All Might-sensei

Acordei com o despertador que marcava 06:00h da manhã. Não consegui me mexer na cama e logo percebi o motivo, Juuzo estava com os braços enrolados em mim, sua cabeça encostada no meu braço e os cabelos bagunçados tampando todo o seu rosto.

Tirei seus braços de mim, sendo o mais gentil possível para não acordá-lo, quando me sentei na beirada da cama uma dor aguda na cabeça me fez estremecer, fui para o banheiro em busca do remédio que eu deveria ter tomado ontem se não estivesse tão cansada ao ponto de esquecer. Meu nariz começou a sangrar e eu soube que hoje seria um péssimo dia para ir pra escola. Tomei um banho e fiz uma maquiagem leve, logo coloquei meu uniforme e voltei para o quarto.

Juuzo agora tomava a cama inteira para si, deitado no meio dela com cada membro em uma direção, parecendo uma estrela do mar.

— Oi Juuzo, acorda. — ele se vira resmungando e chego mais perto da cama aumentando a voz — OI OI OI, ACOOORDA!

— Só mais cinco minutinhos.

— Não, levanta caralho. Você precisa ir pra escola. 

—Nee-san, você acordou de mau humor? Como pode ser tão cruel com o seu irmãozinho?

~moleque manipulador da porra...~

— Juuzo, eu vou contar até 3 e se você ainda estiver aqui, não precisará se preocupar em tomar banho.

— Mas...

— Um.

— Você não faria isso, né?

Dou meu sorriso mais ameaçado pra para ele.

— Dois.

— Ok ok, você ganhou. Vou me arrumar, credo.

— Até mais tarde, baixinho.

Depois de tomar café, encontro Dazai-san me esperando com o carro na porta da frente, a primeira metade do trajeto foi feita em um silêncio mortal, isso até meu nariz começar a sangrar novamente, pego rapidamente um lenço que deixei na mochila justamente pra o caso disso acontecer e limpo antes que suje meu uniforme, Dazai ke observa atentamente pelo canto dos olhos.

— Não tomou o remédio ontem?

— Não, me esqueci. Estava muito cansada.

— Tomou hoje cedo junto com os outros?

— Sim, sensei.

Ele sabe que só o chamo de sensei quando ele começa a me irritar, justamente por ele não gostar.

— Quer conversar sobre o treino?

— O que há para falar, Dazai? Que quanto mais eu uso minha individualidade, maior é a onda de poder que vem pra me sobrecarregar depois? Ou que talvez o poder me parece tão atrativo e que deveria usá-lo mais? Eu não quero controlar o corpo de outras pessoas, eu não gosto de manipular sangue. Já não basta ter virado uma assassina aos sete anos de idade?!

— Talvez se você usasse mais a manipulação de sangue não perderia o controle com tanta frequência. — sinto a frustração em sua voz — Você agora está na U.A. Rei, lá eles vão te fazer chegar ao limite e continuar seguindo, comigo é fácil perder o controle afinal de contas não me afeta, mas e com as outras pessoas? Pense bem.

— Ok.

Ouço ele suspirar de frustração por saber que eu não vou considerar a ideia tão facilmente.

— Chegamos, boa aula. Te espero aqui quando terminar.

— Tchau.

Ando desanimada pelos corredores, até sentir uma mão em meu ombro, olho para trás encontrando Shoto, desvio o olhar rapidamente para que ele não perceba o brilho vermelho agora somente na minha pupila.

— Tudo bem? — ele pergunta com seu tom de voz sério.

— Sim, você? — respondo com a mesma seriedade.

— Sim.

Chegamos na sala de aula e todo estão conversando uns com os outros, vou para o meu lugar e deito a cabeça na mesa para evitar que qualquer um venha falar comigo. Logo as conversas cessam e sei que nosso sensei chegou, me arrumo no meu lugar pegando meus materiais.

— Antes de começarmos a aula de hoje, gostaria de informar que teremos mais um aluno na sala. Ele foi transferido para cá da Academia Shiketsu, pode entrar.

Todos olhamos atentamente para a porta, até que uma cabeleira negra que eu conheço muito bem passa por ela, minha boca se abre em surpresa ao ver meu melhor amigo entrando e esbanjando todo o seu charme para todos.

