Grandes Expectativas
O aroma reconfortante de incenso preenchia a sala, acalmando os sentidos de Sam enquanto ele se acomodava na poltrona macia. O conforto das almofadas ao seu redor era familiar, trazendo um senso de segurança que ele apreciava durante suas sessões. Ele respirou fundo, sentindo a suavidade do tecido sob seus dedos enquanto ajustava sua posição.
Dr. Anderson sorriu calorosamente, seus olhos expressando um interesse genuíno. "Como tem sido desde nossa última conversa, Sam? Sinto que houve progressos."
"Sim, temos passado por alguns momentos realmente bons," disse Sam, um sorriso sutil surgindo em seus lábios. "As coisas com Damien têm desabrochado de maneira bonita. Sinto que estamos bem, mas... há algo, algo que parece não estar completamente aberto entre nós."
Ele sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto articulava suas palavras, uma tensão sutil se manifestando em seu peito. "Amo Damien, realmente o amo. E desde a última vez que estive aqui, senti que algo está sendo escondido, algo que não consigo compreender."
O Dr. Anderson observou-o atentamente, seu sorriso encorajador permanecendo no rosto. "Entendo. Pode ser desafiador sentir que há algo não revelado em um relacionamento. Como isso tem afetado você?"
Sam ponderou por um momento, buscando dentro de si as sensações que experimentava. "Me sinto um pouco inquieto, como se houvesse uma névoa entre nós. Não sei se é algo grave, mas essa descoberta recente só intensificou esse sentimento."
Ele fechou os olhos por um instante, absorvendo os sons tranquilizadores da sala, tentando silenciar o turbilhão de pensamentos que o invadia. "É estranho. Sinto que deveria ter coragem de abordar isso, mas ao mesmo tempo, tenho medo do que posso descobrir."
Os aromas sutis da sala se mesclavam, um conforto familiar misturado com uma inquietude crescente. Sam percebeu o ritmo acelerado do próprio coração, cada batida ecoando sua incerteza.
Dr. Anderson ofereceu um olhar compreensivo. "Às vezes, a descoberta de algo novo pode desencadear uma série de emoções. É normal sentir-se apreensivo, especialmente quando se trata de uma relação tão significativa como a que você tem com Damien."
Sam suspirou, sentindo-se aliviado por compartilhar esses sentimentos. Ele desviou os olhos por um instante, pousando-os sobre um pequeno Buda e os cristais cuidadosamente dispostos em uma mesa próxima. Ele notou como a luz do sol refratava através dos cristais, espalhando reflexos coloridos pelas paredes, trazendo uma sensação de calma àquele espaço.
" Sam, me conta sobre sua volta ao trabalho. Como foi seu dia?" Dr. Anderson observou o olhar de Sam, seguindo sua linha de visão.
Sam assentiu, um pequeno sorriso aparecendo em seus lábios enquanto seus olhos voltavam para o terapeuta.
"A volta ao trabalho na universidade após aquela crise foi desafiadora," compartilhou Sam, desviando o olhar por um instante enquanto se lembrava do período turbulento. "Eu me senti vulnerável e inseguro, mas, ao mesmo tempo, encontrei apoio entre meus colegas e alunos. Isso me ajudou a seguir em frente, a retomar um senso de normalidade."Ele se viu enrolando as mãos, a sensação de nervosismo retornando gradualmente. "Mas, mesmo com toda a normalidade, ainda existe essa sensação de... algo oculto. Como se houvesse algo pairando no ar que eu simplesmente não consigo entender."
Anderson inclinou a cabeça em compreensão, oferecendo um gesto tranquilizador. "Às vezes, o processo de recuperação pode deixar vestígios de incerteza e preocupação. É importante levar em conta esses sentimentos e permitir-se espaço para explorá-los."
"Sim," concordou Sam, sentindo um alívio momentâneo ao compartilhar esses pensamentos. "É por isso que estou aqui hoje. Sinto que preciso entender melhor isso tudo, principalmente para o bem do meu relacionamento com Damien."
Ele se viu observando ao terapeuta, buscando conforto em sua expressão gentil.
"Às vezes, sinto que Damien quer me contar algo, mas hesita. Pode ser apenas uma impressão, mas essa incerteza está começando a afetar a maneira como me sinto perto dele."
A sala continuava preenchida com o aroma tranquilizador do incenso, mas para Sam, havia uma tensão palpável no ar. Ele suspirou, procurando palavras para expressar sua inquietação crescente.
"Tenho medo de que, se não enfrentar isso agora, poderá afetar ainda mais nossa relação. Não quero criar uma brecha entre nós por causa de algo que poderia ter sido resolvido se tivéssemos falado abertamente."
O Dr.Anderson assentiu, oferecendo uma compreensão silenciosa.
