(68) bips
Bem vindos ao maior cap da fic:
♤♡♤
[P O V P A R K J I M I N]
Encarar a verdade do seu futuro era algo que não devia doer em você.
Mas eu estava olhando a minha, e doía.
Entre os meus dedos eu tinha a sua pele, entre as minhas pernas as dele, entre os meus olhos a sua imagem, dormindo de forma tão calma que até parecia doentio.
E de todas as coisas que eu podia estar tocando, naquele desespero imenso, eu estava passando os dedos pelo antebraço de Jungkook, desenhando, com meus dedos, a tatuagem dele, como se ela não estivesse lá sendo o meu mapa.
Talvez, naquele momento, Jungkook não estivesse muito ciente do que estava acontecendo à nossa volta, à minha volta.
E eu não estava escondendo, só não estava contando.
Os meus dígitos, inquietos, traçaram o seu caminho até a nuca de Jungkook, acarinhado a mesma enquanto eu me juntava mais a ele.
Mas, sem qualquer resquício de coragem restante, eu voltei a me afastar, recolhendo a minha mão para mim mesmo, e depois as minhas pernas, tendo muita relutância ao me virar e deixar aquela cama.
Fora bom encontrar um refúgio em Jungkook, mas eu não merecia um.
E, depois de vestir as minhas roupas e ligar a um táxi de forma rápida, eu me arrastei até ao colchão, ainda sem ponta de coragem, afastando os meus cabelos para trás antes de pousar um joelho no colchão e me baixar perante Jungkook, tocando os seus cabelos de novo.
"Jungkook..." Eu murmurei, mexendo os dedos de um lado para o outro entre os seus cabelos. "Eu preciso ir." Murmurei, deixando o meu corpo escorregar mais um pouco e tocando os meus lábios na sua bochecha.
"Eu te levo." Disse, ainda de olhos fechados, movendo a cabeça levemente para cima, parecendo ainda totalmente adormecido, então eu selei os seus lábios, porque aparentemente ele estava procurando os meus.
"Fique." Eu disse, tocando a sua bochecha com a mão. "Eu já chamei um táxi."
"Hunhum." Ele murmurou, fazendo um bico com os lábios dessa vez, erguendo o queixo, e eu o beijei, rindo baixinho da sua cara e cabelo amassado e me afastando em seguida.
Então eu fiquei de pé, olhando em volta, verificando que eu não deixava nada para trás, para então caminhar para fora do quarto.
"Jimin!"
Eu me virei de abrupto, ouvindo o grito de Jungkook, a tempo de o ver ficar sentado na cama à velocidade de uma flecha, virado para mim, que estava quase atravessando a porta, e ele ficou sentado em suas pernas, apoiado em seus calcanhares, me olhando, apenas com o lençol cobrindo meramente as suas partes íntimas.
Ele passou a língua discretamente pelos lábios, suspirando e mexendo nos cabelos de forma insegura.
Eu o encarei, esperando o que quer que fosse, olhando o seu corpo exposto dali, tão fodidamente bem construído, obra de deuses certamente.
"Eu estou indo... amanhã." Ele avisou e eu apenas pisquei os olhos, entendendo e quase rindo sobre o alarme feito anteriormente.
Eu acenei, mostrando que tinha entendido, e quando ele não disse mais nada eu voltei a retomar o meu caminho, sorrindo para a parede do corredor, mas nem dois passos eu fui capaz de dar.
"Jimin."
Eu voltei a me virar, o vendo na mesma posição, parecendo tão perdido, mas demonstrando exatamente o que ele queria, deixando claro quando o seu olhar se cruzou diretamente com o meu.
Então eu sorri, negando com a cabeça, apressando o meu passo de volta para o colchão, e com pressa eu deixei o meu joelho suportar o meu peso, assim como as minhas mãos me sustentando, juntando então os meus lábios aos dele, sorrindo sobre isso, porque não havia como não o fazer, sentindo as suas mãos segurarem as minhas bochechas enquanto a sua língua se unia à minha de forma clichê. Clichê porque era calmo, à descoberta, mas tão tão bom.
"Faça boa viagem." Eu murmurei, afastando os meus lábios e o olhando, pronto para ir embora, mas voltando apenas para mais um selar, dois... três...
