Sim, ouvi.
Bom, tecnicamente eu não estou mentindo, eu ouvi sobre o jantar, ouvi só agora, mas ouvi, continuamos andando e eu resolvo perguntar:
— Uhm, esse casal... Eles tem um filho? — Eu pergunto, não sabendo se quero estar certo ou errado.
— Sim, eles falaram muito dele, o nome dele é Will. — Diz minha mãe.
Meu coração acelera:
— Will Solace.
— Sim. Você conhece? — Minha mãe pergunta.
Achei que conhecia. Agora não tenho certeza. Não tenho certeza de mais nada:
— Ele é o colega de classe com quem eu estava quando vocês me ligaram.
— Perfeito. Você vai ter um amigo por perto. — Minha mãe diz quando chegamos ao saguão do hotel.
— Claro. — Digo sem muita certeza, Will tem sido bom até agora, mas nunca se sabe — Eu vou para o meu quarto. Tenho dever de casa para terminar. — Eu digo já indo em direção ao elevador.
— Ok. Passo no seu quarto quando formos sair para jantar. — Diz minha mãe.
Entro no quarto e pego meu dever de álgebra, com sorte ele vai ser difícil o suficiente para tirar meus pensamentos do tópico Will Solace.
Algumas horas depois concluo que o dever é difícil o suficiente, mas mesmo assim minha mente não coopera, o que está acontecendo comigo? Antes eu podia passar horas sem me lembrar que Will existia e agora... Ele é tudo em que eu consigo pensar. Tomara que isso seja passageiro.
Tento novamente me concentrar no dever de casa, já terminei todos os outros, esse é o último e tenho que entregar na volta as aulas, mas não consigo me focar, me pego lendo a mesma equação três vezes sem saber como prosseguir para resolve-la.
Porque ele está agindo diferente? O que causou essa mudança? E esse repentino interesse em mim?
É um truque? Uma piada? Minha intuição diz que não. Will me provocava, mas ele nunca foi realmente malvado e também nunca me humilhou, já me deixou constrangido, mas não me humilhou e não acho que vá começar agora.
Uma batida na porta me assusta me tirando dos meus pensamentos. Abro a porta e dou de cara com Will prestes a bater novamente.
Nós congelamos no lugar, ambos olhando um para o outro com uma expressão de surpresa no rosto, eu por ser Will do outro lado da porta e ele provavelmente por eu abrir abruptamente.
Will baixa sua mão devagar e coloca ambas as mãos nos bolsos da sua bermuda parecendo tímido, eu tenho uma das minhas mãos na porta e a outra no seu batente bloqueando sua entrada e visão do meu quarto:
— Oi. — Ele diz timidamente.
— O que está fazendo aqui? — Eu pergunto.
Will apenas respira fundo e parece ficar mais relaxado, ele abre uma de seus sorrisos radiantes e dá uma de engraçadinho ao passar por baixo do meu braço e entrar no quarto:
— Sua mãe me mandou te avisar para que se arrume porque logo, logo vamos ir jantar.
Ele diz assim que chega ao centro do quarto, me viro para ele exasperado por ele entrar sem ser convidado:
— Ela mandou é? — Pergunto sem acreditar que minha mãe voluntariamente decidiu dar ordens a um adolescente desconhecido.
Will olha para trás em minha direção, ainda estou de pé perto da porta, ele não se vira totalmente de frente para mim, ele só vira a cabeça suficiente para que possa me olhar e eu possa ver seu sorriso:
— Tudo bem, eu admito. Eu me ofereci para vir.
— Porque? — Eu digo enquanto fecho a porta já que ele já entrou mesmo.
Will Solace está no meu quarto, respiro fundo enquanto repito na minha cabeça "Isso não é grande coisa" para tentar acalmar meus nervos.
— Eu queria ver seu quarto.
— Estamos no mesmo hotel, os quartos são praticamente idênticos.
Will não responde, ele olha ao redor como se absorvendo os detalhes, seus olhos focam nas minhas coisas, como minha mala cheia de livros que está aberta em cima da cama e meu livro e caderno de álgebra abertos em cima da escrivaninha que tem no quarto.