"É admirável que você esteja disposto a explorar isso, Sam. Permitir-se abordar essas preocupações pode ser um passo importante para esclarecer o que está incomodando você e para encontrar uma maneira de lidar com isso junto com Damien."
~*~
Sam sentou-se confortavelmente no sofá aconchegante de Julia, com uma tigela de pipoca em mãos e um sorriso nos lábios. A sala estava iluminada apenas pela luz suave da televisão, criando uma atmosfera aconchegante.
Julia estava ao seu lado, pronta para começar o filme. Ela pegou o controle remoto e começou a procurar por algo para assistirem. "Então, como foi sua sessão com o Dr. Anderson hoje?" perguntou ela, lançando um olhar curioso para Sam.
Sam ajeitou-se no sofá, pensando em como compartilhar seus sentimentos sem parecer preocupante. "Foi... interessante," começou ele, procurando as palavras certas. "Falamos sobre algumas preocupações que tenho em relação ao Damien. Sinto que algo está meio estranho entre nós ultimamente, e isso tem mexido um pouco comigo."
Julia assentiu compreensivamente, pausando a procura pelo filme por um momento. "Entendo. É algo sério? Ou você acha que é algo temporário?"
"Não sei ao certo," admitiu Sam. "Às vezes, parece que há algo escondido, algo que não foi totalmente discutido. E eu tenho essa sensação de que Damien também está segurando algo, mas não consigo entender o que é."
Enquanto compartilhavam suas preocupações, Julia passou a mão gentilmente sobre o ombro de Sam, oferecendo conforto silencioso.
"Vamos tentar relaxar por um momento," disse ela, retomando a busca pelo filme. "Talvez isso ajude a limpar a mente por um tempo. Pipoca, filme e fofocas, lembra?"
Sam sorriu, agradecendo pela distração que Julia oferecia. Ele mergulhou na tigela de pipoca, permitindo-se temporariamente esquecer as inquietações que o haviam acompanhado desde a sessão com o terapeuta.
Julia finalmente encontrou um filme que parecia interessante e começou a reproduzi-lo. Enquanto assistiam à história se desenrolar na tela, os comentários descontraídos de Julia e o clima relaxado do ambiente ajudaram Sam a se sentir mais leve, pelo menos por um momento. A noite com Julia foi exatamente o que Sam precisava para desanuviar a mente. Enquanto o filme rolava na tela, ele e Julia comentavam sobre os personagens, riam das cenas engraçadas e até arriscavam algumas teorias malucas sobre o desfecho da trama.
"Você acha que o detetive vai desvendar o mistério ou vai acabar sendo o vilão? Minha aposta está nele ser o culpado no final," disse Julia, empolgada, jogando mais uma pipoca na boca.
Sam riu. "Duvido, acho que vão dar uma reviravolta e revelar que é o vizinho simpático o tempo todo!"
Eles trocaram olhares cúmplices e explodiram em risadas, o clima leve e a descontração aliviando um pouco a tensão que Sam trazia consigo desde a terapia.
Sam e Julia estavam imersos na noite de filmes e pipoca, rindo das piadas do filme e lançando teorias malucas sobre o enredo.
"Você viu como aquele personagem agiu estranho? Tenho certeza de que ele esconde alguma coisa," comentou Sam, jogando uma pipoca para o alto.
"Ah, com certeza! Aquele olhar diz tudo," respondeu Julia, rindo. "Falando em olhares suspeitos, ouvi dizer que na universidade o Professor Reynolds anda meio abafado com uma pesquisa bizarra."
Sam ergueu as sobrancelhas, curioso. "O quê? Não me surpreenderia nem um pouco. O cara sempre tem algo maluco em mente. Só espero que não seja uma invenção de teleportação! Imagina só, chegando às reuniões instantaneamente."
Julia gargalhou. "Isso seria incrível! Mas aposto que é algo relacionado à criptografia, ele sempre foi obcecado por isso."
"Com certeza. Sabe como é, Reynolds e suas teorias cryptex," disse Sam, fingindo um ar de mistério. "Bem, pelo menos nossas salas de reuniões vão estar seguras!"
Eles continuaram rindo, desfrutando das fofocas fictícias sobre os colegas da universidade enquanto o filme rolava na tela. As risadas e os comentários descontraídos criaram um ambiente relaxante, dando a Sam um momento de alívio das preocupações do dia.
Conforme o filme chegava ao fim, Sam bocejou e espreguiçou os braços. "Nossa, parece que me abandonei durante o filme. Estava precisando disso, Jules. Obrigado."
"Sempre aqui para alegrar a noite, meu amigo," respondeu Julia, sorrindo. "Ei, sobre o que estava naquela carta? Sei que você mencionou durante a sessão com o terapeuta. É algo que posso ajudar?"
