Capítulo 28
Era um mapa que representava detalhadamente o castelo e os campos de Hogwarts. O mais incrível, porém, eram os minúsculos pontinhos de tinta que se moviam, cada um identificado com um pequenino nome. Abismados, Joana, Hermione e Ron se inclinaram. Um ponto identificado no canto superior esquerdo mostrava o professor Dumbledore no seu gabinete andando de um lado para o outro. Mrs.Norris, a gata do encarregado, deambulava pelo segundo andar e Peeves, o poltergeist, andava como sempre fazendo barulho de um lado para o outro, na sala dos troféus.
E à medida que os olhos dos três passeavam para cima e para baixo, acompanhando os corredores que eles conheciam tão bem, repararam em outra coisa.
O mapa mostrava uma série de passagens por onde eles nunca entraram e muitas delas pareciam conduzir diretamente a Hogsmeade.
- Porque é que Fred e George nunca mo deram a mim?- perguntou Ron, ofendido.- Sou irmão deles
- Mas o Harry não vai ficar com o mapa.- afirmou Hermione como se a ideia fosse simplesmente grotesca.- Vai entregar ele à Professora McGonagall, não vai, Harry?
- Não, não vou.- lhe assegurou Harry com muita certeza.
- Está doida?- exclamou Ron, arregalando os olhos a Hermione.- Entregar uma preciosidade destas?
- Se eu o entregasse, teria de dizer onde o tinha obtido. O Filch ficaria a saber que o Fred e o George lho tinham tirado!
- Mas e o Sirius Black?- sussurrou Hermione.- Ele pode estar usando uma das passagens secretas do mapa para entrar no castelo! Os professores têm de saber!
- Ele não pode ter entrado por estas passagens.- disse Harry rapidamente.- Há sete túneis secretos no mapa. O Fred e o George acham que o Filch conhece quatro. Dos outros três um está bloqueado e ninguém pode passar, o outro tem o Salgueiro Zurzidor plantado à entrada, portanto ninguém pode sair e há aquela por onde eu vim. Bem, é difícil descobrir a entrada lá em baixo na cave, portanto, a não ser que ele já a conhecesse...- Harry se interrompeu vendo Joana com uma cara séria e pensativa olhando o mapa.- Hey, está a pensando tanto no quê?
- Hã? Ah, em nada demais. É só que tenho a impressão de que já ouvi esses nomes em algum lugar. Mas não me estou conseguindo lembrar onde.
E então Ron pigarreou, apontando para uma notícia que estava afixada no interior da porta da loja.
POR ORDEM DO MINISTÉRIO DA MAGIA
Lembramos os clientes de que, até novas instruções, os Dementors patrulharão as ruas de Hogsmeade todas as noites depois do pôr do sol.
Esta medida foi tomada para maior segurança dos residentes de Hogsmeade e cessará logo que Sirius Black seja recapturado. É pois, aconselhável que o comércio feche um pouco antes do pôr do sol.
Feliz Natal!
- Vê?- disse baixinho Ron.- Gostava de ver o Black tentar entrar no Doces dos Duques com os Dementors fazendo a ronda da vila. De qualquer modo, Hermione, os donos da loja ouviriam sempre alguém a entrar aqui, não acha? Eles vivem mesmo por cima!
- Sim, mas.... mas...- Hermione parecia se debater para chegar a um outro problema.- Olha, o Harry não devia ter vindo a Hogsmeade. Não tem a autorização assinada. Se alguém descobre, vai arrumar problemas e ainda não é de noite. E se Sirius Black aparecesse hoje? Agora?
- Ia ter dificuldade em encontrar o Harry no meio de tudo isto.- disse Ron, apontando através da janela de pinázios para os espessos novelos de neve.
- Vá lá, Hermione, é Natal. O Harry merece uma distração.- insistiu Joana
Hermione mordeu o lábio com um ar extremamente preocupado.
- Vai me entregar?- perguntou Harry sorrindo
- Oh! É claro que não, tudo bem.- ela diz se dando por vencida.
Todos sorriram.
- Viu as Abelhas Sibilantes?- perguntou Ron, agarrando Harry por um braço e o conduziu pela loja.
Depois de todos terem pago todos os doces saíram do Doces dos Duques para a rua, onde reinava a tempestade de neve.
Hogsmeade parceria um cartão de Natal. As pequeninas vivendas e lojas com telhados de colmo estavam todas cobertas de neve espessa, as portas enfeitadas com grinaldas de azevinho e das árvores pendiam fitas com velas encarnadas.
