🍁04🍁

Você é quem decide o que vai ser eterno em você, no seu coração. Deus nos dá o dom de eternizar em nós o que vale a pena, e esquecer definitivamente aquilo que não vale...  —Padre Fábio de Melo.


—Mamãe— acordo com Lara falando baixinho —eu to com frio mamãe, ta doendo.

Me aconchego mais ao seu corpo pequeno, tentando passar o máximo de calor humano que posso a chuva forte continua caindo pesadamente,começo a me preocupar.

"Se essa chuva não passar não terei o que dar pra ela comer"

Meus pensamentos se agitam me fazendo despertar de vez,eu não parei pra pensar na responsabilidade que é cuidar de uma criança, sei que sempre ajudei Dayene com a Lara,sou a única pessoa que ela vê como pai,mas mesmo assim eu não sei o que vou fazer de hoje em diante já que toda minha rotina vai mudar.

Como posso sair pra fazer a reciclagem com uma criança de quatro anos,ou deixar ela em algum lugar é muito arriscado alguém pode tentar fazer algo de ruim a ela.

Dayene era uma mãe irresponsável, na maioria das vezes sim,o que ela conseguia em dinheiro gastava em drogas invés de alimentar a pequena,essa tarefa sempre foi minha porém ultimamente as coisas estão difíceis,mal consigo pra mim quem dirá pra dois!

"Ele responderá: 'Digo a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo'.
MTS.

Me lembrei das palavras do padre Onofre e na hora deixei esse pensamento de lado,o que eu conseguir vou dar a ela,além de mim quem poderia lutar por uma menina órfã?

O máximo seria ela ser obrigada a viver em orfanato se tiver sorte ou ir para os abrigos conhecidos como os Matadouros,não é o que desejo a ela de jeito algum se for possível darei minha vida para proteger ela de qualquer dor e tristeza.

Ouvindo o barulho da chuva ajeito ela ainda mais e me deito com a cabeça em cima do braço fazendo o mesmo de travesseiro,o som dos pingos da chuva caindo no asfalto são músicas pros meus ouvidos,uma sensação boa me conforta mas antes de voltar a pregar os olhos faço algo que a muito tempo eu não fazia!

—Deus,se o senhor estiver me ouvindo eu quero pedir que tome conta da alma da mãe dessa pequena que aqui se encontra,Dayene fez muitas coisas erradas eu sei —fecho meus olhos e me lembro do sorriso dela— eu te peço senhor cuida dela,cuide da Lara que não tem nada nessa vida.
Gostaria de pedir que olhe por todos que estão nas ruas,e por todos que estão em um leito de hospital.
Agradeço por me dar o pão de cada dia senhor,mesmo quando eu não tenho nada obrigado—abrindo meus olhos faço o sinal da cruz me virando pro lado.

—Ah e abençoe a moça que me deu os  pães naquele dia( quinze dias atrás pra ser exato),que nunca falte o alimento em sua mesa,Amém.

Sorrio, agora vou poder descansar em paz.

Em um certo momento da madrugada acordo assustado com um trovão tão alto, que fez todos os alarmes de carros do bairro acionarem e com esse barulho os cachorros da vizinhança latem assustados também, Lara se remexe falando baixinho, me aproximando mais de seu rosto vejo que não são palavras com coerência.

Chamo seu nome baixinho com delicadeza e ela não reage, a chamo novamente e ela fica quetinha coloco a mão em seu corpo e sinto ele dar pequenas tremidas sua pequena boca rosada está seca quase rachando e seu queixo treme em movimentos de pra baixo e pra cima o que me faz acreditar que seja de frio.

—Lara pequena, acorda meu amor  — pego ela no colo e suas roupas estão encharcadas de suor — Lara por favor  pequena acorda ta assustando o tio "Ivi" amor.

Ela não responde e não abre os olhos, não sei o que fazer ela nunca foi de dormir assim, pondo a mão em sua testa noto que a mesma está quente, muito quente me lembro de uma vez sua mãe correr para o hospital com ela por ser algo como febre não me lembro bem ao certo.