— Apresente-se e pode sentar atrás da Mizuma.

Meu amigo sorriu quando nossos olhos se encontraram e ele então se apresenta.

— Kazemi Seiki, prazer em conhecê-los. — ele disse apenas, tão reservado quanto eu e começou a andar em minha direção.

Quando passa por mim, sinto uma leve brisa soprar no meu rosto, sorri pela primeira vez no dia. Esse idiota não prestou nem pra me avisar.

Quando o sinal finalmente tocou, eu já não aguentava mais ouvir a voz do Mic-sensei, que nos deu a última aula do período da manhã. Meu humor que já não estava dos melhores caiu ainda mais. Seiki ficou mexendo no meu cabelo assim como ele fazia na nossa antiga escola.
Quando me levantei para sair, ouvi a voz sexy de Seiki me chamar.

— Hey, não vai me esperar?

— Como se eu tivesse escolha.

Ele ri da minha resposta e vejo que todas as meninas da nossa sala que ainda não tinham saído olham pra ele e coram.

— Por que não olhou nos meus olhos ainda?

Suspiro brevemente e me viro, quem não me conhece nunca notaria os pequenos pontos vermelhos em meus olhos, mas esse não é o caso de Seiki, ele me conhece tão bem quanto eu mesma. Ele me olha com atenção e vejo sua expressão se tornar preocupada, quando ele nota.

— Aconteceu de novo?

— Meio óbvio, não?

— O que aconteceu de novo? — eu e Seiki nos viramos rapidamente em direção à voz atrás do meu amigo, Shoto olha para mim, depois para Seiki e novamente para mim — Rei?

— Não aconteceu nada, quer almoçar com a gente? — os dois me olham surpresos pela minha iniciativa, Shoto parece confuso por um momento, mas logo sua postura séria retorna e ele apenas acena que sim com a cabeça — Então vamos, preciso de comida e pelo menos um litro de água.

— Um litro? Não é muito? — Shoto pergunta enquanto caminha ao meu lado.

— Eu diria que é pouco, ela controla a água, mas isso requer que ela a absorva. Toda individualidade tem um efeito diferente no corpo do usuário. — Seiki responde por mim.

Ele sabe muito bem que minha intenção era evitar suas perguntas quando convidei Shoto para almoçar conosco, e pelo seu tom sei que não está satisfeito.

— Exatamente.

Almoçamos juntos e Seiki nos conta como foi os dois dias que passou na Shiketsu e como no fim foi convidado a se retirar por se meter em uma briga que destruiu uma área de treinamento e ainda responder para o diretor. Desde que o conheço Seiki sempre se meteu em confusão e não mede palavras quando sabe que está certo.

Após o almoço voltamos para a sala de aula e enquanto eu conversava com Midoryia, Seiki mexia em meu cabelo e em dado momento quando o esverdeado comentou sobre como minha individualidade era forte, meu amigo se envolveu e falamos das individualidades que achávamos mais fortes.

A porta da sala então abriu de repente e ouvimos uma voz conhecida por todos.

EU ESTOU... PASSANDO PELA PORTA FEITO UM CARA NORMAL!!! — All Might disse com sua voz estrondosa.

Imediatamente houve uma comoção geral na sala, todos muito excitados por ter o herói número um como sensei.

— Jovens, hoje teremos treinamento de combate e o melhor, seus trajes de heróis ficaram prontos, se troquem e me encontrem no ground beta.

Após isso, ele saiu e nos fos para os vestiários, Seiki se manteve ou meu lado calado e nos separamos ao chegar nos vestiários. Fui para uma das cabines e me troquei, fizeram meu traje um pouco mais colado do que eu gostaria, mas o tecido é reforçado e estou bem satisfeita.

Na parte preta da frente, pedi que colocassem um símbolo, assim como nas costas.

Eu já sabia meu nome de heroína então fiz tudo pensando nisso, e o símbolo era algo que eu queria ser reconhecida por ele.

