Capítulo 44
"Olá, pessoas! Como vão? Não consegui me segurar, estou muito ansiosa para postar os capítulos! Vou dividir em duas partes para não ficar muito grande, e no próximo capítulo vou revelar o protagonista do terceiro livro!! Sim, vamos conhecer qual personagem nos contará sua história! Enfim, vamos à história, espero que estejam gostando. Até o próximo capítulo!"
Na segunda feira, os empregados ainda organizavam a casa depois da festa no sábado, muita coisa sobrou e Thomas fez a festa pela segunda vez, tudo o que achava pela frente ele comia. Se sentava na cozinha e devorava os quitutes que haviam sobrado, ficava lá principalmente quando Joana tinha serviço. Nicolas, por sua vez, se refugiou em seu escritório, uma carta havia chegado para ele e desde manhã ele estava sentado em sua escrivaninha, tentando decidir se abria ou se queimava. Era uma carta de Natasha, talvez ele devesse ignorar, nada do que aquela mulher falasse poderia ser bom, por outro lado aquilo poderia esclarecer muita coisa. Por fim, decidiu ler a carta, rasgou o envelope, desdobrou o papel e logo visualizou aquela letra bem marcada da moça.
"Querido, Nicolas. Como está, meu amor? Sei que perdi o direito de chamá-lo assim há muito tempo, mas eu não posso deixar de sentir isso.
Resolvi escrever essa carta porque sou precavida, você sabe disso, gosto de trabalhar com todas as possibilidades. Se tudo ocorrer bem hoje, se nosso plano funcionar, esta carta não será necessária, mas se tudo fugir dos nossos planos.... Bom, você saberá o que acontecer.
Sei que os últimos dias foram bem conturbados e estranhos e admito que tive grande participação nisso. Tenho orgulho de você.... Seguiu sua vida, se tornou um grande rei, mas foi vítima dos planos diabólicos daqueles homens desprezíveis. E não me orgulho nem um pouco de ter colaborado com isso.... A verdade é que.... Eu achava que ajudando eles, talvez pudesse haver alguma possibilidade de voltarmos a ser o que éramos.... Além disso, eu estava com tanta raiva de você! Da forma com que me tratou! E deixei a inveja me corroer. Sim, inveja. Inveja de Micaela te ter, inveja dela esperar um filho seu! Era tudo o que eu queria!
Confesso que cogitei fazer mal a ela, mas.... Acho que não seria capaz. Não poderia deixar um ser inocente como seu filho pagar por todas essas coisas suja que aconteceram. Além disso, eu já fui mãe e você se lembra disso.
Mas esta carta não é somente para me desculpar! É para confessar algo do qual me arrependo muito e esse sentimento me corrói dia após dia.
Nossa história começa bem antes de nos conhecermos, sei que vai parecer confuso agora, mas vai entender.
Você se lembra de seus dezoito anos, quando foi prometido a Micaela para acabar com aquela briga ridícula dos parlamentares?
Alguns não gostaram dessa decisão, e resolveram traçar um plano para dissuadir seu pai. Iam atingi-lo no ponto mais fraco.... Você!
O plano era que eu te seduzisse e o tivesse na palma da minha mão. E então você simplesmente desapareceria. O preço cobrado pelo seu resgate seria o rompimento do acordo de matrimônio. No entanto, você não apareceria depois.... Sabe o que quero dizer.
Mas então, quem desapareceu foi Micaela, e o plano foi deixado de lado. Um ano depois, seu pai se recusou a cumprir uma "ordem" e eles entraram em contato com minha mãe. Ela sempre foi ambiciosa, você sabe, então ela sempre teve muitos contatos poderosos. Foi então que nos conhecemos. O plano inicial foi modificado, eles sabiam o quanto seu pai sofria por vê-lo fazer qualquer coisa por mim. Mas as coisas fugiram um pouco do controle.... A única regra era que eu não deveria me apaixonar por você.... E essa foi a única regra que quebrei.
Foi inevitável! E tudo fugiu mais ainda do controle quando me envolvi com Paulo, aquele foi o pior deslize da minha vida, porque eu realmente te amava e ele foi uma aventura na qual eu jamais deveria ter me arriscado.
Aquele dia que você nos flagrou, eu o tinha chamado para conversarmos, dizer que deveríamos parar, que não era justo fazer aquilo com você, mas mais uma vez tudo fugiu do controle.
Os "caras" ficaram irados quando souberam do seu rompimento comigo, minha mãe então nem se fale!
Eu ainda tinha esperanças de que pudéssemos reatar.... Eu faria qualquer coisa por isso. E cada vez mais eu estava sendo cobrada. E é aqui que a história fica pior.... Eles encararam Paulo como um empecilho para nosso retorno.... Foram eles.... Foram os parlamentares.... Eles forjaram o acidente de Paulo."
