Capítulo 13
"Atenção, pessoas!! O quadro que coloquei aí em cima não é o que aparece na história, deixei apenas como base para vocês terem mais ou menos uma noção de como era! REFORÇANDO: O quadro não é o mesmo!! Enfim, vamos ao que interessa e boa leitura!!"
A noite chegou e Natasha ainda não havia ido embora, estavam todos reunidos na sala, descansando depois do dia todo de trabalhos e obrigações.
Gregory estava se divertindo com um vídeo game portátil que havia ganhado, mas não fora Nicolas quem lhe dera o presente, e ele apenas observava o irmão caçula concentrado no jogo. Mais tarde teriam uma conversa sobre quem o presenteara.
Natasha entrou na sala com uma agenda nas mãos, estava pronta para ir embora, só deveria dar os últimos recados do dia.
— Dona Susana, acabou de chegar um convite para o recital que a senhora Lunes vai organizar em sua casa. O convite é para todos vocês.
Micaela suspirou e encarou Nicolas, eles não acreditavam que ela mais uma vez os convidara para aquele recital, e mesmo Nicolas que gostava de uma boa música clássica, ficava desanimado em ter que ver aquela senhora.
Desde de adolescentes os dois mantinham o mesmo sentimento por ela.... Repúdio.
Henrieta Lunes não perdia uma oportunidade de criticar os outros ou de dizer a maneira como todos deveriam agir. Micaela em principal não suportava a mulher, ainda se lembrava daquela tarde em que a senhora ralhou com ela simplesmente porque seu estômago roncou de fome.
Foi no mesmo dia em que foi anunciado que os dois deveriam se casar.... Foi o dia em que toda a confusão de sua vida começou. E ela só tinha quinze anos na época!
Ela sorriu diante daquela lembrança, nove anos depois de tudo aquilo, ali estava ela. Quem diria que o mundo iria dar uma volta tão grande assim! Foi tirada de seu devaneio quando Susana a chamou:
— Está me ouvindo, Micaela?
— Como? O que disse?
— Você tem roupa de gala para ir?
— De gala?
— É o que ela está pedindo.
— Para os homens ela está pedindo smoking. - Disse Nicolas com o convite nas mãos - Até o Gregory terá que usar.
— O quê? - Inquiriu o menino levantando os olhos do jogo – Mas eu não quero ir!
— Não tem de querer! - Respondeu Susana - Você foi convidado e vai.
— Que saco!
— Obrigada, Natasha.
— Por nada, Dona Susana. Vão precisar de algo mais?
— Ah, não, minha querida. Pode ir para casa descansar!
— Obrigada! Boa noite a todos.
Natasha saiu e Micaela mais uma vez observou o mau humor do marido quando ela estava presente. Por mais que perguntasse para ele qual o motivo de tanta implicância, Nicolas sempre se desviava do assunto e não respondia nenhuma questão, logo em seguida ficava emburrado e um pouco distante. Micaela poderia ser inocente nessa história, mas sabia muito bem que havia um bom motivo para Nicolas ser tão evasivo daquela forma.
A semana se passou e a cada dia mais Nicolas ignorava a presença de Natasha. Não respondia seus cumprimentos e toda vez que ela entrava em um cômodo, ele saía. Seu humor só foi melhorar no dia do concerto na casa da senhora Lunes, mas este estado de espírito durou pouco, pois alguns minutos depois que chegaram, lá estava a moça que era o motivo da irritação de Nicolas. Rapidamente o semblante dele se fechou e ele ficou em um canto isolado. Daquela vez Micaela não deixaria passar, iria ter uma conversa muito séria com ele, no entanto, antes que pudesse tirá-lo dali, a senhora Lunes a arrastou para outro lado com a desculpa de que tinham muito o que conversar.
Quando viu que Nicolas estava sozinho, Natasha se aproximou.
— Como sempre está muito bem vestido, senhor Lambertini.
Ele nada respondeu, apenas continuou quieto esperando que o concerto começasse.
— Pretende me ignorar por quanto tempo? - Continuou ela.
— O tempo que for necessário para que você caia em si.
— Não pode ser tão ruim me ter por perto. Não te lembra nada?
— Sim.... De que eu era um completo idiota.
— Isso você continua sendo.
— E graças a Deus, sem você para aumentar minha idiotice.
