(73) calling

[ P O V    J E O N  J U N G K O O K ]

Não se feche para o mundo, abra-se para o universo.

Eu deixei o celular escorregar dos meus dedos, da mesma forma como eu tinha vindo a deixar escapar tudo da minha vida, e em seguida eu corri os mesmos para alargarem a gravata no meu pescoço, logo a puxando e a pousando em cima da mesa.

E daquela mesma mesa eu puxei o laptop, o levando comigo para o sofá e o pousando em cima da mesa de centro, me sentando no sofá e desapertando os primeiros botões da minha camisa. Depois, do bolso do casaco que eu já tinha pousado ali, eu puxei a cartela de comprimidos que tinham me receitado na farmácia e eu peguei em um e coloquei na língua.

E por apenas um segundo, depois de me forçar a engolir, eu deixei o meu corpo descansar, afinal o dia tinha sido longo.

Enquanto eu esperava o computador exigir a minha password, eu ouvi batidas na porta, que foram estranhas de primeira, afinal eram poucas as pessoas que eu tinha como autorizadas para passarem na portaria e ainda mais escassas as que me visitariam àquela hora.

De qualquer das maneiras, cauteloso, eu caminhei para lá, espreitando pela ranhura própria antes de abrir a porta e sorrir ao convidado.

"Taehyung." Eu anunciei para mim mesmo, satisfeito, recebendo o abraço curto e o deixando entrar.

"Jk." Ele murmurou, risonho, entrando na casa com as mãos nos bolsos das calças largas e em padrão. "Viagem longa?" Perguntou e eu acenei.

"Estou cansado." Admiti, afastando os cabelos e sendo rápido a alcançar o sofá, deixando o meu corpo se afundar por mais um pouco. "Estive lá por perto, mas honestamente não deu tempo." Confessei, sincero, porque com todas as coisas com Jimin, eu não tinha pensado realmente em visitar Taehyung. "E você? Está por cá?"

"Visitar a família." Ele sacudiu os ombros, descontraído, se sentando do meu lado. "Infelizmente sou portador de notícias ruins."

Eu acabei o encarando de forma assustada, porque não haviam muitas coisas em comum na minha vida e de Taehyung, a não ser que tínhamos cursado juntos antes de ele mudar de cidade e ir dar aulas em uma academia de dança. Mas o que tínhamos em comum, especialmente, era que o Kim conhecia Jimin e era o professor da filha dele.

"O que foi?" Eu me sentei de forma quase instantânea e ele massajou a própria testa, me olhando com piedade.

"Hoje eu recebi uma ligação, sobre a pequena de Jimin, me avisando que ela não apareceria por uns tempos, porque tinha quebrado o braço."

"Estou sabendo." Eu respondi, mesmo sabendo que não era apenas isso, e ele curvou os lábios em conformidade.

"Eu disse que ela poderia participar na mesma, com cuidado, mas me disseram que mesmo assim seria complicado." Ele continuou, prendendo o ar. "Porque a avó dela faleceu hoje."

"Hoje?" Eu perguntei, perplexo, já levantado. "Taehyung, qual avó?"

"Não me falaram." Respondeu rápido, notando o meu desespero.

E eu corri para pegar o meu celular, discando o número de Jimin, desesperado só por pensar que Jimin poderia estar passando por uma coisa como aquelas, mas ao fim de três toques a chamada foi rejeitada e eu estreitei o olhar.

"Me disseram que foi por um acidente de carro."

Eu parei um segundo, me apoiando na mesa da sala e quase rindo para mim mesmo, porque eu nem tinha sido capaz de juntar um mais um.

E era isso que Park Jimin me causava.

Ele nem me deixava raciocinar!

Ele me fazia perder o foco, em tudo, de qualquer maneira, e era incrível que mesmo longe ele não me deixava.

Não me deixava nunca, nem mesmo quando eu queria, nem mesmo quando eu tentei.

Mas eu não tentei por muito tempo, porque quando você esbarra no impossível, você deve se dar como desistente.

