Capítulo 5

"Boa noite, bom dia ou boa tarde, pessoas lindas! Hoje resolvi atualizar o capítulo adiantado, porque amanhã é meu aniversário e não vou ter tempo para atualizar e não queria deixar vocês sem história. Enfim, vamos ao que interessa e boa leitura para todos. Muito obrigada pelas leituras!"

Foram para a empresa e logo que Nicolas passou pela secretária, abriu a porta do escritório e deu de frente com aquela sala cinza. Olhou para a escrivaninha de mogno preta, para a estante cheia de livros, enfeites e fotos ao lado da porta e para a abertura no lado esquerdo que levava à sala de Micaela. Uma certa melancolia o atingiu, mas mesmo assim ele adentrou a sala e deixou a porta entreaberta. Foi em direção a grande janela que ocupava toda a extensão da parece e ficava ao lado da estante e que dava uma bela visão da cidade, ali ele ficou perdido em pensamentos e nem percebeu que Micaela acabara de entrar.

- No que está pensando? - Perguntou ela o tirando do devaneio.

Ele olhou rapidamente para ela e depois novamente para a vista à sua frente, por fim se dirigindo para trás da escrivaninha e se sentando na cadeira de couro preto e ligando o computador, respondeu:

- Nada demais.

- Olha só, quando eu estou triste e falo que não é nada demais, você insiste que eu conte, agora quando é você que está mal, não compartilha nada comigo!

- Você sabe o motivo, Micaela.

Ela se posicionou atrás dele e começou a massagear seus ombros. Sabia mesmo o motivo, mas evitava dizer em voz alta. Em poucos dias seria o aniversário de Nicolas, e naquele mesmo dia seria o aniversário do pai dele. Nicolas sempre ficava um pouco melancólico quando as datas se aproximavam, afinal fazer aniversário na mesma semana que o pai não era para qualquer um. Mas ele já não tinha o pai consigo e comemorar as datas sozinho o deixava um pouco deprimido, pois eles sempre comemoravam juntos. Micaela se esforçava para tentar deixar Nicolas feliz e até conseguia fazê-lo esquecer um pouco.... Apenas um pouco.

- Sim, eu sei. - Respondeu ela - Eu não gosto que fique assim.

- Eu também não gosto de ficar dessa maneira, mas eu não posso evitar. Essa sala, a decoração.... Tudo me faz lembra-lo e-e e-eu só co-consigo imaginar como.... C-como seria s-se ele estivesse aqui. E-ele seria um ó-ótimo avô. Poderia m-me dar conselhos m-me ajudar! Mas ele não está aqui.

-- Nicolas....

- Ali era onde eu ficava. - Interrompeu ele olhando para a atual sala de Micaela - Eu já disse isso?

- Sim, já disse.

- Pois bem. Eu f-ficava ali fazendo as p-planilhas. E-eu podia ver quando ele ficava n-nervoso. E-ele tinha um tique nervoso.... Mexia os dedos sem parar. Eu m-me lembro como se fosse ontem.

Seu olhar se tornou nostálgico, como se visualizasse a cena em sua frente novamente.

- E essa janela.... - Ele se levantou e novamente foi para frente da janela assumindo a mesma posição que o pai fazia - Quantas vezes eu o flagrava pensativo. C-com o olhar p-perdido em a-alguma coisa lá fora. Queria saber o que se passava na cabeça dele.

Micaela não gostava mesmo de vê-lo naquela situação, mas não podia fazer nada. Nunca iria substituir Benício mesmo que quisesse, e ela não queria. Nicolas já superara muita coisa, mas a morte do pai ainda era muito difícil para ele. Ele havia melhorado muito, não podia negar, mas a questão era que não podia exigir que ele simplesmente seguisse em frente e esquecesse o que aconteceu. Ela o entendia.... Ou pelo menos tentava. Não era uma ferida que cicatrizaria da noite para o dia.

Ela se aproximou dele e colocando a mão em seu peito, disse:

- Juro que se eu pudesse eu arrancaria a dor que sente aqui, mas eu não posso fazer nada e espero que me desculpe por isso. Tudo o que posso oferecer é minha presença e meu apoio.

- É o suficiente.

