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[P O V P A R K J I M I N]
Mais uma vez, Outubro.
A minha esperança para este mês era que Taemin finalmente realizasse os meus desejos de não ter uma festa de aniversário.
Pelo menos naquele dia, ao contrário dos outros anos, não parecia que ele estava a esconder algo. Ou ele estava se tornando bom, ou eu estava me tornando estúpido.
Naquela manhã, Taemin apenas pediu para que eu pegasse Yang Mi na escola de dança no final do dia, quando deixasse o meu trabalho, pois ele estaria em casa, fazendo o meu jantar. E era de certa desconfiança.
No final daquele dia, daquele dia exaustivo de trabalho, onde, também pela primeira vez, eu não tive que varrer o lixo do meu escritório, não por não o terem feito, mas porque enviaram a empregada lá, Yang Mi e eu estávamos no carro, a caminho de casa.
Eu batuquei os meus dedos no volante, olhando-a através do retrovisor. Ela fazia desenhos de pessoas palito no vidro, com o dedo pequenino manchando o mesmo.
Eu arranhei a garganta, para que ela me olhasse, e ela fê-lo.
''Você sabe de alguma surpresa?'' Eu murmurei, não querendo realmente usar a minha filha para aquilo.
Ela negou com a cabeça, inocente.
''Vai haver uma surpresa?'' Ela perguntou-me. ''Eu fiz um desenho para você, essa é minha surpresa.''
''A sério?'' Eu questionei, sorrindo, prestando atenção à estrada. ''Isso vai ser, com certeza, a melhor surpresa de hoje.''
''Mesmo?''
''Mesmo.'' Eu assegurei, porque iria, com toda a certeza. ''Como foi lá na escola?''
''Professor Taehyung colocou uma música que você ouve, papai!'' Ela praticamente saltou no banco, entusiasmada com aquilo.
''E você gostou?''
''É aquela assim!'' Ela mexeu-se no banco, fazendo alguns movimentos que eu não consegui entender, ou reconhecer, limitando-me então a rir baixinho.
''Fique quieta, Yang Mi.'' Eu mandei, ainda que risonho. ''Em casa você me mostra.''
''Vai mesmo ter uma surpresa?'' Ela perguntou, prensando as mãozinhas contra o vidro, espreitando através da janela, agora que eu estacionava ao lado da casa.
''Eu acho que não.'' Eu observei a casa por uns segundos, logo tirando o cinto de segurança e saindo do carro.
Eu peguei Yang Mi no colo, para que ela não sujasse os sapatos no jardim, logo ultrapassando o mesmo e pousando-a enquanto abria a porta e ela corria em procura do pai.
Eu estava pousando a mochila dela no canto da entrada, tirando os meus sapatos e pousando as chaves no chaveiro.
Quando eu estava prestes a me virar, Taemin abraçou o meu corpo e eu fiquei aliviado ao entender que para ele estar fazendo aquilo era porque não tinha mais ninguém ali.
''Bem vindo a casa, aniversariante.'' Ele sorriu, selando os nossos lábios e acarinhando a minha bochecha.
Eu sorri. Finalmente! Finalmente sem festa!
''Vem, o jantar está pronto.''
Eu concordei com a cabeça.
''Vou só ao quarto.'' Eu disse-lhe, sorrindo, selando os seus lábios mais uma vez, saindo pelo corredor.
Eu nem me dei ao trabalho de acender a luz, extasiado pela forma como aquela maldita rosa iluminava o quarto em tons amarelos e dourados. Uma vez Yang Mi tentou tirar de mim, mas depois de uma conversa bastante séria, eu lhe expliquei que não era um brinquedo, que ela não podia ficar com ele, no entanto era minha intenção oferecer-lhe uma parecida em seu aniversário, dali a um mês.
Os meus pés moveram-se para perto do objeto, quando era apenas minha intenção ir ali pousar o casaco. Pousei-o na cama, sentando-me na mesma, do lado do criado mudo, encarando o belo presente que eu havia recebido à um ano atrás.
