🌸 05 🌸

A paz vem de dentro de você mesmo.
Não a procure à sua volta.
—Buda

Os gritos que vinham da rua eram desesperador, eu consegui sentir toda a tristeza que aquelas palavras de socorro emitiam no ar, mesmo com a forte chuva eu pude notar o desespero, eu não poderia ficar parada ali ouvindo sem fazer nada, quando retornei e percebi que a ajuda era para uma criança meu coração aliviou, na hora não pensei em nada.

Eu poderia estar me envolvendo em um assassinato ou tentativa, ou  uma briga de rua, ou em qualquer coisa que fosse me causar problemas futuramente mas graças a Deus não era nada do que pensei um anjo loiro e magro  estava com febre, uma febre tão alta que a fez começar a convulsionar a minha sorte é que sempre tenho remédios em casa para convulsões causadas por febres por ter as amídalas fechadas com frequência tenho dores de garganta e com isso a febre alta e convulsões.

O que fiz não foi certo eu sei, administrar remédios sem consultar um médico é errado e ninguém deve fazer isso, mas consegui ajudar.

Agora aqui sentanda no balcão da cozinha com um homem estranho tomando um café e comendo rosquinhas de leite, vejo que não fiz errado.

—Então o senhor é pai dela— pergunto curiosa.

—Não, na verdade sou como um tio— ele beberica seu  café, e seu gesto em segurar a xícara me diz que ele é muito mais do que aparenta.

—E a mãe dela?— pergunto dando uma dentada na minha rosquinha de leite.

—Ela sumiu — essa moça está fazendo perguntas demais,tenho que ir embora.

—Tadinha deve ser difícil não ter uma mãe — me lembro que também não tenho uma.— Pra ser sincera não é ruim de todo modo, desde que tenha alguém que a ame  ter uma mãe não fará diferença.

— Uma mãe é sempre importante na vida,não importa como a mãe seja ela sempre será  mãe.— O homem na minha frente diz e retira o capuz molhado que está em sua cabeça, revelando um rosto fino e simétrico, uma barba grande por fazer e olhos tristes, acho que os  mais tristes que já vi.

Uma sensação ruim se instala em meu peito, e uma grande vontade de abraça-lo também olhando bem para suas vestes ele me parece muito com um morador de rua,seu cheiro também não é muito agradável.
Uma blusa de moletom preta com alguns furos espalhados, uma calça jeans muito surrada e rasgada na perna direita,me da impressão dela só ter essa, seu sapato preto está rasgado quase posso ver o seu dedão do pé pra fora.

—Nem sempre existem mães que não nasceram para esse papel— depósito minha xícara no balcão. —
Onde vocês moram?O senhor deveria ter a levado ao um hospital ou coisa assim.

— Nos ainda não temos uma casa,e eu não tinha dinheiro para leva-la ao um hospital — omito a parte de não poder leva-la porque não temos documentos.

— Entendo— encaro o rosto do homem a minha frente — o senhor quer descansar?

— Não é necessário senhorita Hyna, assim que a chuva passar iremos embora.— Vejo seu corpo tremer,deduzo que seja de frio.— Sou muito grato por sua ajuda, ninguém nos ajudou.— a voz dele some ao fim da frase e vejo que há tristeza no que diz.

—Isso não importa mais,ela já está fora de perigo mas acho que deveria comprar algum antibiótico,tenho uma amiga na farmácia aqui do fim da rua acho que ela pode ajudar,já que é enfermeira também —sorrio contente.

Seria maravilhoso — fico sem jeito— eu agradeço.

— Eu vou trocar essas roupas molhadas,devo ter algo que sirva no senhor—me levanto da banqueta e ele imita meu gesto— vamos até meu quarto mas sem barulho porque a bebê está dormindo.— ele assente e me segue,ascendo a luz do quarto e vejo que a menina ainda está dormindo então abro com cuidado meu guarda roupas velho e tiro uma roupa confortável.

— Você arruma as roupas por cores?— vejo os olhos arregalados do "Invisível", então ele põe as duas mãos ao lado da cabeça e pressiona como se estivesse sentindo dor.

— O que está acontecendo — chego perto dele que apenas me olha assustado— senta aqui — seguro em um dos seus braços e o coloco sentado na cadeira que tem próximo a janela ao lado do abajur.

—Minha cabeça vai explodir — veias aparecem em sua fronte.

—Vou buscar água fique aqui,saio correndo rumo a cozinha, é muita aventura para uma madrugada
penso.

Minha cabeça parece que vai explodir, olhando as roupas dessa mulher flashs de memórias aparecem,mas dessa vez com intensidade me fazendo ter uma dor de cabeça insuportável, não consigo controlar é como uma descarga elétrica em minha cabeça.

Ouço uma voz ao longe,uma voz que é tão conhecida mas ao mesmo tempo não consigo me lembrar de quem é.

—Suas roupas estão no closet sim,você deveria parar com essa mania — a voz da mulher diz alto,imagens começam a se formar e começo a ver com clareza,estou em um quarto grande com uma cama de casal o quarto e grande e bem iluminado o perfume
com notas florais de orquídeas e rosas colombianas deixam o ambiente perfumado e o nome do perfume surge em minha .mente.

Sofia Vergara notas do coração.

Enquanto o perfume preenche minhas narinas, fico de frente há um eu mais novo e arrumado vestido com um terno azul marinho e uma gravata vermelha,o meu eu sorri a todo tempo parece estar feliz, ele sai andando até o closet e para em frente do mesmo,indo até uma  parte onde tem várias roupas organizadas por tamanho e por cor,o meu eu sorri contente.

— Achou o que procurava meu amor?— a voz feminina me pergunta o meu eu sai andando de encontro a ela e a abraça,não consigo ver seu rosto apenas suas longas madeixas loiras que caem como cascatas em suas costas,sua cintura e fina e bem desenhada está usando um vestido de seda de cor rosé sua pele é branca e seus saltos pretos altos lhe dão um charme ainda mais.

Então meu corpo não sei direito meu espírito talvez,vai se afastando e indo embora e segundos depois estou em queda livre,e antes de tocar o solo não sei dizer onde e nem como eu dou um pulo e acabo caindo no chão,passando as mãos no rosto noto que estava dormindo.

—Você desmaiou— olho pra cima e encontro os olhos cor de mel esverdeados de Hyna— vem eu te ajudo— estende sua mão,agarro a mesma uma corrente elétrica passa por todo meu corpo, me levanto rápido me sentando  no sofá.— Você desmaia com frequência?

— Não — esfrego meus olhos— acho que foi um mal estar passageiro.

—Pode ter sido— franzo a testa não acreditando muito no que ele acaba de dizer mas não faço perguntas.— Já são cinco e meia da manhã, acho melhor descansarmos,já troquei de rroupa tome um banho quente vou arrumar a nossa cama.

—É..mui..muito obrigado — diz sem jeito.

— De nada,as suas roupas e toalha está ali no sofá— aponto para as roupas ele pega elas e sai indo pro banheiro.

Busco o colchão que deixou reserva pra quando Cris e Levi ficam aqui,coloco ao lado do sofá colocando dois travesseiros e dois edredons quente,pego pra mim também e me deito no sofá maior e me acomodo,espero ele voltar do banho mas o sono e o cansaço me tomam e acabo me entregando ao mundo dos sonhos.

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