Ela lhe lançou um sorriso terno e o abraçou forte, como se pudesse juntar os pedaços que a agora se desprendiam dele. Nicolas por sua vez correspondeu ao abraço, segurando a esposa como se fosse um bote salva vidas. Um pouco depois ele sentiu algo, ou melhor, alguém chutar sua barriga e ficou espantado que pudesse sentir aquilo. O garoto era realmente forte. Ele se afastou um pouco dela e colocando a mão sobre a barriga de Micaela, sussurrou:

- Obrigado.

Na sexta feira Nicolas estava em seu escritório e Micaela na sala contígua, quando o telefone tocou:

- Senhor, o doutor Inácio está na linha dois e deseja falar com o senhor.

- Tudo bem, pode passar.

- Ok. Aproveitando que já estou falando com o senhor, vão querer almoçar aqui ou no restaurante.

- Um minuto.

Ele se inclinou para trás a fim de ver a esposa melhor.

- Micaela, vai querer comer aqui ou no restaurante?

- Aqui. - Respondeu ela sem tirar os olhos do computador.

- Vamos comer aqui mesmo, Elena, pode pedir para nós, por favor?

- Sim, senhor. Vou passar a ligação.

- Obrigado.

Ele apertou o número dois no telefone e logo a voz de Inácio foi ouvida do outro lado da linha.

- Nicolas, que bom que pôde atender. Preciso de um pequeno favor seu.

- Claro. No que posso ser útil?

- Você tem uma coleção de obras de arte, não é?

- Na verdade era meu pai que tinha. Fiquei apenas com algumas.

- E você entende de Renard?

- Está brincando? Foi simplesmente o melhor escultor do país. Meu pai era fascinado por suas obras, e confesso que também sou. Por quê?

- Acho que pode me ajudar em uma questão, então. Minha mãe tem um admirador secreto. - Ao dizer isso, a voz de Inácio soou extremamente debochada.

Nicolas riu e perguntou:

- E ela sabe quem é?

- Todos sabem!

- Então não é secreto.

- Sim, mas o idiota pensa que está anônimo.

- Está com ciúmes da sua mãe, Inácio?

- Não é ciúmes, é apenas proteção. Tenho certeza que o cara não presta! Afinal, vai me ajudar ou continuar fazendo perguntas?

- Tudo bem. Do que precisa?

- O idio.... Quer dizer, o homem deu uma escultura para minha mãe. E disse que é de Renard.

- Renard? É praticamente impossível alguém ter uma obra dele. Todas as suas esculturas estão em um museu, com exceção de algumas que estão perdidas por aí.

- Pois é, mas ela insiste que essa é verdadeira. Não sei mais o que faço para convencê-la. Será que pode vir aqui em casa hoje à tarde? Podemos tomar um café, enquanto você prova para ela que aquilo é totalmente falso.

Nicolas simplesmente não conseguia segurar a risada, Inácio raramente perdia a calma, mas quando se tratava da mãe ele virava uma fera. Sua voz estava extremamente irritada o que não era um bom sinal. Mas ainda assim era engraçado vê-lo daquela maneira.

Micaela se inclinou para o lado e fez mímica para Nicolas perguntando o que estava acontecendo, ele apenas respondeu, por mímica também, para ela esperar um pouco.

- Tudo bem, Inácio, eu passo por aí.

- Ah muito obrigado!

- Não tem que agradecer, vai ser um prazer. Além disso, faz muito tempo que não vejo Esmeralda.

- Não está perdendo nada. Ela está parecendo aquelas adolescentes apaixonadas!

- Se acalme, Inácio, vamos resolver isso.

- Tudo bem. Espero você e Micaela mais tarde então.

- Fechado.

- Tchau.

- Tchau.

Ele desligou o telefone e logo Micaela estava ao seu lado, perguntando:

- O que aconteceu?

- Inácio, quer que eu e você passemos na casa dele para tomar um café. Parece que a mãe dele ganhou uma escultura de Renard, mas ele acha que é falsa.

- Renard?

- Sim, foi um grande escultor de Vienere entre os séculos XV e XVI. Suas obras eram simplesmente maravilhosas. Mas grande parte delas estão em museus, é muito difícil alguém ter uma em casa.

- E acha que a de Esmeralda pode ser falsificação?