Era culpa minha que eu andasse pensando em Jungkook demais. Era culpa minha que eu deixasse aquilo em meu quarto, em nosso quarto, meu e de Taemin.
E, ultimamente, era frustrante pensar em Jungkook em alguns momentos do dia. No mês passado, no alegado aniversário dele, a data me perseguia. Parecia que todo o mundo estava jogando na minha cara que era primeiro de Setembro, e eu quase tomei isso como um sinal para falar com ele naquele dia, mas a sua voz preenchia a minha mente a cada tentativa, dizendo-me que ele não queria.
E, neste ano, não seria eu a quebrar as regras. Nem ele, fora coisa de uma vez e nunca mais se repetiria.
Achando que estava sentado ali à tempo demais, eu levantei-me, apressado, afastando as mangas da minha camisa até aos cotovelos. Enquanto passava pela sala o som da campainha soou em meus ouvidos e claro que eu achei estranho pela hora.
''Eu vou!'' Eu gritei para o interior da casa, onde se ouvia Yang Mi rindo com o pai.
Eu abri a porta, sem muito pressa, e os meus olhos logo encontraram um homem alto, que vestia toda a roupa preta, com um bloco branco entre mãos e uma caixa também.
''Boa noite.'' Eu murmurei, estreitando o meu olhar para a sua camisa, encarando aquele logo estampado no bolso do peito, logótipo esse que os meus olhos reconheciam.
''Park Jimin?'' Ele perguntou, com a voz suave e calma.
Eu acenei, e ele me entregou aquele bloco branco. Eu abanei a cabeça, estático, aceitando a caneta que me entregara também, e fazendo um rabisco da minha assinatura no final da folha.
Ele arrancou uma cópia, entregando-me por cima da caixa.
''Isso é para você.''
Eu neguei com a cabeça, aceitando a embalagem.
''Obrigado.'' Eu murmurei, olhando pela primeira vez em seus olhos. Depois, antes que ele fosse embora, provavelmente no jipe preto estacionado na frente da minha casa, eu arranhei a garganta, pegando a sua atenção. ''Qual o nome de sua agência de entregas?''
Ele sorriu de lado, com as costas viradas já para ir embora.
''Não somos uma agência de entregas.''
Ele desceu os poucos degraus ali em frente e correu para o carro, onde deu partida.
Eu fechei a porta em silêncio, pousando a caixa e a maldita folha contra o móvel da entrada, arrancando a fita-cola em cima, pois dessa vez não havia aviso de fragilidade.
As minhas mãos puxaram as abas da caixa de cartão castanha, logo voltando a fechá-la na mesma velocidade quando vi o seu conteúdo.
As minhas mãos buscaram o meu celular com extrema pressa, sem acreditar no que via, escrevendo o nome de Jungkook na aba de pesquisa, esperando as imagens relacionadas aparecerem.
Eu sabia! Aquele logo é da empresa dele!
Eu suspirei alto, bufando para o ar, com os olhos fechados.
Sem chance que ele tinha gasto aquele dinheiro todo.
''Jimin?'' Taemin chamou.
''Estou indo!'' Eu disse, fechando a caixa e correndo para o meu quarto, deixando-a debaixo da cama por enquanto.
Enquanto caminhava para a cozinha, tentando entender porquê que Jungkook me mentira, e com receio do que encontraria na caixinha pequena que tinha dentro da da entrega, com o nome da loja de bijutaria mais cara do mundo escrito na caixinha pequena e azul marinho.
''Quem era?'' Taemin me questionou, enquanto servia o jantar.
''Estavam pedindo indicações.'' Eu menti, sem tempo para pensar em algo melhor que não me entregasse.
''Por aqui?'' Ele estranhou, franzindo as sobrancelhas.
Eu dei de ombros, sem muito interesse, focado em dar atenção para a minha família.
