🍒45🍒
O depoimento na delegacia durou mais do que imaginei que duraria.
A prisão das três foi um alívio completo para minha sanidade mental, e saber que toda a minha vida se resumiu a uma mentira me quebrou de formas inimagináveis pois só eu sei o quanto eu tive que aguentar pra chegar até aqui.
Caminhando pelo corredor branco e silencioso vejo meus passos lentos, calmos e silenciosos meus olhos ficam embaçados e meu peito procura o ar que não tenho.
A sensação de derrota sobre os meus ombros só me mostram que não posso ser forte o tempo inteiro, nem sempre posso salvar os pedaços de mim espalhados dentro da minha alma.
-Está tudo bem senhora?- um policial em sua farda impecável pergunta segurando meu cotovelo com gentileza.
Procuro sorrir ao responder e poucas palavras são suficientes para que ele entenda que não estou nos melhores momentos.
Saio pela porta e desço as escadas sendo abraçada pela brisa da noite que faz meus pêlos dos braços se ouriçarem.
Meu telefone toca me tirando do transe.
- Oi Cris- ouço me perguntar se está tudo bem - sim tudo deu certo, nesse momento só gostaria de ir pra casa- pergunta se Loren também pegará uma pena alta.
Digo apenas que não sei, pergunto sobre meu filho e sei que hoje o que ele menos precisa é estar comigo.
Cris e Levi cuidarão bem dele.
Tenho que ir para um hotel não posso voltar para casa hoje, saio andando em direção à algum ponto de taxi e tento pensar nas coisas boas e nos momentos felizes que tive com quem eu amo.
Isso me fará ficar menos triste e abalada com o que aconteceu.
Me sento em um banco de um ponto qualquer, acredito que aqui passe algum ônibus ou táxi para o centro.
Repasso o que vivi nas últimas vinte e quatro horas e uma gargalhada alta se faz presente, comeco a rir sem parar aos poucos a risada vai ficando abafada e lágrimas grossas e gordas rolam minha face sem cessar.
Olho as estrelas no céu e agradeço a Deus por tudo, mesmo por ter perdido tudo. Mesmo por nunca ter tido o amor de mãe que sempre sonhei, ou até mesmo por nunca ter a vida que sonhei.
Mas agradeço em meio ao pranto pois sei que estou viva e as pessoas que estão a minha volta se importam comigo tanto quanto eu me importo com elas.
Fecho as duas mãos e levo ao rosto escondendo a vergonha de estar chorando enquanto carros passam por mim.
Até que uma presença se senta ao meu lado me fazendo levantar de susto.
-Quer me matar do coração - falo batendo a mão no ombro de Noah que rir sem parar.
-Ah vai, concorda que foi hilário - se levanta, só daí me dou conta que ele está com um capacete na mão.- Achou que eu ia deixar você aqui sozinha- balança a cabeça fingindo estar magoado- mamãe ajeitou tudo e as três vão pagar o que fizeram com você - sua expressão fica séria.
- Ah pensei que fosse algo mais serio- falo rindo pra descontrair, ele se aproxima colocando o capacete no banco e segurando minhas mãos de forma séria diz.
- Quem só conhece a dor não reconhece a gentileza, eu vou fazer de tudo pra você ficar bem Hyna.
Um ar estranho paira sobre nós, é como se pudéssemos ver o vento lentamente, como se os minutos virassem horas, pega o capacete do banco e em total silêncio coloca delicadamente em minha cabeça fechando o fecho e abrindo a viseira.
Olhando em meus olhos passa a mão sobre os cabelos como se estivesse sem jeito.
-Por favor princesa - segurando em minha mão se aproxima da sua moto, sobe nela- já andou em uma máquina dessa?
- Eu... eu não - as palavras saem sem sentido.
-É só segurar em mim- da a mão e me ensina como sentar- pode passar os braços na minha cintura e segura.
-Tá calma- falo rápido me lembrando de que nem sei para onde vamos - pra onde vai me levar?
Gira a chave e me lança um sorriso maroto me fazendo rir, e assim sai me levando pelas ruas movimentadas.
O frio da noite corta minha roupa sem piedade, e Noah faz questão de ter cuidado para que eu não caia e nem tenha medo.
Minutos depois estamos em frente de um prédio bonito, ele aperta algo na chave e faz o portão se abrir.
Entramos em um estacionamento, minha mente não distingue cores, sons ou coisas do tipo.
É como se o meu corpo apenas estivesse indo e indo sem saber onde.