"Veio visitar família, Taehyung?" Eu perguntei, massageando a minha própria testa, voltando para a sala e abrindo, dessa vez, os botões dos punhos da camisa.

"Também." Ele respondeu, seco, provavelmente porque não era por isso que estava ali. "Você está melhor?"

"Não foi nada de mais, eu te falei." Eu respondi, exatamente no mesmo tom, voltando a sentar-me no sofá, sentindo-me cansado.

"Já jantou?"

Eu suspirei, negando, relaxando o corpo contra as almofadas e esquecendo o trabalho por um pouco, mas continuei massageando a minha testa, achando que eu seria capaz de evitar a dor de cabeça que estava chegando.

"Você me cansa, Jungkook." Ele declarou, se aproximando de mim e pegando o meu pulso, me puxando em um solavanco para cima, e o meu corpo cansado foi. "Vamos jantar, não vale nem negar." Foi rápido a interromper a minha tentativa de fala, logo me puxando.

"Olha, Tae, nós podemos ped-"

Eu acabei me calando, com a minha cabeça se virando para a porta, como se pudesse ver atrás dela enquanto alguém dava toques nela.

"Está esperando alguém?" Taehyung me perguntou e eu neguei subtilmente, logo caminhando até à porta de mãos nos bolsos, a hábito, e retirando apenas uma para abrir a porta.

"Jeon." A mulher disse, o sorriso dentre os lábios vermelhos bonitos, e logo depois o braço dela passou em volta do meu tronco enquanto encostava a cara na minha, em um beijo falso.

E eu a olhei de cima a baixo, com os olhos pesados, vendo o casaco preto apertado em volta dela, um cinto o prendendo, as pernas nuas e os saltos altos vermelho sujo.

"Entre." Eu murmurei, a vendo passar de imediato, o som dos sapatos ecoando contra o piso.

"Kim Taehyung!" Ela exclamou, adentrando o cômodo e se aproximando dele, logo o abraçando, e eu ri porque eles basicamente se odiavam em silêncio. "O professor de dança!" Acrescentou, me olhando depois com um sorriso de dentes. "Sempre pensei que andasse tendo lições de dança sem eu saber, Jun."

"Sori." Taehyung acabou por a cumprimentar, se largando dela e me imitando, mãos nos bolsos da calça social. "Faz tempo."

"Mas não demais, não é?" Ela piscou, e eu fui obrigado a acompanhar a sua risada. "Bom, eu não sabia que estava acompanhado." Ela se virou para mim, e eu fingi uma tosse interior, a olhando, em sorrisos com Taehyung, que quase infantil fazia coisas nas suas costas.

"Você continua aparecendo, eu não sei quando te avisar." Comentei, sem querer parecer incomodado, porque todas as vezes eram só uma tentativa de reconquista, mas, de todas as vezes, eu estava tão cansado que acabava adormecendo a meio das suas frases galanteadoras.

"Você sabe que eu tenho saudade dessa casa." Ela lamentou, fingindo lágrimas e eu gargalhei, sem perder essa.

"Você sabe que ficou com a outra no divórcio."

E ela riu, tocada pelo que eu disse, e Taehyung gargalhou também, logo depois pigareando quando a mulher o olhou feio por ele rir da nossa piada.

"Jungkook e eu estávamos saindo, mesmo."

"Que pena." Ela comentou, afastando os cabelos do ombro. "Esperava passar algum tempo com você, Jun."

"Perdão." Eu menti, porque mesmo que eu não quisesse sair com Taehyung, sair de casa em geral, sempre era melhor do que ficar e ouvir a minha ex por horas. "Um outro dia, talvez."

"Eu vou cobrar!"

"Eu sei que vai." Eu acabei rindo de novo, tirando as mãos dos bolsos quando ela ficou na minha frente, virando a cara para o lado e esperando que eu beijasse a sua face, e assim eu o fiz, vendo-a sorrir depois e mover-se até à porta ainda aberta, passando por ela e desaparecendo no corredor.

"Eu tenho tanta pena de você, Jungkook, sério, eu nem quero mais sair."

E eu sorri casto, porque ela não era tão má assim, me movendo então para fechar a porta.

