Capítulo 02 🔪

Após o sinal do final das aulas tocar e a maioria dos alunos saírem, coloco os cadernos de artes na mochila e pego o meu celular me preparando para sair da sala, olho para o lado e Jhonny ainda desenhava, parecendo extremamente concentrado.

O observei em silêncio, os lábios finos mas ainda sim carnudos, a pele clara e rosada que parecia estar empalidecida, os olhos azuis sérios e até meio opacos...e os cabelos castanhos bagunçados que traziam um ar de rebeldia. Eu percebi que não conseguia tirar os olhos dele.

— O que ainda faz aqui? — me assustei ao ouvir a voz dele e seus movimentos com o lápis pararam.

Os olhos azuis se desviaram para mim e eu os olhei atentamente, ainda em silêncio.

— Não sei — disse sinceramente e sorri, me inclinando em sua direção e ele ergueu a sobrancelha. — Quando você quer que a gente faça o trabalho?

A professora de artes havia passado o trabalho bimestral, valia a metade da nota da matéria e era feito com as duplas de carteira.

— Podemos fazer separados e juntar depois — Jhonny diz seriamente e eu fiz um biquinho com os lábios.

— Não...podemos nos ver na sua casa hoje? — questionei me levantando da cadeira e ele fez uma expressão irritada e apertou as mãos em punhos.

— Não! — ele quase gritou e eu me assustei.

Analisei o seu corpo, a respiração era pesada e ele pareceu descontrolado, as mãos estavam fortemente apertadas em punhos. Me preocupei já que vi suas unhas eram grandes.

— Tudo bem, pode ser na minha casa — digo com lentidão e deixei meu celular na mesa, me aproximo dele novamente e com delicadeza toco em seu punho fechado.

Seus olhos me encararam na hora, tinha terror e algo que eu não decifrei.

— Vai se machucar... — sussurro e uso meus dedos para abrir os punhos e vi que a força fez pequenos cortes em sua palma.

— Não finja compaixão, isso não existe — Jhonny diz friamente e puxa sua mão, a colocando em cima do lápis e o segurou.

— Se não existe a compaixão, vou nomear isso com o que estou sentindo agora — digo sincero e puxei sua mão novamente, olhando seriamente em seus olhos — preocupação.

Sua boca se entreabriu e os olhos arregalaram, por um segundo eu vi um brilho ali. Pego uma pomada no bolso da minha mochila e a abro, passando um pouco em sua palma com cuidado.

— Eu posso....levar o meu irmão? — ele questionou de repente e eu o olhei. — Ele é um bebê, não posso deixá-lo sozinho...posso levá-lo?

Sorri para ele é soltei sua mão com cuidado.

— É claro que sim — digo e me afasto com lentidão — Até logo, Jhonny.


"Jhonny boy sabe buscar na luz
O profundo abismo
Jhonny é quieto
Às vezes inquieto"

28/03/2022

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