🍁03🍁
Invisível.
A chuva está caindo com força total,raios e relâmpagos cortam o céu de minutos em minutos,encolhido no meu canto com meu cobertor surrado tento me aquecer da maneira que posso,olho mais uma vez a Avenida, está calma e silenciosa nenhum carro passa e é como se algo de ruim estivesse por vir até o céu chora me deixando com medo.
Encolhido aqui fico tentando entender quem sou eu,quem eu fui forço minha mente mas nada me vem na memória nem mesmo meu nome,a frustração toma conta de mim, um raio corta o céu trazendo consigo sua enorme luz azul néon e vejo o vulto de alguém parado na rua,assim que a claridade some uma sombra em passos largos vem andando em minha direção, o medo de ser pessoas que não aceitam moradores de ruas me toma,tateando com a mão esquerda o chão gelado e úmido, tento encontrar a única coisa com que posso me defender,um pedaço de madeira que esta ao meu lado.
—Invisível—ouço uma voz doce e suave me chamar e reconheço de imediato.
—Estou aqui!—falo mais alto porque o som de um trovão ecoou no ar.
—Aonde—vejo seu corpo magro e maltratado se aproximar devagar e com dificuldades, a pouca luz não me deixei ve-la por completo apenas sua silhueta.
—Embaixo da escada—ela vem ascende uma lanterna e me encara com seu par de olhos azuis cristalinos,seus cabelos loiros feito um dia de sol estão caídos sob seu rosto, sua boca seca,rachada consequência do uso excessivo de drogas.—O que faz aqui nesse temporal?—pergunto,mas quando ela se agaixa na minha frente me dou conta de que esta com Lara no colo.
—Me ajude,eu preciso de ajuda—seus olhos estão arregalados, opacos e com um tremor que jamais vi em toda vida.
—Dayene,está me assustando —outro raio corta o céu e vejo seu corpo tremer.
— A Lara eles querem ela,se eu não sumir agora eles vão nos matar—seu tom e desperador—prometa-me,jure pra mim que cuidará dela por favor! —Lagrimas caem de seus olhos,fico de joelhos em sua frente pego a pequena que esta em seu colo tremendo de frio,o sino da igreja soa nove vezes.
—Me diz o que está acontecendo, eu vou te ajudar—digo com dúvidas não sei se serei capaz de ajuda-la,ela se envolve em tanta confusão.
—Apenas me prometa!— se abaixa rapidamente deixando um beijo demorado na testa de sua filha.
—Eu te amo,me perdoe—nos abraça envolvendo nossos corpos,o meu o dela e da pequena Lara,sem jeito se levanta rapidamente sai correndo pela rua,me levanto sem entender nada e vou atrás dela indo até o limite do teto de alumínio da oficina.
Ela sai correndo descalça sob o asfato molhado e escorregadio seus cabelos se movem conforme suas passadas aumentam, uma dor forte um pressentimento ruim me abraça, aconchego ainda mais Lara em meu colo,meus olhos perdem Dayene de vista quando ela some pela escuridão da rua,mas um barulho alto me chama atenção, olho no sentindo contrário da rua e um carro vem a toda velocidade,duas passadas pra trás é o suficiente pra escuridão da oficina me cobrir, e vejo que é um carro vermelho com tribais de fogo.
Se antes meu coração apertou agora ele está ao pedaços, definitivamente é o carro dos Scorpions, uma gangue barra pesada que comanda a cidade e seus arredores,seja lá o que for que Dayene tenha aprontado essa foi a última vez que a vi.
Volto pro meu canto embaixo da escada,ponho Lara com cuidado no meu papelão seco mas seu corpo está exarcado de água,enrolo meu cobertor em seu corpo afim de aquece-la,seu pequeno corpo treme de frio,e não sei como ela não acordou,meus pensamentos vagam na época que conheci Dayene.
Tinha acabado de sair do hospital como um indigente,não sei como fui parar lá,e não sei se um dia eu saberei.
—Qual é o seu nome?
—Onde estou—encaro o senhor com óculos redondos e armação grossa,um jaleco branco,ele é alto aproximadamente uns 1.90 de altura ou mais,por volta dos seus trinta anos, sua pele negra e brilhante como chocolate, ele é completamente careca,fixo meus olhos ainda mais nele,frazindo a testa me pergunta.
