(19) Taemin...
[P O V P A R K J I M I N]
O Natal nunca me soara como uma época realmente importante até eu ter Yang Mi em meus braços.
Eu era um bobo pelas decorações, por ver a árvore na baixa, mesmo que ela fosse apenas um monte de luzes em metal. Eu era mais bobo pelas decorações casórias, mais simples, mais bonitas, mais municipais do que da real cidade. Era uma de minhas paixões chegar no bairro da minha casa e ver as casas enfeitadas, os jardins com bonecos de neve falsos, fitas coloridas, todo o tipo de decoração natalícia.
Onde nós vivemos só existe realmente neve em casos extremos, mas ainda faz um frio desgraçado.
Mas, apesar disso, o Natal nunca foi realmente uma data importante no meu calendário pessoal. Apesar da beleza dele, não me encantava de outra forma.
Mas aquele Natal fora diferente.
Yang Mi estava quase puxando os meus cabelos, pulando na sala, esperando que eu terminasse de me arranjar, pois decidira ficar mais um tempo na cama depois de uma noite mais quente com Taemin.
Ela estava implorando pela minha saída da casa, pois no típico 24 de Dezembro a minha família e a de Taemin juntava-se numa grande casa do campo, dos pais do mesmo. E Yang Mi tinha muitos primos, muitas crianças da sua idade, daí querer chegar o mais depressa possível.
Eu e Taemin estávamos rindo enquanto eu apertava a minha camisa, sabendo que ela não duraria nem uma hora de viagem acordada.
E, apesar de Taemin ser irritantemente reservado, ele parecia empolgado quando se chegou perto de mim e me puxou para me beijar, apertando a minha bunda sem dó. E eu gargalhei, sabendo que provavelmente ele estava com lembranças da noite anterior, assim como eu.
''As prendas dela estão todas no carro?'' Eu perguntei, quando ele se afastou, rindo para ele mesmo pela sua atitude. ''Não esqueceu nenhuma?''
Ele negou com a cabeça.
''Acha que Yang Mi me permitiria cometer esse erro?''
''Eu acho que não.'' Eu gargalhei, pois a garota estava se tornando mandona.
Quando nós dois terminámos por ali e alcançamos finalmente a sala, Yang Mi já estava na porta, dizendo que tinha as chaves do carro com ela.
E eu e Taemin rimos, olhando para a nossa pequena com apenas seis anos, seguindo-a para o carro, que por sinal estava cheio de embrulhos grandes na mala, que ela olhava com os olhos brilhantes.
Durante duas horas, nós ouvimos uma garota de seis anos falando de todos os mais variados assuntos, sem dormir um segundo, com a excitação toda a consumindo, pois não via os primos fazia um ano.
''Se acalma um pouco, Yang Mi!'' Taemin disse-lhe, achando piada.
''Você deve achar que é fácil assim ficar longe deles por um ano, 'né?''
Taemin estava gargalhando com a frase dela e a forma de falar, mas eu estava viajando.
E se não fosse aquilo provavelmente eu não me lembraria de Jungkook naquele dia. E começava a parecer uma falta de respeito eu lembrar-me dele mais do que o costume, quando o meu namorado estava do meu lado.
Eu me lembrava dele vezes demais e eu sabia que não devia, mas era algo que não conseguia controlar. Ele aparecia em minha mente em momento casuais, comuns, onde não devia aparecer. E depois haviam momentos mais chegados, como memórias. E eu passava-me na cabeça, com medo que ele aparecesse com mais frequência, com medo que ele tomasse conta de mim.
Estava no auge, tentando ter misericórdia de mim mesmo, mas não tinha, era impossível.
Ele aparecia quando me via no espelho, às vezes, quando o piercing que me oferecera reluzia contra o vidro. Aparecia quando Taemin insistia no assunto férias. Aparecia quando eu acordava a meio da noite, com algum pesadelo mais ruim, e encarava aquela rosa, que parecia ter poderes mágicos para me acalmar.