Enquanto ele observa tudo eu não consigo me conter e passo a observar ele, Will está vestido com uma camisa preto de gola em v que se molda a seus músculos e mostra o quanto ele é definido e uma calça jeans de cor escura e um tênis azul escuro, seu cabelo está bagunçado e sua franja quase cai em seus olhos, mas não está longa o suficiente para isso, meus dedos coçam com a vontade que tenho de correr meus dedos por seu cabelo, sua pele bronzeada e parece tão macia. Eu só quero fechar os olhos e me imaginar explorando essa pele, esses músculos... Pare Nico! Não vá por aí. Pare de delirar. Isso nunca vai acontecer:
— Você realmente é um Nerd. Nunca ouvi falar de alguém viajar para o Havaí e trazer tantos livros.
Faço uma careta ao ouvir seu comentário, Will se vira para me olhar com um sorriso e percebe minha carranca. Seu sorriso imediatamente some:
— Desculpe. — Diz imediatamente — Não quis dizer como um insulto, o que quero dizer é que você é muito inteligente. — Ele fala me olhando diretamente nos olhos.
Respiro fundo para tentar impedir que meu rosto core assim que sinto ele esquentar. Will acabou de me elogiar! Tento enfiar na minha cabeça que isso não é grande coisa, mas meu coração não colabora e não ajuda o fato que Will continua me olhando com esses olhos tão fodidamente azuis.
— Obrigado. — Agradeço ao desviar o olhar e voltar a me sentar na escrivaninha com meus olhos voltados ao meu dever.
Tento ignorar a sensação que a presença de Will em meu quarto me causa:
— O que está fazendo? — Will me pergunta, posso senti-lo atrás de mim olhando para o que está na escrivaninha por cima do meu ombro.
— Estou tentando terminar meu dever de casa de álgebra. — Digo um pouco irritadiço por não conseguir resolver essa última questão.
Will se curva mais perto sinto sua respiração em meu pescoço, ele apoia sua mão esquerda na escrivaninha para poder chegar mais perto e ler meu dever:
— Está tentando resolver essa última questão?
Um arrepio percorre toda minha espinha até a ponta dos dedos do pé quando Will fala isso bem próximo ao meu ouvido, impeço um suspiro de sair pela minha boca:
— É. — Decido me ater a respostas curtas no momento.
Will põe o dedo indicador sobre a folha no local onde está meu cálculo:
— Você tem que dividir antes de fazer a multiplicação. — Ele diz e então passa a explicar passo a passo de como resolver a equação e quando tento fazer o que ele diz vejo que está correto.
Will então se senta na cama e pega um dos livros da minha mala:
— Como você sabia? Você já terminou esse dever? — Eu pergunto um pouco surpreso.
— Isso e eu sou bom em álgebra. — Ele diz dando de ombros como se não fosse grande coisa e passa a folhear o livro em sua mão.
Eu me levanto querendo me aproximar mais para analisar sua expressão:
— Desde quando? — Eu pergunto desconfiado e pego o meu livro da sua mão.
Will me lança um olhar afiado:
— Desde sempre. — Ele diz.
Will se ocupa observando os títulos dos livros da minha mala. Eu sabia que Will tirava boas notas, mas eu sempre achei que ele tinha ajuda dos professores, agora eu me sinto mal por assumir algo sem provas:
— Então... Você é inteligente? — Eu pergunto, estou muito interessado, mas não quero deixar transparecer.
Will parece desconfortável com o assunto e evita meu olhar então eu finjo folhear o livro em minha mão, mas olho para ele furtivamente.
Will solta um riso nervoso, seus olhos ainda nos livros:
— Eu acho. — Ele responde dando de ombros.
Eu fecho o livro com um baque e o jogo em cima da cama ao lado de Will:
— Olhe para mim Will.
Will ergue a cabeça e me olha nos olhos:
— Você me enganou direitinho. — Eu digo e então me movo me sentando ao seu lado.
Will nega com a cabeça e se ajeita na cama com o corpo virado na minha direção:
— Eu não enganei ninguém. As pessoas veem o que elas querem ver e elas costumam ter essa visão de mim, eu sou inteligente, sempre fui, assim como você sempre foi, a diferença é que eu não me destaco por minhas habilidades acadêmicas e sim pelas esportivas.
