🌸09🌸

Um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores.

—Então você está me dizendo, que ajudou um morador de rua, colocou ele dentro da sua casa e ainda dormiu tranquilamente — Levy andava de um lado para o outro nervoso.

—Eu só quis ajudar—me encolhendo como uma criança que acaba de aprontar, ele sempre teve o dom de fazer com que eu me sinta infantil.

—Pra que tanto alvoroço? — Crystal interveio, sentada no sofá com os braços aberto sua jaqueta de couro brilhante sua calça de couro e seus coturnos lustrados.— Ela ajudou uma criança, nos faríamos o mesmo — minha melhor amiga diz calmamente abrindo sua bolsa e retirando de lá uma lixa de unha.

—Sim nos faríamos se estivéssemos os três juntos, mas isso — para retirando sua gravata verde limão — isso foi perigoso Hyna — sua voz fica baixa, vem na direção de onde estou sentada e se põe em joelhos colocando suas duas mãos na minha coxa.Seu olhar de irmão mais velho me da medo e mesmo assim me conforta.— Desculpas— Arregalo os olhos e Crystal começa a tossir sem parar.

—Você está pedindo desculpas Levy?— se põe a mexer novamente na bolsa— vou ter que filmar isso aqui.

—Eu sei que você ajudou uma criança, e estou muito orgulhoso de você — passando seus dedos longos e gelados no contorno das minhas bochechas—eu só tenho medo de que algo de ruim aconteça com você e com ela — aponta o dedo pra trás na direção de Crys—vocês são como irmãs pra mim eu jamais quero ver algo de ruim acontecer com vocês, eu não suportaria.— essa frase irmãs deve ter incomodado Crys, ela se remexe no sofá incomodada.

—Eu sei— é a única coisa que consigo dizer, após essas palavras o abraço pelo pescoço sentindo a proteção que somente ele me passa eu poderia dizer tudo que sinto por esses dois mas acredito que as atitudes feitas de coração podem dizer muito mais.— obrigada — falo baixinho em seu ouvido e sinto o mover levemente de suas bochechas a sorrir.

—Ta, já chega desse sentimentalismo barato né— Crys como sempre delicada feito flor — que tal sairmos pra comer?

—Acho uma boa ideia-—Levy sorri.

—Eu tenho que trabalhar amanhã— digo cabisbaixa.

—Droga, ta vendo ai — a indignação de Crys se nota—quantas vezes eu disse que tenho vaga pra você lá na empresa?

—Lá no escritório também Hyna, você não precisa trabalhar tanto e ganhar pouco — ou no meu escritório ou na empresa da Crys você pode ganhar muito mais, além de ter mais tempo de folga.

—Eu sei, mas vocês não me entendem, quero conseguir tudo por meus esforços nada além disso— encaro os dois na minha frente.

—Serio?Porque não tenho boas notícias pra te dar—meus olhos quase saltam pelas órbitas e meu coração erra uma, duas, três todas as batidas possíveis, seu tom firme e em bom tom me diz que agora não estou falando com meu amigo e sim o melhor advogado criminal dessa cidade. — Seu aluguel está atrasado três meses, o proprietário quer 50% do valor em dinheiro, e com suas dívidas se acumulando você não vai conseguir ganhar o processo de adoção. — seu silêncio me diz mais do que eu queria escutar.

—Hyna, nos deixe te ajudar — os olhos jabuticabas de Crys revelam o medo por trás dessas palavras — tanto você quanto nos queremos o Ryan, eu e o Levy podemos fazer um casamento de fachada e ganhar o processo, você estaria ao lado dele a todo momento.

—Eu sei que não tenho condições agora de ficar com ele, mas está fora de cogitação outra pessoa o adotar— cruzo os braços na frente do peito— ele é meu, somente meu se ninguém quis ele agora e porque ele está destinado a mim.— Eu sei isso soou egoísta, possessivo porém ninguém sabe o que eu e o Ryan sente um pelo outro.

—Hyna olhe o que está falando, você sabe que a qualquer momento outra pessoa, uma família pode ir e conseguir e seus esforços irem por água abaixo — só de pensar nessa hipótese meu peito dói e sinto meus olhos arderem.

—Ela não pode fazer isso comigo "Vih"— choramingo.

—Nos sabemos docinho—Vih com sua calma e paciência afaga meus cabelos— nos vamos dar um jeito, quem é o melhor?  —abrindo um sorriso grande respondo.

—Você— Crys se entromete.

—Já que os bonitinhos já se acertaram que tal comer?— eu e Levy damos risadas.