Entramos em um elevador e quando vejo já estou em uma sala pequena com móveis simples mas bem aconchegante.
Jogando as chaves sob a mesa se vira pra mim.
- Esse é meu humilde lar, aqui venho quando estou cansado ou quando quero sumir- seus olhos são tão doce- imaginei que não gostaria de voltar pra casa, aqui você pode descansar e ficar em paz.
-Na verdade eu estava indo pra um hotel- reclamo sem jeito.
- Foi o que imaginei, por isso mocinha aqui está. Nesse momento a última coisa que deve fazer é ficar sozinha - se jogando no sofá a sua frente ergue os braços e coloca sob a parte de cima do assento - vai por mim eu sei como é.
Analisei devagar a expressão daquele rosto, tão bem cuidado, sobrancelhas grossas boca bem desenhada e carnuda.
Uma blusa de lã cacharrel preta e por cima sua habitual jaqueta de couro preta.
Calça de couro e seu coturno tão lustrado que provavelmente poderia ser usado como espelho.
-Se continuar a me olhar assim vou começar a pensar que tem segundas intenções com minha humilde pessoa- sou tirada de minha observação.
-É que... desculpe- sinto minhas bochechas queimarem enquanto gaguejo.
-Relaxa princesa - rir de forma gostosa - eu sei que sou um arraso de homem, mas olha se quiser passar a mão eu cobro tá -reviro os olhos sem saber o que dizer.
-Na fila do ego passou quantas vezes em - dou risada da cara de bobão que ele faz.
- Deveria dizer Hyna, a vida é curta e imprevisível demais pra se guardar sentimentos - sua postura ficou ereta, segurando as mãos uma na outra me encarou com dor nos olhos .
-Do que está falando?- pergunto sem entender ainda em pé.
-Todo mundo sabe que você ama ele- acabo franzindo a testa sem entender - Aaron.
Meu coração errou a batida umas dez vezes seguidas, minhas mãos começa a suar frio e encarando os olhos nos dele não tenho ideia do que fazer.
abaixo a cabeça tentando desviar o contato e pensar em algo para sair desse momento constrangedor.
A passos lentos se aproxima de mim e minha respiração fica pesada como se o.ar não tivesse passagem para sair, sem reação sou surpreendida por um abraço forte e quente, enquanto suas palavras saem calma entrando em meus ouvidos.
- As vezes não podemos estar com quem realmente importa Hyna, seja por motivos simples ou não mas na vida devemoz arriscar nem que seja uma única vez.
Suas mãos chegam ao meu cabelo e ali faz um carinho enquanto estou imóvel.
- Seja a dona do seu destino Hyna não deixe que o fardo que carrega te impeça de ser feliz, algumas vezes deixar tudo no passado e seguir é melhor que ficar estacionado remoendo coisas que não dá pra consertar.
Seus braços se soltam do meu corpo e se vai sorrindo me deixando sem entender, ficando apenas com um sentimento de gratidão.
- Voce deveria tomar um banho e comer alguma coisa, vou pedir uma pizza.
Ainda com pensamentos nublados vou em direção ao banho e me perco em pensamentos.
Não sei meus sentimentos em relação à Ivi, acredito que seja gratidão por ter me dado alegria enquanto estivemos juntos.
Ou carência já que nunca fui tão bem tratada por alguém como fui por ele.
Noah me empresta uma roupa dele, é uma camiseta preta de algodão e uma cueca box nova, é confortável e não incomoda quando me movimento.
- A pizza chegou- Noah bate na porta me avisando.
Saio andando com um pouco de vergonha de estar me vestindo assim, vou até ele na sala que está colocando a pizza e umas cervejas na mesa.
Ao me ver sorri simples, o ajudo a servir e enquanto comemos falamos amenidades e sinto que com Noah as coisas fluem muito mas rápido e leve do que com Ivi.
O celular dele toca o fazendo atender de boca cheia.
- Sim mon tesour- fica em silêncio - não sei mas se ele me ligar te aviso- pausa- pode deixar, e o cachinhos de ouro?- sorri bolo, um sorriso bonito daqueles que não se mostra os dentes mas que deixa o peito quentinho - eu sei Nerea vou pra casa amanhã avisa os chefes - diz se referindo aos pais- amo vocês até depois, bjos.- Desliga sorrindo.
-Ainda não me acostumei com essas coisas romanticas- fala preenchendo a boca de pizza.
- Você é de outro mundo- mordo mais um pedaço.
-Bebe uma cerveja pra relaxar - abre sua latinha dando um grande gole.
