Capítulo 3
Todos desceram e encontraram a Sra. Weasley sozinha na cozinha, parecendo extremamente mal-humorada.
– Vamos comer no jardim. – disse ela.– Não há lugar para doze pessoas aqui dentro. Podem levar os pratos para fora, meninas? Bill e Charles estão a colocar as coisas na mesa. Facas e garfos, por favor, vocês dois.– disse ela a Ron e Harry, e apontou a varinha com um pouco mais de força do que pretendera para um monte de batatas na pia, que saíram da casca demasiado depressa e acabaram ricocheteando nas paredes e nos tetos.
-Ah, pelo amor de Deus!-, exclamou ela, agora apontando a varinha para uma pá, que saltou de lado e começou a patinar pelo piso, recolhendo as batatas. -Aqueles dois!- explodiu ela furiosa, agora tirando tachos e panelas de um armário, e Joana entendeu que ela estava se referindo a Fred e George. -Não sei o que vai ser deles, realmente não sei. Não têm ambição, a não ser que se leve em conta toda confusão que são capazes de aprontar...-Ela bateu com uma grande caçarola de cobre na mesa da cozinha e começou a agitar a mão para os lados. Um molho cremoso foi escorrendo da ponta da varinha à medida que ela mexia. - Não é que não tenham inteligência – continuou ela irritada, levando a caçarola para o fogão e acendendo-o com um toque da varinha –, mas estão a desperdiçar a que têm e, a não ser que tomem jeito depressa, vão se meter em apuros. Já recebi mais corujas de Hogwarts a respeito dos dois do que de todos os outros juntos. Se continuarem assim, vão terminar tendo que comparecer à Seção de Controle do Uso Indevido da Magia.
A Sra. Weasley apontou a varinha para a gaveta de talheres, que se abriu com violência.
- Não sei onde foi que erramos com os gêmeos – disse a Sra. Weasley descansando a varinha e recomeçando a tirar mais caçarolas do armário. – Tem sido sempre assim há anos, uma coisa atrás da outra, e eles não dão ouvidos... AH, OUTRA VEZ, NÃO!
Ela apanhara a varinha da mesa, e a coisa emitira um guincho alto e se transformara em um enorme pato de borracha.
– Mais uma varinha falsa fabricada por eles! – gritou ela. – Quantas vezes já disse aos dois para não deixarem essas coisas largadas por aí?
Ela agarrou a própria varinha, e quando se virou descobriu que o molho no fogão estava a deitar fumo. Joana saiu para o jardim dado apenas alguns passos quando o gato de Hermione, Crookshanks apareceu do nada e andava atrás de gnomos do jardim.
E então, se ouviu um barulho de coisas que batiam. A origem do barulho vinha de Bill e Charles, de varinhas em punho, fazendo duas mesas velhas voarem alto pela relva e colidirem, cada qual tentando derrubar a outra no chão. Fred e Jorge aplaudiam; Ginny ria e Hermione estava parada junto à sebe, pelo jeito dividida entre o riso e a aflição Joana riu também.
A mesa de Bill bateu na de Charles com estrondo e perdeu uma das pernas. Eles ouviram um barulho no alto, todos ergueram os olhos e viram a cabeça de Percy aparecer à janela do segundo andar.
- Dá para vocês pararem? – berrou ele.
- Desculpa, Percy.– disse Bill rindo. – Como é que vão os fundos dos caldeirões?
– Muito mal.– disse Percy irritado e tornou a fechar a janela com uma pancada.
Rindo, Bill e Charles devolveram as mesas em segurança ao chão, as juntaram pelas extremidades e então, com um golpe de varinha, Bill colou de volta a perna da mesa e conjurou toalhas do nada.
Às sete horas, as duas mesas rangiam sob o peso de travessas e mais travessas da excelente comida da Sra. Weasley, e os nove Weasley, Joana, Harry e Hermione se sentaram para jantar sob um céu azul-escuro e limpo.
Na ponta da mesa, Percy contava ao pai todos os detalhes do seu relatório sobre os fundos dos caldeirões.
– Eu prometi ao Sr. Crouch que aprontaria o relatório até terça-feira – dizia Percy pomposo. – É um pouco mais cedo do que ele pediu, mas gosto de estar um passo à frente. Acho que ele ficará agradecido por eu ter terminado em menos tempo. Quero dizer, há muito trabalho no nosso departamento neste momento, com todas as providências para a Copa Mundial. Não estamos a receber a colaboração necessária do Departamento de Jogos e Desportos Mágicos. Ludo Bagman.
– Eu gosto do Ludo.– disse o Sr. Weasley em tom ameno. – Foi ele que nos arranjou aqueles excelentes lugares para a Copa. Fiz um favorzinho a ele: o irmão, Otto, se meteu numa pequena confusão, um cortador de grama com poderes fora do comum, eu acertei o problema.
– Ah, Bagman é uma pessoa agradável, é claro – disse Percy fugindo à questão –, mas como conseguiu ser chefe do departamento... quando o comparo ao Sr. Crouch! Não posso imaginar o Sr. Crouch perder um funcionário do departamento sem tentar descobrir o que aconteceu com ele. O senhor já se deu conta de que a Berta Jorkins está desaparecida há mais de um mês? Saiu de férias para a Albânia e nunca mais voltou.