"Não esquece... de mim." Ele murmurou, engolindo seco, e sabendo que havia mais, talvez promessas, eu apenas acenei, mais um selinho e fiquei de pé de novo, saindo dali finalmente, sem querer correr o risco de lidar com aquilo.
Ao ver o táxi através da porta transparente da entrada do condomínio, eu acabei correndo as escadas do lado de dentro, me apressando antes que o taxista pensasse ser um trote.
E por quinze minutos percorrendo ruas dentro do automóvel, eu mantinha o celular entre os meus dedos, o girando contra a minha coxa, ora o desbloqueando e olhando aquele contato, ora o bloqueando e percebendo que eu não seria capaz.
"Você é capaz." O taxista murmurou e eu subi o olhar, assustado, mas percebendo que ele estava olhando o parque do nosso lado, enquanto esperávamos o sinal ficar verde, e um garotinho estava tentando pedalar em uma bicicleta sem rodinhas, com o seu pai o segurando com cuidado.
E eu sorri para aquilo, porque era amável, mas depois eu me deparei com o meu dilema e sem pensar eu disquei o número, levando o celular à orelha e esperando que eu não fosse realmente atendido.
No entanto, ao segundo toque...
"Jimin, amor." Ela disse, com o tom solene como sempre, me saudando e eu olhei o teto do carro, respirando fundo.
"Hey..."
Eu não sabia como as coisas se encontravam. Será que ela estava me odiando?
"Está ligando por causa de Yang Mi?" Ela perguntou-me e eu arregalei o olhar, porque não havia como ela saber.
"Sim... Mas com-"
"Não se preocupe, querido, Taemin me falou." Ela disse e eu arregalei o olhar, realmente chocado, porque era possível Taemin ter realmente contado à própria mãe? Estava jogando limpo? "Nós podemos atrasar meia hora, não é por isso." Ela acabou rindo baixinho e eu estreitei as sobrancelhas, sem entender, olhando através da janela.
"Como?" Eu perguntei, arranhando a garganta e já sentindo a mesma apertar.
"Ou vocês não vão levar a menina na aulinha dela?"
"Desculpe, o que..." Eu acabei murmurando, suspirando, entendendo rápido do que ela estava falando e o que Taemin estava fazendo. "O que Taemin falou?"
"Yang Mi tem aulinha de dança no sábado, mas ele disse que vocês estavam vindo jantar de qualquer das maneiras."
Eu acabei baixando o celular, mordendo os meus lábios com raiva, me contendo de largar um grito ali mesmo, logo retomando a ligação.
"Não, nós não..." Eu disse, sem querer denunciar nada, porque eu nunca seria capaz afinal. "Não é sobre isso." Eu acabei dizendo, de forma menos simpática, porque eu estava realmente com raiva.
Quando você vai se respeitar, Taemin? Quando você vai me respeitar?
"Então? Aconteceu alguma coisa?"
"Não, eu só estava ligando para perguntar se você poderia, hun, buscar Yang Mi na escola?" Eu a questionei, e eu estava tentando fazer uma boa ação, estava tentando mostrar, de alguma forma, a Taemin, que eu não estava afastando Yang Mi dele. "Talvez ficar com ela pela noite?" Ofereci.
"Ah, você está fazendo uma surpresa a Taemin!" Ela exclamou, segura de que seria aquilo e nada mais e eu suspirei em silêncio.
"É só um tempo... para a gente." Eu tentei de alguma forma fazer aquilo soar menos ao que não era.
Era um tempo.
"Tudo bem, Jimin, vocês merecem." Ela disse, e eu quase podia imaginar o seu sorriso fiel.
"Tem algo que você precise?" Eu perguntei, me referindo a qualquer coisa que ela precisasse para Yang Mi.
"Não, Jimin... Você já faz tanto." Assegurou e eu fechei os olhos, me afundando no banco como se fosse tudo o que estava me levando para baixo.
"Eu preciso ir agora..." Murmurei, passando a mão pela parte inferior do meu nariz, me impedindo de chorar jamais por uma coisa como aquela.
Faça mais por você, Jimin.
Eu terminei desligando a ligação, pousando o celular contra a minha coxa, cravando as unhas na mesma e fechando os olhos, respirando fundo.