Então saímos da minha casa e seguimos rumo ao carro de Levy que estava estacionado na calçada, nunca entendi o amor que ele tem por esse carro e nem sei se um dia poderei entender sei que vim de uma família com dinheiro e poder mas jamais tive o prazer de desfrutar de mimos como tal, abro o porta traseira e adentro esperando Levy e Crys se acomodarem, como sempre Crys faz o que não se deve coloca seus pés no painel.

—Tira suas patas do meu carro —Levy diz batendo a mão em suas pernas fazendo a mesma sentar de forma correta.

—Ai, pra que tudo isso, não precisava é só uma lata velha— alisando a perna, já posso imaginar o que vem pela frente.

—Ta louca? — colocando o cinto ele para o gesto no meio do caminho - não é uma lata velha é um Rolls Royce Ghost pro seu governo— Crys faz um som estranho com a boca e vira de costa olhando pra mim e revirando os olhos— essa maquina aqui só é vendido por encomenda, tem conexão wi-fi e 18 alto-falantes com ajuste automático que permitem qualidade de som em todo o interior do veículo.— Sorrindo como um louco termina— Com velocidade máxima de 250 km/h, ele pode alcançar 100km/h em apenas 4,9 segundos, e você me diz que isso é uma lata velha?— rindo maquiavelicamente completa —essa gracinha aqui é pra poucos e você não deveria insulta-lo.

—Ta,ta ta chega de falação vamos comer logo anda—Crys fala impaciente.

— Você só pensa em comer— por fim termina seu discurso sobre seu lindo carro e arranca pelas ruas calmas e cívilizadas vamos em uma conversa animada cada um esquecendo seus problemas, Levy seus casos judiciais e Crystal seus projetos arquitetônicos eu não posso me esquecer do meus mas isso não impede que eu me divirta com as pessoas que amo.

Chegando em nosso destino vamos direto ao um restaurante italiano, nos três amamos esse tipo de comida e cá entre nos é bom ter essa semelhança já que detesto discutir onde vamos comer, o restaurante se chama Palatare além da sua gastronomia ser o ambiente e maravilhoso, é calmo não muito cheio pintado de branco, verde e vermelho em listras grossas de tinta na parede as mesas e cadeiras de madeiras em tons escuros pintados de verniz as toalhas do mesmo tom das paredes com desenhos pintados a mão dão um charme, encantador.

A criatividade do local é o toque original, olhando meus amigos sentados um do lado do outro não consigo entender qual é o problema, eles discutem o tempo inteiro e não sei se isso e bom ou não.

—Boa tarde—um rapaz moreno baixinho vestido de calça jeans, uma camisa branca usando gravata borboleta preta e um avental nas cores da Itália na cintura, com um bloquinho de papel e caneta na mão pergunta todo sorridente, seus olhos negros e seus cabelos lisos na mesma cor amarrados em um rabo de cavalo baixo que vai até seus ombros, muito atraente além de educado. —O que vão querer hoje?— alterna o olhar entre nos três.

—Eu, primeiro eu olha moço — Crystal como sempre a esfomeada pede o seu primeiro  — eu vou querer
Tortellini de Bolonha, Bruschetta, Gnocchi e de sobremesa ainda não sei— o rapaz a nossa frente ergue as sombrancelhas em surpresa e sorri anotando tudo com muita rapidez, enquanto ela põe as mais nas têmporas pensado no que mais ela pode pedir, enquanto ela não se decidi resolvo fazer o meu pedido.

—O meu será apenas uma lasanha a bolonhesa, e um suco de abacaxi com hortelã — sorrio.

— Eu vou querer Alcachofras a moda Romana e de sobremesa um Tiramisù.

—Ok, e a senhorita já se decidiu?— paciente pergunta a Crys que semicerra os olhos e se lembra de algo.

—Já, quero cinco Arancini di, Carnavale, e oito chicchiera, por enquanto qualquer coisa eu te chamo benzinho— Levy arregala os olhos e sua pele branca começa a ficar avermelhada.

—Tudo bem, já volto com os seus pedidos— dando um leve balançar e sai andando calmamente pra cozinha, depois de andar uns vintes passos Crys o chama atraindo atenção dos que estavam no local.— Pois não, algo mais?- diz olhando para nos três parado no mesmo lugar.

—Não, só quero que não demore muito o deles podem chegar amanhã mas o meu, por favor traga logo— sorri seu sorriso sedutor e sei muito bem o que ela está fazendo.

—Da pra parar de chamar atenção — o emburrado ao lado dela segura seu pulso levemente.

—Ah me deixa, você não é meu pai— retira o braço da mão dele e cruza os braços fazendo bico.

—Da pra vocês dois pararem, porque toda vez vocês brigam tanto?

—Porque ela é muito infantil — retrucando Levy se impõe.