O desespero começa a crescer em meu peito, e a chuva forte só está fazendo com que esse medo cresça ainda mais a chuva caindo fortemente e raios cortando o céu como uma guerra entre luz e trevas me faz temer pela vida dela, minha intuição me diz que devo fazer algo mas não sei o que, eu nunca fui pai mal sei cuidar de mim o que farei com essa criança.

Os tremores do pequeno corpo dela começam a se intensificar, seus olhos semi abertos estão fazendo movimentos circulares e se eu estava com algum medo isso fez piorar muito,sem saber o que fazer pego o cobertor no chão enrolo em seu corpinho magro que está vestido apenas por um vestidinho velho desbotado amarelo com estampa de flores vermelhas, sem pensar em nada saio nas rua com ela em meus braços os pingos fortes e grosseiros da chuva rapidamente nos molham, deixando meu moletom pesado.

—Por favor, alguém me ajude — grito alto — socorro uma criança está passando mal, preciso de ajuda.

O latido dos cachorros começam novamente  fazendo com que as luzes de algumas casas se ascendam, alguns curiosos saem nas janelas mas somente isso acontece.

—Por favor alguém me ajude — grito ainda mais querendo atenção, quem sabe uma Alma me ajude o corpo de Lara começa a tremer ainda mais e uma espuma branca começa a se formar no canto direito de sua boca. — Ela está passando mal, por Jesus por tudo que é sagrado alguém me ajude — as luzes uma a uma foram se apagando e minha esperança com elas, acabo de perder a mãe dela e ela jamais me perdoará se acontecer algo com Lara, sem saber o que fazer saio correndo com ela nos braços pelas ruas o asfalto molhado faz com que meus sapatos furados e cheios de água derrapem no asfalto hora ou outra, com isso acabo me desequilibrando e caindo de joelhos no chão, o desespero toma conta de mim e novamente grito com tudo que posso.
— Me ajudem por favor — as lágrimas se misturando com a chuva pesada— me ajudeeeem.

Sem ter pra onde ir fico com ela no meu colo tremendo e agonizando, as lágrimas caindo e pela primeira vez choro não me lembro de já ter chorando antes, mas se chorei não lembro e não gostaria de lembrar já que isso doi, dói como um inferno queimando ,talvez seja essa a dor que meia-noite dizia sentir longe dos seus filhos que tanto amava.

Não posso leva-la ao hospital, não tenho dinheiro para ir até lá já que fica do outro lado da cidade e mesmo se a levasse lá ela iria direto pra um abrigo já que não tenho como provar que sou seu responsável, estou vendo ela tremer e não posso fazer nada, a não ser rezar e pedir que Deus me envie uma Alma Boa que me ajude nesse momento.

Eu não sou merecedor eu sei, não sei nem ao menos quem sou como posso ajudar alguém se nem ao menos consigo me ajudar, mas senhor me ajude com esse pequeno ser indefeso ela não tem culpa dos pecados de sua mãe mal sabe das maldades desse mundo insano, mas se o senhor está ao meu lado por favor me de um sinal e não a leve embora, o senhor já tirou a minha vida as minhas lembranças, não me tire a única pessoa que me da alegria.

Termino minha preces com olhos fechados, e lágrimas caindo sei que tudo que toco eu perco,primeiro meia-noite depois Dayene e agora Lara,uma mão pousa em meu ombro e meu corpo na hora fica tenso com o toque quente,viro o olhar na direção mas a única coisa que consigo enxergar é uma silhueta na escuridão sendo iluminada pela luz dos raios que teimam em cair.

—O senhor precisa de ajuda?— uma voz linda e calma pronúncia.

—Por favor ela está — não consigo terminar de falar pois minha voz some dando lugar a solução altos.

— Venha — diz e sai correndo fechando o que eu presumo ser um roupão.

Me levanto imediatamente e saio com Lara nos braços atrás da mulher,vejo ela entrar em uma casa e deixar a porta aberta,ando mais rápido e chegando em sua casa paro na entrada ficando na porta.

—Ela vem de algum cômodo fazendo sinal pra que eu entre.

—Coloque ela no sofá.— após dizer isso reparo que é a mesma moça da padaria, reparo mas no ambiente estamos na sala o local tem dois sofás de cor marrom uma estante com diversos livros, um lustre no teto branco, alguns detalhes na parede chamam minha atenção, a parede é em cor cinza com detalhes de flores pintados a mão deixando o local feminino um tapete grande estendido no meio da sala, o local é pequeno e tem um leve frescor de lavanda não sei bem mas agradou meu olfato, saio dessa observação quando mais um raio cai e logo depois é ouvido o estrondo alto e tenebroso do trovão.