Mas nada disso me incomodava, porque eram só pensamentos.
Excepto duas semanas atrás, quando eu tinha tido o pior dia de trabalho e estava tomando um banho demorado, sozinha em casa. E então ele veio em minha cabeça, mas não como uma memória simples que aparecia e espairecia. Não. Os toques dele, queimando a minha pele, as mordidas dele, a sua boca, os seus dedos, o seu cheiro, os seus sons. Não foi bonito para mim.
Não é fácil ficar longe de alguém por um ano, Yang Mi.
''Mas só se você gostar muito deles, Yang.'' Taemin disse-me, e eu olhei a garota através do espelho. ''Você gosta muito de seus primos?''
''São meus melhores amigos, Papai!'' Ela exclamou, sorrindo de lado para mim quando me vira observá-la
E mesmo que ela me sorrisse cúmplice, como nós sempre éramos, naquele momento eu soube que não seríamos naquele assunto.
Quando nós chegamos à casa enorme que era a dos pais de Taemin, Yang Mi praticamente nos despachou, correndo pela casa a dentro, beijando a face dos avós e procurando os primos por todo o lado.
Eu sorri, cumprimentando todos os presentes ali, deixando a mãe do meu namorado para o fim, pois gostava mais de conversar com ela.
Eu beijei a sua face, enquanto ela cortava uma quantidade exagerada de legumes.
''Jimin, meu bem!'' Ela exclamou, parando o que fazia para me abraçar, e eu assim o fiz. ''A viagem correu bem?''
''Calma, como sempre.'' Eu acenei, encostando o quadril no balcão, de frente para ela. ''Os meus pais ainda não chegaram, não?''
''Não.'' Negou, atenta de novo no que fazia. ''Uma hora atrás eles estavam a caminho.'' Ela contou-me.
Eu admirava o jeito como a minha família e de Taemin se tinham interligado tão bem, principalmente depois da presença de Yang Mi em nossas vidas.
''Você precisa de ajuda?'' Ofereci, sem muito o que dizer. ''O que eu posso fazer?''
''Ficar quieto.'' Ela sorriu-me de canto, ladina. ''Taemin apareceu aqui e voou. Cadê ele?''
''Está descarregando o carro.'' Eu disse, acenando com a cabeça sem jeito.
Ela espreitou por cima do ombro, verificando que ele não se aproximava.
''Você sabe que faz ele muito feliz, não é?''
Ela sempre me dizia aquilo e eu mal podia esperar que a culpa me consumisse nessa noite, como sempre acontecia quando eu via toda a nossa família junta, gargalhando, convivendo, se divertido.
E eu me perguntava o que eu poderia pedir mais, e, no mesmo tempo, qual a necessidade de fazer o que eu fazia com Taemin?
''Jimin?'' Ela me chamou, e eu percebi que estava viajando mais uma vez, sorrindo-lhe sem jeito.
''Ele me faz feliz também.''
''Faça ele feliz, hoje.''
Eu não saberia dizer que no final dessa noite aquela frase significaria para mim mais do que uma coisa boba de mãe.
À medida que as horas se passavam, depois de uma casa cheia e um jantar confortável com toda a família, Yang Mi tentava disfarçar o seu cansaço, descansando em meu ombro de vez em quando, tirando as minhas mãos dela quando eu fazia carinho nos seus cabelos, com medo de adormecer antes de ser hora de abrirmos os presentes.
''O pai Natal ainda não veio, né?'' Ela perguntou-me, e eu neguei com a cabeça, puxando-a para o meu colo, sabendo que naquele momento alguém estava realmente se vestindo de pai natal.
''Deve estar chegando, meu amor.'' Eu a puxei contra o meu peito, pousando o queixo em cima da sua cabeça. ''Descanse um pouco, eu não vou deixar ele se ir embora sem te ver antes, ok?'' Eu prometi, vendo Taemin chegar junto de nós.
