(56) imagination
[P O V P A R K J I M I N]
''Jungkook?'' Eu arranhei a garganta, incerto sobre tudo aquilo, segurando o celular contra a minha orelha com as duas mãos enquanto me afastava do brinquedo, demasiado barulhento.
''Hey.'' Ele disse, num tom não muito alto. ''Você está... hun... ocupado?''
"Estou com a minha filha." Eu respondi, descansando um pouco, sabendo que ele parecia tão incerto quanto eu, largando uma mão no bolso da calça enquanto caminhava um pouco para mais longe. "No parque."
"Essa hora?" Questionou, pigareando também.
"É um parque de diversão." Eu respondi com um sorrisinho bobo.
"Ah." Ele pareceu entender, suspirando quase de forma inaudível. "E ela está se divertindo?"
"Aparentemente." Eu ri um pouco, porque aquela era realmente uma conversa sem noção. "Ela está se divertindo muito, Jungkook." Eu acabei dizendo, sem conter a minha risada alegre, e Jungkook soltou uma também, tão inesperada.
"Você comprou sorvete para ela e todas essas coisas?"
"Algodão doce." Eu respondi em concordância. "Ela prefere algodão doce."
"Ela comeu hambúrgueres e coisa assim também?"
"Sim..." Eu murmurei, me sentando no muro da periferia da festa. "Ela sujou a minha camisa e tudo." Eu contei, divertido, passando a mão pela mancha já seca. "E a dela."
"Criança não é criança se não estiver suja."
Pois não, Jungkook.
"Você tem razão." Eu respondi entre outro riso, porque era tão contagiante!
"E você está se divertindo?" Ele continuou e eu sorri, olhando o céu, sabendo que pelo menos, sendo clichê ou não, nós estávamos sob o mesmo.
"Estou." Confirmei. "Yang Mi sempre me diverte."
"Yang Mi é um anjo."
Pois é, mas você foi quem veio caído do céu.
"Ela está usando o seu chapéu hoje." Eu contei, sem qualquer fecho naquele momento. "Aquele que você... uma vez-"
"Eu lembro." Ele me cortou, provavelmente percebendo a minha atrapalhação. "Ela guardou ele, mesmo?"
"Aparentemente." Voltei a dizer, sem saber como realmente agir agora que me sentia extasiado e sem nunca querer terminar aquela conversa boba. "Ela está num brinquedo agora."
"Sozinha?"
"Com um amigo." Eu disse, inseguro sobre, mas sem motivo para tal. "Foi... Foi um dia complicado."
Eu não queria lhe contar, não queria que ele entendesse errado, não queria que de modo algum ele pensasse que eu estava largando tudo ali, de um dia para o outro.
"Perdão." Ele pediu e logo a seguir da voz esganiçada eu o ouvi tossir, um pouco longe do microfone, para então voltar e fungar. "Você está bem?"
"Você está doente?" Eu murmurei, me achando o mais bobo por achar aquela a cena mais bonita.
"Eu acho que... Não, não estou." Ele alterou a sua resposta e eu sorri perante a preocupação dele de não me preocupar a mim.
"Eu te agradeci por ter cuidado de mim?" Eu perguntei, perplexo, assustado pela ideia de não o ter feito. "Quando eu estive doente?"
"Claro que sim." Ele acabou rindo de novo, tossindo minimamente.
"Foi uma semana tão ruim." Comentei, batendo a mão na testa e respirando fundo.
"Não foi." Retrucou, rindo. "Você adoentou, mas não foi por sua culpa. E de qualquer das maneiras foi bom." Justificou e eu estava acenando, como se ele pudesse me ver. "Se fosse agora ainda seria bom."
"É." Eu respondi. "Mas se fosse agora eu quem estaria cuidando de você."
"Ah..." Ele quase resmungou. "Isso seria tão bom."
"Você precisa tomar alguma coisa." Eu resmunguei, sem me aperceber do que estava prestes a fazer. "E comer algumas sopas consistentes, não daquelas ruins de mercado. Essas quase só são água. E pare de sair na rua com o cabelo molhado, eu sei que você faz isso!" Eu resmungava, completamente inconsciente e absorto da forma como ele se tinha calado para me ouvir. "E se agasalhe, o frio ainda não foi embora."
"Se você tivesse aqui eu estaria quente." Ele respondeu-me e eu me calei por um segundo.
"Pare com isso!" O mandei, de forma brincalhona, apoiando os meus cotovelos nas minhas pernas e vendo algumas pessoas deixando o recinto ocasionalmente.