"Mando vir?" Eu questionei, pegando o telefone de casa e recebendo a resposta mais óbvia.

Alguns minutos depois, eu me sentei no sofá, do lado do Kim, gargalhando quando ele riu dos meus gemidos cansados ao sentir o conforto do sofá, logo depois de pedir a comida que nós dois gostamos.

"Você está um caco."

"Eu não dormi muito na noite passada." Eu contei, recostando melhor a minha cabeça e me lembrando da noite com Jimin.

Não era possível que Jimin me tenha a seus pés só com um movimento de dança.

Não é possível que eu seja o cara mais babado desse mundo.

Não é possível que ele me tenha feito parecer um moleque quando disse que me amava.

Não é possível que amar Jimin seja como ir ao céu e não querer sair.

"Ficou com ele?" Taehyung me perguntou e eu acenei uma vez antes de deixar o meu corpo escorregar para ficar ainda mais confortável.

"Vão se separar."

Eu acabei engolindo em seco, porque parecia uma coisa tão simples dita daquele modo, mas que eu sabia que seria tão complicada.

"Mesmo?"

"Mesmo." Eu confirmei, confiante, porque as palavras de Jimin estavam na minha cabeça, e eu não queria que saíssem, dizendo que me amava, que me queria, a mim. "Eu só não sei o que eu irei fazer."

"Vai se mudar?"

E eu ri, porque eu nem tinha dito nada e já era tão óbvio.

"Você sabe que eu faria qualquer coisa." Declarei. "Ele não tem nada aqui, para além de que Jimin nunca separaria Yang Mi do pai."

"Você não tem nada lá." Ele salientou e eu acabei fechando os olhos.

"Tenho-o a ele." Corrigi, e para mim chegava.

"E trabalho?"

"As coisas vão se resolver."

"Como tem tanta certeza?"

Eu não tinha, mas naquele momento, mesmo que ciente, eu estava cego. Eu só queria ver o meu futuro com Jimin, eu só queria ver a minha vida com ele, com Yang Mi, com as coisas dando certo para nós e não só por uma semana.

"Às vezes as coisas impossíveis podem acontecer." Eu murmurei, levando inevetivalmente os dedos à tatuagem no meu braço, sorrindo para mim mesmo. "Por falar nisso, preciso conversar com você." Rapidamente me ajeitei, recebendo atenção do mais velho na mesma velocidade.

"E então?"

"Se você quisesse... hun, agora, voltar a dançar, tipo... profissionalmente?" Eu questionei e ele franziu o cenho antes de erguer as sobrancelhas em surpresa, dar um salto e bater as mãos uma na outra uma vez.

"Jimin vai voltar?!"

Eu ergui as sobrancelhas, tomado pela hipótese, tomado pela visão de ver Jimin em um palco para valer, fazendo o que mais gosta e ama.

"É curiosidade..." Eu expliquei. "Eu gostava, e eu sei que se desse ele iria, mas Jimin é terra a terra e meteu na sua cabeça que é um sonho bobo." Continuei, sendo ouvido com atenção, porque eu sabia que até Taehyung era fã do meu garoto. "Mas não é. Eu sei que ele seria capaz, tal como seria naquela altura e desistiu."

"E você sabe porquê." O Kim lamentou.

"Pois sei." Concordei. "E me deixa com tanta raiva. Como o cara não viu que não era o momento? Como é que ele foi tão egoísta?" Resmunguei, um pouco alterado em relação ao assunto. "Você nem imagina. Ele trata Jimin com um grau de superioridade que só me dá vontade de socar a cara dele."

Taehyung riu, acenando em concordância também.

"Eu noto também." Ele respondeu. "Eles não vão muitas vezes pegar a garotinha juntos, normalmente é sempre Jimin. Mas eu vejo."

"É um hipócrita, manipulador."

"Se acalma." Ele pediu, mesmo que não fosse a sério, e eu suspirei, deixando o assunto de lado. "Não foi a mãe de Jimin, pois não?" Mudou de assunto.