Demorei tanto para ajustar as partes coladas ao meu corpo que quando sai da cabine já não tinha ninguém no vestiário feminino. Me encaminho para fora do vestiário para ir para a área de treinamento e encontro Seiki me esperando apoiado na parede com a maior cara de tédio que ele poderia sequer fazer. Seu traje de herói caiu muito bem em seu corpo musculoso.

Nada muito extravagante, o que é bem o estilo dele, diria que estavamos até parecidos.

— Uau, você ficou ótima, caiu muito bem em você. — ele disse saindo do lugar onde estava e caminhando ao meu lado.

— Você também não está nada mal, combinou com você, Kaze-kun. — dei uma risadinha ao usar o apelido que dei pra ele quando éramos crianças.

— Hai hai, vamos logo então Mizu-chan — e assim como eu, ele usa o apelido que me deu.

Aparentemente somos os últimos a chegar e assim que todos estão reunidos em frente a All Might, ele nos explica como funcionará o exercício. Seremos divididos em duplas e dois trios e seremos sorteados para lutar uns contra os outros. Os vilões devem proteger uma arma nuclear ou capturar os heróis, já os heróis devem recuperar a arma ou capturar os vilões.

Por sorte eu e Seiki estamos no mesmo grupo como heróis, junto com uma garota chamada Jirou Kyouka, ela tem plugs que saem dos lóbulos de suas orelhas, e como ela nos explicou pode captar sons muito baixos com eles e também propagar seus batimentos cardíacos a um volume, ensurdecedor. Os vilões que irão lutar contra nós serão Kaminari Denki, que pelo que vi ontem no treinamento tem uma individualidade de eletricidade mas não tem controle sobre a quantidade que libera, Yaoyorozu Momo que pode criar objetos através do próprio corpo e um anão de cabelos roxos parecidos com um caixo de uvas chamado Mineta Minoru, que pode soltar as bolas grudentas que "formam" seu cabelo.

Não querendo me achar demais, mas chega a ser desproporcional eles terem que lutar contra mim e Seiki, treinamos arduamente desde que despertamos nossas individualidades e nossas famílias são muito parecidas, chegamos ao ponto em que quase nenhum indivíduo chegou com sua individualidade até o momento, atingimos o limiar e a singularidade de nossas quirks e isso nos torna praticamente invencíveis e isso não é exagero.

Midoryia e Uraraka lutam primeiro contra Iida e Bakugo, foi uma luta intensa e apesar dos dois primeiros ganharem, eles ficam em pior estado que os perdedores, sem contar que destruíram todo o prédio na batalha e isso em uma batalha real poderia causar ainda mais baixas. 

Bakugo aparentemente usou sua individualidade contra outra pessoa pela primeira vez, e apesar de ter sido contra seu "rival", ele aparece na sala de monitoramento muito abalado, e se mantém no fundo da sala sozinho, eu e Seiki também ficamos no fundo apenas observando a próxima luta que é de Shoto e Shoji, contra uma garota invisível que não me preocupei em guardar o nome e um garoto loiro com uma cauda que igualmente não sei o nome, também não é necessário apontar a diferença de poder nos times, com Todoroki em um deles, Shoji aparentemente localiza os vilões e Todoroki congela o prédio inteiro e com isso os pés de seus inimigos ficam presos, impossibilitando qualquer movimento, a não ser que queiram rasgas as solas dos próprios pés.

Noto como Bakugo fica perdido observando o poder de Todoroki, e imagino que esteja no meio de uma crise, pensando que não poderia vencer o meio a meio. Me aproximo dele e falo baixinho.

— Você está certo, você não pode vencê-lo — ele me olha com surpresa estampada no rosto e me surpreendo por ele não rosnar para mim como de costume — Você tem uma individualidade poderosa Katsuki, e um conselho que eu posso te dar é que aprenda a ter mais disciplina e controle melhor suas emoções, se fizer isso poderá alcançar um nível tão alto quanto o dele. Aceitar ou não meu conselho é decisão sua, mas eu vejo potencial em você. E se essa foi a primeira vez que usou sua quirk contra alguém, sugiro que se acostume, lutamos contra pessoas afinal de contas.

Após dizer isso, me encaminho para a porta, já que a próxima luta é do meu grupo.

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