🍁 13 🍁
—Eles conseguem dinheiro para a guerra, mas não conseguem acabar com a pobreza. - 2Pac
—Dá pra você me esperar ou o que?— o lado interno é todo marron as paredes os corredores que vão até os elevadores e até o uniforme da moça da portaria, colocando o pé na porta do elevador ela trava o mesmo até eu entrar na caixa metálica.
—Você é muito lento pra alguém do seu tamanho Ivi.
—Hahaha, que piada to morrendo de rir engraçadinha — cruzo os braços.
—Chegamos— o elevador para no décimo segundo andar e ela sai por um corredor iluminado com as paredes em marrons e listras horizontais brancas com alguns quadros de paisagens naturais, parada na frente de uma porta marrom claro ela fica olhando a mesma.
Chego ao seu lado e pergunto se está tudo bem, se está no lugar certo mas apenas segura minha mão e dando uma grande puxada no ar prende e depois solta, aperta a campainha branca em uma caixa floral rosa meus olhos se dão conta da placa cravada na porta tom dourado com o seguinte nome.
Psicóloga Drª. Charlotte Becker
Antes da minha pergunta sair a porta é aberta por uma moça nova branca com cabelos escuros feito a noite brilhosos como a lua amarrados, em coque bem feito no alto da cabeça preso com uma caneta dourada.
Seu corpo é magro muito magro, sua altura deve ser comparada à de Hyna 1.50 arrisco, vestida formalmente com uma saia social com vinco colada ao corpo na altura dos joelhos de cor branca, um scarpin preto um blazer branco e uma blusinha de renda preta, seu blazer está fechado apenas por um dos botões dando um ar sexy.
—Entre— paro de analisar e vejo Hyna segurar minha mão e me puxar fazendo com que eu tropece dois passos a frente assim que a Drª, nos da passagem.
A sala não é muito grande, uma estante do chão ao teto com vários livros de grande espessuras, tomam conta de uma parede inteira, as cores brancas e chumbo nas paredes, um tapete branco felpudo uma mesinha pequena de madeira rústica e um vaso de orquídeas, um sofá branco uma poltrona da mesma cor e uma janela toda em vidro do chão ao teto que faz o vento entrar calmamente refrescando o ambiente.
—Lotte esse é Invisível, Invisivel essa é a Lotte— Hyna me faz olhar para a mulher em pé em minha frente que sorri amigável.
—Então o Sr. é o Invisível — estende a mão em minha direção — é um prazer conhece-lo— retribuindo seguro sua mão, ela da um aperto firme e seguro o que me faz ter uma visão ainda parado com as mãos na dela e meus olhos fixos nos seus.
—Obrigado pela confiança — aperto a mão do homem estendido no chão.
—Prometa que cuidará dela, que não a deixará e que vai se lembrar de tudo, por favor me prometa que voltará pra sua vida— com lágrimas nos olhos o homem de porte atlético e forte deixa lágrimas derramarem.
—Eu prometo eu juro, mas por favor aguente firme eu vou chamar alguém — lágrimas caiam dos meus olhos e a dor no meu peito era uma katana rasgando o mesmo— aguente por favor— soltando sua mão ele segura aínda mais forte a minha.
Embaixo de um viaduto chamado Cameron, eu e meia-noite nos abrigavamos do frio e da chuva torrencial que caia pesadamente, dias antes ele havia pegado pneumonia aguda devido ao frio e a chuva constante em que ele se aventurava, ao olhar para seu neto que saia da escolinha todos os dias.
Sua internação no hospital público durou apenas sete dias, mas sua melhora artificialmente deixava evidente que ele não iria aguentar.
Tudo que eu ganhava com a reciclagem gastava com remédios que não estavam o ajudando, nos dois últimos dias a chuva e o frio se intensificou fazendo piorar.
Tosses fortes a todo instante vinham com as machas vermelho rubro que manchavam seu cobertor, com isso Dayene tinha que lavar eles na fonte Luli todos os dias porém eles não secavam.
Meia-noite era conhecido pela cidade toda e muitos ajudaram, mas na noite de 21 de julho as 23:56 da noite as tosses pioraram a febre alta não o deixava, sua respiração estava fraca quase falhando, e em seus últimos minutos me disse tudo o que queria.
— Sabe porque meu filho eu não deixei Dayene ficar— tossindo muito depois das palavras — porque ela é fraca demais e sensível demais para aguentar me ver partir— sentado no chão com a cabeça dele apoiado em meu colo segurando sua mão eu não queria acreditar que a pessoa que me ajudou a viver depois que sai do hospital sem nome me ensinou a sobreviver nesse mundo cruel.
