-Eu nunca imaginária que se eu dissesse meu sabor de sorvete preferido ele me chamaria pra sair. -Confessa Shawn a Camila. É o horário de almoço de ambos.

-Ué, o que tem de ruim nisso? Você gosta dele, não? E outra, não é um encontro. Ele apenas quer te pagar um sorvete e passear um pouco.

-Eu não sei.

-Ah por favor Shawn, nos últimos dois meses eu ouvi que o Nick conseguiu um cargo melhor no emprego e que o Nick gostou do cupcake que você deu a ele naquele dia e depois no outro e no outro e. -Shawn repentinamente a interrompe.

-Camila pare de falar disso. É que -Dessa vez Camila retoma sua fala.

-Não me interrompa. Você vai dizer que só faz isso porque é grato ao garoto por salvar sua vida naquele assalto. Mas como eu estava dizendo, todos os dias você o presenteia com um cupcake e um sorriso, além disso, você fala dos olhos dele o dia todo.

-Não falo não. Eu até estou interessado numa garota que frequenta o café. -Mente Shawn, tentando dar um novo rumo a conversa.

-Ah não? -Camila decide então ter certeza do que diz, fazendo um simples jogo de observações com o castanho. -Então qual a cor dos olhos da garota loira que sempre toma café da tarde na cafeteria?

-Nunca vi essa loira. -Shawn estava mentindo, pois já vira a tal loira dia sim dia não como Camila disse.

-Ora claro que você viu, ela te joga charme sempre. Ok, vamos outra.
Qual a cor dos olhos da filha do chefe que no caso tem a sua idade e é gerente?

-Ora, são.... Eles são... ah não sei.

-Ah não? Ok e qual a cor do garoto que trabalha na loja de móveis?

-O Cam?

-Sim.

-São castanhos.

-Ah são? E a cor dos olhos do garoto com a sobrancelha estranha que trabalha na padaria?

-O Charlie? -Camila concorda com as cabeça em sinal de resposta. -Marrom escuro.

-E do Nick? -Camila nem precisara terminar a pergunta para o castanho abrir um sorriso de orelha a orelha

-Castanho escuro. -Camila sempre se impressionou que Shawn guardara até a tonalidade dos olhos do texano. -Mas pra que tudo isso ein?

-Nada meu caro colega. Se você não consegue perceber sozinho, não será eu quem lhe dirá.

Shawn volta aos seus pensamentos.
Foram dois meses desde que conhecera Nick. O que ninguém sabia era que ele guardava todas as recordações em sua mente.

O dia em que elee abraçou Nick pela primeira vez.

Flashback 1 On.

-Essa noite faz frio demais. -Diz Nick vendo que Shawn acabara de fechar a loja.

-Sim, demais. Vamos?

Nick concorda com a cabeça e os dois seguem rumo a residência do mais novo.

-Nick. -Shawn começa. -Sua família mora com você? -Aquela pergunta causa a Nick um estranho desconforto que não passa despercebido por Shawn.

-Não. Eu decidi morar sozinho.

-Por que? -Shawn não havia filtrado aquilo que acabara de dizer e vê que Nick fica um pouco afastado. -Não precisa responder. Me... me desculpa.

-Não, tá tudo bem é que... É que eu nunca contei isso pra ninguém.

-Entendo.

-Mas eu posso contar pra você. Se quiser ouvir, claro.

-Eu quero -Responde Shawn com um sorriso no rosto.