Sam hesitou por um momento, olhando para Julia com gratidão pela disposição dela em ouvi-lo. "Era uma carta de alguém do passado do Damien. Revelou algo surpreendente sobre ele."
Julia inclinou a cabeça, demonstrando interesse. "E isso te incomoda? Quer dizer, é algo sobre o presente dele ou apenas algo antigo?"
Sam se remexeu desconfortavelmente, sabendo que a informação na carta era sensível. "Na verdade, é um pouco dos dois. A pessoa mencionou algo sobre... estar grávida."
O semblante de Julia mudou para um olhar de surpresa e compaixão. "Uau, isso é intenso. Como o Damien reagiu a isso?"
"Ele não sabe que eu li," confessou Sam, sentindo-se pesaroso por ter mantido segredo sobre isso. "Ainda não sei como abordar o assunto. Sinto que há algo que o Damien não compartilhou totalmente comigo, e isso mexe com a confiança."
Julia se sentou ao lado de Sam, dando-lhe um olhar encorajador. "Às vezes, as pessoas guardam partes de si mesmas por diferentes razões. Pode ser difícil, mas a comunicação é chave, sabe? Talvez você precise ter uma conversa aberta com ele."
Sam assentiu lentamente, refletindo sobre as palavras de Julia. "Você está certa. Acho que é hora de ser honesto sobre como me sinto e perguntar o que está acontecendo. Eu realmente quero resolver isso."
Julia sorriu, oferecendo apoio. "Estou aqui para o que precisar, Sam. Seja o que for, tenho certeza de que vocês podem superar isso juntos."
Sam sentiu um conforto reconfortante nas palavras de Julia. Ele se acomodou no sofá, agradecendo silenciosamente por ter uma amiga tão compreensiva.
No dia seguinte, Sam acordou determinado a dizer a Damien sobre a carta e que havia lido, e que estava disposto a enfrentar com ele o que tivesse por vir. Enquanto dirigia em direção à casa de Damien, a mente de Sam estava tomada por um turbilhão de pensamentos. A carta que descobriu permanecia como um peso em sua consciência, suas palavras ecoando em sua mente de forma incessante. Por um lado, sentia uma urgência crescente em compartilhar a revelação com Damien, desejava desvendar o mistério que pairava entre eles. Mas, ao mesmo tempo, uma sensação de desconforto o envolvia, uma hesitação inquietante.
"Devo contar a ele?" Sam murmurava consigo mesmo, o volante apertado entre suas mãos tensas.
Enquanto chegava à casa, um nó se formava em seu estômago, um pressentimento estranho o acompanhando conforme se aproximava da porta. Ao abrir a porta, uma onda de surpresa e confusão o atingiu em cheio. Ali, parada na sala, estava uma mulher com semblante tranquilo, com uma presença notável e uma barriga que não passava despercebida.
Seus cabelos castanhos caíam em ondas suaves pelos ombros, realçando as mechas mais claras que captavam a luz da sala. Ao redor de seu pescoço, um cordão delicado com um pingente simples, talvez um pequeno trevo de quatro folhas, pendia com graciosidade. As pulseiras em seu pulso eram sutis, um fino conjunto de braceletes prateados, criando um leve tilintar sempre que ela movimentava os braços.
Ela possuía olhos castanhos profundos, sempre transmitindo uma sensação de calma e gentileza. Seus brincos, discretos e elegantes, eram pequenos pendentes de pérolas ou pedras lapidadas, adornando suas orelhas de maneira sutil.
Seu suéter leve, de cor neutra, realçava a tonalidade de sua pele, combinando perfeitamente com a saia longa e fluída, em tons suaves ou estampas delicadas. Nos pés, sapatos baixos ou sapatilhas, refletindo sua preferência por praticidade sem perder a sofisticação.
O silêncio na sala era palpável. Sam ficou imóvel por um momento, processando a cena diante dele. Seus pensamentos sobre a carta pareciam se materializar naquela sala, sua mente correndo para conectar os pontos entre a descoberta e a presença inesperada de Alice.
Um turbilhão de emoções se chocou dentro dele - surpresa, confusão e uma crescente sensação de traição. Ele se sentiu paralisado, sem palavras para expressar a torrente de pensamentos que inundavam sua mente.
"Oi, Sam," cumprimentou Damien, tentando quebrar o silêncio tenso que se estabelecera na sala. "Eu... preciso explicar algumas coisas."
Sam permaneceu ali, atordoado, sentindo-se como se estivesse em um redemoinho de emoções, enquanto as palavras de Damien ecoavam em seus ouvidos, esperando respostas para as perguntas que fervilhavam em sua mente.
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