(80) Jungkook?

[P O V   P A R K  J I M I N]

Volante, meu amor, o novo amor da minha vida, meu querido, seu bobinho, como eu amo te segurar agora! 

É engraçado que quando você está feliz é quando você sai contando as maiores bobices, gritando aos ares que você ama o mundo que o rodeia, mesmo que ele tenha todas essas falhas e viva com remorsos do passado.  

E, sim. Era a primeira vez que a felicidade me atingia sem ser da conta de alguém, porque certamente não era por Taemin, não fora por Yang e, mesmo que de foram inacreditável, não fora por Jungkook.

Fora por mim.

Eu estava feliz por mim, por algo que eu fiz, e mesmo consciente de que esta felicidade momentânea vinha acompanhada de uma era de terror, eu permiti-me sorrir e sorrir, e agarrar aquele volante como se, dessa vez, ele representasse a minha alegria.

Então a pressa veio como moderador, me fazendo sair da frente daquela casa enquanto ligava o meu celular ao Bluetooth, porque afinal ele ainda servia para alguma coisa, e discando o número de Jungkook, porque qualquer das formas já tinha uma chamada por atender dele.

"Hey, baby." Eu disse mal ele atendeu, deixando transparecer na minha voz o sorriso que tomava conta dos meus lábios.

"Hey!" Ele exclamou, parecendo abafado com aquilo, em um suspiro grande. "Está tudo bem?"

"Está, Jungkook." Respondi, tentando me manter sereno. "Caralho, está!" Eu gritei então, batendo as minhas mãos no centro do volante, animado, me assustando quando isso fez a buzina do carro soar.

"Ok, o que está acontecendo?" Perguntou, risonho, porque a minha energia era realmente contagiante a esse ponto. "Porque está soltando palavrão?"

"Minha vida é um pouco triste, Jungguk. É preciso aproveitar cada resquício de felicidade."

"Está feliz, baby?"

"Sim!"

"Estou feliz por você, então." Ele disse, uma risada pequena escapando. "Mas sem palavrões." Acrescentou e dessa vez eu sorri, pensando sobre isso.

"Posso colaborar."

"Ainda bem."

"Jungkook?" Eu chamei, distraído, desligando o rádio e trazendo o telemóvel para o meu ouvido. Então eu suspirei, fechando os olhos por um segundo. "Se eu soubesse que amar você era assim, eu já ter- ah, foda-se!"

Eu guinchei, apressado para alcançar o travão com o meu pé, sentindo o meu peito ir contra o volante e o barulho do meu carro batendo no da frente enchendo os meus ouvidos enquanto o celular caía dos meus dedos.

Então eu apressei as minhas mãos a abrirem a porta, saindo do carro e correndo até ao da frente.

"Você está bem? Me perdoe, eu realmente..." Eu acabei me calando, observando o homem sair de dentro do carro com uma certa calma, para então ele me olhar e eu perceber rapidamente de quem se tratava. "Taehyung." Eu disse, quase aliviado. "Você está bem? A culpa é minha, eu vinha no celular." Eu acabei admitindo, apontando o meu carro e ele sorriu.

"Estou bem." Ele respondeu, sorrindo de canto e logo o desmanchando ao ver o que o choque dos carros tinha causado no dele. "O meu carro é que não."

"Vou ligar para o seguro." Eu declarei, acenando atônico. "Está tudo bem, não é?"

"Sim, vou ligar para o meu também." Ele murmurou, abrindo a porta do carro, enquanto eu passava as mãos pelos meus bolsos, procurando o meu celular nos mesmos, até perceber que eu tinha deixado Jungkook na linha, no carro. "Ah, isto..." Taehyung murmurou, puxando o celular dele e olhando a tela, depois a mim, e eu sorri torto, apontando para o meu carro.

Então eu busquei o meu celular no chão do carro, intacto, e a chamada com Jungkook estava terminada, e tinha uma não atendida dele também, no entanto, quando eu disquei o número dele deu como ocupado.