Nicolas parou de ler e tentou buscar o ar que naquele momento lhe fugiu dos pulmões, ele não sabia o que fazia. Sempre pensara que ela tivesse participação no que havia acontecido com seu amigo, mas não imaginava que fosse aquilo. Não imaginava que ela fosse admitir e contar tudo. Com as mãos ainda trêmulas ele retomou a leitura.
"Não sabe o quanto me culpo por tudo isso. A cada dia que passa, parece pesar mais. Eu jamais desejei que isso acontecesse, tudo o que eu queria era viver em paz com você.
Mas aí.... Logo depois você viajou.... E encontrou Micaela. Todas as minhas esperanças foram jogadas no lixo. Os parlamentares mudaram de ideia e viram mais vantagem na sua união com ela e logo me dispensaram. Não sabe como me partiu o coração no dia em que te vi casando.... Era para ser eu!
Enfim.... Tudo acontece para um propósito.
Escrevendo isso e lhe confessando tudo, me pareceu que fiquei mais leve.
Não se preocupe, já deixei instruções ao meu advogado de que se algo acontecer comigo ele encaminhe para um juiz uma outra carta que deixei, contando todo esse plano, confessando o que fiz e citando os nomes dos envolvidos. Lhe pouparei esse trabalho, porque se eu não puder viver junto com você, então não há nada para mim aqui na sociedade, e preferível que passe o resto dos meus dias na cadeia, do que passar a vida toda sem você.
Espero que um dia possa me perdoar por tudo isso.
Sempre sua, Natasha!"
Ps: Sei que talvez não acredite em mim, mas o bebê era seu. O filho que perdi era seu, você não vai se lembrar porque estava muito bêbado quando ficamos pela última vez, na época já tínhamos terminado. Não te disse antes porque estava com tanta raiva de você, que pensava que você não merecia saber. Hoje me arrependo muito. Sei que seria um ótimo pai. Que é um ótimo pai. Eu te amo."
Diante daquela confissão Nicolas ficou totalmente sem ação, sabia de todas as acusações que Natasha enfrentava e agora confirmara que ela realmente tinha entregado a carta ao juiz. Não havia mais nada que ele pudesse fazer e em partes, por pior que fosse ter aquele sentimento, ele estava aliviado.
Sendo assim acendeu a lareira do escritório e quando o fogo já estava alto ele atirou aquela carta no meio da lenha, ficou ali assistindo o fogo consumir aquele pedaço de papel até que só existissem as cinzas.
De repente foi tomado por um sentimento ruim que se acumulava em seu peito, ao se lembrar do que ela havia dito sobre o bebê... Seu filho, ou filha, que sequer teve a chance de viver. Sem conseguir se controlar ele saiu em busca de Benjamin. O encontrou junto com Micaela, que passeava com ele no carrinho no lado de fora da casa.
Nicolas foi na direção dos dois, pegou Benjamin no colo e o abraçou contra o peito, chorando enquanto sussurrava:
— Eu te amo muito, pequeno. Te amo muito!
Micaela não entendeu aquele estado do marido, só sabia que ele parecia desesperado por algo, só o tinha visto chorar daquele jeito depois da briga que tiveram. Lentamente ela se aproximou e pegou Benjamin de volta, o bebê já começava a resmungar e ficar vermelho com toda aquela proximidade. Depois o colocou de volta no carrinho e abraçou Nicolas, dizendo:
— Ei, se acalma. Está tudo bem!
— Eu não posso acreditar. Não posso acreditar!
— Por que não me conta o que aconteceu? Fala comigo.
Ele levantou a cabeça, enxugou os olhos e encarou a esposa, depois se sentou na escadaria em frente à casa e com a cabeça entre as mãos, respondeu:
— Era m-meu. O filho que a Natasha perdeu era meu! E e-e-eu não s-sabia!
— O quê?! - Retrucou Micaela, se sentando ao lado dele.
— E como soube?
— Ela m-me escreveu uma c-carta... Meu Deus! - Ele voltou a chorar e abaixou a cabeça - S-se eu soubesse...E-eu teria cuidado! E-e se foi ne-negligência minha? E s-se ela perdeu p-porque não teve a-assistência?
— Não! Nada do que aconteceu foi negligência sua, Nicolas! Infelizmente isso é um risco que toda grávida corre... E eu sinto muito por isso. Não tenho dúvida de que teria cuidado do bebê e que seria um ótimo pai, assim como realmente é!
— Eu s-só queria esquecer...
