Fuga - Parte I

     Ethan White

    Segundo o que Nathaniel havia me dito, eu não teria muito tempo para pensar em um plano para ajudar Jenny, sendo assim, resolvi pedir ajuda há um amigo de longa data. Entrei naquela boate ouvido aquela música alta, vendo toda aquela agitação e todas aquelas mulheres seminuas dançando livremente pelo local enquanto homens lhe pagavam bebidas. Sentei no bar vendo o barman vir me atender.

     — Um whisky. E diga ao Colin que o Ethan está aqui. — O cara acenou positivamente me servindo a bebida. Fiquei observando o ambiente enquanto entornava meu copo lentamente até ser interrompido por uma das mulheres que me agarrava pela pescoço se sentando em meu colo.

     — O que um homem gato como você faz sozinho aqui? — Ela praticamente esfrega os seios em meu rosto enquanto falava. Se fosse antigamente eu com certeza levaria ela para um quarto mas dada a situação, não era isso que eu havia vindo buscar.

     — Sinto muito, amor. Não estou aqui para isso hoje. — Ao dizer isso, Colin aparece aí meu lado fazendo um sinal para que a mulher saísse dali e, a contragosto, ela saiu. — Quanto tempo não nos vemos.

      — Eu que o diga. Ethan White na minha boate é como uma honra. — Ele abria os braços fazendo uma reverência exagerada com todo o seu ar de ironia.

      — Vamos lá, Colin. Não seja exagerado. — Peguei em sua mão, dando-o um abraço leve batendo em suas costas. — Acho que é melhor conversarmos à sós, aqui está muito barulho.

     — Vamos para a minha sala. — Colin começou à andar em direção à um extenso corredor e eu o segui até chegarmos no final dele, onde ficava sua sala. — E então, por que você está aqui?

       — Preciso que me devolva aquele favor. — Entornei o que sobrou do whisky em meu copo e me sentei em seu sofá observando sua expressão de tédio.

      — Achei que já tinha esquecido disso. — Ele sentou-se em sua cadeira jogando os pés em cima da mesa bufando alto.

      — Quando se gasta mais de cinquenta milhões para salvar a pele de uma pessoa e não se cobra por isso, é impossível esquecer. — Eu retruquei vendo-o acender um charuto, dando outro para mim, que o aceitei sem pensar muito.

     — Também não precisa jogar na cara. — Ele deu uma falsa gargalhada, seguida de uma boa tragada. — E então, do que meu salvador precisa?

       — Tenho poucos dias para bolar um plano para ajudar uma amiga. Ela será transferida para um presídio e nesse meio tempo, preciso resgata-la.

        — Você gosta mesmo de ajudar as pessoas. Mas me diz aí, é só uma amiga mesmo? — Ele me olhava com um sorriso de deboche.

        — Isso não é relevante para o resultado final que preciso. Sei que sua equipe atual é capacitada para isso. E então, o que me diz?

       — Ethan, Ethan... Sabe que isso não será fácil, né?

     — Não espero que seja fácil, apenas que tenhamos sucesso.

     — Bom, sendo assim estou dentro. Vou conversar com o pessoal e te manter informado, mas preciso saber o quanto antes para qual presídio essa sua tal “amiga” vai. Precisamos traçar a rota, verificar quanto tempo teremos e quando será o momento mais viável de agir.

      — Nathaniel está cuidado do caso dela, e assim que ele souber, eu te direi. — Ele se levantou estendendo a mão para mim que retribui e preferi não demorar a ir embora. Estava mais preocupado em deixar ele com seu pessoal para que resolvessem todos os detalhes.

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      Jennifer Claim

      Já era meu segundo dia naquela cela sozinha e tudo parecia tão monótono. O advogado apenas me dizia para ser paciente e aguardar suas ordens, mas que, por enquanto ele não podia me dizer nada com certeza ainda. Era angustiante ver que ele sabia de algo mas não queria me contar, era provável que Ethan estava preparando algo mas poderia ser arriscado eu saber agora. Me deitei na cama com as pernas cruzadas e as mãos abaixo da cabeça encarando o teto. Eu havia me acalmado após Nathaniel me dar um choque de realidade dizendo que aquela não deveria ser a postura de uma mulher como eu e que meu pai se envergonharia de me ver naquele estado. Por mais duro que seja, ele tinha razão. Logo um guarda veio me avisar que eu tinha visita e me levar para outra sala. Vi Nathaniel sentado em um lado da mesa e me sentei no outro, observando sua expressão serena.