—Não diga nada por favor, aguente até Day chegar com ajuda— passo uma das minhas mãos em sua testa quente e suada.
—Lembre-se meu filho, que a vida é dura com aqueles que são bons de alma, e nem sempre vamos ter as respostas — COF..COF — tossindo ainda mais, me fazendo entrar em desespero— mas jamais guarde ódio em seu coração ele leva o homem a perdição sem chances de voltar, eu me orgulho por você ser quem é, mesmo sem saber no fundo suas raízes eu sei que seu coração é bom, tão bom que vai levar luz aqueles que residem nas trevas assim como fez comigo.— Soluçando alto abraço seu corpo no meu— não chore não devemos chorar, você foi o filho que eu sempre quis.
—Xii, não se esforce fique quieto— coloco meus dedos sujos na minha boca em forma de silêncio, a fogueira improvisada que fiz fazia o plástico e as madeiras queimaram rapidamente, pra mim estava quente mas não era o suficiente para aquece-lo.
—Obrigado meu filho, corra atrás da sua felicidade e não esqueça de quem realmente te ama— com um sorriso nos labios seus olhos se fecharam devagar até não mais abrir.
E foi aí que eu senti, senti a dor pela primeira vez, a dor de perder alguém importante a dor que me fez fechar os olhos e chorar abraçado ao seu corpo por horas a fio sem me importar com nada.
—Obrigado, obrigado, obrigado meu amigo meu irmão. — Tentado falar continuo— eu nunca vou conseguir dizer o que você significa pra mim eu só posso te agradecer, eu te amo.
A chuva que caia sob o viaduto fazia um barulho ensurdecedor, o vento parecia estar furioso e o céu chorava, chorava pela perda de um grande homem aqui na terra o melhor que eu já conheci.
—Aconteceu de novo né — falo assim que volto a mim soltando a mão da Drª— me desculpe.
—Porque está chorando?O que foi que lembrou?— Hyna pergunta ao meu lado preocupada.
—Não foi nada— seco as lágrimas com as costas da mão.
—Interessante— Charlotte disse me encarando com a mão no queixo— muito interessante.
— O que foi Lotte?
—Nada, enfim o que devo a honra da sua visita nossa sessão é só semana que vem.
—Só queria sei lá conversar— sem jeito Hyna passa as mãos no cabelo.
Charlotte abriu exceção e abriu uma sessão para Hyna que desabafou eu fiquei do lado de fora, até porque esse momento é dela e não meu né, até ouvir meu nome ser chamado.
—Ivi— Hyna põe a cabeça pra fora da porta me procurando, levantado do chão do corredor me levanto e vou até ela — sua vez— diz assim que paro em sua frente, me puxando para dentro.
Uma hora foi o tempo que levei deitado em um divã de frente a Drª contando a minha vida, tudo nos mínimos detalhes.
Hyna ficou comigo, porém sentada em um sofá um pouco mais distante apenas ouvindo sem dizer nada e me encorajando com seu olhar quando as palavras me faltava.
—Viver na rua é um inferno o qual ninguém merece, as disputas por territórios são sempre sangrentas e desnecessárias— falo ainda deitado com as mãos no peito.
—Entendo— a Drª anota tudo em um caderno encapado com couro preto, ajeita seus óculos estilo retrô na frente do rosto— se me permite o senhor deveria fazer registros diários ou relatar suas lembranças, isso vai ajudar a aliviar a carga emocional e psicológica.
—Eu não sei escrever — digo sem jeito.
—Uma outra opção seria gravar— colocando a mão no queixo para olhando o nada— de início imaginei que suas lembranças apenas vinham do passado, o que me levava a crer que um choque ou trauma muito grande fez com que seu cérebro apagasse aquilo que não lhe faz bem, porém agora com essa versão mais recente de lembranças eu não tenho mais dúvidas.— Se ajeita na poltrona e relaxa os ombros.
—Duvida do que, vou conseguir me lembrar?— falo me levantando eufórico.
—Faremos o possível pra que isso aconteça — sorri gentilmente.
Mas minha euforia não durou muito tempo, ao mesmo tempo eu queria lembrar saber quem fui de todo o meu passado minha história mas o medo de descobrir era gritante tão intenso que senti a carne do meu corpo tremer.
—Não se preocupe invisível, o seu maior medo não se realizará — com os olhos enigmáticos Charlotte parecia ver minha alma— a não ser que você deixe isso acontecer.
—O que, aconte..cer o que? — pergunto com medo.
—Eu creio que já sabe a resposta, a sessão de hoje terminou voltem a semana que vem— intercalando seu olhar entre eu e Hyna.
