(76) fair
[ P O V P A R K J I M I N]
[C O N T I N U A]
Jungkook esboçou um meio sorriso, mas ele não estava feliz, nem meio feliz.
Jungkook gostava de me ver, mas o seu sorriso só chegou a meio exatamente por isso. Ele gostava de me ver pelas lembranças, não pelos últimos meses entre nós.
Eu podia lhe falar sobre o miserável que ele carregava consigo, mas não quando o único miserável, mais desesperado, ali era era eu.
Por educação, por Yang Mi, e eu tenho a certeza que foi por ela, Jungkook permitiu a minha entrada na sua casa, e eu entrei, vendo a sua relutância ao fechar a porta, para depois caminhar na minha frente pela sala a que eu não prestei atenção, depois virando à esquerda por um corredor e caminhando até ao fundo, onde abriu a porta e entrou, fazendo um gesto suave na direção da cama.
E enquanto eu pousava a pequena na cama dele, Jungkook foi até ao armário em frente dela, puxando uma camisa aleatória e passando-a pelos braços nus.
Era um pouco estranho que ele estivesse indo se vestir àquela hora, quer dizer, com aquelas roupas, ainda para mais quando ele puxou uma calça social perna acima, apertando as mesmas com facilidade e logo com o passo calmo e silencioso, em meias, passou por mim e seguiu o caminho para fora dali.
E, extremamente nervoso, eu olhei Yang Mi dormindo, logo me virando para o seguir, fechando a porta com calma e engolindo em seco e suspirando antes de seguir o corredor até ao fim, onde fui obrigado a parar, vendo Jungkook parado também.
Ele estava no centro da sala larga, e mesmo com a camisa por fora das calças, uma mão no bolso das mesmas e a outra agarrando o seu lábio inferior com a ponta dos dedos, ele parecia extremamente fora do controle, e ele estava.
Sem saber por onde começar, eu passei a mão pelos cabelos da minha nuca, sem perceber que acabei trazendo a mesma para baixo com alguma lentidão, a passando por meu pescoço e ombro, como se quando eu a devolvesse ao habitat natural eu tivesse que dizer algo.
"O plano não era nós dois nos apaixonarmos." Eu disse, mas não era como uma acusação, porque eu era tão suspeito quanto ele.
Jungkook deu uma risada anasalada, mas não era de troça, e a outra mão caiu para o bolso da calça também enquanto ele subia o olhar para mim.
"Não é minha culpa."
E eu ri também, sem entender, deixando as minhas costas encontrarem a parede atrás de mim com facilidade e o encarando de volta.
"É minha?" Eu sugeri, e nós dois estávamos alinhando nessa conversa sonsa.
"Completamente." Ele concordou, e uma mão deixou o bolso para ajeitar os seus cabelos. "Mas é uma conversa para depois, na minha opinião."
"Como quiser." Eu ergui as mãos em rendição, mostrando que seria realmente como ele queria, para então eu ficar direito, longe da parede, mais perto dele. "Eu peço desculpa por ter trazido Yang Mi para isso, mas foi um dia... enfim, um dia." Eu acabei murmurando, prestes a dizer-lhe que fora um dia cansativo, mas eu não queria tornar aquilo sobre mim, e conhecendo Jungkook eu saberia que ele ficaria sentido, pegaria leve, mas isso não era o que eu queria.
"Isso o quê, Jimin?" Ele perguntou, e um tom de calma estava presente, mas vinha tão aliado à força que ele estava fazendo para se manter no controle.
"Eu nunca achei justo dizer que te amava e nunca mais ligar."
"Justo?" Ele repetiu e aparentemente todas as minhas palavras estavam lhe soando errado. "Eu sempre tentei fazer o mais correto com você, Jimin, eu sempre te dei o seu espaço, eu esperei e eu soube das consequências, sempre." Ele começou, e era notável que todas aquelas palavras estavam presas, que ele queria soltar todas. "E me dizer teria sido justo. Jimin, eu não me importaria de esperar você dois meses, Jimin, eu estou esperando você por uma merda de vida." Ele então suspirou, desgastado, se sentando no sofá e bufando. "E se o seu problema fosse me ter por perto, Jimin, você ainda poderia me dizer e ainda seria justo, porque afinal eu estou habituado a esperar um ano por você." Ele acabou apoiando os cotovelos nos joelhos, me olhando e passando os dedos pelos olhos cansados. "Não foi nada justo."
