(78) decisions

[P O V   P A R K  J I M I N]

Tomar decisões difíceis. 

Não é verdade que nunca ninguém te ensinou a tomar decisões cruciais? 

Não é verdade que quando você acha que precisa de alguém para te ajudar a fazer algo revelador, uma pessoa em que confia para o trabalho, essa pessoa vai e te diz que você precisa tomar essa decisão sozinho?

Talvez você precisasse, talvez você não devesse querer deixar nas mãos de alguém uma coisa tão importante. Ou talvez você só não quisesse se sentir culpado quando as coisas se dessem mal. 

Porque, você sabe, nesse mundo, a probabilidade de as coisas darem errado para o seu lado é de 90%. 

Um défice no equilíbrio, mas se você não quer realmente se sentir culpado, você só precisa assumir: 

Nunca ninguém te ensinou. 

Porque a vida vem se tornando um ninguém com o tempo, principalmente no que diz respeito a ''ninguém é perfeito''. Mas vem se tornando um ninguém, porque com o tempo, com o crescimento natural de qualquer ser humano, a sua vida se torna a falta de tempo, rotinas, correrias, filhos, casamentos, estudos, faculdades, desempregos. 

Meu Deus, como 10% podem ser tão grandes e abrangentes? 

É porque você só olha de perto. 

É como um truque de mágica. Olha de perto, não vê o alcance, bem na frente dos seus olhos. 

E se você estiver cometendo a decisão errada, todas as pessoas que você conhece estarão lá para lhe dizer, mas elas não te ajudaram, pois não? De que interessa se você já fez o que teve que fazer, sozinho? 

Quantas pessoas estarão lá se você estiver tomando a decisão acertada? 

''Preciso fazer isso.'' Eu murmurei, tentando fazer daquela despedida algo breve, abraçando os ombros de Jungkook e me afastando logo depois, mas então ele segurou o meu pulso e eu subi o olhar para o seu, a preocupação estampada. 

''Você sabe que eu sou apologista.'' Ele respondeu, parecendo finalmente aceitar aquela ideia, e eu sorri de canto. ''Mas não agora, Jimin, não é altura certa.'' 

Até quem mais quer ver essa decisão tomada, vê? 

''Entenda que...'' Eu murmurei, chegando-me para perto mais uma vez, segurando as suas bochechas e juntando o meu nariz ao seu. ''Isto não é um ato rebelde, e muito menos uma demonstração de amor.'' Eu declarei, mesmo que fosse cruel. ''Eu preciso disto, Jungkook, preciso de fazer agora, enquanto ainda há coragem dentro de mim.'' 

''Você é corajoso, você é sempre. Não precisa agora, Jimin, não precisa.'' Ele insistiu, puxando o meu corpo igualmente para ele, abraçando a minha cintura e selando os meus lábios. ''Você vai arruinar as coisas para você.'' 

''Jungkook, eu vou me sentir melhor.'' Eu admiti, porque era tudo uma questão disso. ''Eu não vou mais ser o sacana que eu tenho sido. Para toda a gente, chega disso.'' 

''Yang Mi.''

''Yang Mi também.'' Eu respondi, sem saber que não era daquilo que ela falava. 

''Yang Mi.'' Ele repetiu, fechando os olhos e suspirando, apertando mais a minha cintura. ''Você está pensando nela?'' 

''Estou pensando em mim, e ela é uma parte de mim.'' Eu admiti, esfregando o polegar contra a sua bochecha depois. ''E você também.'' 

''Não faz isso.'' Ele ainda pediu, segurando a minha face, pressionando a sua testa na minha, olhando-me nos olhos. ''Estou implorando Jimin, por favor, espere um pouco. Eu não quero te ver passar por isso.'' 

''Está tudo bem.'' Eu assegurei, beijando os seus lábios de novo, e sem saber que aquilo não chegaria, mais uma vez e outra. ''Te ligo quando chegar?'' Sugeri, sorrindo de canto, segurando agora a sua nuca e beijando o canto da sua boca antes de abraçar os seus ombros, vergonhosamente em meus bicos de pé. 

''Não esquece.'' 

Eu acenei, concordando, descendo as escadas em seguida, caminhando até ao carro, sorrindo a Yang Mi dentro do carro e vendo Jungkook ali, no alpendre do edíficio, com uma mão no bolso e a outra acenando à pequena, que sorriu toda boba quando ele fez um coração com os dedos e fingiu mandá-lo na sua direção. 

Depois daquilo, pés a caminho, eu sorri à pequena, verificando que a sua segurança estava intacta, logo depois saindo dali com o carro, percebendo, como sempre era perceptível, que aquela garotinha tinha algo que queria dizer. 

''Senhor Jungkook...'' Ela começou por murmurar, sempre agarrada ás orelhas da sua pelúcia, brincando com as mesmas entre os dedos. 

''O quê?'' Eu perguntei, rindo baixinho, e ela me olhou através do espelho central. 

''Você gosta do senhor Jungkook?'' Perguntou-me, e ao invés de mostrar alarme, eu sorri de canto. 

''Você acharia mal se eu gostasse?'' Eu retruquei, incerto sobre a minha abordagem.  

''Você sorri muito quando está com Jungkook...'' Ela comentou, tímida sobre o assunto, as mãos espreguiçando-se entre as pernas. 

''Senhor Jungkook.'' Eu cantarolei, corrigindo-a. ''E o senhor Jungkook é realmente alguém de quem eu gosto, então é normal que ele me faça sorrir, não é?'' 