-Bom...
Eu e meu pai não nos dávamos muito bem. Meus irmãos nem se fala, eram controladores demais comigo.
Minha mãe sempre dava razão a tudo e todas as atitudes que meu pai tomava.
Um dia cheguei da faculdade e recebi a notícia que iríamos viajar, era um lugar rotineiro para nossas viagens, mas eu sempre me senti desconfortável.
Decidi tomar uma atitude então eu disse que não iria.
Eles então quase me obrigaram e me forçaram a ir, porém eu me mantive firme na minha decisão.
Eles então me trancaram em casa, sem auxílio ou comida, ou alguém pra me ajudar.
Eu tinha apenas 21 anos e não sabia muita coisa, então decidi fugir.
Peguei todas as minhas economias, quebrei uma janela e me joguei na vida.
Continuei a faculdade e, bom no começo foi difícil me virar para arrumar um emprego. Como era o último ano e já estávamos em outubro naquele ano, finalizei ela e pouco tempo depois consegui um emprego aqui, onde vivo até hoje.

Shawn se abalou com as palavras. Imaginou como foi difícil pra Nick dar adeus a tudo que tinha e se jogar vida a fora, e sem pensar muito ele envolveu o rapaz com seus braços em um abraço.
Mas não era um simples Abraço e sim um abraço sincero.
Era como se Nick fosse um bebê em apuros e somente Shawn pudesse salva - lo.

-Bom... -Nick quebra o silêncio. -Chegamos.

-Sim. -Diz Shawn, quebrando o contato.  -Obrigado Nick. Até mais.

-Até.

Flashback 1 Off.

O dia em que Nick teve o primeiro ataque de ciúme.

Flashback 2 On.

-Só isso? -Shawn pergunta ao loiro a sua frente no balcão. O loiro por sinal estava sorridente demais e Nick percebera isso assim que chegou no estabelecimento.

-Por enquanto sim. -Insinua o loiro indiscretamente.

Shawn apenas lhe entrega um cartão e o rapaz se dirige a mesa, que por mera coincidência era a da frente do texano.
Assim que Shawn leva o pedido ao freguês, Nick percebe algumas risadas que o incomodam profundamente.
Afinal seria apenas um desconhecido para o canadense caso não tivesse salvo sua vida naquele dia.

Já na hora de fechar, Nick espera Shawn com uma péssima expressão no rosto.
Os dois começam a caminhada rotineira após o mais novo trancar a loja.

-Nick.

-Hum?

-Você tá bem?

-Uhum.

-Como foi hoje?

-Alegre. -Aquela resposta confunde um pouco a cabeça do canadense.

-Como?

-Alegre.

-Eu ouvi, mas como assim?

-Várias risadas.

Shawn não percebera ainda o que Nick queria dizer então apenas se aproximou do mais velho.
Em poucos minutos estavam na residência do mais novo.

-Tchau. -Diz Nick com um tom seco na voz e se virando para voltar.

-Nick espera. -O texano volta a ficar de frente pra Shawn. -O que houve?

-Nada.

-Fala, agora.

-Não, pergunta pro loiro da cafeteria.

-Isso é ciúme?

-Não.

-Ah não? Então o que é? -Nick vê então a oportunidade pra colocar tudo pra fora.

-Ah nada, você todo sorridente pra ele não significa nada.

-O que quer dizer com isso?

-Quero dizer que se eu não tivesse ajudado você naquele assalto, estaríamos até hoje na fase "AtendenteXConsumidor".
Você nunca iria sorrir daquele jeito pra mim se eu não estivesse lá naquele dia.

Shawn achava aquilo um tanto estranho, porém Nick estava um pouco  certo e tinha razão em algumas palavras ditas.
Talvez chegara a hora de Shawn finalmente abrir algumas sensações para o garoto.

-Nick. -Diz ele se aproximando. -Eu sorri pra ele assim como eu sorrio pra todas as pessoas.
E isso só aconteceu depois de você entrar na minha vida. Como amigo, claro.
Você é um ótimo amigo pra mim e eu quero sorrir pras pessoas da mesma forma que você.
Eu quero ser gentil com as pessoas assim como você. -Shawn segurava a vontade repentina de dizer que queria que Nick o amasse igual ele o ama, mas só de abrir um pouco seu coração ele já se sentia satisfeito com o rumo da conversa.