Quando eu cheguei mais uma vez à casa da minha mãe, e paguei ao motorista pelo seu serviço, deixando o automóvel logo depois, apressado para entrar na casa, com o número de Taemin já sendo discado.
Ele me atendeu enquanto eu enfiava a chave na porta, logo a abrindo e entrando.
''Hey, a gente precisa conversar. Onde você está?'' Eu questionei, sem delongas, mas nada veio do outro lado, me fazendo suspirar e esperar mais um pouco. ''Taemin?'' Eu chamei, porque eu queria me livrar de tudo aquilo de uma vez, mas aparentemente nada estava do meu lado.
''Vou sair do trabalho agora.'' Ele disse, depois de ter engolido em seco e sendo possível ouvir-se através do celular. ''Não poderá ser em um outro dia, Jimin?''
''O quê? Claro que não!'' Eu exclamei, irritado. ''Você está mesmo querendo fugir disso?''
''Jimin...'' Eu o ouvi suspirar, e quase uma ponta de arrependimento, minha e dele. ''Eu sei que você está desistindo, e a gente...''
''Tae.'' Eu chamei, o interrompendo, porque não havia como eu fazer aquilo agora. ''Eu estou indo para casa, ok? Nós conversamos lá.''
''Ok...'' Ele murmurou, incerto. ''Ok... eu te amo.''
Eu o deixei com os bips do término da ligação, me encostando na porta de entrada, encarando o teto e bufando o alto, quase com vontade de esmagar o celular entre os meus dedos, como se eu ao menos tivesse força.
No entanto, com todas as decisões tomadas dentro da minha cabeça, eu me via, minuto sobre minuto, me perguntando se eu seria capaz, se eu não seria esse tipo de cobarde que eu merecia ser chamado.
De qualquer das maneiras, eu apenas segui em direção ao quarto, e, ao entrar, como ninguém tinha subido os estores ou aberto as janelas, o quarto estava escuro, e sobre ele, iluminando tudo, tudo, estava Jungkook, representado por aquele maldito e absurdo presente, aquela luz que incrível que vinha da rosa dentro da redoma, como se ela nunca pudesse ser apagada.
E eu fiquei parado no meio caminho, olhando aquilo, tudo o que eu era capaz de ver, tal como fora por toda a noite que passara.
"Jimin."
Eu acabei saltando, assustado, ligando a luz e vendo a minha mãe na porta, me olhando, e eu sorri torto, descruzando os braços e pegando a pequena bolsa/mala que tinha trazido no dia anterior, a colocando em cima da cama.
"Está voltando?" Ela perguntou, engolindo alto e eu a olhei, quase notando uma ponta de pena, como se ela não me quisesse ver fazendo isso.
"Eu e Tae precisamos nos resolver." Respondi, sem fazer questão de lhe responder de forma propositada à sua pergunta. "Mas, mãe..." Eu suspirei, negando subtilmente com a cabeça.
"Deixe as suas coisas." Ela murmurou, e eu fui rápido a perceber que ela estava segura de que eu voltaria. "Seu pai e eu não nos importamos, você sabe. Será um gosto."
Ela estava tão segura que eu terminaria com Taemin... Ela me conhecia tão bem.
E eu acenei, concordando com a cabeça e pousando a mala de novo no chão, ficando de frente para ela, com as unhas cravando a minha própria pele sem eu notar.
"Será tão difícil..." Eu declarei, certo de que seria, e em passos rápidos ela veio até mim, abraçando os meus ombros.
"Você vai se dar bem, Jimin." Ela me disse, afegando a minha bochecha e o meu cabelo, enquanto eu ficava ali, de forma quase ridícula, apoiado em um pé e brincando com o meu cotovelo entre os dedos. "Se não tem pelo que continuar, não continue."
Eu me sentei na cama, passando a mão pela testa que já parecia suar só de pensar, sorrindo cínico.
"Não tem pelo que continuar faz um tempo." Eu confessei, baixando as mãos e segurando o lençol abaixo de mim, amassando o tecido entre os dedos. "Mas eu continuei, mãe, eu realmente fui esse tipo de pessoa."