''Ele me faz sorrir também!'' Ela exclamou, parecendo se dar conta. ''Ele é muito legal.'' 

''Pois é.'' 

''Vai deixar o papai?'' 

''Quê?!'' Eu exclamei, surpreso, me virando para ela, mas logo retomando o meu lugar, respirando fundo, e dizendo a mim mesmo que aquilo era um plano. 

''Vai trocar o papai por senhor Jungkook?'' 

''Hum... Yang Mi.'' Eu engoli em seco. ''Me ouça com atenção.'' 

''Está bem.'' Aceitou rapidamente. 

''Se você tiver, hum, dois amiguinhos e você, hum... gostar dos dois. Com qual você prefere passar tempo?'' 

''Com os dois.''

''Não pode com os dois.'' Eu explicitei, percebendo como eu era ridículo naquela posição. ''Tem de escolher.'' 

''É uma escolha difícil.'' Ela murmurou, pensativa. ''Eu posso gostar mais de um?'' 

''Sim.'' 

''Então eu quero passar tempo primeiro com o que eu gosto mais.'' 

''Porquê?''

''Porque se eu gosto mais dele, então isso quer dizer que ele me dá mais sorrisinhos, como Jungk- senhor Jungkook e você!'' 

''Exatamente, como o senhor Jungkook.'' Eu murmurei, mais para mim mesmo, e então eu subi o olhar para o reflexo dela no espelho. ''Entende, Yang Mi? Entende que eu quero passar tempo com quem eu gosto mais?'' 

''Mas ainda gosta do Papai?'' Ela deduziu, sem parecer triste sobre aquilo. 

''Hum, bom, sim.'' 

''Legal.'' Ela sacudiu os ombros, se ajeitando mais no banquinho dela. 

''Legal?''

''Legal.'' 

Eu sabia que eu devia dizer mais, que devia claramente explicar-lhe melhor as coisas, que eu não viveria mais com Taemin, que as coisas não seriam mais da forma a que ela está habituada a viver desde sempre, mas naquele momento, naquele exato momento, outras coisas tomavam conta da minha cabeça, e era uma longa viagem até eu me poder livrar delas. 

Sem faltar ao costume, Yang Mi adormeceu até casa, mas quando eu abri a porta do carro para a tirar ela simplesmente acordou, percebendo estar na casa de avó e correndo para dentro dela mal eu a soltei do cinto de segurança. 

E não seria ruim passar por aquilo todos os dias, no entanto, o olhar da minha mãe que se seguiu a tudo não foi muito reconfortante. Mesmo assim, eu recebi um abraço dela, para depois poder abrir a mala do carro e encarar algumas das minhas coisas ali. 

''Taemin ligou.'' Ela disse-me, o tom sério, e eu ri cínico, sabendo que isso aconteceria. 

''O que ele disse?'' Eu quis saber. 

''Lamenta por vocês dois.'' Ela contou. ''Perguntou pela Yang, mas toda a gente sabe que ele queria saber de você.'' 

''Ah...'' Eu murmurei, culpado, puxando a mala para fora do carro e colocando a mochila de Yang nos ombros. ''E o que a senhora disse?'' 

''Que vocês estavam dormindo.'' 

''Você...  Você mentiu para ele?'' Eu perguntei, surpreso pela atitude, e ela esfregou a mão nas minhas costas, abraçando o meu ombro de lado e me olhando em seguida. 

''Eu sempre irei te proteger, Jimin.'' Ela declarou, sincera, com um brilhinho nos olhos. ''E tem algo mais, eu sei que sim, você é meu filho. E quando você quiser me contar, eu vou estar aqui.'' 

E eu olhei, sem perceber se era a altura certa para lhe mostrar que o seu filho não era mais quem ela criara, que eu tinha cometido os piores erros, ou se eu simplesmente chorava pelas palavras tão doces. 

''Amo você, mamãe.'' Eu choraminguei, me baixando e a abraçando, e ela riu contra o meu ombro, me abraçando de volta, surpresa pelas minhas palavras tanto quanto eu. ''Mas antes de falar para você, eu preciso falar para Taemin.'' 

''Está bem.'' Ela concordou rapidamente, acariciando os cabelos da minha nuca antes de me largar. ''Eu sei que ele não foi trabalhar hoje.'' 

''Ah, legal. Ele não foi? Legal, isso é bom, legal.'' Eu acabei repetindo, de repente nervoso com a ideia tão próxima. 

''Você vai lá?'' 

''Sim, eu vou, eu quero resolver as minhas coisas e...'' 

''Eu fico com Yang.'' Ela ofereceu, sabendo que esse era o meu próximo pedido. ''E levo as suas coisas.'' Ela ainda acrescentou, puxando a mochila da pequena do meu ombro e a minha mala das minhas mãos.

E eu aceitei, esfregando as mãos nas minhas calças, passando depois o pulso por debaixo do nariz, a vendo arrastar aquilo para dentro e parando na porta, me sorrindo uma última vez. 

Então eu voltei para a frente do volante, saindo dali em extremo nervosismo. 

É quando toda a gente te diz que a sua decisão está errada que você toma a coragem perdida ao longo do tempo. 

Aqueles 90% se tornam um pouco maiores, e aqueles 10% de chances de as coisas darem certo se desvanecem com a probabilidade que alguma vez, na sua vida toda, alguma coisa dar realmente certo para você, alguma vez. 

São só números, e eles tomam conta da sua vida.

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