Sabendo dos procedimentos, porque infelizmente não era o meu primeiro acidente, eu caminhei até Taehyung mais uma vez, antes de ligar realmente para o seguro.

"Necessito do seu número de apólice." Eu informei, em um tom baixo, sem querer interromper a sua chamada e Taehyung sorriu quadrado antes de se virar, inquieto.

"Está tudo bem." Assegurou ao celular, e eu franzi as sobrancelhas. "Cacete, Jun, está tudo bem!" Voltou a dizer, risonho, se virando para mim de novo e sorrindo envergonhado. "A sério, tchau." Se despediu de uma vez, enfiando o celular no bolso e voltando a me sorrir torto. "Era Jungkook." Disse-me, e eu arregalei o olhar.

"Desculpe?" Questionei, quase engasgado, sem saber se aquilo era uma brincadeira.

"Jungkook?" Voltou a dizer, de sobrancelha erguida. "O Jungkook com quem você vinha no celular?"

"Hum... Você ouviu?"

Ouviu o quê?

Eu não falei o nome de Jungkook, falei?

"Jimin." Chamou-me de forma pessoal, pousando a mão no meu ombro. "Não o culpo por ter se apaixonado por outra pessoa."

"Do que você está falando, eu-"

"Jimin." Voltou a dizer, comprimindo os lábios. "Eu e Jungkook somos amigos faz um tempo."

"Vocês?" Eu murmurei, não tão mais desentendido, mas certamente envergonhado. Ele sabia...? De tudo? "Você nunca me disse nada, eu não sabia, eu..."

"Não se atrapalhe."

"Você nunca contou."

"Não é da minha conta." Explicou rapidamente.  "E você fazia o meu amigo feliz."

Eu acabei por não o responder, sem acreditar que Taehyung sabia, e ele devia saber por tanto tempo já, e eu nunca suspeitei.

Nós nos resolvemos a partir dali, e eu não me preocupei muito com o meu carro e Taehyung também não pareceu muito importado pelo seu, afinal o seguro de ambos cobria a situação.

Eu pude então voltar a seguir o meu caminho para casa da minha mãe, sem pensar em ligar a Jungkook até que ele mesmo me ligasse e me explicasse exatamente quanto tempo é que fazia que ele usava Taehyung como seu bode expiatório de mim.

Porque era isso que acontecia. Exatamente isso.

Não fora natural? Afinal, mal eu não atendi a sua segunda chamada, Jungkook ligou a Taehyung e isso seria coincidência a mais, até porque nem tinha como ele saber que fora com o Kim que eu chocara o meu carro, até porque ele nem sabia o que havia acontecido!

Mas não era isso que magoava.

Magoa saber que você andou escondendo uma mentira tão bem, para no final saber que ela era entendida.

Taehyung sabia sobre mim, sabia que eu traía o meu namorado, depois marido, sabia que eu seguia a minha vida como se eu não fosse um cobarde traidor. Ele sabia.

Mas eu agia como se não, porque eu não sabia.

E Jungkook não me disse. Jungkook sabia e não me disse, então se ele o fez foi por um motivo e eu sabia qual.

No entanto, nada daquilo pareceu abalar o meu coração cheio, nem o pequeno acidente nem aquela informação, porque de qualquer das formas eu ainda entrei feliz na casa dos meus pais, ainda recebi abraços da minha filha e a ouvi dizer sobre o que fizera com a avó e a minha mãe ainda me sorriu.

A minha mãe sorriu. A minha mãe foi capaz de me sorrir em um momento como aqueles, fingindo que não sabia que uma nuvem negra estava prestes a pousar sobre a minha vida com a duração de um inverno.

É, a minha mãe sorriu, mesmo sabendo, e eu não, que Taemin estava entrando com um pedido de divórcio e guarda total de Yang Mi.

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