Capítulo 11

- O quê?- perguntou Joana.

Dava para perceber que não fora a única a não compreender. Todos olhavam confusos uns para os outros e para a professora esperando que ela desse alguma explicação.

- O Cruel, filha, o Cruel!- gritava a professora Trelawney que parecia espantada por Joana não compreender.- O cão gigantesco e espetral que assombra os cemitérios! É um presságio, o pior presságio de morte.

E então Joana se lembrou de ver um cão na capa de um livro de Presságios de Morte, quando foi com Harry à Borrões e Floreados

- Penso que é melhor ficarmos por aqui- rematou a professora Trelawney com a sua voz imprecisa.- Sim... Podem arrumar as vossas coisas e sair.

Silenciosamente a turma entregou à professora as chávenas de chá, arrumou os livros, fechou os sacos e foi saindo da sala pelas escadas.

Joana, Harry, Ron e Hermione desceram a escada de mão em silêncio e seguiram para a aula de transfiguração. Ao chegar lá, eles e todos os outros se sentaram nos seus lugares. Joana foi sozinha para o fundo da sala, onde costumava ficar sempre desde o 1 ano. Harry foi até ela

- Posso me sentar aqui?- ele pergunta

- Claro. - disse ela.

O resto da turma de vez em quando se viravam para trás. E dessa vez nem era para lançar olhares de desprezo a Joana,que já estava ficando irritada, era para olhar Harry com preocupação como se ele estivesse quase a morrer ali naquele momento.

Estavam todos distraídos de tal maneira que nem ouviram a professora McGonagall explicar a matéria sobre Animagos, nem a demonstrar a sua transformação numa gata malhada.

- Francamente, o que se passa hoje convosco?- perguntou a professora McGonagall, voltando a ser ela própria com um pequeno estalido e olhando para todos.- Não é que seja importante, mas é a primeira vez que a minha transformação não recebe um aplauso coletivo!

Ninguém disse nada. Foi então que Hermione colocou a mão no ar.

- É que, Professora, acabámos de ter a primeira aula de Adivinhação e estivemos lendo folhas de chá e...

- Ah, claro!- disse a professora McGonagall, franzindo as sobrancelhas.- Não é preciso dizer mais nada, Miss Granger. Só uma coisa, quem é que vai morrer esse ano?

Ficaram todos a olhar para a professora espantados por sua afirmação.

- Eu.- respondendo Harry, por fim

- Compreendo.- A Professora McGonagall fixou Harry com os seus olhos pequenos e brilhantes.- Então, é melhor que saiba, Potter, que a Sybill Trelawney tem previsto a morte de um estudante todos os anos desde que chegou à escola. Nenhum deles morreu ainda. Ver presságios da morte é a sua maneira preferida de dar as boas-vindas a uma nova turma. Adivinhação é um dos ramos mais imprecisos da Magia. Não vou vos esconder que tenho muito pouca paciência para isso...

Fez uma pausa e depois acrescentou com um tom muito natural.

- Você está com magnífico aspeto, Potter, por isso vai me desculpar se eu não te dispensar dos trabalhos de casa. Pode ficar tranquilo que, se morrer, não precisa de mos entregar.

Joana riu leve com a frase de McGonagall. E Harry se sentiu melhor. E então quando tudo ficou mais calmo a aula continuou mais tranquilamente. Quando acabou, todos foram para o Salão almoçar.

- Ron, se alegra.- o animou Hermione, lhe passando um prato de estufado.- Ouviu o que disse a professora McGonagall.

- Harry,- chamou Ron com a voz grave.- não viu nenhum cão grande e preto, pois não?

- Vi, sim.- respondeu Harry, se virando para Joana- Lembra Joana? Vimos na noite em que saímos de casa.- ele diz e ela confirma com a cabeça se lembrando também.

Ron deixou cair o garfo com espalhafato.