—Obrigada Lotte mais uma vez salvando meu pescoço — com uma risadinha sem jeito Hyna vai até sua amiga a abraçando e falando algo baixo, se despendem e ela sai pela porta— te espero lá fora Ivi.
—Bom eh ... eu é — coço a nuca.
—Não é preciso agradecer — sua voz saiu tão doce e amável que me senti bem, e com um leve balançar de cabeça saio do consultório mais leve do que já me senti em toda minha vida.
—Você me deve isso seu verme— entre dentes Noah falava segurando um homem pelo pescoço em um beco sujo e inabitável — ou você consegue isso pra mim em uma semana ou vou contar que um rato imundo está traindo a confiança dos poderosos Scorpions, o que você acha?
—Não não não, por favor não faça isso eles vão me matar— com um sorriso maligno no rosto que fez o homem com a mesma altura de Noah tremer e fazer xixi nas calças.
—Como vai preferir morrer?Talvez com um tiro na testa, ou degolado melhor esquartejado— um riso de escárnio é ouvido.— Está avisado quero essas informações pra ontem me ouviu Raul, pelo que sei tem gente dos Scorpions envolvidos no sumiço do meu irmão, e você reze pra que não seja você — apertando ainda mais o pescoço do homem que estava com as costas grudadas na parede úmida e embolorada de mofo, seus pés que não tocavam o chão faziam leves movimentos, até que Noah solta o homem que cai em um baque surdo no chão molhado com certeza restos de esgoto de algumas casas.
O homem assim que percebe que está livre começa a correr de quatro feito louco no beco, deixando pra trás um Noah sorridente e satisfeito.
Se os malditos Scorpions achavam que iam sair ilesos caso tivessem algo a ver com seu irmão eles estavam enganados, e com um sorriso no rosto saiu andando com as mãos nos bolsos da calça jeans assobiando uma música qualquer e totalmente despreocupado, subindo em sua amada e maravilhosa companheira MV Augusta F4 Tamburini colocando o capacete preto com um adesivo de uma caveira e saiu pelas ruas até chegar em sua morada.
Parando a moto devagar desligando ela e saindo de cima da mesma, ainda com o capacete apoiado em cima da cabeça como se fosse um simples boné Noah contemplou a vista do seu maravilhoso quintal, com grama verde e saudável com as flores preferidas de sua mãe espalhadas e bem cuidadas as magnólias são suas preferidas mesmo eu achando as Gazania uma flor exótica e com uma beleza, ainda em seu caminho ele para vendo ao longe o senhor de idade com um chapéu mexicano na cabeça se protegendo do sol, mexendo na terra sentado com uma pá de jardineiro não, Noah não podia deixar de falar com Justino, seria a mesma coisa que não ter um quintal ele era responsável.
—Sabe Cleuza eu sempre achei que você iria ser uma bela flor, acho que até mais que a Sônia, mas não conte a ela— deu um riso alegre e continuou mexendo nas suas petúnias, ver aquela cena me dava uma grande alegria pois Justino sempre esteve em sua família desde que se conhece por gente, e sua amada esposa Cleuza a cozinheira de mão cheia que o ajudava a roubar bolo de cenoura com calda de chocolate e comer escondido em baixo de sua saia.
Cleuza se foi muito cedo tão cedo que uma criança facilmente sentiria sua falta, ele e seu irmão ficarão anos sem comerem bolo de cenoura com calda de chocolate porque nenhum era tão bom quanto o de Cleuza, um riso interno fez o peito de Noah se encher.
—Se eu fosse a Sônia teria ciúmes dessa sua gentileza para com Cleuza— o sol que brilhava ao meio dia fez o homem com seu grande chapéu olhou de lado e um grande sorriso estampou seu rosto.
—Ah menino Sônia é tão ciumenta, se soubesse— sua voz sai alegre — faz dias que não o vejo por onde andou menino Noah?
—A empresa tem me ocupado demais— coço a nuca envergonhado — e nas minhas folgas eu faço...
—Não se justifique menino, estava brincando — faz um sinal com as mãos — olhe só — me abaixando para encarar a terra vejo ele apontar para um brotinho pequeno que estava sob a terra se deliciando com os raios de sol.
—Qual será dessa vez — pergunto interessado.
—Sabe pequeno Noah, eu já não lembro a idade não me ajuda a me lembrar de tudo com frequência — volta a mexer na terra.
—Não lembra que me disse que seria uma Dalia?— o alzheimer uma doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais, o visita todos os dias mas mesmo aposentado ele não deixa de fazer o que ama que é cuidar do jardim sempre que dá, e confesso que não me vejo sem esse ser por aqui.