"Você fez o que pôde." Ela assegurou, passando a mão pelos cabelos da minha nuca.
"Não, mãe, eu fiz o que não devia."
"E vai chorar pelos erros do passado?" Ela resmungou rapidamente, me fazendo olhá-la, porque se ela soubesse... "Ou olhar para um futuro melhor?"
E quando você não é capaz de ultrapassar os erros? Quando você não quer? Quando não foi um erro?
"Mãe..."
"Vá e faça o que tem a fazer, Jimin." Ela disse-me, puxando a minha mão e me fazendo ficar de pé. "Quem tem de esperar por você, está esperando. Eu vou estar aqui."
Eu fechei o olhar perante aquilo, porque ela não sabia, mas aquele era o melhor concelho de todos.
E, a partir dali, foi tudo como um flash devastante, que desgasta e te faz ceder.
Eu conduzi de volta para casa, com plena calma, como se eu pudesse sorrir à vida e gritar que eu estava vivendo o melhor de dois mundos. É, sim, estilo Hannah Montana.
Quando eu vi o carro de Taemin na entrada da casa, eu deixei o meu na berma da estrada, ficando parado lá por um tempo, sabendo que eu precisava de qualquer apoio naquele momento, mas sem sequer pensar em procurar algum.
Eu precisava entrar naquela casa e fazer o que eu tinha a fazer, e era muito mais do que terminar com Taemin, era despedir-me dela, era magoar alguém, era modificar a vida toda de Yang Mi, alguém que nunca nunca deveria ter sido envolvida, era tudo se tornando em um nada.
Mas em um flash, novamente, eu ouvi a porta bater com tanta força, e eu vi Taemin deixar a casa, andando em passo quase corrida até ao carro, entrando no mesmo e logo saindo da entrada da casa com extrema pressa e sem cuidado algum.
E totalmente estupefato eu peguei o celular e disque o número dele, sem fazer a mínima ideia do que estava acontecendo.
"Jimin!" Ele praticamente gritou e eu me assustei.
"O que está fazendo? Onde está indo?!" Eu o questionei, me sentindo de algum modo apressado também, ligando o carro de novo.
"Jimin, elas..."
"O que foi, porra?!" Eu exclamei, percebendo que ele estava chorando de forma desesperada, quase soluçando.
"Yang Mi!" Ele gritou e eu arregalei o olhar. "A minha mãe pegou ela na escola, e elas estava vindo e-"
"O que aconteceu?" Eu perguntei, com todo o peso do mundo nas minhas mãos, a culpa daquilo era toda minha.
Quando Taemin foi capaz de me dizer para que hospital ele estava indo, eu acabei ficando parado no lugar, porque eu já achava estar carregando o peso do mundo nas minhas costas, mas daquele modo eu não podia nem me mexer, e quando ele chamou o meu nome eu não fui capaz de responder, arrastando os meus dedos para terminar a ligação e ficar quieto no carro, com lágrimas escorrendo.
Ainda assim, os meus dedos ainda deslizaram, de forma tão lenta, quase impotente, pelo ecrã do tablier, olhando a lista de últimas chamadas, tocando o nome de Jungkook.
E o som da ligação se iniciando começou, ecoando pelas colunas do carro, me fazendo ter um pouco de esperança que eu poderia ter um ponto de refúgio, que eu poderia gritar e chorar e tudo a que eu achava que tinha direito.
Daquele modo, eu pude ouvir os inúmeros bips, a chamada chegando ao fim, e desesperado eu batuquei o dedo no ecrã de novo, passando por todo o processo novamente.
Eu precisava de Jungkook, nem que fosse só a sua voz, mas tudo o que eu recebi foi a voz robótica me indicando que a minha ligação tinha caído na caixa.
O que você faz quanto está caído e precisando de quem te protega? O que você faz quando seu ponto de abrigo não está lá para você?
O que você faz quando o que você mais precisa... Não está lá?
O que você faz quando se atreveu a chegar no limite, confiante na segurança de qualquer coisa que você nem consegue mais mencionar, porque você está destruído e sem forças, e tudo o que você precisa não está lá?
O que você faz?!
É triste, tão triste.
É triste que tenha sido em um momento como aquele que eu percebi que eu amava Jeon Jungkook.
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