Capítulo 23
Nos dias que se seguiram, não se falou de outra coisa a não ser de Sirius Black. As teorias de como ele entrara no castelo, se tornavam cada vez mais fantasiosas. Hannah Abbott, dos Hufflepuff, passou grande parte da aula de Herbologia a dizer a quem quisesse ouvir que Black podia transformar se num arbusto. E Joana reparou que basicamente a única pessoa que a ouvia com atenção era Neville que quase nunca tirava os olhos dela.
O retrato destruído da Dama Gorda fora retirado da parede e substituído pelo retrato de Sir Cadogan e o seu pony gordinho. Ninguém ficara particularmente feliz com isso. Sir Cadogan passava metade do tempo desafiando as pessoas para duelos e no resto do dia ficava pensando em senhas complicadíssimas que mudavam pelo menos duas vezes por dia.
- Ele é completamente doido.- Se queixou Seamus a Percy- Não se pode arrumar outro?
- Nenhum dos outros quis o trabalho.- exclamou Percy.- Se assustaram com o que aconteceu à Dama Gorda. Sir Cadogan foi o único suficientemente corajoso para se oferecer como voluntário.
Todavia, Sir Cadogan era a menor preocupação de Joana, que sem entender porquê, estava sendo observada de perto. Via muitas vezes os professores olhando para ela nas aulas e nos corredores. Numa tarde a professora McGonagall chegou ao pé dela, de Harry, de Ron e de Hermione.
- Potter, preciso de falar com você no meu gabinete agora.- disse ela a Harry. Ele assentiu com a cabeça e foi com a professora que apenas se virou depois de lançar um olhar a Joana.
- É impressão minha ou a professora McGonagall não para de olhar para você?- disse Ron
- Não é impressão sua. Os professores andam estranhos. Eles também fazem isso com o Harry e tentam sempre estar ao lado dele, mas isso eu entendo, por causa do Sirius Black, mas eu não preciso de proteção.- exclamou Joana
- Talvez estejam só vigiando para você sabe... Não perder o controle- arriscou Hermione pensando um pouco.
- Possívelmente.
(...)
O tempo piorava drasticamente à medida que o jogo de Quidditch se aproximava. Imperturbável, a equipa dos Gryffindor treinava mais do que nunca sob a supervisão de Madam Hooch, que Joana ficou sabendo que estava lá para vigiar Harry.
No final dos treinos, antes do jogo de sábado, Oliver deu à sua equipa algumas notícias muito pouco agradáveis.
- Não vamos jogar contra os Slytherin.- disse a todos com um ar bastante aborrecido.- O Flint veio falar comigo. Vamos ter de jogar contra os Hufflepuff.
- Porquê?- perguntou o resto da equipa em coro
- A desculpa do Flint é que o braço do seeker ainda não está totalmente bom.- disse Wood, rangendo furiosamente os dentes.- Mas é óbvio que não é esse o motivo. Não querem jogar com este tempo, acham que lhes reduz as possibilidades
- O Malfoy não tem nada no braço.- disse Harry.- É tudo a fingir
- Eu sei, mas não podemos prová-lo.- constatou Wood amargamente.- E temos praticado todas as jogadas partindo do princípio de que os opositores eram os Slytherin e agora são os Hufflepuff, cujo estilo é totalmente diferente. Têm um novo capitão e seeker, o Cedric Diggory.
Angelina e Katie começaram rindo baixinho uma para a outra.
- O que é?- quis saber Oliver, franzindo as sobrancelhas, face ao comportamento pouco adequado das meninas.
- Aquele tipo alto e bonitão?- perguntou Angelina
- Calado e forte?- Acrescentou Katie. E recomeçam a rir baixinho.
- Ele só é calado e forte, porque é demasiado bronco para juntar duas palavras.- explicou George, impaciente.- Não sei por que se preocupa, Oliver, os Hufflepuff são fáceis. Da última vez que jogámos contra eles, o Harry apanhou a snitch ao fim de cinco minutos, lembra?
- As condições em que estávamos jogando eram diferentes.- exclamou Wood.- O Diggory conseguiu uma frente muito forte e é um excelente seeker. Eu já receava que vocês tomassem as coisas assim. Não podemos abrandar, há que estar atentos. Os Slytherin estão a passar-nos uma rasteira. Temos de vencer!
- Acalma te, Oliver- sossegou-o Fred, que estava a ficar um pouco alarmado.- Nós levamos os Hufflepuff a sério. De verdade!
Na véspera do jogo, o vento uivava e a chuva caía intensamente. Estava tão escuro nos corredores e nas salas de aulas que foi preciso acender mais velas e tochas.
Joana foi com Hermione e Ron para a aula de Defesa Contra a Magia Negra e Harry ficou falando com Oliver.
Chegaram lá e Joana se sentou ao lado de Hermione e repararam que não era o professor Lupin que lá estava e sim o professor Snape que os mandava a todos se sentarem e calarem.
Passado uns 10 minutos Harry chega.
- Desculpe o atraso, Professor Lupin, eu...
- Essa aula começou à dez minutos, Potter. Portanto, acho que vamos retirar dez pontos aos Gryffindor. Sente.
Harry, porém não se mexeu confuso.
- Onde está o professor Lupin?- perguntou curioso.
- Está doente. Não se sentiu capaz de dar a aula de hoje.- afirmou Snape com um sorriso retorcido.- Julgo que mandei você sentar.
Harry, porém, continuou onde estava.