- Era provavelmente um animal perdido.- explicou calmamente Hermione.- Aquilo tudo foi um disparate pegado comparado com a minha aula de Aritmancia!

Agarrou bruscamente no saco e se afastou.
Ron franziu as sobrancelhas muito pensativo.

- O que foi aquilo?- perguntou a Joana e a Harry.- Ela ainda não teve nenhuma aula de Aritmancia!

(...)

Joana gostou bastante de sair do castelo a seguir ao almoço. O céu estava limpo e a relva húmida e flexível debaixo dos pés. Eles iam ter a primeira aula de Cuidados Com As Criaturas Mágicas com os Slytherin. Ao chegar lá viu Draco conversar animadamente com Crabbe e Goyle. Ambos trocaram olhares e um pequeno sorriso discretamente e depois Joana desviou o olhar corando um pouco.

Hagrid chegou, tinha vestido o seu sobretudo de pelo de toupeira e estava com Frang, o seu cão.

- Vá lá, se mexam.- gritou sorrindo ao ver todos os alunos- Tenho uma surpresa pra vocês que é um verdadeiro regalo. Já estão todos? Muito bem. Me sigam!

Eles seguiram Hagrid pela floresta proibida durante uns 5 minutos e depois estavam numa espécie de picadeiro vazio

- Todos aqui junto da vedação!- gritou.- Isso mesmo. Procurem um lugar de onde vejam bem. Agora, a primeira coisa a fazer é abrirem os livros.

- Como?- perguntou a voz fria e sarcástica de Malfoy.

- Quê?...- perguntou Hagrid.

- Como abrimos os livros?- repetiu Malfoy.

- Ning... Ninguém conseguiu abrir os livros?- perguntou Hagrid desanimado. Os alunos acenaram negativamente - Têm de os acariciar.- explicou ele como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Hagrid passou o gigantesco dedo indicador pela lombada do livro e este abriu se quieto na sua mão.

- Oh! Como somos idiotas!- ironizou Malfoy- Devíamos ter acariciado eles. Como é que não adivinhámos?

- Eu...eu achei que eram engraçados.- comentou Hagrid inseguro, voltado para Joana e Hermione

- Extremamente engraçados!- afirmou Malfoy- Hilariante, nos dar livros que nos tentam arrancar as mãos.

- Cala a boca, Malfoy.- disse Harry baixinho. Hagrid estava ficando abatido e Harry queria que a primeira aula do amigo fosse um sucesso.

- Muito bem então. Todos vocês têm os livros e ...e...agora precisam das criaturas mágicas. Sim, então eu vou buscar elas. Esperem aí.

Se afastou deles e desapareceu pelas árvores uns momentos.

- É incrível, esse lugar está ficando entregue aos bichos- comentou Malfoy em voz alta.- Um idiota desses dando aulas... O meu pai vai ter um ataque quando eu lhe contar..

- Cale-se, Draco.- disse Joana dessa vez

- Cuidado, Frost, está um Dementor atrás de você...- provocou Pansy Parkinson.

- Ooooooo!- fez Lavender Brown surpresa, apontando para o lado oposto do picadeiro.

Joana se virou e viu uma dúzia das criaturas mais bizarras que já tinha visto.

- Hipogrifos!- exclamou Hagrid feliz.- Lindos, não acham? Então, se quiserem se aproximar um bocadinho...

Ninguém parecia estar com vontade de chegar muito perto.
Mas Joana, Harry, Hermione e Ron deram um passo cauteloso em direção à vedação onde Hagrid tinha posto os Hipogrifos.

- Agora a primeira coisa que vocês têm de aprender é que eles são muito orgulhosos. Se ofendem por tudo e por nada. Nunca insultem um hipogrifo, porque pode ser a vossa última vez.- Explicou Hagrid.- Avançam até ele, fazem uma vénia e esperam. Se eles também fizerem uma vénia, podem tocar nele. Se não, é melhor se afastarem um pouco. Quem quer ir primeiro?