Nick estava espantado.
Nunca havia visto o garoto transparecer os sentimentos daquela forma e agradeceu por se sentir melhor apenas com palavras.

-Certo. Me desculpa. -Ele diz  Shawn um pouco envergonhado e recebe um sorriso fraco em troca.

-Tudo bem... até amanhã?

-Até.

Flashback 2 Off.

-Vamos Shawn, temos que voltar. -Camila quebra os pensamentos aéreos do garoto.

Ele concorda e os dois voltam ao trabalho.

...

-Você está uma graça. -Diz Nick, aparecendo repentinamente atrás de Shawn, que estava trancando a loja.

-Ah para. -Shawn se vira para o garoto e se espanta. Como poderia ser tão belo em apenas uma camiseta azul, uma calça jeans e um sapato preto?. -Você que está.

-Vamos?

-Vamos.

Logo os dois caminham até a sorveteria.
Já lá dentro eles escolhem o sabor.

-Boa noite. -A atendente diz, uma garota alta e morena que estava feliz.
Óbvio que sim, afinal quem não fica feliz numa sexta feira? -O que vão querer?

-Eu quero morango com chocolate e meu amigo vai querer de baunilha com cobertura de caramelo. -Responde Nick.

-Certo. São 15$.

Shawn estava pronto pra pegar a carteira em seu bolso quando Nick interrompe seu ato.

-Eu te convidei, eu pago.

O canadense apenas concorda e o texano o guia até uma mesa para esperar o pedido.
Shawn via que Nick o encarava diferente dos outros dias, com uma feição confiante.
O que o texano planejava Shawn não sabia.

Logo Nick pega os sorvetes e eles saem da sorveteria.
Deram algumas voltas pela cidade passando pela praça central, algumas lojas e ruas.

-Olha. -Shawn aponta para um outdoor no outro lado da rua. -Esse perfume é ótimo.

-Nunca vi. -Diz Nick.

Sem perda de tempo eles já caminhavam de volta para casa de Shawn.
O caminho era quase uma eternidade para Nick que estava com certeza planejando algo em sua mente.

Shawn já estava quase terminando o sorvete quando Nick diz.

-Parece gostoso...

-Quer provar?

-Uhum...

A essa altura faltavam apenas alguns metros entre a dupla e a casa de Shawn.

-Toma. -Shawn lhe entrega o que sobrara de seu sorvete, mas o texano recusa.

-Não desse jeito.

-Como então?

-Assim. -Sem esperar uma reação do mais novo, Nick lhe ataca os lábios que estavam com gosto de baunilha.
Era apenas uma massagem labial, até ele pedir passagem com a língua e Shawn ceder.

Sem se dar conta de onde estavam, mas sabendo que a rua estava deserta, Nick empurra Shawn contra a parede e continua o beijo.
Ele explora cada canto e extensão da boca do mais novo, e junto sua mão corre pelo corpo esguio de Shawn, dando - lhe leves apertões na cintura e em sua bunda.
A outra mão Nick segurava a nuca do mais novo.

Lábios eram sugados e mordidos naquele momento até que Nick sobe sua mão e enrosca seus dedos no cabelo do mais novo os puxando para trás.
O pescoço do canadense estava completamente exposto para Nick que o beija lentamente com algumas mordidas. Ele suga a pele do garoto que arfa com o ato.
Logo a lingua de Nick estava de volta a explorar a boca do mais novo.

Eles só desgrudam quando precisam de ar, estavam ofegantes.

-Isso foi ótimo. -Diz Nick colocando a mão na bochecha de Shawn.

-Muito.

Os dois apenas dão alguns passos até estarem na frente da casa de Shawn.

-Até amanhã. -Diz Nick, e antes que Shawn dissesse qualquer coisa ele lhe rouba um beijo.

-Até. -Diz Shawn, vendo o texano ir embora.

Aquela noite sem dúvidas havia sido a melhor de sua vida.