"Não." Eu respondi, olhando do outro lado do cômodo o meu celular em cima da mesa. "Mas ele não está atendendo minhas ligações."

"Tente de novo." Sugeriu, ficando de pé. "A comida deve estar chegando, eu vou lá a baixo."

Eu agradeci com um sorriso, e depois de ele sair eu fiquei de pé, indo em passos lentos até à mesa, pegando o celular e discando o número sem cerimônias.

Enquanto aquilo chamava, em altifalante na beira da mesa, eu fui obrigado a apoiar a cabeça na mesma, sentindo a mesma pesada e os meus sentidos fracos.

Jimin não desligou na minha cara, mas a ligação não foi atendida e eu ouvi aquela voz robótica fazendo questão de realçar que Jimin não estava atendendo as minhas ligações.

Preocupado, eu me arrastei para o sofá de novo, me sentindo adormecer sem autorização, então o meu corpo embateu nas almofadas e eu só pude fechar os olhos, pois foi o que me restou afinal.

Na manhã seguinte, eu acordei com um zumbido logo na minha frente, o celular vibrando contra a mesa de centro, ao lado da comida que eu e Taehyung tínhamos mandado vir no dia anterior.

Eu arrastei a mão, percebendo os meus pés descalços ao mesmo tempo, olhando a tela do celular e piscando ao ver a ligação de Kim Taehyung na mesma.

"Bom dia!" Ele exclamou, mesmo antes de eu chegar com o objeto à minha orelha. Sem energia eu o pousei de novo na mesa, em viva voz.

"Bom dia..."

A minha voz acabou saindo rouca da minha garganta seca, e eu precisava me levantar e comer alguma coisa, porque desde que saíra daquela casa à mais de 24h para encontrar Jimin que eu não ingeria nada.

E ao ficar sentado eu percebi o papel colado na caixinha de take away.

BRUNCH, AH! :)

Uma graça, Kim Taehyung.

"Acordou, finalmente."

Eu olhei a tela acesa, vendo que não tinha mais nenhuma chamada dele, mas percebendo uma outra, não atendida às 4h02 da manhã, de... Jimin.

"Sim, me desculpe por ontem." Eu respondi, em murmúrios, apressado, já caminhando pela sala.

"Você estava cansado, está tudo bem."

"Sim. Tae, eu preciso ir, mas se você-"

"Souber de alguma coisa, eu te digo." Ele completou, já rindo, e eu o acompanhei, nervoso, por várias razões. "Até mais, Jungkook."

"Foi bom te ver!" Eu ainda exclamei antes de desligarmos, me apressando a discar o número de Jimin e, ao mesmo tempo, ligar a máquina de café.

Mas, por algum motivo, Jimin voltou a não me atender. Dessa vez nem a decência de ouvir a voz robótica eu tive, porque, mais uma vez, para surpresa das surpresas, ele estava desligando as ligações na minha cara.

No entanto, um pouco desesperado, eu apressei os meus dedos a escrever uma mensagem, porque eu estava realmente preocupado.

Jimin não atendera a minha ligação da primeira vez, desligando-a. Tudo bem.

Jimin não atendera a segunda tentativa.

Jimin me ligara de madrugada, por qual motivo?

E agora Jimin estava impedindo a nossa ligação de novo?

Entre desespero, e desencontros, eu me forcei a pensar em outras coisas, em ir trabalhar e colocar as coisas em dia, em me alimentar antes que eu caísse para o lado, tomar banho, e seriamente pensar, sem ser insensível, que Jimin pudesse estar com Taemin e Yang Mi nesse momento, com a família, onde ele devia estar em um momento delicado como aquele e não falando comigo.

As coisas ainda não batiam certo, mas eu estava tentando.

Então, enquanto bebericava da chávena de café e via a mensagem subindo na tela para ser enviada, eu bloqueei o ecrã e o liguei de novo, só para ter o prazer de ver Park Jimin sem ser apenas na minha cabeça.

Hey, o que aconteceu?
Espero que esteja bem. Amo você.
Jk.
[10h01]

♤♡♤

Poooooooooov jk jk jk jk

O q vcs acharam? :')

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