(38) jin

[P O V   P A R K  J I M I N] 

Dali a cinco dias... 

Dali a cinco dias eu estaria vivendo o que seria, nas palavras de muitos, a melhor semana da minha vida. 

Pois é, era a minha lua de mel. 

No entanto, um pouco perdido, sentado no meu escritório, alguns minutos depois do final do expediente, com as luzes apagadas, eu batucava a ponta de uma caneta no tampo da mesa, impaciente, sem saber como ir para casa sem as ideias em ordem. 

E já passava quase uma hora do meu horário, quando eu me levantei, sem nada concreto em mente, pegando o meu casaco e suspirando ao deixar a sala. 

Então, mesmo que não fosse suposto, porque não era só o meu expediente que havia terminado, eu avistei Seokjin no final do corredor. 

"Jin!" Eu chamei e rapidamente ele se virou. 

Mas entenda que não era para ele estar ali. 

Não àquela hora, ou naquele corredor, nem naquele piso. 

Não era para ele estar ali!

"Ah, Jimin." Ele murmurou, aproximando-se de mim com um sorriso em rosto. "Ainda por aqui?" 

"Entre, por favor." Eu pedi, quase aflito com aquilo, mas tão feliz por estar fazendo aquilo. 

Eu abri a porta ao meu chefe e rapidamente entrei também, passando para o outro lado da secretária rapidamente. 

''Aconteceu alguma coisa?'' Ele perguntou, vendo-me abrir a gaveta com alguma pressa, mas porque era o ato mais impulsivo que alguma vez tomara conta de mim. Então eu neguei com a cabeça, pousando um monte de papéis em cima da minha mesa e olhando-o em seguida, pidonho. 

''Eu sei que é um pedido grande.'' Eu murmurei, repuxando os meus cabelos para trás e suspirando. 

''Não estou entendendo.'' Seokjin disse, sem precisar de muito tempo para entender o que era aquilo, sorrindo-me de canto ao subir o olhar para mim. ''A sua lua de mel não é só na outra semana?'' 

''Sim!'' Eu exclamei, sem uma desculpa para aquilo, sem qualquer uma planeada na minha mente. E então, o jogo sujo chegou ao meu cérebro. ''Taemin está um pouco stressado, e nós temos algumas coisas por fazer. Eu só pensei que eu pudesse... tirar esses dias para tentar ajudá-lo.'' 

''Oh, claro, Jimin.'' Ele rapidamente cedeu, puxando os papéis para si e voltando a folheá-los. ''Mas Taemin não está em trabalho também?'' 

''Sim.'' Eu quase murmurei. ''Por isso é que acho que devia tratar das coisas por ele.'' 

''E isso não é trabalho a mais?'' Ele acabou rindo, largando as folhas soltas, cheias de relatórios de todos os livros que haviam na minha pasta. 

Eu estava a cometer o pior erros de todos. 

As regras para que uma boa mentira não seja descoberta é mentir o menos possível. 

Entende?

Tem aquela coisa grandiosa, mas tem aquelas que podem tudo fazer dar torto, e era isso que eu fazia naquele momento. 

Por exemplo... O que eu faria de Seokjin se cruzasse com Taemin e ele acabasse, por coincidência, perguntando se ele está menos nervoso?  O que eu faria quando Taemin o olhasse de sobrancelha erguida e lhe perguntasse do que ele estava falando? E aí Seokjin diria que eu tinha trabalhado demais para o poder apoiar, e Taemin o diria que ele estava confundindo, pois eu estava, claramente, a trabalho! 

Muito bem, Jimin, o pior mentiroso do ano. 

Mas, respire. 

Quando eu pude me livrar de Seokjin, que me perguntou se eu ficaria na empresa e eu disse que sim, eu tive de me sentar em frente do computador, com a maior pressa nos meus dedos trémulos, buscando pelo site do aeroporto na barra de pesquisa do computador. 

E eu decidi, por precaução, nem olhar o preço dos vôos que eu estava marcando para essa madrugada, mesmo que eles não pudessem mudar a minha decisão por aquela hora. 

E quando eu saí, finalmente, daquela empresa, sabendo que não voltaria em duas semanas, e com os maiores agradecimentos a Kim Seokjin, eu fui direto a uma caixa de multibanco, para depois poder então passar a ir para casa. 

Ir para casa seria o mais difícil, depois de já ter ignorado três ligações de Taemin. 

No entanto, ao entrar em casa, com um talão de multibanco amassado dentro do bolso do meu casaco, depois de pousar a minha mala no bengaleiro, eu ouvi os guinchinhos de Yang Mi ao longe, logo andando mais depressa para ir ao seu encontro e a receber nos meus braços, pegando-a e sentindo os seus bracinhos em meu redor. 

