(61) JIMIN

[P O V   P A R K  J I M I N]

Quando Jungkook adormeceu não era realmente minha intenção ir embora sem lhe dizer nada, porque ele não merecia e eu não era capaz, mas à medida que o tempo ia passando e Jungkook não acordava, eu via-me sem coragem para o acordar também, porque ele parecia estar finalmente descansado. 

Então eu estava em um impasse, me perguntando se seria ruim deixar um bilhete, e se não onde eu arranjaria papel e uma caneta por ali. Se seria ruim deixar uma mensagem no seu celular, se ele se sentiria mal por isso. Mas todas essas coisas não passavam de desculpas, porque eu não queria realmente ir embora sem falar com ele antes, sabendo que ele teria de ir embora, voltar para a sua vida. 

No entanto, no meu último tempo, nos meus últimos minutos antes de ter que voar dali para fora e ir buscar Yang Mi na escola, eu coloquei a mão na bochecha dele, como dormia de lado, no entanto, não era minha intenção acordá-lo, mas mais do que quente, Jungkook estava escaldando. 

A minha mão subiu, cuidadosa, para a sua testa, me mostrando como ele não estava melhorando, como o remédio não dera efeito.

''Jungkook...'' Eu acabei murmurando, me aproximando, tocando a sua face, bastante assustado, certo de que aquilo era uma urgência e ele precisava o mais rápido possível ir a um hospital. ''Jungkook, por favor.'' Eu disse, mexendo ainda na sua bochecha, vendo como ele se remexeu perante o meu tom atordoado e assustado, se aproximando de mim também, murmurando e pousando a sua mão sobre a minha, também tão quente. 

''Amor...'' Resmungou, passando o braço pelo meu pescoço, por cima, juntando a sua face à minha, tocando o seu nariz no meu, sem notar a sua quentura. 

''Jungkook, você está-'' 

''Jimin, eu te amo.'' Ele disse, resmungando, se ajeitando melhor, com o corpo para mais perto, e eu arregalei o olhar, vendo como ele ainda mantinha os olhos fechados. ''Jimin, eu tenho a certeza que eu sou apaixonado por você, não vai embora.'' 

E eu abri a boca, percebendo o que ele estava falando, percebendo o estado doente dele, a forma como ele ainda parecia dormente e alucinado. 

''Jimin, eu amo como você é você.'' Murmurava, os dedos se entrelaçando nos cabelos da minha nuca, juntando as nossas testas e me dando certezas de que eu ainda estava ali. ''Jimin, eu amo como você é, cada parte de você, porque você foi todo feito para mim, baby.'' 

Eu neguei com a cabeça, incapaz de dizer alguma coisa, mas Jungkook nada fez, sem mover nem um músculo, a não ser a sua língua, à medida que as palavras saíam da sua boca de uma forma simplória, como se ele não estivesse ditando as palavras mais severas e afiadas no meu coração. 

''E todo eu foi feito para você, porque sem você, Jimin...'' Ele ia dizendo e eu acabei fechando os olhos, deixando me levar pela atmosfera, movido pela emoção. ''Jimin, eu amo como você sorri e como você pisca os olhos de forma tão lenta. Eu amo como você fecha as mãos em punhos quando ri demais, tentando segurar a sua risada da forma mais doce desse mundo. Jimin, eu amo como você se encosta para trás na cadeira quando termina a sua refeição e depois sorri, satisfeito, me olhando. Eu amo quando você me olha.'' 

Eu deixei. Eu deixei que ele continuasse falando. Eu realmente deixei. 

''E eu amo quando você me aperta tanto enquanto dorme e você nem sabe, Jimin...'' Ele quase lamentou, choramingando contra a curva do meu pescoço, para logo retomar a sua posição. ''E você nem sabe como eu me derreto quando vejo você lutando com o seu cabelo, resmungando com aquele pequenino que fica vindo em sua testa!'' 

Engoli em seco, como se fosse aliviar o sentimento de culpa, toda a culpa, só culpa. 

''E eu te amo, Jimin.'' Ele retomou, e o meu nome já escapava dos seus lábios, com o tom tão baixo, tão sonolento, tão absurdo. ''Eu amo como você aquece o meu coração, eu amo como você ama a sua filha, Jimin, eu amo tudo.'' Declarou e eu prendi o ar, pressionando os meus olhos com pressa, com pressão, negando para mim mesmo e segurando o choro. ''E eu estou amando por tanto tempo, baby, você nem vê! Você nem vê quando eu seguro a sua cintura e o meu mundo cai. Você nem vê que não é mais sobre prazer, você não vê quando eu tiro fotografias suas e como eu tenho um álbum só seu, desde as suas fotos comendo camarão para aquelas que você fica olhando o pôr-de-sol ou está dormindo.'' 

E ele negou com a cabeça e quando um fungar veio eu não soube dizer se foi meu ou dele. 

''Você nem vê, Jimin.'' 

Eu achei que tivesse terminado, achei que eu não aguentaria mais e eu não aguentaria. 

''Jun-'' 

''Você nem vê, Jimin...'' Ele murmurou, mesmo que com a puxada de ar fosse parecer que ele ia gritar. ''Jimin.'' Repetiu, o braço me apertando mais contra ele, as nossas testas completamente coladas e todos aqueles sussurros diretos para mim me levando à loucura. ''Não era para a gente se apaixonar.'' E não era. ''Não era para você me prender, não era para você tomar todo o espaço da minha cabeça. Não era para eu me lembrar de você sempre que eu vejo uma rosa, não era para você tomar conta de mim quando eu ouço a sua voz passado tanto tempo. Jimin, não era.'' 

E eu concordei, extasiado, percebendo o meu rosto húmido, fungando e chorando perante toda aquela situação, como depois dela não teria volta, como a minha vida já estava um caos e aquilo...

''Mas é e eu te amo.'' Concluiu. 

Não. Não, não concluiu. Ainda tinha muito para ele dizer, mas sem palavras para mim. 

''Jimin, eu te disse tantas vezes, você me disse tantas vezes, Jimin, como pôde?'' Perguntava-se, e eu fui tomado para a liberdade, com todo aquele calor que começava a emanar para mim. ''Como pôde?''  Repetia, mexendo a sua cabeça de forma lenta contra a minha, os dedos entre os meus cabelos se mexendo de forma inquieta. ''Jimin, eu não vim por você, baby. Eu te disse, eu sei. Mas eu vim por mim. Eu vim porque eu não podia mais estar sem você, porque é insuportável para mim ficar tanto tempo sem saber de você. Jimin, não te ver, ou te tocar, ou te ouvir, não está dando mais para mim, Jimin, eu quero mais, eu quero muito mais.'' 

E eu sorri torto, sem ele ver, notando os nós dos meus dedos esbranquiçados, aparentemente depois de tanto tempo segurando o tecido amassado do lençol entre os dedos, tentando conter o inevitável, até que eu selei os seus lábios, o puxando para o abraçar, ouvindo quando ele suspirou e lentamente se recostou sobre mim. 

''Jimin.'' Disse, abafado, tão quente contra mim. ''Jimin, eu quero te amar e você não me deixa, ninguém deixa, Jimin.''

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