—Sua memória está muito boa pequeno Noah— sorri— mas esse sol vai estragar sua linda jaqueta.
—Eu tenho outras, o senhor lembra que gostou dessa outro dia?
—Como não, a do Guns N' Roses não é?
—Ela é toda sua— digo retirando a mesma do corpo e entregando a ele, que me olha com seus olhos azuis, sua pele enrugada e bem bronzeada pela sol.
—Minhas mãos estão sujas pequeno Noah, e além do mais isso e muito caro para dar a um empregado qualquer — Noah sempre o viu como um ser mágico pra ele, afinal ele fazia flores nascerem com tanta delicadeza que era difícil imaginar outra pessoa nessa função.
—Vem aqui meu velho— levantado ele pelos ombros coloco a jaqueta que ficou grande demais em seu corpo franzino, o meu sorriso surgiu ao ver o sorriso dele— vamos almoçar hoje juntos, faz tempo que não fazemos isso, tenho vontade de voltar no tempo.
—E roubar pedaços de bolos né — da uma risada me abraçando — o dia que eu partir coloque ela em mim — dando risada diz.
—Isso vai demorar cem anos meu camarada— abraçando ele saio o puxando para as mesas de café da piscina— sente-se já volto com nosso almoço.
Tivemos um maravilhoso almoço, com direito a risadas e ervilhas voadoras, todos esses dias longe dele e de Nerea me deixaram saudoso de prosa como Justino diz, e me sinto feliz ao lado deles depois de tudo terminado falo pra ele ir descansar sua idade já avançada o prejudica com tarefas que antes eram corriqueiras.
Fico ali sentado na beira da piscina refletindo sobre minha vida, sobre tudo que acontece e o que deixa de acontecer e sinceramente não me sinto confortável com essa situação toda, vejo minha família se acabando ao poucos.
Cadê aquela alegria diária em que vivíamos?
—Ola Noah— Angel se senta ao meu lado.
—Oi Angel.
— De mau humor logo cedo?— ergue sua sombrancelha pra mim.
—É falta de um bom whisky— sorrio.
—Não seja por isso, acredito que Aurora tenha os melhores— acabamos rindo.
— Como se sente?— pergunto a ela, que entende rapidamente ao que me refiro.
—Incompleta— apoia o rosto na mão — a cama é sempre fria e espaçosa demais.
—Nunca pensou em refazer sua vida?— pergunto curioso.
—Se sua mãe ouvir você falar isso vai dizer que está cobiçando a sua cunhada.
—Longe de mim— falo rápido o que não deixa de ser verdade, só acho que nesses seis anos ela deveria se refazer e não se apegar tanto a alguém que achávamos até pouco tempo que estava morto, o que graças ao bom Deus não e verdade.
—Eu sei seu bobo, vamos entrar o sol está ficando cada vez mais quente.
—Ter a pele branca como anjo da nisso— saímos os dois conversando e rindo, mas sempre que estava perto dela algo me incomodava eu gosto dela e sei que ela ama meu irmão, do contrário quem aguentaria toda essa barra se não amasse de verdade, ou que motivos ela teria pra continuar se não fosse por ele?
"Que motivo a faria ficar se não fosse pelo amor?"
—Daqui algumas semanas vamos saber onde ele está — solto não querendo segurar somente pra mim.
Ao ouvir isso ela paralisa e me encara em seu rosto não vi expressão alguma, o que deixou tudo difícil, até ela falar alto.
—Tem certeza— seus olhos questionadores não passaram despercebidos.
— Hum hum, absoluta.—Seu grito de felicidade foi tão grande que minha mãe desce as escadas descalça e com o olhar perdido.
—O que está acontecendo? — pergunta ainda segurando o corrimão da escada parada no meio da mesma.
— O Noah ele... ele..ele vai..— não consegue falar, fico parado olhando a cena enquanto ela corre escadas acima feito uma destrambelhada esquecendo a etiqueta e abraçando mamãe e chorando— ele vai traze-lo de volta.
—Verdade?— balanço a cabeça e vejo as lágrimas de minha mãe rolarem, se soltando de Angel ela termina de descer os degraus e vem na minha direção me abraçando de uma forma que não fazia a anos— eu não sei qual é o seu meio, mas estou feliz— entre soluços e lágrimas ela me abraça ainda mais e sinto seu cheiro tão doce e delicado — agora sei que posso ter um neto.
Demorou mais saiu hehe, logo logo verdades serão descobertas aguardem e não me abandonem sei que estou sendo uma péssima escritora com vocês.
Perdão.
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