— Você está sempre no Top 10 no exame geral da escola, mas eu sempre achei...
— Você não precisa dizer — Will me interrompe — Eu posso imaginar o que você pensou e prefiro não saber.
— Ok. Me desculpe. — Will apenas acena com a cabeça — Ainda não posso acreditar.
— Que eu seja inteligente?
— Não. Que temos mais em comum do que eu pensava. Posso espalhar para escola que você na verdade é um Nerd? — Eu pergunto brincando.
Will dá de ombros:
— Não me importo.
Arqueio as sobrancelhas:
— Não se importa com sua reputação?
Will bufa:
— Que reputação?! — Will pergunta bem-humorado.
— De jogador de basquete pegador que não se importa com as notas.
O bom humor de Will parece evaporar e ele me encara com uma expressão séria e meio triste no rosto:
— É assim que você me vê? — Ele pergunta bem baixinho.
Penso em sua pergunta. Sim, é assim que eu costumava ver Will e essa sempre foi a principal razão pela qual sempre foi tão fácil me distanciar dele e ignorar essa atração que eu sinto.
Mas agora tudo que eu pensava de Will estava se provando estar errado, isso não me fazia perdoa-lo por tudo que ele me fez, mas com certeza me deixava a um passo mais perto disso:
— Sim. É assim que eu tinha que te ver, porque foi assim que você se apresentou para mim por todos esses anos. — Eu digo o olhando nos olhos.
Will acena com a cabeça concordando:
— Eu sei. E isso prova que nós realmente não nos conhecemos. — Ele diz.
— Então se você não é um jogador de basquete pegador que não se importa com as notas e que gosta de implicar comigo nas horas vagas. Quem você é?
— Bom, eu sou um jogador de basquete — Will começa e sorrimos um para o outro — Não sou um pegador, só estive com algumas garotas — Faço uma careta, mas a escondo olhando para baixo — Eu me importo com minhas notas e a partir de agora vou arranjar outro passatempo que não seja implicar com você.
Uma pergunta surge em minha mente quando Will diz que "esteve" com algumas garotas e antes que eu possa me impedir de dizer as palavras voam para fora da minha boca:
— Você já fez?
— Fiz o que? — Will pergunta confuso.
— Sexo. — Eu explico.
"Nico. Cala a boca! " Minha consciência me diz.
Will arregala os olhos parecendo não acreditar que a palavra "sexo" acabou de sair da minha boca e então ele ri, mas é um riso nervoso e... Espera ai! Ele está ficando vermelho? Agora estou ainda mais curioso:
— Não acredito que Nico Di Angelo está me perguntando isso. — Ele diz incrédulo ao se levantar da cama quando para de rir.
"Nem ele acredita" digo para mim mesmo, mas já que a pergunta foi feita e a curiosidade instalada eu me recuso a voltar atrás:
— Qual é o problema? Sou um garoto curioso.
Will olha para o chão e nega com a cabeça em descrença:
— Se você não responder vou achar que você é virgem. — Eu digo sem tirar os olhos dele.
Ele ergue a cabeça e seus olhos azuis capturam os meus com uma intensidade que não estava ali antes:
— Eu sou. — Ele diz.
Agora é minha vez de arregalar os olhos:
— Você está brincando?!
Will volta a se sentar ao meu lado na cama:
— O que? Só porque eu jogo basquete não significa que eu tenho que transar com todas as garotas que eu beijo.
— Mas você nunca quis? — Eu pergunto curioso e inconscientemente me inclino para mais perto de Will.
Will me olha e parece pensar por um momento enquanto espero por sua reposta posso jurar que ele olhou para minha boca, mas logo volta a me olhar nos olhos e me pergunto se estou imaginando coisas, Will então parece chegar a uma conclusão e quando acho que vai me responder ele diz:
— Que tal você ir tomar um banho, se vestir e nos encontrar lá embaixo no saguão para podermos ir jantar? — Ele diz se levantando e indo até a porta.
— Está evitando a minha pergunta.
— Você vai saber cedo ou tarde, mas não agora. Vai, você tem que se arrumar.
Obrigado por ler!!!
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