—E ele acha que e meu pai.

—Ta bom chega, vamos comer que e melhor.

Depois que nossos pedidos chegaram, comemos como se o mundo fosse acabar cada garfada um suspiro e um prazer em cada mordida a comida é realmente maravilhosa, mesmo assim ainda não ganha do Lá Rosa.

Levy como o cavalheiro que é pagou a conta sem nem ao menos nos questionar, saímos de lá de barriga cheia e de sorrisos no rosto nada como um dia alegre e com quem admiramos.

—Você deveria ser mais aberto, é muito parado parece até uma mulherzinha — Crys diz rindo da cara de Levy ele se aproxima lentamente por trás dela e diz baixo em seu ouvido, mas não tão baixo ao ponto que de eu não ouvir.

—Mulherzinha né, não foi isso que você me disse...— para a frase assim que nota que eu e ela estamos com os braços entrelaçados e perto uma da outra.— Vou pagar o estacionamento, sai andando rápido sem olhar pra nós enquanto Crys apenas está imóvel e mais branca do que de costume, quando abro a boca para questionar gritos estridentes são ouvidos vindo do outro lado da rua.

No mesmo instante meu olhar e o de Crys foca em três pessoas, uma mulher alta de cabelos loiros e bem vestida ao lado de um carro de luxo, um homem segurando um carrinho de reciclagem estático enquanto dentro do carrinho está uma menina magra e pequena de cabelos cor de ouro escuro, meu primeiro instinto foi sair arrastando Crys comigo e ir até lá.

—Seu imundo, você acabou de estragar meu carro— a mulher gesticulava com a mão — sabe quanto custa um carro desde? — Dando uma risada de escárnio ela diz as palavras
— não um nojento como você jamais saberia não é?

— Olha aqui, você não tem direito de falar assim do meu amigo não— a raiva foi subindo pela minha garganta de um jeito que jamais vi— e é você quem está errada— a mulher vira o corpo na minha direção me olhando dos pés a cabeça fazendo o mesmo processo com Crys.

—Era só o que me faltava a mulabenta pé de barro quer me dar lição — suas palavras cortam minha alma e pela primeira vez na minha vida me senti envergonhada por usar roupas como essas, uma calça de moletom cinza claro uma regata preta e uma blusinha fina de lã, nos meus pés estão uma sandália baixa de cor laranja um pouco gasta e arranhada, meus cabelos presos em um coque sem me dar conta pego fecho a blusa de lã abraçando meu corpo me encolhendo.

—Olha senhora eu posso explicar— Invisível diz sem jeito.

—Não meu senhor, alguém tem que ensinar uma lição pra essa dondoquinha aqui— Crys mostra seu verdadeiro poder — minha senhora entenda uma coisa está vendo esse senhor que está em sua frente?

—Esse morador de rua?Claro que estou— olha com nojo para a pequena Lara e seu pai.

—Acredite a senhora ou não, ele é um ser humano como eu como você, ele tem tanto direito de ir e vir como eu, como ela e como você — joga suas madeixas preto azulado, o sol refletindo neles o super cuidado que ela tem com eles.— E se a senhora não percebeu a imunda aqui e você, imunda de alma e de coração e acredite ou não sua passagem para o inferno foi antecipada com suscsso já que meu amigo advogado chegara em cinco minutos, e eu posso apostar que dou um show aqui— o olhar de Crystal muda me fazendo ter medo do que ela possa fazer— vou dizer que você me agrediu e que me atropelou quer apostar?— o sorriso cheio de maldades está no rosto dela, quando vejo Levy se aproximar calmamente — ele está chegando.

Sem pensar em nada, a mulher arregala os olhos na direção de Levy creio eu que reconhecendo sua figura tão importante, entra no carro correndo sem fechar a porta sai a toda velocidade pelas ruas enquanto eu fico pasma com a situação Crys apenas se acaba de rir segurando a barriga.

Após o acontecido contamos o que aconteceu, ele fica indignado por não ter pegado a placa e jogar um processo em cima da riquinha, até seria engraçado se eu não estivesse me sentindo mal por ele por Lara e por mim.

— Meus amados amigos, esses são Invisível e a pequena Lara — Invisível fica totalmente constrangido com a apresentação.

—É um prazer conhece-lo— estendendo a mão Levy sorri amigavelmente.

—Me desculpe senhor mas minhas mãos estão muito sujas— Muito desconfortável diz abaixando a cabeça.

—Que isso cara— Levy pega sua mão a força e segurando firme diz— eu sou igual a você, acredite.

—Ah minha vez sai dai— empurrando Levy Crys abraça invisível que olha pra mim com os olhos arregalados — é um prazer te conhecer viu, está com fome?— ele nega.