- Não posso afirmar nada, tenho que dar uma olhada primeiro.

- Hum, agora é um avaliador de obras?

- Gosto de bancar um no tempo livre.

Ela sorriu e voltou para sua sala. Um pouco mais tarde, Elena trouxe o almoço que haviam pedido e Nicolas resolveu fazer uma brincadeira com Micaela. O que foi uma péssima ideia.

- Amor, o almoço chegou. - Disse ele entrando na sala dela e deixando um prato em cima da mesa - Coma essa salada, você está precisando.

Micaela encarou o prato e depois as costas de Nicolas que já se afastava.

- Estou precisando? - Perguntou ela um pouco irritada - Por que estou precisando?

- Não está? - Perguntou ele se voltando para ela com um ar inocente.

- Está me chamando de gorda?

- Eu não disse isso.

- Mas quis dizer.

- Você está imaginando coisa.

Micaela subitamente ficou irada e pegou o pequeno enfeite no formato da torre Eiffel e atirou contra a cabeça de Nicolas, por sorte ele foi rápido o suficiente para se abaixar.

Depois que se levantou ele encarou a parede e depois Micaela, espantado.

- Que foi isso? - Perguntou ele.

- Eu estou morrendo de fome e você me vem com uma salada? Sabia que agora tenho que comer por dois?

- Eu sei, mas....

- Quer saber? - Perguntou ela se levantando - Eu vou comer fora.

Passou por ele e foi em direção a porta, Nicolas a seguiu, segurou e virou de frente para ele dizendo:

- Amor, calma, não é pra tanto!

- Me solta! - Dizia ela se debatendo enquanto ele ainda a segurava - Você faz merda e agora quer concertar?

- Eu só estava brincando.

- Mentira! Toda brincadeira tem um fundo de verdade. Me solta, Nicolas.

- Amor, olha para mim.

- Não.

A voz de Micaela já estava embargada, enquanto Nicolas ria descontroladamente. Ela estava realmente furiosa e ao mesmo tempo magoada.

- Me desculpa. Foi só uma brincadeira. - Disse Nicolas.

Micaela então parou de tentar escapar dele e começou a chorar ali mesmo, enquanto o marido a abraçava.

- Micaela, calma! Eu só estava brincando com você!

- Não estava, não! Você me deu salada para comer, me acha gorda, horrível. Vai olhar para as moças todas esbeltas daqui e vai se engraçar com uma e me trocar por ela. Vai me abandonar e aí vou virar uma mulher gorda, abandonada, com um filho para criar e amarga.

Micaela dizia isso em meio a soluços e Nicolas simplesmente não sabia o que fazer, tinha ido longe demais e deveria saber que ela estava em uma montanha russa de emoções. Na verdade, não era culpa dela, as vezes nem mesmo Micaela entendia o que estava acontecendo.

- O quê?! - Perguntou ele indignado e ainda rindo - Que ideia é essa?

- É a verdade.

Nicolas a soltou e segurou o rosto dela entre as mãos a forçando olhar para ele.

- Amor, me escuta. Eu amo você do jeito que é! Por quem você é e não pela sua aparência, e ainda assim você é linda demais. Eu jamais seria louco de te trocar por outra pessoa. Eu escolhi você e é com você que eu quero ficar!

- De verdade? - Perguntou ela parando de chorar e limpando o rosto com as mãos.

- De verdade.

- Mesmo eu estando meio maluca?

- Meio maluca, maluca inteira ou maluca e meio.

- Me desculpa, eu não sei o que está acontecendo.

- Eu que peço desculpa, não sabia que ia reagir desse jeito. Sua comida está ali em cima.

Ele apontou para a própria escrivaninha e Micaela foi logo na mesma direção.

- Ah que alívio! - Disse ela se sentando na cadeira de Nicolas.

- Acha mesmo que eu ia te deixar só com salada?

- Eu na duvidaria.

- Não sou um monstro. Você tem que alimentar meu filho, para ele crescer.

- Mais?

- Ainda tem dois meses pela frente, então.... Acho que sim.

- Deus me ajude!

Logo ela começou a comer e Nicolas pegou outra cadeira para se juntar a ela. Micaela realmente estava com fome, pois rapidamente comeu tudo e ainda devorou a salada que antes negara.

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