– Verdade, informei o Ludo sobre isso.– respondeu o Sr. Weasley franzino a testa. – Ele me disse que Berta já se perdeu uma porção de vezes antes, embora eu deva dizer que se fosse alguém no meu departamento eu ficaria preocupado...
– Ah, a Berta não toma jeito, é verdade – falou Percy. – Ouvi dizer que ela é empurrada de departamento para departamento há anos, dá mais trabalho do que trabalha... mas, mesmo assim, Bagman devia estar tentando encontrá-la. O Sr. Crouch tem se interessado pessoalmente pelo caso, ela trabalhou no nosso departamento uma época, sabe, e acho que o Sr. Crouch gostava bastante dela, mas Bagman fica rindo e dizendo que ela provavelmente leu mal o mapa e em vez da Albânia acabou na Austrália. Contudo – Percy deixou escapar um suspiro, e tomou um bom gole do vinho de flor de sabugueiro –, já temos muito como que nos preocupar no Departamento de Cooperação Internacional em Magia sem ficar a tentar achar funcionários de outros departamentos. Como o senhor sabe, já temos outro grande evento para organizar logo depois da Copa. -Ele pigarreou cheio de importância e olhou para a ponta da mesa em que Joana Harry, Ron e Hermione estavam sentados.
– O senhor sabe do que estou falando, pai. – E alterou ligeiramente a voz. – O evento secreto.
Ron girou os olhos para o alto, e murmurou para Joana, Harry e Hermione:
– Ele está a tentar nos fazer perguntar que evento é esse desde que começou a trabalhar. Provavelmente uma exposição de caldeirões com fundo grosso.
No centro da mesa, a Sra. Weasley discutia com Bill por causa do brinco, que aparentemente era uma aquisição recente.
– ... com um canino horroroso pendurado, francamente Bill, que é que eles dizem lá no banco?
- Mãe, ninguém lá no banco liga a mínima para a roupa que eu uso desde que eu traga muito ouro para eles.– disse Bill pacientemente.
– E os seus cabelos estão precisando de um corte, querido – disse a Sra. Weasley passando os dedos, carinhosamente, pelos cabelos do filho. – Gostaria que me deixasse aparar...
- Eu gosto deles assim – disse Ginny, que estava sentada ao lado de Gui. – Você é tão antiquada, mãe. Mesmo desse tamanho, eles não chegam nem perto do comprimento dos cabelos do Prof. Dumbledore...
Ao lado da Sra. Weasley, Fred, Jorge e Charles discutiam animadamente a Copa Mundial.
- Vai ser da Irlanda.– disse Charles
- Têm o Vítor Krum.– comentou Fred.
– O Krum é apenas um jogador decente, a Irlanda tem sete.– cortou Charles. – Mas eu gostaria que a Inglaterra tivesse passado para as finais. Foi horrível, ah, foi.
– O que aconteceu? – perguntou Joana, lamentando não saber muito. Joana era apaixonada por Quidditch. Jogava como chaser no time dos Gryffindor desde ano passado em Hogwarts.
– Perdeu para a Transilvânia, por trezentos e noventa a dez – disse Charles sombriamente. – Um desempenho sinistro. E Gales perdeu para Uganda, e a Escócia foi massacrada por Luxemburgo.
O Sr. Weasley conjurou velas para clarear o jardim antes de comerem a sobremesa (gelado de morangos), e na altura em que o jantar terminou, as borboletas voavam baixo sobre a mesa e o ar morno estava perfumado com o aroma de relva e das flores. Joana se sentia muitíssimo bem alimentada e em paz com o mundo, e observava vários gnomos saltarem por dentro das roseiras, rindo, perseguidos de perto por Crookshanks. Joana viu Ron correndo os olhos, cauteloso, pela mesa, verificando se o resto da família estava entretida conversando, depois perguntou baixinho a Harry
– Então... tem tido notícias de Sirius ultimamente?
Hermione olhou para os lados, apurando os ouvidos.
- Tenho. – disse Harry baixinho –, duas vezes. Dá a impressão de que está bem. Escrevi para ele anteontem. Talvez receba resposta enquanto estou aqui.
Joana tinha recebido uma carta de Sirius nas férias também. Tinha lhe respondido à mais ou menos uma semana. Ainda estava à espera da resposta.
- Olhem as horas! – exclamou subitamente a Sra. Weasley, consultando o relógio de pulso. – Vocês deviam estar na cama, todos vocês, vão ter que acordar quase de madrugada para ir à Copa. Joana, se deixar sua lista de material escolar, eu compro tudo para você amanhã, no Beco Diagonal. Vou comprar o dos meus meninos. Talvez não haja tempo depois da Copa Mundial, da última vez o jogo durou cinco dias.
– Uau... espero que aconteça o mesmo dessa vez! – exclamou Joana entusiasmado.
– Eu espero que não.– disse Percy, virtuosamente. – Estremeço só de pensar no estado da minha caixa de entrada se eu me ausentar cinco dias do trabalho.
E então cada um foi para os seus respetivos quartos. Joana se deitou na cama em silêncio tal como Hermione e Ginny, estavam a três cansadas. Joana olhou para o anel que Harry lhe dera. Estava verde. Era bom sinal, o que até era irónico já que a cor dos seus olhos mudava para verde.
Ela ia tentar fazer com que o anel nunca chegasse a preto. Ela tinha de manter o controle.
E foi com esse pensamento que adormecer.
Mal sabia ela o que ainda estava por vir...
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