"Foi justo para mim." Eu declarei, mesmo inseguro sobre aquilo, sobre eu estar errado. "Soou justo para mim ao invés de deixar você saber que eu sou a merda de um cobarde que não consegue nem uma vez fazer algo por ele mesmo. Foi justo quando eu pude salvaguardar o pior de mim de você. E foi justo quando eu não soube nem uma vez se eu seria capaz de ultrapassar isso. E, se eu não fosse, pelo menos eu não tinha te prendido a mim por tempo demais."
"Você não entende."
"O quê?"
"Que mesmo que você não fosse capaz eu ainda estaria lá!" Ele acabou exclamando, meio exaltado, meio ainda no controle, desviando o olhar assim que proferiu a confissão e eu fui obrigado a ficar quieto, dirigindo aquilo.
E depois daquilo ele ficou de pé, apoiando-se nos joelhos para se levantar, indo então para a divisão que eu julgava ser a cozinha, e eu o deixei ir, sem saber o que mais fazer, me encostando na ponta do sofá com a bunda, esticando as pernas, afinal a viagem tinha sido longa.
E longos minutos passaram, longos porque pareciam mais dos que os que foram, enquanto eu brincava com a pele acima das minhas unhas, com a cabeça baixa.
"Terminou com ele, então?"
E eu me assustei ao ouvir a sua voz, mas não esbocei, vendo-o encostado na ombreira da porta com um dos ombros, os pés cruzados, mostrando que ele estava ali à algum tempo.
"Terminei com ele faz dois meses, Jungkook." Eu admiti, o olhando para responder, mas voltando a encarar as minhas mãos. "E eu sei que é estúpido, mas eu saí hoje." Continuei, passando as costas da mão pelos meus olhos, mostrando um pouco a fragilidade do meu coraçãozinho. "E não era para vir hoje, porque nada está resolvido. Taemin ainda vai fazer a minha vida um inferno, mas eu não consegui mais." Murmurei, o olhando também. "Eu queria te trazer o certo, porque eu nunca fui certo com você, mas quando eu percebi que o certo demoraria para chegar... Jungkook, eu não posso mais ficar longe de você, eu não consigo."
"Porque não está certo?" Ele quis saber, e era como se ele já soubesse que era isso que estava e vinha me incomodando.
"Ele vai querer tirar Yang Mi de mim." Declarei, e disso eu estava seguro. "E eu tinha medo, e tenho. Tinha medo de tudo, Jungkook, porque ele vem se tornando tão imprevisível." Eu ia dizendo, porque também haviam algumas coisas que eu precisava soltar, mas Jungkook deu um passo em frente e eu me apressei a olhá-lo, querendo terminar, e ele aceitou, sentando-se na outra ponta do sofá. "Eu quis ficar para ele, quis que ele tivesse alguém do seu lado, porque ele estava perdendo tudo de uma vez, mas eu lhe disse, Jungguk, eu lhe disse que eu não estava mais com ele, lhe disse tudo, que não estava mais apaixonado por ele, que foi um erro termos levado algo adiante que estava predito que não iria funcionar." Eu acabei fungando, sem ar, com tanta necessidade em soltar tudo. "E hoje, quando eu coloquei as coisas para fora, ele foi capaz de fingir que estava sabendo pela primeira vez, ele me fez dizer em frente de Yang Mi que eu estava os deixando, ele viu ela e eu não soub-"
Eu acabei me calando quando em um ápice eu senti a minha cara batendo contra o seu ombro, sem perceber que eu estava soluçando mediante o choro, mas ele me puxou e me fez cair no sofá, me abraçando e me acolhendo como ele é sempre capaz de fazer.
E eu subi os meus braços, abraçando os seus ombros e me ajeitando no sofá, virado para ele, fechando os meus olhos ao sentir o meu aperto ser devolvido, tentando me acalmar, porque eu sabia que era daquilo que eu precisava à bem mais do que dois meses.
"Me perdoa." Eu murmurei, afastando um pouco o meu rosto e o erguendo, tocando o meu nariz no seu enquanto os meus dedos se aliavam aos seus cabelos, como se eu precisasse segurá-lo para ele me olhar. "Me perdoa, por favor." Pedi mais uma vez, brincando subtilmente com a ponta do seu nariz, ameaçando beijá-lo.
"Jimin..." Ele murmurou e eu quase senti que eu tinha perdido tudo, que eu era realmente um burro e era tarde demais. "Baby... Você partiu o meu coração."
Eu acabei acenando, ridículo, sabendo, mas não o larguei e muito menos me afastei.