- Para onde vamos ?- perguntou Harry
- Já sei, vamos tomar uma Cerveja Amanteigada ao Três Vassouras!
Todos concordaram e assim, atravessaram a rua e em poucos minutos entravam na pequena hospedaria.
Estava apinhada de gente barulhenta, quente e com muito fumo. Ao balcão, uma mulher cheia de curvas e de rosto bonito servia um grupo de Feiticeiros.
- É a Madam Rosmerta.- indicou Ron.- Eu vou buscar as bebidas, está bem?- disse e todos os outros concordaram.
Joana, Harry e Hermione se dirigiram para o fundo da sala onde havia uma pequena mesa vaga entre a janela e uma bonita árvore de Natal que estava junto da lareira. Ron voltou cinco minutos depois, transportando quatro canecas de estanho cheias de Cerveja de Manteiga quente.
Todos beberam satisfeitos. Era muito bom e aquecia os por dentro
Logo uma brisa súbita passou por eles. A porta do Três Vassouras se abrira. Joana espreitou sobre a borda da caneca vendo Harry fazendo o mesmo e se engasgaram.
A professora McGonagall e o professor Flitwick acabavam de entrar no bar, cobertos de flocos de neve, seguidos de Hagrid que conversava animadamente com um homem de porte majestoso com um chapéu de coco verde e um manto às riscas: Cornelius Fudge, o Ministro da Magia.
Num segundo, Joana colocou as mãos no topo da cabeça de Harry e o empurrou para debaixo da mesa.
Hermione murmurou rapidamente.
- Mobiliarbus!
A árvore de Natal que estava junto da mesa deles se elevou a alguns centímetros do chão, deslizou para o lado e aterrou suavemente mesmo em frente da mesa deles, os tapando por completo.
E então começaram ouvindo os quatro a falar.
- Uma garrafa de Água de Guelracho, pequena
- E para mim.- se ouviu a voz da professora McGonagall
- Quatro canecas de Mead aquecido.
- Obrigado, Rosmerta.- agradeceu Hagrid
- Um xarope de cerveja com soda, gelo e chapelinho...
- Mmm!- fez o professor Flitwick lambendo os lábios
- Obrigado, querida Rosmerta.- disse a voz de Fudge.- É bom ver você outra vez. Toma qualquer coisa também e se sente.
- Muito obrigada, Senhor Ministro.
Joana, Harry, Ron e Hermione continuavam em total silêncio.
- Então, o que o traz por cá, Senhor Ministro?- se ouviu a voz de Madam Rosmerta.
- O que havia de ser, minha amiga? O Sirius Black! Calculo que saiba o que aconteceu na escola na noite de Halloween?
- Ouvi qualquer coisa.- admitiu Madam Rosmerta - Acha mesmo que o Black ainda está cá por perto, Senhor Ministro?
- Estou convencido que sim.- respondeu Fudge
- Sabe que os Dementors já fizeram duas buscas ao meu bar?- informou Madam Rosmerta com uma ligeira irritação na voz.- Assustaram os meus clientes todos... É muito mau para o meu negócio.
- Rosmerta, querida, eu não gosto mais deles do que você.- admitiu Fudge pouco à vontade.- Há precauções que infelizmente são necessárias. Encontrei há pouco alguns Dementors, estão furiosos com o Dumbledore por ele não os deixar entrar na escola
- É claro que não.- confirmou de uma forma cortante a professora McGonagall.- Como poderíamos dar aulas com aquelas criaturas horrorosas a andarem por aí?
- Apoiado, apoiado!- guinchou o pequenino Professor Flitwick
- Ah, mas conseguem ter as aulas normais mesmo com a Herdeira de Salazar Slytherin dentro da sala?
Joana baixou levemente a cabeça com aquela afirmação suspirando de impaciência.
- Senhor Ministro, já lhe dizemos que Miss Frost não é perigosa. Está tudo no seu perfeito controle.
- É verdade.- disse Hagrid.- Joana nunca faria mal a ninguém de propósito! Posso garantir isso.
- Seja como for.- objetou Fudge.- Eles estão aqui para vos proteger a todos de algo muito pior. Todos sabemos do que o Black é capaz...
- Sabe que ainda me custa acreditar.- disse Madam Rosmerta pensativa.- De todas as pessoas que poderiam ter passado para o lado negro, o Sirius Black era o último em quem eu pensaria... Me lembro tão bem dele quando era apenas um garotinho e andava em Hogwarts. Se alguém naquela época me dissesse o que ele viria a ser, eu acharia que tinha bebido demais.