Mas, o que ressaltou a visão, quando Yang Mi se largou um pouco e eu pude abrir os olhos, foi Taemin, uns passos longe, de braços cruzados, com o semblante chateado, fazendo-me pousar Yang Mi no chão, de sobrancelha franzida. 

''Papai!'' Ela puxou a ponta dos meus dedos e eu encarei-a, sorrindo de lado. ''Vem ver o que eu fiz na escola!'' 

Então eu arregalei o olhar, entendendo rapidamente porque Taemin estava daquele modo. 

''Eu já vou, Yang...'' Eu murmurei, assustado comigo mesmo, sem acreditar que aquilo tinha acontecido. ''Vai para o seu quarto, está bem? Eu já lá vou.'' 

Yang Mi acenou, sorrindo-me a mim e ao outro pai, logo saindo dali aos saltinhos, e eu olhei Taemin, aproximando-me dele e segurando as suas mãos. 

''Me desculpe!'' Eu pedi, quase desesperado, e ele me largou. 

''Como você esqueceu de pegar Yang Mi?!'' Ele quase gritou, logo dando uma olhada ao corredor e entendendo que tinha que baixar o tom. ''Onde você andou? O que foi tão importante que não pôde sequer avisar?'' 

''Tae-'' 

''Eu recebi uma ligação da escola, Jimin! Você não avisou!'' 

Eu fechei os olhos, e acabei ficando de cócoras, esfregando a minha cara contra a palma das mãos, tentando acordar daquele pesadelo horrível, sem entender como é que aquilo tinha acontecido, para depois abrir os olhos e perceber que era a realidade mais crua. 

''Eu esqueci, eu tinha- eu...'' Eu suspirei, deixando os joelhos caírem contra o piso, porque aquele era, para mim, maior do que qualquer outro erro que eu pudesse ter cometido na minha vida inteira

''Eu não acredito, Jimin...'' Ele murmurou, sentando-se no braço do sofá, desapertando os primeiros botões da sua camisa estampada e negra, olhando-me, apreensivo. 

''Me desculpe.'' Eu disse, sincero, quase com lágrimas nos olhos, sem realmente entender como é que aquilo tinha tomado conta de mim daquele modo. ''Me desculpe mesmo, Tae, eu não sei o que aconteceu.'' Eu dizia, sem desculpas naquele momento também. ''Eu tive uma reunião de última hora e eu...'' 

Mentiras e mais mentiras. 

''Uma reunião?'' Ele perguntou, tão surpreso quanto eu, no entanto, com todas as mentiras acumuladas, aquela seria só mais uma. ''O que foi?'' 

Eu fiquei de pé, ficando mais perto dele, e suspirando, respirando fundo, tratando de descansar os meus pulmões e coração de qualquer modo. 

''Eu...'' Comecei, tentei, afinal. ''Avisaram hoje que... aquela reunião, de todos os anos...'' 

Era impensável. Uma semana antes de sua lua de mel, Jimin! Quem é você?

Quem é você, foda-se

''O que você está dizendo?'' Ele estreitou as sobrancelhas mais uma vez, furioso. ''Jimin!'' Exigiu. 

''Tem uma reunião!'' Eu respondi no mesmo tom. ''É trabalho, até domingo.'' 

''Domingo?!'' Ele praticamente explodiu, ficando de pé, e eu acabei me assustando, recuando um passo, agora que ele parecia, e era, muito mais alto à minha frente. ''A nossa lua de mel começa domingo.'' 

''Eu sei.'' Murmurei, com os braços cruzados na frente do peito. ''Mas é trabalho.'' Acrescentei, desgraçado. ''E eu estarei cá pela manhã.'' 

''Assim do nada? Quando você vai?'' 

''O meu voo é em algumas horas, Tae...''  

Então Taemin, que estava algures de costas para mim, virou-se, olhando-me de esguelha, completamente chateado, aproximando-se e inclinando a cabeça na minha direção. 

''Desculpe?'' 

Eu acenei uma vez, sabendo que ele queria uma confirmação, e Taemin simplesmente bufou, atirando as mãos ao ar, dando-me as costas mais uma vez, mãos na cintura, o olhar no teto. 

''Tudo bem.'' Ele disse, e eu acabei empinando o nariz, porque eu não estava pedindo autorização. ''Talvez faça bem a você.'' 

''O que quer dizer?'' 

''Que você anda estranho à alguns dias.'' Ele encolheu os ombros, de frente para mim, mas longe. ''Não sei o que vem acontecendo, mas talvez você realmente precise disso para não estragar a nossa lua de mel.'' 

Ah, Taemin... Você nem sabe o que acabou de fazer. 

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