A maior parte da turma recuou como resposta. Até Harry, Ron e Hermione ficaram apreensivos. Apenas Joana estava mais relaxada e com vontade de avançar.

- Alguém?- perguntou Hagrid

- Eu vou.- ela se ofereceu com um sorriso olhando o Hipogrifo.

Todos olharam com atenção. Draco, que até então tinha estado sem atenção e na conversa virou a cabeça para ver como Joana se saia.

- Muito bem, Joana.- exclamou Hagrid- Vamos lá ver como se entende com o Buckbeak.

Desamarrou uma das correntes, afastou o hipogrifo cinzento dos companheiros e retirou a coleira.

- Calma, agora Joana- disse baixinho Hagrid.- Tem de fazer contacto visual e tanta não piscar os olhos.

Joana fixou o seu olhar em Buckbeak e ele não se mexeu, apenas ficou a olhar Joana.

- Já está.- disse Hagrid sorrindo.- Faz agora a vénia, Joana.

Ela fez uma leve vénia e a seguir olhou para cima
O Hipogrifo continuava a olhar para ela sem se mexer.
Mas então para grande surpresa, o hipogrifo dobrou devagarinho os joelhos e fez uma inequívoca vénia.

- Espantoso, Joana! Agora pode lhe tocar, acariciar o seu bico.

Joana estendeu devagar o braço até ao bico de Buckbeak. Lhe acariciou o bico e o hipogrifo fechou os olhos em sinal de satisfação.

Toda a turma aplaudiu exceto a maior parte dos Slytherin. Malfoy aplaudiu muito discretamente.

- Agora, acho que pode montar nele.

Hagrid ajudou Joana a subir nas costas de Buckbeak.
E então sem aviso prévio, as asas começaram a bater e levantaram vôo.
Joana sentiu um ótima sensação. Buckbeak voava um pouco por cima das árvores e Joana sentia o vento a bater no seu rosto e nos seus cabelos. Se sentia feliz ali em cima, adorava voar. Era uma sensação de liberdade como se não houvesse limites quando se estava no céu.
Uns minutos depois Buckbeak desceu de volta ao lugar da aula.

- Muito bem, Joana!- bradou Hagrid a felicitando.- Pronto, quem mais quer vir?

Hagrid foi soltando os outro Hipogrifos um por um. Os outros alunos foram lentamente se aproximando.

- Isso é muito fácil.- disse Malfoy suficientemente alto para Joana ouvir.- Calculei que fosse. Aposto que não é nada perigoso, pois não, seu bruto horroroso?

- Draco, não!- Joana tenta avisar, mas não foi a tempo.

Tudo aconteceu numa fração de segundo. Malfoy soltou um grito, Hagrid foi até ele e, logo a seguir Joana se virou e olhou assustada. Malfoy estava deitado na relva com sangue a espalhar se pelo manto.

- Estou morrendo....- gemeu.

- Não está nada morrendo calma.- se assegurou Hagrid tentando perceber onde ele estava machucado.

- Hagrid!- exclamou Joana, quase em pânico- Ele tem de ir à enfermaria, depressa!

Hagrid agarrou em Malfoy rapidamente

Joana abriu a porta da cancela, Hagrid passou com Malfoy nos braços e foram para o castelo.

Muito abalados, os alunos depois de uns segundos seguiram nos a pé ficando um pouco mais para trás. Os Slytherin gritaram todos contra Hagrid.

- Deviam despedir ele imediatamente.- afirmou Pansy, lavada em lágrimas.

- Foi culpa do Malfoy.- Respondeu Dean Thomas.

Subiram os degraus de pedra para o Hall de entrada que estava deserto

- Vou ver se ele está bem- anunciou Pansy.

Um sentimento de ciúmes surgiu em Joana. Pansy era terrível tentando esconder o amor que sentia por Draco.

Ela e os outros Gryffindors foram para a sala comum.

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