Capítulo 29 🔪
Deixei que Harry mesmo avisasse Tristan o tempo que ficaríamos aqui, já que eu preferia que ele passasse o menor tempo possível perto da minha família. Olho pela janela, o vendo ali com Maki, a gatinha, no colo e com o telefone na orelha.
— Você realmente é...gay? — ouço a pergunta e me viro vendo Alícia ali.
— Sim — digo diretamente e ela suspirou apertando as mãos em punhos.
— Sei que isso não é uma fase, mas pode ser só uma consequência do que você viveu sua vida inteira — sorriu de leve e eu desejei muito não ter escutado. — Sabe, eu e seu pai não cuidamos de você, você sofreu tendo que cuidar de uma criança e todo esse estresse e os problemas podem ter levado você a crer nisso, a considerar isso como escape e...
— Cala boca — murmurei sentindo minha cabeça girar, não acreditando no que eu ouvi. — Está brincando comigo?
Ela pareceu surpresa e rapidamente negou com a cabeça, tentando segurar meus braços, mas me afastei ainda olhando-a com descrença.
— Não! Eu estou tentando ajudar! — disse segura e eu ri, ri alto com escárnio, com puro desprezo.
Passei minha mão pelo meu rosto buscando me acalmar e encarei seus olhos.
— Você e o Roger acabaram com o psicológico que eu tinha! Não só o meu, como o de todos os seus filhos, menos o João, porque o tirei de lá antes disso. Eu sei que você também sofria com ele, mas ao invés de o tirar das nossas vidas, você nos deixava com um alcoólatra agressivo em casa e ia para um bordel se vender! — despejo a olhando com raiva e rancor — Eu não teria desprezo por você se pelo menos tivesse tentado por nós ou até por si mesma, mas não! Você só ficava lá dando para qualquer um enquanto ele nos espancava em casa!
Eu já gritava a esse ponto e ouvi passos vindo dos quartos e Ramon apareceu junto com a mulher ruiva, mas eu sequer os olhei. Continuei encarando Alicia que parecia em choque.
— Eu nem queria ter vocês! Porque eu sacrificaria minha integridade física para manter vocês seguros? — ela disse me olhando ainda em choque e eu senti aquilo me atingir, mesmo que já desconfiasse.
— Então que não tivesse! Eu não disse que queria nascer, quer que eu lhe agradeça? — ri novamente e neguei com a cabeça. — Ele — aponto para o Ramon. — É outro que não ligou em nos deixar para trás sem se importar, mas eu não o julgo por ter ido embora, o julgo por ir e nos deixar sem nada.
— Eu... — Ramon tentou começar a falar.
— Cala boca! — gritei e voltei para Alícia. — José e o Pedro se tornaram problemáticos com a vivência naquela casa, se drogavam para fugir da realidade e se meteram com pessoas erradas, tentaram roubar lugares para ganhar de novo o dinheiro que Ramon nos tirou, mas eles nunca nos abandonaram até serem presos e por isso eu estou aqui! — eu já estava hiperventilando, minha raiva só crescia e eu sentia que minha cabeça explodiria à qualquer momento.— Eu estava em casa o tempo todo, eu vía tudo, sentia tudo, toda a raiva que Roger sentia, ele descontava em mim! Até que eu cansei e sai de lá com menos de quinze anos e um bebê nos braços, tentei ir para um internato, mas também era o próprio inferno.
Ouvi um arranhado na porta e olhei para o lado por um segundo, vendo Harry encostado nela, em silêncio e olhando para o chão, suspirei e voltei a olhar para a minha "família".
— Minha cabeça estava do avesso, eu tinha quase um alter ego que só queria matar todo mundo e foi aí que começou, eu voltei para casa e João ficou no internato, eu tinha algo a resolver. Foi ai que eu matei o Roger e fui até você, mamãe — digo com ironia e ela me olhou de uma forma indecifrável.
— Foi você? — Ramon parecia em choque e eu só assenti.
— Foi ai que decidi nunca mais voltar, fui ao internato e busquei meu irmão, mas ao ver que estavam maltratando as crianças naquele inferno, eu resolvi matar todos lá também, as crianças mereciam um lugar melhor e eu as mandei para um internato melhor...
— O incêndio naquele internato também foi você então? — Alícia pergunta baixinho, me interrompendo.
— Sim, foi — digo secamente.
— O que aconteceu depois? — Ramon pergunta e engole em seco, me fazendo dar de ombros.
— Eu sai da cidade, fui para o Rio Grande do Sul e naquele momento eu já estava tomado por um sentimento que eu não sabia controlar, eu não sabia o que fazer, eu só tinha João e ele só tinha a mim. Eu tinha que cuidar dele e conseguir dinheiro para isso é foi o que eu busquei fazer — digo ocultando o que eu faço da vida. — Terminei meus estudos em um colégio público após falsificar alguns documentos e entrei numa faculdade particular por conta de uma bolsa de 70% e por causa do meu trabalho, eu consigo pagar ela com tranquilidade — digo ainda meio irritado e olhei para Harry, que sorriu e eu mordi o lábio. — Eu consegui uma casa boa e conheci o Harry, eu vivi muita merda para vocês virem me questionar a minha sexualidade que não tem nada haver com nada e o fato de eu não querer o João perto de vocês!
— E se ele quiser? — a mulher ruiva perguntou.
— O que? — ergui a sobrancelha para sua pergunta.
— E se o João quiser conhecê-los? — perguntou e eu apenas dei de ombros novamente.
— Se quando eu contar a ele, ele quiser, eu deixarei, é uma escolha dele — deixo claro e ela assentiu — É só o que eu queria deixar claro, eu nao sei estou aqui por nenhum de vocês, eu estou aqui por eles, que nunca deixaram de agir como meus irmãos e que foram quem praticamente me criaram como filho.
Me afasto dali e ergo a mão para Harry segurar, ele o faz e o puxo para o quarto em que ficaremos, assim que fechei a porta eu escorreguei para o chão e coloquei minhas mãos no rosto, sentindo uma imensa vontade de chorar.
— Estou orgulhoso de você — ele sussurra se agachando na minha frente e me abraçando.
Hi pessoinhas
Sim, essa é a história do nosso assassino ksksksks e agora sabem que a história se passa no Brasil, mano, ele é só um traumatizado e ainda tem várias sequelas do passasse nele, mas vai melhorar galerinha kakakkaka espero que tenham gostado.
Beijos, Bye.
29/05/2023
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