- Não sabe nem metade, Rosmerta.- declarou Fudge bruscamente.- A pior coisa que ele fez não é do conhecimento geral.
- A pior coisa?- repetiu Madam Rosmerta com a voz vibrante de curiosidade.- Pior do que assassinar todas aquelas pessoas?
- Pior ainda.- asseverou Fudge
- Não posso acreditar. O que poderia ele fazer de pior?
- Você diz que se lembra do Black em Hogwarts, Rosmerta.- murmurou a professora McGonagall.- Se lembra de quem eram os melhores amigos dele?
- É claro que sim!- asseverou Madam Rosmerta com uma pequena gargalhada.- Nunca via nenhum dos três sozinhos. Estiveram aqui tantas vezes... Oh! O que eu me ria com eles, o Sirius Black, o James Potter e o irmão mais velho de Sirius o Ethan Black! Até me admirava ver o Sirius e o Ethan juntos já que eram de casas diferentes e a família odiava os Gryffindor.
Joana nesse momento arregalou os olhos. Irmão mais velho? Mas... lhe dizeram que o avô era filho único e que ele e o Sirius eram parentes muito afastados...
- Precisamente.- disse a professora McGonagall.- Os irmãos Black e o Potter, os chefes do seu grupinho. Muito inteligentes claro, excecionalmente inteligentes na verdade, mas os maiores malandros de sempre.
- Não sei.- riu Hagrid entre dentes.- O Fred e o George Weasley não lhes ficam nada atrás.
- Havia quem pensasse que eram três irmãos.- afirmou o professor Flitwick.- Totalmente inseparáveis!
- É claro que eram inseparáveis.- disse Fudge.- Até Ethan terminar a escola e ter se alistado ao Você-Sabe-Quem. Anos depois, o Potter escolheu o Sirius Black para padrinho de casamento dele com a Lily. E mais tarde padrinho do Harry. Ele não suspeitava de nada, claro. É fácil imaginar como isso o deixaria abalado.
- O facto de o Black ter feito como o irmão mais velho e ter se aliado ao Você-Sabe-Quem?- murmurou Madam Rosmerta.
- Pior do que isso, minha amiga...- Fudge baixou a voz e continuou numa espécie de murmúrio.- Pouca gente está a par de que os Potter sabiam que o Você-Sabe-Quem andava atrás deles. O Dumbledore, que trabalhava incansavelmente contra o Você-Sabe-Quem, tinha alguns espiões bastantes úteis. Um deles o informou e ele alertou imediatamente o James e a Lily. Então, os aconselhou a se esconderem. É claro que não era fácil alguém se esconder do Você-Sabe-Quem. O Dumbledore disse a eles então que o melhor seria recorrerem ao Encantamento Fidelius.
- Como é que funciona?- perguntou Madam Rosmerta, tão curiosa que lhe faltava o ar.
- Se trata de um feitiço imensamente complexo.- explicou o professor Flitwick com a sua voz aguda.- Que envolve ocultar magicamente um segredo dentro de um ser humano. A informação é escondia dentro da pessoa que se escolheu para Guardador Secreto e fica assim inacessível, a não ser, claro, que o Guardador Secreto a decida divulgar. Mas desde que o Guardador Secreto se recusasse a contar ao Você-Sabe-Quem, ele podia revistar durante anos a aldeia onde a Lily e o James se encontravam que não os encontraria, nem que encostasse o nariz à janela da sala de casa deles.
- Então, o Black era o Guardador Secreto dos Potter?- perguntou Madam Rosmerta.
- Claro.- confirmou a professora McGonagall.- O James disse a Dumbledore que o Black preferia morrer a dizer onde eles estavam, que o Black pensava também se esconder e, mesmo assim, o Dumbledore ficou preocupado. Me lembro de que ele próprio se ofereceu.
- Suspeitaria ele do Black?
- Ele sabia que havia alguém chegado aos Potter que mantinha o Você-Sabe-Quem informado dos seus movimentos.- revelou a professora McGonagall com um ar sombrio.- Na verdade, ao princípio ele suspeitou do Ethan mas depois pensou no Sirius
- Mas o James Potter insistiu em usar o Sirius?
- Insistiu sim.- confirmou Fudge- E, cerca de uma semana após terem executado o Encantamento Fidelios...