— Eu não contaria com isso. Cá estou eu.
— Infelizmente. Pode me fazer um favor? Dá o fora!
— Sua sinceridade não foi abalada com o tempo.
— Não.... Foi aprimorada. Preciso ser mais claro?
— Com certeza não. - Respondeu ela se afastando.
O resto do concerto ocorreu sem nenhum imprevisto, quando tudo terminou Nicolas fez questão de ser o primeiro a ir embora, Susana, no entanto, ficou mais um pouco para poder conversar com a Senhora Lunes. Desse modo, apenas Micaela, Nicolas e Gregory voltaram para casa.
Tudo que Nicolas queria, era deitar e dormir em paz, no entanto, Micaela o surpreendeu com uma pergunta:
— Você teve alguma coisa com ela, não é?
— O quê? Do que está falando?
— Da Natasha. Só alguém com um coração magoado iria tratar outra pessoa assim.
— Você me trataria desse jeito se eu te magoasse?
— Já tratei de forma pior.
Ele riu e respondeu se sentando na cama:
— É. Tem razão.
— Razão em qual das duas coisas?
— Nas duas.... Eu já tive algo com ela sim.
— Sabia! Era uma conquista sua? - Perguntou ela se sentando ao lado dele.
— Na verdade, acho que eu fui a conquista dela. Namoramos um tempo.... Eu ia pedi-la em casamento.
— Está falando sério? - Perguntou ela incrédula.
— Sim. Ainda bem que não aconteceu! Ou não teria me casado com você.
— E o que aconteceu para vocês terminarem?
— Eu a peguei na cama.... Com outro.
— Nossa!... Acho que você já viveu essa situação....
— Sim, mas da outra vez era eu quem estava na cama. - Respondeu ele rindo – Acho que eu paguei por aquele dia.
— Sua mãe sabe dessa história?
— Claro que não! Se ela soubesse duvido que colocaria minha ex embaixo do mesmo teto que minha mulher. Mas se você não a quiser aqui....
— Nicolas, eu não sou tão vil desse jeito. Não me importo com seu passado.
— Você é incrível. - Respondeu ele dando um sorriso em seguida a beijando.
— Eu sei! - Ela respondeu também rindo – Mas ela aparenta ser uma moça tão decente. Estávamos até planejando o aniversário da sua mãe.
— Que história é essa?
— Susana quer dar uma festa em comemoração ao aniversário dela esse ano. Então achamos que seria legal pensar em um tema para a festa.
— É uma boa ideia.
— Sim. Natasha sugeriu circo, mas considerando minha aversão por palhaços....
Nicolas olhou bem para Micaela e fez uma expressão de deboche. Todos sabiam que não era aversão, era medo.
— Tudo bem, Nicolas, eu tenho medo. - Disse ela derrotada – Satisfeito?
— Sim. Mas realmente não acho uma boa ideia esse tema de circo.
— Foi o que eu disse. Vamos pensar em outra coisa.
— Tudo bem. Então agora.... Vamos deitar.
— Sim, senhor.
Ela se acomodou a seu lado e não demorou muito para que os dois pegassem no sono.
Na segunda feira, eles acordaram mais tarde que o normal e acabaram se atrasando um pouco. Desceram as escadas para ir tomar café, mas ao terminar os degraus, Micaela logo estacou no lugar, Nicolas que vinha logo atrás, percebeu o comportamento dela e olhou na mesma direção. Logo ele se colocou na frente e segurou o rosto dela entre as mãos, dizendo:
— Olhe apenas para mim. Não olhe para lá.
Ele procurava manter o olhar dela focado apenas nele, e longe do enorme quadro com um palhaço pintado. O quadro era simplesmente horrível, o tom sombrio das cores e a expressão de melancolia e até mesmo morte estampada no rosto do palhaço, assustaram até mesmo ele.
E Nicolas sabendo do medo de Micaela tratou de guiá-la para longe dali, deixando o rosto dela virado na direção oposta daquela "arte".
E ele sequer sabia de quem era aquilo. Todos na casa sabiam que nada relacionado a palhaços entrava ali, mesmo que Micaela se sentisse constrangida com aquilo, ele alertara a todos.
Da última vez que ela, acidentalmente, vira um palhaço em um evento de caridade que foram, sua pressão caíra a ponto de deixa-la tremendo e suando frio.
