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❝ E então eu acordo pela manhã e vou lá para fora e eu inspiro profundamente, eu fico muito chapada e grito com toda a força: O que está acontecendo?❞
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— Você realmente precisa ir? — Lana inclinou-se sobre a cadeira, jogando os braços para cima e espreguiçando-se lentamente. — Eu odeio o calor. Me faz transpirar demais e meu cabelo se torna horrível.
— Você não precisa ir. — May retruca colocando sobre a mala gigantesca uma troca de roupa de verão. Estremecia só com a ideia de abandonar o tempo chuvoso de Seattle pelo sol seco da Virgínia. — E estamos no outono. Não deve ser tão quente.
Lana revira os olhos. — Até parece que eu te deixaria ir sozinha. E será quente.
— Seria bem legal se você pudesse nos teletransportar. — Comenta May com diversão e Lana revira os olhos, como toda vez que ela comentava sobre suas habilidades sobrenaturais. — Sem isso, você é meio sem graça, Harris.
— Argh! — A morena resmunga levantando-se e estralando os dedos, exatamente movidas por magia, as roupas de May começaram a dançar pelo quarto, dobrando-se sozinhas e se encaixando perfeitamente no malão avermelhado e antigo. — O que acha disso, então?
A loira balança a cabeça, levando a mão ao queixo e fazendo um suspense provocativo enquanto arqueia a sobrancelha. — Ual! Eu me sinto como a Cinderela. — Diz finalmente dando risada, Lana bufa, agitando as mãos e uma almofada voa em direção à May.
— Ei! — Protesta abaixando-se rapidamente. — Isso é trapaça!
— Não se fui eu quem fez as regras. — Lana pisca e seus olhos brilham com diversão. May balança a cabeça e fecha a mala, pegando as chaves e as passagens de avião. Estavam de partida para Mystic Falls, a cidade natal de May, de onde ela havia saído há aproximadamente três anos. Desde a morte do seu irmão, no entanto, May havia sido convocada pela justiça infantil a retornar e assumir sua posição de guardiã legal dos sobrinhos.
May trabalhava como restauradora de obras de arte, era algo prazeroso pelo qual nutria um profundo interesse e amor. Mas ela era não exatamente o que podia se chamar de bom exemplo. Antes da morte do irmão mais velho, não se lembrava de alguma vez em que levou à vida a sério. Ela vivia entre noitadas em bares, passeios divertidos com as amigas, uma noite ou outra com um cara desconhecido e trabalhos temporários que não pagavam o suficiente para criar dois adolescentes.
Dois adolescentes que eram seus sobrinhos.
Elena e Jeremy Gilbert, para May, eram pessoas completamente desconhecidas. A última vez que os viu, Elena ainda usava fitas cor-de-rosa nos cabelos e Jeremy babava em sua camiseta favorita do Queen. May definitivamente não era muito próxima dos sobrinhos, na verdade, se fosse ser realista, jamais foi próxima da família de Grayson. No momento em que ele se casou com Miranda, ela perdeu uma parte do irmão e quando Elena alcançou idade o suficiente para querer imitar a tia May, a mais velha se viu na obrigação de partir para poupar o irmão da terrível escolha.
É claro que sempre sentiu uma pontada de mágoa da cunhada, mas isso nunca foi de fato, algo relevante. Não quando tudo que May mais ansiava era a liberdade que Grayson e Miranda negavam à ela. Foi difícil pra ela quando soube da notícia do acidente do irmão, principalmente pelas brigas constantes através do telefone e pelos longos seis anos sem vê-lo. Felizmente, May não precisou passar pelo choque de receber a notícia sozinha, Lana, sua melhor amiga de todos os tempos estava ao seu lado.
— Tem certeza disso? — ela questionou abrindo a porta traseira do SUV e jogando uma mochila lá dentro. — Você sabe que aquela chata da Jenna vai cuidar dos pirralhos se você negar. Ela sempre quis isso.
May sorriu, imitando-a e jogando a própria bolsa lá dentro também. — Eu sei. Mas você sabe, eu devia dar uma olhada, só pra ver. — dou de ombros e isso soou preocupante até para si mesma.
— A filha pródiga ao lar retorna.
May balança a cabeça, sorrindo e entrando no lado do motorista. — Isso é tão irônico.
Lana assente e sorri animadamente. — Pelo menos vamos ver aquele gatinho do Matt Donovan. Adoro aqueles olhos.
— Uh e aquela boca. — May completa maliciosamente e Lana gargalha, empurrando-a com o ombro. — Uma pena que seja menor de idade.
— Oh, quem diria, certo? — ela faz um gesto de mãos. — Ele parece realmente... Grande.
— Lana! — A loira ri dando partida no carro e lentamente a visão do prédio alugado vai ficando para trás.