— Mas não deve. - Ele levantou a cabeça e a olhou incrédulo, enquanto ela lhe lançava um sorriso terno – Nicolas, não importa o que aconteça aquele bebê vai ser sempre seu filho ou filha, ele existiu de verdade mesmo que por um breve momento e mesmo que não tenha o conhecido, você sempre será o pai. Ele era tão seu filho como o Ben o é, portanto é digno de ser lembrado.
— Não... Está brava ou com ciúmes?
Ela riu e respondeu:
— Ciúmes de um bebê? Eu sou melhor do que isso, Nicolas.
Ele sorriu de volta e a olhou com admiração. Como poderia uma mulher ser tão perfeita?
Ela conseguia fazer Nicolas criar forças que ele mesmo não sabia que tinha.
Enxugando o rosto e se recompondo, ele disse em tom brincalhão:
— Acho que depois de tudo isso vou precisar de um psicólogo.
— Acho que todos vamos!
Ela o abraçounovamente, o fazendo de sentir seguro e mais calmo.
Pela tarde naquele mesmo dia, Micaela conversava com Telma para distraí-la, na semana seguinte ela e Marcos iriam embora para a fazenda no interior e ainda tinham que resolver muitas coisas sobre a adoção das crianças, era uma grande burocracia.
- Então, estão animados com a ideia de serem pais? - Perguntou ela ajeitando Ben no carrinho.
- Estou muito ansiosa. - Respondeu Telma - Na verdade, não sei nem por onde começar. Eu criei o menino nessa casa, mas agora terei meus próprios filhos e não sei o que fazer!
- E quanto a Marcos?
- Ele não diz nada, mas sei que não vê a hora de levar as crianças para casa.... Veja só, já estou me referindo a eles como meus filhos! Estou com tanto medo!
- Se acalma, sei que você vai conseguir. Você é incrível com crianças, Telma.
- Espero que esteja certa, menina.
- Telma! - Soou a voz de Nicolas vindo na direção da cozinha, e ele parecia irado - O que significa aquela bagunça na entrada da casa?
- Não sei do que está falando, menino.
- Ah, não sabe? Aqueles pestinhas simplesmente entraram aqui e começaram a me atormentar dizendo que te conhecem. Faça o favor de mandá-los embora.
Telma franziu o cenho sem entender nada. Nicolas realmente parecia bravo e não gostara nada daquela situação. De quem ele poderia estar falando? Lentamente ela saiu da cozinha e começou a caminhar em direção a porta de entrada, seguida de perto por Nicolas e Micaela.
Quando saiu para o jardim sua surpresa foi tanta que não pôde evitar arfar e deixar as lágrimas escorrer. Lívia e João estavam ali de pé, apenas a encarando e com um sorriso enorme em seus rostinhos. Telma se voltou para Nicolas que agora tinha um sorriso maior do que os das crianças.... E mais travesso também. Aquela peste de vinte e sete anos enganara Telma direitinho!
- Você os trouxe, menino? - Perguntou ela recuperando a voz.
- Mas é claro! Mexi meus pauzinhos para conseguir adiantar a adoção.... São seus filhos agora, Telma.
Ela virou para as crianças novamente e abriu os braços, enquanto eles corriam em sua direção e a abraçavam forte pela cintura. Nenhum dos três pôde evitar que as lágrimas de felicidade escorressem pelo rosto, e até mesmo Micaela, que só observava a cena, estava chorando.
Nicolas olhou para a esposa e a abraçou. Ela era uma manteiga derretida mesmo!
Marcos chegou um pouco depois e ficou paralisado ao ver o que estava acontecendo, Nicolas percebeu o desconcerto do velho mordomo e logo incentivou:
- O que está esperando? Vai logo abraçar seus filhos.
Lentamente ele desceu os degraus da escadaria da frente e se aproximou da esposa e das crianças, suas mãos tremiam e as palavras lhe faltavam, sua única reação foi abraçar os pequenos e apertá-los.
Telma veio na direção de Nicolas e apertou suas bochechas para logo depois o abraçar e apertar forte com aqueles braços gorduchos.
- Você é incrível, menino!
- Não foi nada, Telma! Agora eles podem ficar aqui com vocês, enquanto não arrumarem a mudança.... Ou podem ficar definitivamente aqui.
Nicolas tinha um olhar pidão, se separar de Telma e Marcos seria um pouco doloroso para ele, aqueles dois fizeram parte da sua vida toda e agora estavam de partida. Mas ele tinha consciência que eles mereciam descansar e as crianças precisariam deles.
- Ah, menino, nós realmente optamos por ir embora. Precisamos de um descanso. - Disse Telma tentando consolá-lo.
- Eu sei, só que.... Eu vou sentir falta de vocês.