Ele acabou rindo, me fazendo rir também e prolongando aquele momento.
"Como Yang Mi vai? Nas aulas de dança?" Ele retomou a conversa e eu neguei para mim mesmo com a cabeça. "Ela ainda anda, não anda?"
"Sim." Eu o respondi, apoiando o queixo na minha mão e me sentindo um idiota por estar sorrindo sozinho. "Ela se dá bem."
"E a matemática?"
Você se lembra?
"Tem complicado um pouco..." Eu comentei, porque ultimamente ela andava pedindo mais ajuda nos trabalhos de casa.
"E os desenhos?"
"Ela está sempre fazendo." Eu comentei, mais contente sobre isso. "Tem uma caixa com um monte deles. Sério, eu não sei onde ela ganha tanta vontade."
E ele riu, provavelmente porque compreendia.
"É bom desenvolver a imaginação." Ele disse-me de forma cúmplice. "Você usa a sua?"
"Às vezes." Eu murmurei, tocado por aquilo. "Quem não usa?"
"Às vezes me sinto obrigado a desistir dela." Ele contou e eu ouvi, atento, interessado em tudo o que ele dizia. "É um pouco ruim."
"Você?" Eu me peguei perguntando, ouvindo-o tossir mais uma vez. "Jung-"
"É muito ruim." Ele disse, provavelmente sem notar a interrupção. "Você se permite ver as melhores coisas, provavelmente as que mais deseja, mas depois você abre os olhos e não tem nada." Ele explicou e eu voltei a acenar, compreendendo sobre o que ele falava. "É uma arma contra si próprio." Concluiu. "Mas Yang Mi está na idade e se ela se expressa em desenho isso é muito bom. Me soa a talento nato."
"Não sei de quem ela pegou." Eu acabei comentando, guardando aquela melancolia toda para mim. "Eu sou um zero e- Bom, não tem ninguém na família bom."
"Você conheceu os pais dela?" Ele perguntou-me e eu baixei um pouco o sorriso incontido. "Talvez eles fossem bons."
"Eu..." Acabei murmurando.
Eu disse que não. Disse que não queria conhecer os pais dela, disse que não era relevante se eles a estavam abandonando no final. Disse que eu não precisava de saber sobre a vida deles, porque Yang Mi seria minha dali em diante, eu a educaria.
Mas não. Taemin realmente investigou a vida deles, tendo a certeza de que ninguém de alguma família ruim viria parar em nossas mãos. O sangue dela tinha que ser como o seu, perfeito.
"É um assunto delicado?" Ele perguntou e eu bufei em silêncio.
"Não os conheci." Confessei, sem me arrepender por isso. "Talvez ela tenha pegado realmente deles."
"Pelo menos a beleza ela pegou de você." Ele brincou, daquela forma natural, mas sincera, sem ponta maldosa.
"Você se sente quente, Jungguk?" Eu coloquei e ele riu.
"Ah... Nós vamos retomar esse assunto?"
"Só coloca a mão na testa." Instrui e imediatamente eu ouvi o baque da sua mão contra a sua pele. "Está quente?"
"Um pouco..." Resmungou.
"Você está com muitas roupas?"
"Jimin...."
"Está?"
"Estou de calça, apenas."
Eu acabei mordendo o meu lábio, só de pensar nele daquela forma.
"Você deveria dormir um pouco." Eu disse, mesmo que contragosto. "Descansar, fazer aquilo que lhe disse."
"Você pode cantar um pouco?"
"Não... Não é o lugar." Respondi, tocado pelo pedido. "Me desculpe."
"Tudo bem." Declarou e o ouvi se mexer, provavelmente ele estava na cama. "Me desculpe por ter tomado o seu tempo. Se divirta com Yang Mi e- "
"Jungkook." Eu o parei, sabendo que já era sua intenção desligar a ligação.
"Sim?"
"Cuide de você." Eu pedi, sem fôlego. "Se lembre que a imaginação, às vezes, pode nos salvar dos terrores da realidade." Disse-lhe, apertando o telemóvel com força entre os dedos. "Beijo."
A imaginação era como aquilo... Tão boa, mas tão finita.
♤♡♤
Eu queria trazer um jikookzinho ainda hoje, mas eu não podia alterar meus planos dessa forma brusca, mesmo que eles não sejam muitos e eu esteja me deixando levar...
Espero que tenham gostado...
Considerem isso um obrigado pelos 23k ♡
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