E Nicolas não queria que isso se repetisse, principalmente agora.
Quando chegaram à cozinha, ele a sentou em uma cadeira e perguntou se abaixando na frente dela:
— Você está bem?
— Estou, não precisa se preocupar.
Embora ela disse estar bem, era visível seu nervosismo. A pele estava mais pálida que o comum, a boca quase não tinha cor, os olhos estavam cheios de água e nunca se focavam em algo.
Telma entrou na cozinha e também se preocupou ao ver Micaela naquele estado.
— O que aconteceu, menina?
— Não foi nada. - Respondeu ela ainda um pouco distante.
— Tem um quadro enorme com um palhaço, na sala. - Respondeu Nicolas sério - Sabe quem trouxe?
— Não sei, menino. Todos aqui sabem que nada relacionado com isso entra na casa.
— Pois bem, hoje entrou.
— Eu não faço a menor ideia de quem tenha sido.
— Mas eu faço. - Respondeu ele novamente se levantando – Natasha, já chegou?
— Creio que sim, deve estar com sua mãe na biblioteca.
— Ótimo.
Nicolas pegou uma faca grande que ficava em um faqueiro e saiu da cozinha em direção ao corredor. Micaela se levantou rapidamente e correu atrás dele.
— Nicolas, pelo amor de Deus, o que irá fazer?
— Fique aí. - Ele respondeu simplesmente.
— Telma, não deixa ele fazer nenhuma besteira!
— Acalme-se, menina. Vou pedir para o Marcos....
— Já estou indo. - Disse Marcos que acabara de chegar.
Ele correu atrás de Nicolas e o entrou na sala observando o quadro à sua frente. Os olhos demonstravam raiva, mas o restante do rosto não levava expressão alguma e Marcos sabia que aquilo era perigoso. Era nesses momentos que Nicolas tramava alguma coisa.
— O que irá fazer, senhor?
— Nada que eu não deva fazer.
Nicolas levantou a faca e cravou no quadro à sua frente, o tecido se rasgou com facilidade e ele traçou uma linha diagonal, para depois fazer o mesmo processo no sentido oposto, fazendo um grande "x" na obra. Depois continuou a rasgar a peça até os pedaços caírem no chão e sobrar somente a moldura que ele quebrou com certa facilidade.
Calmamente ele soltou a faca e pegou um único pedaço do que restara do quadro e caminhou em direção à biblioteca. Abriu a porta e lá estavam Susana e Natasha, como Telma havia dito.
— Acho que isso é seu. - Disse ele atirando o pano na direção da loira.
Ela rapidamente pegou e analisou por alguns instantes, depois arregalou os olhos e ofendida olhou para ele.
— Você ficou maluco? Por que fez isso?
— Eu que pergunto se você ficou maluca. Por que deixou isso no meio da minha sala? Por que não o levou para casa?
— Eu estava vindo para cá quando o ganhei, não dava tempo de voltar!
— Ah, e resolveu deixar isso exposto para todo mundo ver?
— Eu deixei em um canto. Não iria atrapalhar.
— Nicolas, qual o propósito disso? - Inquiriu Susana.
— Isso era um quadro com um palhaço, mãe. E Micaela viu.
— Santo Deus! Como ela está?
— Como a senhora acha que ela está? Ficou assustada com essa porcaria.
— Era só ter me falado e eu tirava de lá! - Retomou Natasha.
— Não se faça de sonsa, você deixou lá de propósito!
— Por que eu faria isso?
— Você sabe que Micaela tem medo! Deixou lá apenas para provocá-la.
— Você está vendo coisas onde não tem.
— Pare de me chamar de louco, Natasha. Você sabia do medo dela, conversaram sobre isso, ela me contou da festa que minha mãe quer dar e da sua sugestão. Então não venha me dizer que não sabia do medo dela.
— Me desculpe, eu esqueci.
Apontando o dedo para ela, Nicolas disse em tom sério:
— Não apareça aqui com coisas assim novamente.
Ele já ia se retirando quando Natasha perguntou:
— Sabe quanto valia isso?
Calmamente ele deu meia volta e respondeu:
— Garanto que não mais que a saúde da minha mulher e do meu filho.
Logo ele deu as costas para ela novamente e saiu da biblioteca.
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