—Gostaria de falar com você depois— segurando meus dedos tomo coragem de olhar pra ele, seus olhos negros encaram os meus como se estivesse lendo minha alma, e um fervor em minhas bochechas aparecem, desvio meu olhar pra Lara que dorme entre os papelões.

—Pode falar— por fim resolve dizer.

—Hyna acho melhor esperar você no carro.

—Converse bem, não deixe duvidas— Crys diz sorrindo — só não podem fazer besteirinhas viu— apontando o dedo na nossa direção rindo— esse lugar e público — sussurra me deixando sem jeito apenas semicerro meus olhos e a ignoro.

—Tudo bem "Vih" eu já estou indo.— os dois saem em direção ao carro do outro lado da rua parado em frente ao restaurante, entram e fecham a porta.

—Então— sua voz rouca entra por meus ouvidos me fazendo arrepiar.

—É que as ruas não é um bom lugar pra ela— aponto com o queixo— e também eu não me importaria de ajudar.

—Quanto essa ajuda me custaria?Porque não sei se deu pra perceber eu não tenho onde cair morto, e não tenho dinheiro nenhum — diz sério.

—Eu sei, trabalho em um restaurante e posso indicar você pro chefe, claro que começará como lavador de pratos— descruzando os dedos respiro fundo— mas não se preocupe todos que estão lá começaram nessa função mas logo sobem de cargo.

—Isso é algum tipo de brincadeira, porque quem em sã consciência dará emprego à um indigente?

—Eu sei, é por isso que eu vou indicar você, além do mais vocês poderiam ficar na minha casa, estou com problemas com o aluguel e você poderia me ajudar não sei— estou começando a me incomodar com esse olhar queimando minha pele.

—Moça eu agradeço tudo o que fez por ela aquele dia, mas acho que a senhora não está bem.

—Eu estou, sério não é..é..que..— não consigo falar.

—É que a senhora está com pena de mim eu sei, mas mesmo com esse sentimento que não é bom ninguém faria algo assim, eu posso muito bem ser um psicopata lunático — segura ainda mais forte no braço do carrinho— ninguém gosta de pessoas como eu.

—Eu gosto— as palavras saltam sem nem ao menos eu perceber — e dela também, eu já fiquei nas ruas e sei o que é isso, eu não posso deixar uma criança como ela— mostro com o queixo Lara dormindo no carrinho— passar por necessidade.

—Eu realmente agradeço, mas não sei se você entendeu eu não posso aceitar sua ajuda em morar com você — o brilho dos olhos dele aumentam— mas se puder me ajudar com o emprego serei o homem mais feliz do mundo, vou conseguir dar uma vida digna a ela—com seus olhos marejam — se eu conseguir isso serei grato

—Tudo bem, o importante e que eu te ajude de qualquer forma, a minha parte estarei fazendo— sorrio fraco— então passe na minha casa por volta das oito e vamos conversar.

Sem me dizer nada ele começa a carregar seu carrinho pesado, arrastando pelas vias com muito esforço olhando pra onde ele segue meu coração se aperta eu queria muito ajudar mais, e ter eles perto de mim.

—Eu não deveria me importar tanto assim não é? — penso comigo mesmo.— Mas nada que eu fizer pra ele ou para outra pessoa será entre mim e ela.Tudo tem a ver comigo e Deus, se eu fizer a minha parte posso conseguir fazer aquela o mundo melhor.

E com esse pensamento sigo novamente para o carro onde meus irmãos-amigos me esperam.

—Hyna sua safadinha— Crys da um pulo no banco se virando pra mim assim que eu entro no carro— você não me disse que o mendi-gato era um gato.

—Cala a boca  Crys, você acha todo mundo bonito— Vih diz com uma carranca e sai arrancando o carro.

—Mentira, eu não te acho bonito— se vira na direção dele e o encara seria.

— Vocês já podem casar, brigam tanto que vai dar em casamento. — falo cruzando os braços, Levy apenas solta um suspiro já Crys não fica com a boca calada.

—Eu prefiro morrer do que me casar com alguém como ele— o olhar que Levy me lança pelo retrovisor me disse muito mais que palavras.

Eu sinto muito meu amigo, mas esse amor que você sente é melhor esquecer ela não te dará chance alguma.

Isso foi o que eu quis dizer, mas simplesmente balancei a cabeça e toquei seu ombro o apoiando. No que ele precisar.




Bom gente quero pedir desculpas se houver algum erro ortográfico, eu estou me esforçando para não errar, mas como sabem sempre acontece.
Assim que eu puder vou começar a revisar( creio que depois de revisar Noites de Tormenta)

Peço compreensão, obrigada.
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