- Sou fraca pra bebidas acho melhor não - digo- sem graça.
- Bebe só um pouco assim vai conseguir dormir um pouco- estende a latinha em minha direção.
Bebendo e comendo conversamos muito e damos risadas, até me esqueço das coisas que aconteceram e a cerveja me deixa leve e animada.
- Você está ficando vermelha, acho melhor parar de beber - tira a cerveja da minha e eu me recuso a deixar ela ir.
É tão difícil me sentir assim que quero mais dessa sensação de leveza, e euforia.
- Só mais um pouquinho - falo enquanto me jogo em cima dele tentando pegar a latinha de sua mão.
Meu corpo cai em cima do dele fazendo que ele caia de costas no sofá, risadas de ambos saem sem esforço algum.
Até que elas se cessam e nossos olhos se encontram um ar estranho e pesado cai no ambiente em um momento de embriaguez não sei, ele passa sua mão em meu rosto retirado os fios de cabelo em um movimento lento e delicado.
Me atrevo a me aproximar um pouco mais até que nossos lábios se encontrem.
Uma dança sensual e intensa de nossas línguas me faz arrepiar meu corpo fica quente, seu beijo e envolvente e viciante não me deixando sair apenas querendo mais, sua mão acaricia meu rosto enquanto a outra desce em minha cintura apertando levemente a cada mordiscada
que dá em meus lábios.
Tento me aproximar meu corpo ainda mias saindo do meu próprio corpo e perdendo a noção do que faço parece que o tempo parou e que só existe esse momento.
Até que sinto meu corpo ser puxado de cima do de Noah e em flash rápido caio no chão sentada, e vejo Ivi gritar algo que não consigo entender.
- Seu desgraçado como pode fazer isso com ela- enquanto desfere socos em direção ao Noah que apenas se defende.
Socos e mais socos são dados no pobre Noah que apenas se defende e diz.
- Não é nada disso Aaron, para você tá louco- cobre o rosto com os dois braços .
- Você é um canalha- se afasta encarando nos dois- como pôde fazer isso comigo Noah.
Começa a passar as mãos na cabeça bagunçado os cabelos,sua aflição é tão grande que seus dentes rangem enquanto anda de um lado pro outro.
Noah se levanta ajeitando a camisa e rindo alto eu continuo sentada sem reação.
- Se não parar de rir eu juro que te mato Noah- aponta o dedo indicador na direção do irmão.
-Cara você tá muito exaltado, segura o coração emocionado- ergue a mão em minha direção me ajudando a levantar do chão.
- Emo.. emo.. - sua raiva se intensifica fazendo Ivi gaguejar sem conseguir terminar a frase, respira fundo e tenta novamente - emocionado? Eu?- o riso de nervoso ecoa no cômodo - eu quero saber que porra é essa aqui.
- Um beijo cara- outro soco vai em direção de Noah o fazendo cair sentado no sofá mas o que era um sorriso se transforma em uma cara séria e um olhar matador. - Você não tem direito de entrar na minha casa me agredir e machucar minha convidada - seu tom é sério e feroz.
- Não tenho?- Aaron rir com desgosto - eu sei que você está acostumado a fazer o que quer com as mulheres que sai com você - passa a mão direita no rosto - mas ela é diferente ela é ...- a frase fica inacabada.
- Ela é o que Aaron, você não é homem nem pra falar abertamente o que pensa, o que sente e o que quer- passa as mãos no joelho em movimentos de vai em vem- sempre será o cachorrinho da Angel, é por isso Aaron que você vai perder o que realmente importa no fundo pra você.
- Do que você tá falando tá drogado por acaso?- seus olhos encaram os meus enquanto eu não faço ideia do que está acontecendo, minha cabeça dói e tudo parece girar lentamente.
Noah se levanta devagar e vai em direção ao irmão colocando sua mão no ombro dele, algo entre os dois está ali no ar como uma bolha nem ao menos eu sei que é mas é bem nítido que o amor entre os dois está ali.
- Você é meu irmão e quero o melhor pra você, e nesse momento tu é um grande babaca, vai pra casa e pense no que realmente é importante pra você - tirando a mão do ombro do irmão vai em direção a porta de saida- acho bom você saber o que quer antes que perca tudo definitivamente - e com um gesto de mão pedindo pra ele sair.
É nítido que ele não concorda com a decisão do irmão porém antes de fazer qualquer movimento olha pra mim.
E sem graça murmura um me desculpa por isso, e sai a passos lentos em direção à porta sumindo em seguida.
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