Durante todo o jantar, nós dois ouvimos Yang Mi falando sobre como a amiguinha da escola dela tinha dois pais também, sobre como a nova dança que estava aprendendo era divertida. Mas então Taemin...
''Sabia que seu pai era dançarino na escola também?''
Eu bati a mão na testa, fazendo-o rir.
Mesmo que fosse bom relembrar os bons tempos de glória, era mau saber que eu não tinha concretizado nenhum dos meus sonhos da época.
''Porque não dança agora, Papai?''
''Eu não dançava assim tão bem.'' Eu murmurei.
E tudo aquilo era irritante. Eu não gostava de meu aniversário porque é apenas uma lembrança de que estamos envelhecendo, e era frustrante ouvir mais uma vez que eu tinha envelhecido, que não era mais um jovem, que nada da minha vida era o que eu esperava ser.
''Ele está mentindo, Yang Mi.'' Taemin disse-lhe, com um sorriso grande no rosto. ''Ele era um dos melhores.''
''Taemin, por favor.'' Eu murmurei, mas acho que ele não ouviu.
''Papai, você me ensina?''
Eu limpei a minha boca no guardanapo, afastando a minha cadeira da mesa e levantando-me, saindo da cozinha.
''Jimin!''
Eu parei, a meio da sala, um pouco chateado, irritado, tocado pelo assunto, virando-me para olhar Taemin.
''Eu já volto.'' Eu murmurei, seguindo o caminho de novo para o quarto.
Taemin não tinha culpa que eu fosse um fracassado. Não tinha culpa por eu não estar contente pelo caminho que tinha seguido, por ter desistido. Taemin não tinha culpa de nada.
Eu sentei-me no tapete do quarto, contra a cama, com as luzes apagadas, e dessa vez a luz irritante da pequena rosa encantada não chamava a minha atenção.
Eu encostei a nuca no colchão, respirando fundo.
Porque eu tinha que ser um fracasso?
Era um fracasso como pessoa, um fracassado como marido, como filho, como tudo.
Os meus olhos voaram para a caixa mal escondida debaixo da cama e, com cuidado, eu puxei-a, deixando-a em cima das minhas pernas esticadas. Eu retirei a mais pequena de dentro, deixando a outra de lado e retirando a tampa com cuidado.
Eu olhei, entusiasmado e chocado, observando o pequeno piercing entre a esponja dourada e fofa, que reluzia mais do que alguma coisa, como se fosse de... Ouro branco?
Eu peguei nele com os dedos, o deixando em frente dos meus olhos.
Jungkook tinha gasto uma fortuna naquilo, eu sabia, ele era louco. Mas ele tinha-se lembrado, tinha feito questão de repor o que eu perdi, tornando-o mais belo, melhor.
Um pouco contragosto, porque eu queria olhar para aquilo por horas, eu desapertei, o levando a minha orelha, para o furo que por milagre ainda não tinha fechado, pois desde então eu ainda não tinha pensado em substituir o anterior.
Ouvindo Yang Mi, se aproximando, com Taemin implorando para que ela ficasse em silêncio, eu escondi a caixinha pequena dentro da gaveta do criado mundo, empurrando a maior para debaixo da cama, agora que tinha a certeza que dessa vez não havia um papel acompanhando. Taemin não repararia, ele não era muito atento, nem tinha percebido que perdera o outro.
Eles os dois não acenderam as luzes quando entraram no quarto, com as luzes das velas que estavam em meu bolo de aniversário enchendo o lugar, e Yang Mi saltando para o meu colo enquanto os dois cantarolavam parabéns.
Eu sorri, abraçando a mais pequena enquanto Taemin se sentava no chão também, com guardanapos debaixo do braço.
Ali, no tapete do chão do meu quarto, nós os três festejamos o meu aniversário, e eu não poderia ter pedido por um ano melhor.
Até Taemin apertar os meus ombros, enquanto Yang Mi corria para buscar o desenho que me fizera, e dizer:
''Eu marquei a sua festa para sábado.''
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