"Eu sei..." Confessei, envergonhado, porque seria demais me fingir que não. "Mas você é o único capaz de juntar os pedacinhos do meu."
Ele acabou sorrindo, bobo com a minha confissão, segurando a minha mão sem a tirar de lá, e eu sorri pequeno, sem saber o que aquilo significava.
"É uma troca justa?" Ele murmurou, passando a ponta do seu nariz pelo meu.
Mas eu neguei, sorrindo quando ele se afastou alguns milímetros, de sobrancelhas arqueadas, e eu me afastei de vez, ficando sentado direito.
E depois de o olhar uma última vez, eu subi as mãos pela minha cintura, pelo meu tronco, até alcançar o primeiro botão apertado da minha própria camisa, o desabotoando.
E, com o seu olhar sobre mim, eu fiz o mesmo até ao último, sem que ele questionasse uma única vez o que eu estava fazendo ou o porquê.
Foi quando eu desci a manga de um dos braços que Jungkook desviou o olhar e encarou o meu braço, que já mostrava o que eu queria ele visse.
Tomado pela coragem, saudade e incerteza, foi o que me fez fazer aquilo de primeira, porque mesmo que eu não pudesse ter Jungkook eu acreditava no mesmo que ele, acreditava em nós.
Lá estavam os números, na parte superior do meu braço, no seu interior, mostrando que o impossível podia sim ser possível.
"Você... Jimin!" Ele exclamou, segurando o meu braço com uma mão, trazendo o seu corpo para mais perto do meu, acariciando a minha pele marcada pela tatuagem.
E eu ri baixinho, o deixando à vontade, antes de suspirar e voltar a segurar os seus cabelos, na lateral, o fazendo me olhar, mesmo que ele estivesse inclinado para baixo para ver melhor.
"Feliz aniversário, Jungkook." Eu desejei, sorrindo, e parecendo se lembrar ele sorriu também, apoiando as mãos fechadas do lado do meu corpo, subindo a minha altura.
E de uma vez ele me beijou, me fazendo segurá-lo com cuidado com as duas mãos, sem querer que ele me deixasse nunca, e a sua língua acariciando o meu lábio inferior com tanto carinho até que eu o deixasse ir adiante.
Foi quando nós finalmente precisamos de ar, selando os nossos lábios entre sorrisinhos bobos e olhares cafajestes que os dois ouvimos murmúrios mais no interior da casa e eu tentei me afastar, mas Jungkook não deixou, me puxando para outro beijo e me fazendo rir.
"Papai!" Yang Mi gritou, provavelmente percebendo o ambiente desconhecido, e eu finalmente me soltei dele, ficando de pé.
"Estou indo!" Gritei de volta, puxando a camisa pelo braço e apertando os botões com pressa, e Jungkook veio caminhando atrás de mim, me segurando antes de eu entrar no quarto.
"Você é o melhor presente de sempre." Ele sussurrou, assim que conseguiu me virar para ele e segurar a minha cintura, me beijando em seguida, e eu o beijei de volta, segurando o cós das suas calças e o empurrando quando me soltei mais uma vez.
"Hey, bebê." Eu disse, assim que entrei no quarto e acendi a luz, e ela me fez cara feia, mas foi ao ver Jungkook atrás de mim que ela se largou dos cobertores da cama e saltou da mesma, correndo para abraçar as pernas dele.
"Jungkook!" Ela guinchou, o apertando, e ele se baixou, a erguendo em seu colo e ficando direito enquanto passava a mão livre pela sua barriga, fazendo-lhe cócegas improvisadas.
E eu me peguei perguntando quando ela largou o "senhor" ao chamá-lo.
"Não tem mais gesso!" Ele festejou, abanando o braço dela e ela acenou, contente com isso.
"Não tem mais!" Ela repetiu antes de abraçar os ombros dele, o surpreendendo, e Jungkook acabou sorrindo, fechando os olhos quando a abraçou de volta.
E eu fui obrigado a sentar-me no colchão, com a visão tão bonita e a prova de que eu estava errado.
Mais uma vez.
Amar você não é como ir ao inferno e querer voltar.
Nem como estações bobas.
Nem como o wikipedia tenta universalizar.
Jesus, Jungkook, amar você...
Amar você é como acreditar no impossível, ter ele do seu lado, e mesmo assim querer mais, porque de qualquer maneira eu sei que você sempre me dará mais.
E sempre será bom.
Não é como ir ao inferno e querer voltar. É como estar no céu e não querer sair.
♤♡♤
InterTWINed 😭😭
Gente, obrigado 😢
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