—Ela,ela é.. está molhada—digo sem jeito e Lara da alguns espalmos..

—Ela está convulsionado,põe ela aqui corre— fala entrando em desespero.

—O que é isso?— pergunto pondo Lara em cima do sofá.

—Na cozinha, coloque em algum recipiente gelos e pegue uma toalha no quarto e me traga uma colher de plástico que está na segunda gaveta da direita no armário que está do lado esquerdo próximo a pia, não podemos deixar a língua dela enrolar.— diz isso e se senta ao lado de Lara tirando no processo a roupa dela.

Me movendo saio atrás do que ela queria, chegando na cozinha me sinto perdido o local é todo branco com uma cozinha americana e com dois armários, me sinto perdido mas aos poucos vou me achando nesse lugar desconhecido por mim,depois de tudo entrego a ela que ao poucos vai fazendo algo que Lara vai voltando a si.

—Preciso dar um banho nela,você pode esperar aqui.— confirmo um sim e ela sai com Lara para algum lugar, não sei mas não confio em deixar minha pequena com ninguém então depois de alguns minutos vou  atrás.

—Desculpa eu não vou deixa-la sozinha com você — ela está de costas dando banho na minha pequena que conversa com ela.— Não me leve a mal, mas não posso.

— Tudo bem eu entendo,pegue a toalha ali em cima pra mim por favor — aponta uma toalha dobrada em cima da pia.

Ela sai indo para um cômodo sigo ela a todo instante, ela põe uma roupa três vezes maior o tamanho de Lara e depois de tudo feito coloca Lara em uma cama de solteiro e a deita, cobrindo a pequena apenas com um lençol branco e fino.

A chuva lá fora só se intensifica ainda mais fazendo com que meus olhos foquem nas imagens lá fora, o vai e vem das árvores indo de um lado para o outro conforme o vento as balança parecem uma dança sensual e delicada,os raios e trovões ainda caem do céu fazendo com que as luzes dêem leves piscadas,se eu não estivesse tão preocupado com toda certeza pararia para ouvir a linda sinfonia que a chuva nos presenteia

—O senhor é o moço da padaria não é mesmo? — Saio de meus pensamentos quando a moça que me ajudou me pergunta,olhando bem pra ela acabo me lembrando, ela é a moça que me ajudou, e novamente seu coração bondoso me ajuda novamente, seus cabelos castanhos estão presos em uma trança transversal, usa um pijama rosa que está todo molhado e por cima dele um roupão, seus olhos são realmente bonitos e sua voz calma e doce.

—Sim sou, —falo envergonhado por estar molhado— me desculpe por faze-la sair nessa tempestade, e muito obrigado por salvar a minha pequena.

—Sente-se, o senhor quer um café,um chá,um suco?— diz me empurrando para sentar no seu sofá— eu não tenho muita coisa mas posso preparar agora— acabo me sentando.

—Eu estou bem não quero nada, só vou esperar a chuva passar um pouco e ir embora — coloco as mãos no colo.

— A chuva vai demorar, enquanto isso nos podemos esperar a febre dela passar e comer algo— diz se retirando da sala e indo pra cozinha,assim que ultrapassa a porta vou atrás dela.

—Senhorita, não é preciso já fez muito em me ajudar duas vezes, sempre serei grato— parado no batente da porta encaro seus olhos brilhantes como uma estrela cadente.

— A propósito ainda não nos apresentamos — estende a mão direita em minha direção — sou Hyna Milano.

—Invisivel— estendo a mão meio sem jeito,ela segura a minha com firmeza e em um balançar de mãos sorri— ao seu dispôr.

Olá,tudo bem com vocês?
Bom quero dizer que farei uma mudança,a cidade continuará sendo Los Angeles porém farei algumas adaptações de minha autoria como nome de bairro ruas e etc.

Bom é somente isso,e continuem lendo obrigada a você que chegou até aqui o meu enorme carinho😍❤🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂🌂

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