- Também vamos sentir sua falta, mas pode ir nos visitar sempre que quiser.
- E também quero que venham nos visitar. Vou contar muitas histórias sobre vocês para Benjamin.
Telma não teve tempo de responder, Gregory surgiu na entrada da casa e arregalou os olhos ao ver Lívia e João ali, depois abriu um largo sorriso e correu na direção dos dois, gritando:
- Eba! Tem gente para brincar comigo!
Os dois se assustaram um pouco e se esconderam atrás de Marcos, mas o mordomo logo os acalmou, dizendo:
- Tudo bem, não precisam ter medo. Esse é o Gregory, irmão do senhor Lambertini. Por que não se apresentam também?
Lívia, que era mais extrovertida que João, foi logo estendendo a mão e dizendo:
- Muito prazer, meu nome é Lívia. É um prazer conhecer você, príncipe Gregory.
- Pode me chamar só de Greg. Economiza saliva e tempo.
Os dois riram e apertaram as mãos e logo Lívia puxou João para seu lado e disse novamente:
- Não seja sem educação, fala seu nome para ele.
- Meu nome é João. - Respondeu o menino com a voz baixa.
- Não liga para meu irmão, Greg, às vezes o gato come a língua dele.
- Não é isso! É que eu tenho vergonha!
- Não precisa ter vergonha de mim. - Disse Gregory - Eu quero ser seu amigo. Que tal se a gente jogar um pouco?
Os adultos observavam as crianças interagirem e ficavam admirados com aquilo, era impressionante a capacidade deles de fazer amizade rapidamente, e o melhor era que a amizade era pura, sem interesses.... Era sincera.
Os adultos deveriam aprender com os pequeninos.
Nicolas tirou o sorriso do rosto quando ouviu Gregory dar uma sugestão nada agradável.
- E se a gente nadar! Vocês sabem nadar?
- Sim! A gente nadava na piscina que tinha no orfanato! - Bradou Lívia saltando no lugar e fazendo os cachos parecerem pequenas molas - Vamos, João.
- Nem pensar! - Disse Nicolas os impedindo - A água está gelada, e eles não estão acostumados, Gregory. É perigoso.
Mas já era tarde, Lívia já corria em direção ao lago, junto com João, Gregory apenas deu de ombros e saiu correndo atrás dos novos amigos.
- Santo Deus!
Nicolas saiu correndo atrás das crianças, enquanto Telma e Marcos gritavam, eles não tinham tanta agilidade para correr mais. O problema era que Nicolas era só um, e as crianças três, não dava para agarrar os três ao mesmo tempo, sendo assim Micaela resolveu ajudar o marido e saiu correndo para pegar os três pestinhas, enquanto Telma olhava Benjamin no carrinho.
Nicolas conseguiu agarrar Gregory e Micaela pegou João, mas Lívia saltou no lago e Nicolas mais que rapidamente soltou o irmão e pulou atrás. Mas não era preciso, Lívia realmente sabia nadar e logo se acostumou com a água, os outros dois correram e pularam também, João se revelou a pior peste de todas, pois puxou Micaela junto consigo.
- O que vocês têm na cabeça? - Ralhou Nicolas - O lago é fundo!
- Nós sabemos nadar, senhor Lambertini. - Respondeu a menina - Não precisava se preocupar.
- É claro que precisava, eu acabei de trazer vocês para casa e vocês já quase matam seus pais do coração. Têm que aprender a se comportar e obedecê-los.
- Nos desculpe. - Disseram os dois cabisbaixos e em uníssono.
- E você, Gregory, está de castigo.
- O quê? Por quê? - Perguntou o menino indignado.
- Por dar uma sugestão dessas! Olha o absurdo!
- Tudo bem, tudo bem. Vamos nos acalmar. - Interferiu Micaela - Vamos entrar e nos secar, para depois tomarmos um café....
Ela não conseguiu terminar a frase, Nicolas, em uma clara tentativa de provocá-la, jogou uma grande quantidade de água em seu rosto.
- É assim então, Nicolas?
- Sim, é assim, senhora responsável.
- Você que pediu.
Micaela saltou em cima de Nicolas e a brincadeira recomeçou, os cinco ficaram no lago pelo resto da tarde e só saíram quando Micaela teve de amamentar Benjamin novamente. As crianças ficaram tão exaustas que aquele dia dormiram muito cedo, até mesmo Gregory que gostava se jogar acabou dormindo sem nem ao menos precisarem brigar com ele. E Nicolas achava aquilo bom, seu irmão não tinha com quem brincar na casa, por isso a maioria das vezes era muito solitário e a presença de Lívia e João ali, lhe trouxera uma alegria que nunca tinha visto no menino.
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