- O que é que ele tem?- insistiu Harry
Joana bateu na testa levemente com a mão. Porquê que Harry não podia obedecer simplesmente a Snape para evitar problemas?
- Nada de vida ou morte.- respondeu Snape.- Menos cinco pontos para os Gryffindor e ainda chega a cinquenta se tiver de mandar você sentar novamente.
Harry abriu a boca para falar mas logo a fechou vendo o olhar de censura que Joana lhe lançou. Ficou em silêncio e foi para o seu lugar ao lado de Ron. Snape olhou em volta para os alunos.
- Como eu ia começar a dizer, antes de o Potter me ter interrompido o professor Lupin não deixou registados os assuntos que vos deu...
- Por favor, Professor, demos os Sem Forma, os Barretinhos vermelhos, os Kappas e os Grindylows.- enumerou Hermione.- E íamos começar a dar...
- Cale-se.- interrompeu Snape friamente.- Eu não pedi informações. Comentava apenas a falta de sentido organizativo do professor Lupin.
- Ele é o melhor Professor de Defesa Contra a Magia Negra que nós alguma vez tivemos.- afirmou corajosamente Dean Thomas e se ouviu um murmúrio de aprovação do resto da turma. Snape tinha um ar profundamente ameaçador.
- Vocês se satisfazem com pouco. Não se pode dizer que o Lupin vos sobrecarregasse. Eu esperaria que os alunos do primeiro ano já soubessem lidar com Barretinhos vermelhos e Grindylows. Hoje vamos falar de...
Joana o viu folhear rapidamente o livro até ao último capítulo onde eles, obviamente, ainda não tinham chegado.
- Lobisomens.- anunciou Snape
- Mas Professor - interrompeu Hermione, incapaz de se conter.-, não deveríamos dar lobisomens ainda, íamos começar os Hinkypunks...
- Miss Granger- disse Snape numa voz excessivamente calma.-, eu estava convencido de que me cabia a mim dar essa aula e não à menina. Estou a dizer que abra na página trezentos e noventa e quatro.- Olhou em volta.- Todos vocês, já!
Com muitos olhares amargos, de esguelha e alguns murmúrios prolongados, a turma abriu os livros.
- Qual de vocês pode me dizer como se distingue um lobisomem de um verdadeiro lobo?- perguntou Snape olhando em volta.
Ficaram todos imóveis e em silêncio com exceção de Hermione, cujo braço, pela força do hábito, se tinha erguido no ar.
- Alguém?- insistiu Snape a ignorando. Ostentava de novo o seu sorriso desdenhoso.- Querem me dizer que o professor Lupin nem sequer vos ensinou a distinção básica entre...
- Nós lhe dissemos.- interrompeu Joana subitamente.- Ainda não chegamos aos lobisomens, ainda vamos nos...
- Silêncio!- gritou Snape.- Ora, ora, nunca na minha vida imaginei encontrar uma turma do terceiro ano que não fosse capaz de reconhecer um lobisomem quando o visse. Faço questão de informar pessoalmente o professor Dumbledore de como vocês estão atrasados...
- Por favor Professor.- insistiu Hermione com a mão ainda no ar. - O lobisomem se distingue do verdadeiro logo de várias maneiras. O focinho do lobo...
- É a segunda vez que fala sem autorização, Miss Granger.- repreendeu Snape friamente.- Cinco pontos a menos por ser uma sabe-tudo insuportável!
Hermione ficou com vermelha, baixou a mão e olhou para baixo com os olhos cheios de lágrimas. Joana pegou na mão da amiga debaixo da mesa para a reconfortar. Todos na aula ficaram a olhar Snape uma expressão furiosa, apesar de cada um deles já ter chamado Sabe-tudo a Hermione pelo menos uma vez na vida. Ron, que lho chamava pelo menos duas vezes por semana, disse em voz alta
- O senhor, nos fez uma pergunta e ela sabe a resposta. Para que é que perguntou se não quer que lhe respondam?
A classe percebeu de imediato que ele fora longe de mais. Apenas Joana fez um pequeno sorriso. Snape avançou até ele, lentamente e os outros contiveram a respiração.
- Castigo, Weasley.- disse Snape de forma insinuante.- E se mais alguma vez o oiço a criticar o meu método de ensino, vai lamentar isso para o resto dos seus dias.
Ninguém falou até ao fim da aula. Tiraram notas sobre lobisomens do livro, enquanto Snape caminhava por cima e para baixo entre as secretárias examinando o trabalho do professor Lupin.
- Muito mal explicado... Aliás, incorreto. O Kappa se encontrara com mais frequência na Mongólia... O professor Lupin deu a isso um dezasseis numa escala de zero a vinte, comigo não tinha mais de seis...
Quando finalmente tocou a campainha, Snape avisou.
- Cada um de vós vai escrever um trabalho para me ser entregue sobre o modo de como se reconhecem e matam lobisomens. Quero duas folhas de pergaminho sobre este assunto na segunda feira. Weasley, você fica para falarmos sobre o seu castigo.
Joana, Harry e Hermione saíram com o resto da turma.
- O Snape nunca chegou a esse ponto com nenhum dos outros professores de Defesa Contra a Magia Negra, apesar de querer o lugar.- observou Harry.- O que terá ele contra o Lupin? Acham que isso é tudo por causa do Sem Forma?
- Não sei.- disse Joana pensativa.- Mas espero mesmo que ele melhore depressa.
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