Alguns minutos depois, um pouco contragosto, eu acordei a garotinha meio adormecida em meu colo, quando bateu meia noite e uma das tias de Taemin estava em um fato digno de um prémio.
Yang Mi agarrou-se a mim, sentando-se no chão, entre as minhas pernas.
''Você me deixa abrir os seus presentes também, não é?'' Ela subiu o rosto, olhando-me, e eu fiz um carinho em seu rosto, acenando com a cabeça.
Taemin não gostava muito que eu fizesse isso, mas eu deixava-a, porque aquele era o seu Natal. O Natal era para ela e não para mim.
Vendo Yang Mi abrindo todos os seus brinquedos novos acabaram dando uma dor de cabeça metafórica a mim e Taemin, que mais tarde teríamos de lavar com tudo aquilo.
Nós os dois já havíamos recebido os presentes de nossos pais, e por aí a noite seguiu.
O ''Pai Natal'' em algum momento cessou a sua energia, deixando a sala com uma promessa de que voltaria no ano que vem, para então a tia voltar miraculosamente, lamentando-se por ter perdido o homem gordo de barbas, alegando também que ele estava fugindo dela, pois acontecia o mesmo todos os anos.
Mas então Taemin levantou-se, pegando Yang Mi pela mão, e eu não liguei muito, porque provavelmente ela tinha lhe pedido algo que eu não tinha ouvido.
No entanto, eu senti todos os olhares pousarem sobre mim, deixando-me ser o centro das atenções e eu não entendi porquê até Yang Mi aparecer na minha frente com uma caixa enorme, embrulhada em papel cinzento, fino.
''É do Papai.'' Ela segredou-me no ouvido, e eu encarei Taemin, desconfiado, deixando a caixa grande no meio das minhas pernas, rasgando o papel com cuidado. Yang Mi havia-se afastado, pulando no colo da avó, que me olhava com o maior sorriso do mundo.
Eu não entendia os risos das pessoas até eu abrir a caixa de cartão, pintada de vermelho, e notar que uma outra estava dentro dela, apenas um pouco mais pequena.
Eu ri baixinho, abrindo a mesma e deparando-me com outra, desempacotando-a, ouvindo as outras pessoas comentarem sobre como aquilo era engraçado.
Eu estava achando piada até eu retirar todas elas, cada vez diminuindo mais o tamanho, até chegar em sua última.
E toda aquela atenção sobre mim iria dar em algo errado, quando eu peguei em meus dedos a pequena caixinha, reconhecendo a sua textura.
A minha mão foi até aos meus lábios, quando eu vi Taemin ajoelhado na minha frente, pedindo pela minha mão, que eu dei, como um reflexo.
''Desculpe todo esse tempo, meu amor.'' Ele disse-me, rindo baixinho. ''Mas nós também demoramos para chegarmos aqui, para termos essa vida, a nossa filha connosco. Nós demos nossos passinhos de bebê, e você me completa tão bem.''
''Taemin...'' Eu acabei murmurando, lágrimas deixando os meus olhos, de desespero.
O meu olhar correu todo o cómodo, encarando aqueles olhos sedentos por uma afirmação, por um final feliz.
''Mas a minha vida só vai ser completa quando você aceitar se casar comigo, Park Jimin.'' Ele terminou a sua fala, como se quisesse me poupar. ''Você aceita?''
Eu acenei, incrédulo comigo mesmo, sendo puxado por ele. E eu fiquei de joelhos no chão, com o meu corpo mole e fraco, sentindo-o me abraçar e beijar a minha bochecha húmida.
E eu apertei-o com força, tentando fazer aquilo acabar, fechando os meus olhos.
Eu ouvi os assobios em minha volta, com toda a nossa família nos felicitando.
''Papai!'' Eu me afastei dele, segurando-a contra mim, com suas mãozinha me apertando, chorando contra o seu ombro em silêncio.
Assim como o Natal... Aquilo era por ela, não por mim.
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