(25) Motel or Hotel?
[P O V P A R K J I M I N]
Tudo o que sentia depois de Jungkook ter deixado o meu escritório, porque os dois ouvíamos o seu assistente à sua procura, era completamente culpa. Culpa por todo o lado, a deixar as minhas narinas, a preencher os meus pulmões, no meu coração apertado, a cada passo que dava.
Como eu fora capaz de fazer aquilo?
No seu escritório, Jimin? Mesmo?
Agora o sentimento de traição corrompia-me o sangue, enquanto eu caminhava pelo corredor em direção à sala de reuniões, ajeitando o colarinho da minha camisa. Camisa esta que eu fora obrigado a pôr por dentro das calças, já que por fora realçava o amassado que Jungkook tinha feito na minha roupa, enquanto a tirava de mim. E eu não estava habituado a andar daquele modo, porque realçava as minhas pernas e a minha bunda, e não era algo que eu achasse adequado para o trabalho.
Quando eu adentrei a sala, Jungkook estava, com o seu corpo grande, e uma mão na cintura, quase sobre um corpo pequeno, que devia ser o seu assistente, um garoto mais novo de certeza, apontando algo em uma papel que estava na mesa comprida, os dois de pé. E eu me roí um bocadinho, porque eles pareciam próximos e eu tinha aquela ideia absurda de que Jungkook era extremamente profissional.
Ele subiu o olhar, sem mexer a cabeça, sorrindo de canto, e eu apenas encostei a lateral do meu corpo à mesa, olhando por cima do ombro para tentar perceber onde estava todo o mundo.
''Você pode pegar café para mim, Dae?'' A voz dele chegou em meus ouvidos e eu olhei-o, vendo-o afastar-se apenas para que o outro saísse, acenasse e então olhasse para mim. ''Você quer, Park?''
Eu revirei os olhos disfarçadamente, negando com a cabeça, vendo o garotinho de cabelos pretos sair dali.
''Hum...'' Jungkook inclinou o corpo, como se espreitasse para trás de mim, se insinuando, e eu apenas me virei para que o seu olhar não chegasse sequer às minhas costas ou ao que ele queria realmente ver, pousando as minhas mãos na mesa e fuzilando-o com o olhar.
''Pare.'' Eu mandei, antes que palavras sujas deixassem a sua boca, porque era isso que ele fazia agora, jogava sujo, muito sujo.
Sujo como o meu escritório.
Ele negou com a cabeça, logo ajeitando a postura.
''Kim Seokjin.'' Ele anunciou, caminhando do lado da mesa, apertando o botão do paletó, abraçando o meu chefe. ''Isso vai ser curto, não é?''
''Sim, claro, se assim o quiser, Jeon.'' Ele respondeu, sorridente, se afastando, pousando alguns papéis em cima da mesa.
''Eu combinei um café com o seu empregado, para que falemos das coisas mais concretas sem que seja tão massivo.''
''Sim, claro, Jimin sempre prefere desse jeito.''
Foi então que eu ergui o rosto, porque até então não me tinha ocorrido que falassem de mim, porque Jungkook não tinha realmente marcado nada comigo, a não ser a minha clavícula, claro.
Seokjin estava me olhando e eu senti-me completamente vermelho, quente, com raiva daquele... daquele ser! O que Jungkook queria mais, afinal?
''Certo, Jimin?'' Ele perguntou, com aquele tom de quem já tinha perguntado algo antes e eu não tinha obtido resposta. Eu acenei lentamente, querendo poder assassinar Jungkook dali por fazer uma coisa daquele tipo. ''Então de resto eu acho que não precisamos falar mais nada, não é? Esta pasta é para você.'' Jin disse-lhe, explicando sucintamente. ''Tem todos os detalhes. Você só precisa assinar aqui e garantir os investimentos.'' Ele falou, entregando uma caneta ao mais velho.
E então ele debruçou-se sobre a mesa, com a caneta na ponta dos dedos, olhando para mim enquanto rabiscava a folha sem olhar, passando para a próxima e fazendo o mesmo. Eu acabei desviando o olhar, porque me sentia tomado, consumido, pela raiva que tinha dele naquele momento.
Ele não podia entrar na minha vida daquele jeito, sem nenhuma justificativa, indo contra todo o plano, indo contra tudo o que nós dois tínhamos lutado para construir e fazer resultar. Não podia.