      — E então, mais calma hoje?

    — Se eu dissesse que estou calma, estaria mentindo. Mas mentir nunca foi um problema para mim, então, sim, estou mais calma. — Ele me olhava rindo baixa balançando a cabeça.

     — Bom, essa é a Jennifer que eu quero ver. Mas agora, temos assuntos à tratar. — Sua feição que antes era suave, agora se mantinha extremamente seria. — Seu julgamento foi marcado para daqui à dois dias. Tem algumas coisas que preciso que saiba. — Mantive minha total atenção voltada para ele nesse momento, atenta à cada palavra que ele dissesse. — Vou ser sincero, é impossível que você saia impune e você já sabia disso. Porém vou precisar da sua total confiança. No dia da audiência nós não iremos argumentar, será uma perda de tempo e de saliva desnecessária. Você será declarada culpada rapidamente e receberá sua sentença.

      — Como assim?! — Arregalei meus olhos, incrédula com o que ele havia dito. Como assim eu iria simplesmente desistir de tentar? — Não posso fazer isso!

      — Lembra que eu disse que iria precisar da sua confiança? Pois bem, Ethan tem um plano, então por favor, apenas faça como estou te pedindo.

      — Eu... Eu não sei...

     — Você quer ou não sua liberdade de volta? — Assenti, inspirando fundo vendo-o fazer o mesmo. — Então basta fazer o que estou dizendo. Preciso ir agora, mas não se esqueça, se fizer como estou orientando, tudo vai dar certo.

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      Ethan White

    Quando o dia do julgamento de Jenny chegou, ela não parecia tão nervosa quanto eu imaginei que estaria. Mesmo sendo o centro das atenções de todos naquele ambiente e tendo todos os seus crimes expostos, ela não esboçava nenhuma reação à não ser pela cara de tédio. Obviamente, não foi surpresa para ninguém quando o juiz lhe sentenciou à trinta e dois anos de prisão. Sai do tribunal antes de todos e fui até o carro em que Colin estava.

      — Ela já recebeu a sentença? — Ele me perguntava enquanto olhava no retrovisor, atento à qualquer movimentação estranha.

     — Já sim, ela vai para aonde Nathaniel já havia nos preparado, agora é só seguir o plano. — Fiquei apreensivo olhando no relógio o tempo inteiro, esperando pelo momento em que ela seria levada. O que já sabíamos era que além do veículo que ela iria, teria mais dois veículos de escolta com dois policiais em cada, além dos três que iriam com Jenny. Dois dos homens de Colin já haviam conseguido se infiltrar e se passar pelos policiais responsáveis por item no veículo à frente do que Jennifer estaria. Isso já havia facilitado metade do nosso trabalho. A equipe dele também contava com um hacker que iria nos dizer a rota que os veículos fariam. No momento certo, nós iríamos para-los e libertar ela.

       Logo vimos a primeira viatura saindo, seguido pela van que levava Jennifer e outra viatura em seguida. Esperamos um pouco e logo recebemos a rota que eles fariam e sua localização em tempo real, isso permitia que não precisássemos estar seguindo eles o tempo todo, diminuindo assim, o risco de sermos descobertos. Além de Colin e eu, haviam mais oito homens de sua equipe, divididos em dois carros e fortemente armados com metralhadoras e sub metralhadoras. Cada um dos veículos contava com um piloto de fuga profissional para que pudéssemos despistar a polícia depois sem muitos problemas. Colin era de longe, o melhor piloto que eu já havia conhecido e ficaria responsável por levar Jennifer e eu após o ato. Seguimos o percurso à risca até decidirmos que a hora de agir havia chegado.

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