- O Black os traiu?- arfou Madam Rosmerta
- Assim foi. Ele se cansara do seu papel de agente duplo, estava preparado para assumir abertamente o seu apoio ao Você-Sabe-Quem assim como o irmão e parece tê-lo planeado para o momento da morte dos Potter. Mas, como é do conhecimento de todos, o Você-Sabe-Quem foi vencido pelo pequeno Harry Potter. Tendo perdido todos os poderes e ficado terrivelmente enfraquecido o Black fugiu, ficando numa situação muito difícil.
- Vira-casacas, infeto e fedorento.- gritou Hagrid tão alto que metade do bar se calou.
- Chiuuu!- o admoestou a professora McGonagall
- Eu o encontrei!- grunhiu Hagrid- Devo ter sido o último a ver ele antes de ele ter morto aquela gente toda. Depois de ter tirado o Harry da casa, ele o trouxe do meio das ruínas, coitadinho, com um grande golpe na testa e os pais mortos... E o Sirius Black aparece naquela moto voadora que ele costumava conduzir. Eu não sabia de nada sobre isso do Guardador Secreto. Pensei que ele vinha ajudar. Estava tremendo e pálido. E sabem o que é que eu fiz? CONSOLEI O TRAIDOR ASSASSINO!- rugiu Hagrid
- Hagrid, por favor.- implorou a professora McGonagall.- baixe a voz
- E se eu lhe tivesse entregado o Harry, hein? Aposto que ele o tinha atirado da moto para o meio do mar. O filho do seu melhor amigo! Mas quando um Feiticeiro passa para o lado negro, tudo e todos deixam de ter importância para ele.
Se seguiu um longo silêncio. Depois Madam Rosmerta afirmou satisfeita
- Mas ele não conseguiu desaparecer, pois não? O Ministério da Magia o capturou logo no dia seguinte!
- Quem dera que tivesse sido assim.- Afirmou Fudge amargamente.- Não fomos nós que o encontrámos. Foi o pequeno Peter Pettigrew, outro amigo dos Potter.
- O Pettigrew... Aquele pequeno garotinho mais gordinho que andava sempre atrás deles em Hogwarts?- perguntou Madam Rosmerta
- Tinha uma admiração imensa pelos Black e pelo Potter. Embora não lhes chegasse aos calcanhares em termos de inteligência. Fui várias vezes ríspida com ele, o que lamento muito hoje...- disse a professora McGonagall
- Então, Minerva.- disse Fudge amavalmente.- O Pettigrew teve uma morte de herói. As testemunhas... Muggles, claro, apagámos posteriormente as suas memórias. O Pettigrew bem tentou enfrentar o Black mas ele foi mais rápido...
- Que miúdo idiota... Era péssimo em esgrima... Devia ter deixado aquilo para o Ministério.
- Aí tens, Rosmerta.- concluiu o ministro.- A História toda...
- Mas... E então e o que aconteceu com o Ethan depois?
- Oh, bem, ele fugiu do Você-Sabe-Quem muito tempo antes. Demoramos a encontrar ele mas quando o achámos ele estava casado e com uma filha. E mais tarde teve uma neta, a Joana Frost.- explicou a professora McGonagall
- E a Joana sabe disso do avô?
- Bem, a parte de ter sido um Comensal da Morte soube à pouco tempo, mas não sabe sobre o Sirius Black ser seu tio-avô.
- E porque não?
- Então, o Ethan mantém contato com o Dumbledore e ele implorou para que contássemos que eles eram família afastada, caso ela ouvisse falar do Sirius. Ele foi um Comensal da Morte também, mas como nunca matou ninguém queria manter segredo para a proteger da verdade.- explicou Fudge
- Bem, Ministro, se quer jantar com o Diretor é melhor irmos.
Todos se levantaram, Rosmerta foi para o balcão do bar enquanto os outro quatro saíam do bar.
Joana estava em choque. Nem queria acreditar no que acabara de ouvir. Era sobrinha-neta de Sirius Black, um assassino procurado.
Mas o que mais lhe importava era que lhe tinham mentido todo este tempo. Tinham escondido toda a verdade a ela.
Ouvia as vozes de Hermione chamando ela, mas ela ignorou, se levantou e saiu.
- Deixe ele Hermione, ela precisa de estar um tempo sozinha. Processar tudo.- murmurou Ron
Hermione assentiu.
- Harry?- perguntou ela se baixando até debaixo da mesa.
Mas Harry também tinha ido embora.
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