E eu não queria ter raiva dele, mas era muito fácil quando ele estava longe. O pior era quando se aproximava, com aquele olhar galanteador, mas severo, que me fazia tremer até os cabelos, e sabe como é impossível tremer cabelo, não é?
Nós estávamos para lá do impossível.
Quando eu voltei a olhar os dois, eles já se despediam, com Seokjin agradecendo insistentemente enquanto Jungkook ria, alegre. E então ele enfiou os papéis na sua mala, com o assistente voltando com um café em mãos, e Jungkook devia tomar muita cafeína, pois bebeu o copo em um gole só, atirando depois o copinho de plástico para o caixote, acertando, que nem uma criança.
E então ele ia caminhar para fora, e eu seria livre para o ignorar dali em diante, chateado como eu estava, até ele parar do meu lado.
''Espero você la fora, não é?''
E Seokjin estava levantando os polegares para mim, obrigando-me a acenar uma vez, pois eu ainda estava em horário de expediente, sobre as suas ordens.
Mal Jungkook saiu daquela sala, Seokjin correu para me abraçar.
''Você é mesmo um máximo, Jimin!'' Ele guinchou, abanando os meus ombros, e eu sorri, modesto. Eu não tinha feito nada! ''Eu até pensei que ele não fosse aparecer, mas bom trabalho.'' Ele congratulou, apertando um dos meus ombros e saindo depois.
Eu girei em meus pés, decidido a acabar com aquela palhaçada o mais rápido que conseguisse. Ele estava realmente do lado de fora da sala, sorrindo convencido, esperando que eu caminhasse e eu assim eu fiz, direto ao elevador.
E eu não podia fazer nada, porque a cabeça de amora ainda se encontrava ali. E eu tinha notado a minha falta de casaco, telemóvel, qualquer tipo de pertence, mas não iria pedir para voltar, pois tencionava voltar rapidamente, sem ele.
Quando nós chegámos ao rés-do-chão, Jungkook simplesmente parou, comigo e o outro cordeirinho parando atrás dele.
''Está dispensado, JongDae. Dê os meus parabéns para a sua irmã.'' Ele falou e o outro sorriu, e eu apenas suspendi uma sobrancelha, porque que modo íntimo era aquele de falar com o assistente?
''Obrigado, Jeon.'' Ele disse, logo descendo as poucas escadas.
Quando me olhou eu tratei de fingir o meu olhar de indiferença, que devia ser verdadeiro, mas não era.
E eu voltei a segui-lo, com os braços em frente do corpo, até que ele parasse no passeio, abrindo a porta de um carro preto abrilhantado, distinto no meio de todos os outros, baixo também, deixando-a aberta e caminhando apressado quando correu para o outro lado, recebendo a chave de um homem de fato e lacinho, logo entrando no mesmo e ligando-o. E ele não podia deixar de se exibir, porque eu percebia agora que ele não era tão simples como aparentava ser naquela semana que passávamos juntos, então ligou o motor, fazendo um barulho com o mesmo quando eu não entrei.
''Jimin.'' Ele esticou-se sobre o banco estufado e beje, olhando-me, com um braço ainda repousado sobre o volante.
Eu desci do passeio para a rua, entre a porta e o carro, baixando-me para que o olhasse.
''O que você quer?'' Eu murmurei, sabendo que se eu entrasse ali eu iria meter-me em graves sarilhos.
E prometera a mim mesmo não deixá-lo fazer comigo o que ele quisesse, mas tornava-se impossível quando agora era eu quem parecia uma criança, amuada, indefesa, inocente.
''Você.'' Ele sorriu pouco, apenas para que eu entendesse que era sua resposta de segundo sentido.
Eu neguei com a cabeça e ele sorriu torto.
''Entre e eu te direi.'' Ele falou e eu vi as minhas pernas, ainda que lentamente, se movendo para dentro, mesmo que sem fechar a porta.
Mas ele esticou o corpo sobre as minhas pernas, esticando os braços para alcançar o puxador da porta e a puxar, fazendo-a bater. E depois ele arrancou, em um flash de luz, sem me deixar ao menos ver a estrada.
''Eu quero que você decida qual vai ser o nosso espaço agora.'' Ele disse, atento na estrada, desviando-se de todos os carros, como se estivesse com pressa, infringindo a lei. ''Motel ou Hotel?''
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