—O senhor se lembra de onde é, tem família,ou seu nome —pergunta retirando dos pés da cama uma prancheta que estava pendurada em um suporte de acrílico.
—Não,minha cabeça dói,onde estou?—dou uma olhada no local,o quarto é branco alguns aparelhos distribuídos pelo mesmo,uma porta e uma janela com grades,estou confuso não sei quem sou e nem onde estou.
—O senhor foi encontrado na estrada há umas quatro horas daqui —anda em minha direção e segura meu pulso—esta aqui há mais ou menos três meses,sem documentos, sem ninguém que veio a sua procura—pega uma mini laterna do bolso do jaleco e se senta na cama—abra bem os olhos—iluminando meus olhos completa—nao podemos mais segurar a sua vaga,o hospital está cheio.
—Entendo—digo isso pra não me sentir pior,um buraco no meu peito está aberto um vazio,algo me falta.—Posso ir então?—não quero que sinta pena de mim.
—Sim,vou trazer a alta—anotando algo na prancheta sai pela porta,voltando minutos depois.
—Qual o seu nome?—pergunto.
—Sou o Doutor José —me sorri com um sorriso que aqueceu meu coração, uma paz absurda se instalou em mim,seus dentes são incrivelmente brancos e alinhados,nunca vi um ser ter uma áurea tão linda quanto a dele,ele realmente escolheu a profissão certa. —O senhor não tem ninguém, algum amigo parente ou esposa?
—Esposa—repito a frase testando ela na minha boca,uma saudade aparece,mas não consigo me lembrar de nada,absolutamente nada.—Acho que não,se não já teriam me procurado—sorrio fraco.
—Entendo,o senhor não tem roupas vou arrumar algo que sirva em você,e vou doar alguns medicamentos,que estao disponíveis na farmácia do hospital—me olhando com seus olhos castanhos completa— faça um esforço para se lembrar,a vida lá fora está difícil.
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Seis meses morando na rua foi o suficiente para me adaptar me virei bem até agora,na primeira semana conheci meia noite e Dayene.
Meia-noite é um homem forte e robusto,negro,sua barba branca chega a bater em seu peito,seus cabelos são dreads de cera seu comprimento chega até seus tornozelos,sempre estão amarrados em um coque alto no meio de sua cabeça,seu caráter é admirável por onde passa tem amigos e é respeitado não só no nosso meio como na sociedade também, faz pequenos trabalhos para os donos de lojas,padarias e mercados da cidade,sempre justo com sua pessoa e os demais,seu coração é ainda maior que seu corpo,e tão derretido quanto manteiga na chapa,mas não o tirem do sério ele pode se transformar em uma máquina de luta,já que é ex lutador de MMA,veio parar aqui quando se aposentou e seus filhos lhe tomaram tudo que ele tinha,exceto uma moça que ele amava demais,já os outros dois ele não faz questão de tocar no nome.
Dayene é totalmente o nosso oposto, é baladeira brincalhona e leva tudo na diversão,anda com um pessoal barra pesada e usa todos os tipos de drogas que existe nesse mundo,as drogas que usa acabou deixando seu físico frágil e muito maltratado, mesmo assim não deixa de ser bela.
Seus cabelos loiros e cumpridos,seus olhos azuis feito um cristal que reflete o espelho do mar,sempre está com o mesmo vestido branco de renda,hoje não é mais branco mas gosto de imaginar como ele era,está grávida de oito meses de um traficante,sim Dayene vende o corpo em troca de drogas, pelo que me contou ela era muito bem financeiramente, seu pai um dos maiores delegados daqui e sua mãe uma juíza com nome,onde o sobrenome deles ecoar todos sentem medo e respeito.
Mas sempre existe o lado negro na família, e nos Alencar nao foi diferente Dayene se envolveu com quem não devia,experimentou achando que era oura mentira que viciava assim que experimentasse,ela pagou pra ver e hoje não consegue ficar nem um dia se quer sem,seus dentes estão caindo aos poucos e sua pele ficando dura e descascada,quando não está em sua fantasia ela é doce e prestativa tem um coração bom também.
Continua...
Comentem me digam o que estão achando e se puder não deixe de dar sua estrelinha!!!
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