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— May. — A voz de Lana a trás a consciência novamente e ao olhar atentamente, May reconhece os detalhes das árvores e da estrada que parece mais bem cuidada do que da última vez, estavam atravessando a ponte Wickery. Ela se senta completamente desperta ao ver a placa de 'bem vindo a Mystic Falls' surgir na metade da ponte e um suspiro profundo escapa de si mesma ao pensar que foi justamente ali naquele ponto em que seu irmão morreu, sem que ela pudesse ao menos se desculpar. — Chegamos, neném.
— Você veio voando? — Resmunga May espreguiçando-se e afastando da mente os pensamentos sombrios. Preferia ser do tipo que se limitava ao raso, nada profundo demais, sombrio mais ou intenso demais. — Se eu morresse, voltaria para puxar seu pé.
Lana estremeceu. — Credo. Odeio espíritos que não tem o que fazer.
May assente em concordância. Lana havia contado à ela uma vez que fantasmas realmente existem, antes que ela pudesse se aprofundar, no entanto, May a silenciou. Sempre no raso, era sua opinião formada sobre todas as coisas; Gostava demais da sua vida calma e sem sal para permeá-la com informações desnecessárias. Foi um choque para a vida inteira quando descobriu a descendência bruxa de Lana, mas foi um choque ainda maior para a sua melhor amiga. Estavam as duas em um show de rock quando um cara tentou puxá-la e forçar uma situação desagradável quando as mãos de Lana pegaram fogo e ela o queimou.
Literalmente.
O cara virou pó bem em frente aos olhos de ambas as garotas, como se Lana o tivesse cremado. Um processo de horas feito em segundos pelas mãos da morena.
Foi terrivelmente assustador, é claro. Lana era a sua amiga há cerca de três semanas e a atitude mais sensata seria sair correndo, mudar de apartamento ou de cidade e nunca mais atender os seus telefonemas. Ao contrário disso, no entanto, ao vê-la completamente desesperada, May agiu como qualquer adolescente depressiva sem amor próprio ou à vida agiria.
Ela apoiou Lana, ajudou a esconder os restos jogando-os no mar e ambas procuraram saber com o que estavam lidando. No fim das contas, foi a melhor decisão que já tomou.
Para May, Lana é uma como irmã e ainda agora, no momento em que ela tem controle sobre si mesma, May não dúvida nem um pouco do quanto ela é perigosa para qualquer um, exceto para ela. Lana faria qualquer coisa por May e May faria qualquer coisa por Lana.
— Essa cidade continua a mesma coisa. — Comenta May amarrando os cabelos em um rabo de cavalo e erguendo a manga da blusa. Quando saíram para a viagem estava fazendo cerca de dez graus, em Mystic Falls, por outro lado, o sol está brilhando a pino e deve fazer cerca de uns vinte e tantos graus.
— Quente e pequena. — Resmunga Lana também incomodada com o calor. May sorri e joga seu casaco de lado, se desfazendo do cachecol também. — Você parece uma freira vestida assim. — ela comenta apontando para a saia midi, quase social e o suéter de gola que May usa.
May revira os olhos, analisando o tecido azul claro com o cenho franzido; tinha que concordar que a roupa era brega, mas ela já usou coisa pior. — Eu queria parecer responsável.
— Mas você é responsável.
A loira ri, pegando seu celular para conferir o endereço da casa de Grayson. — Claro que sou. Eu só fiquei chapada um dia antes de conhecer meus sobrinhos.
— Você só ficou um pouco bêbada... E fumou algo.
— Este é o endereço. — Mostra a tela para Lana e ela dirige calmamente pelas ruas de Mystic Falls. — Caramba, esqueci como as pessoas daqui parecem despreocupadas.
— É. — Lana concorda olhando ao redor como May fazia. — Parece que os cidadãos de Mystic Falls não se preocupam com nada além de se reunir na pracinha. Tudo bem, esqueçam que o mundo está em guerra, esqueçam que doenças voltaram a dizimar raças inteiras, esqueçam que a fome assola toda uma nação. Vamos só dar uma voltinha na praça.
May ri, mordendo a bochecha. — Querida, nem todos são formados em ciência política e tem consciência social vinte e quatro horas por dia.
— Não precisa ser formada em ciências sociais para ter consciência, May. — Lana retruca, parando na metade do caminho para um pedestre que passava com as sacolas nos braços. — Meu Deus, essas pessoas são tão lerdas!
— Parece um mundo alienígena, certo? — May se inclinou sobre o banco, retirando uma balinha da bolsa. — Me sinto tão nervosa, não acredito nisso.
— Vai ficar tudo bem, querida. — Lana comenta voltando a dar movimento ao carro. — São só Elena e Jeremy, o que pode ter de assustador em uma cidade como Mystic?
— Nada, certo? — ela concorda nervosamente, olhando ao redor. Algumas crianças brincam e as senhoras fofocam. Do outro lado May vê a xerife Forbes conversando com outro policial, seus olhos se arregalam quando ela os encontra com os de May. Ela acena e Liz ergue a mão direita chocada. Ela estava completamente nervosa, mas Lana tem razão, o que pode ter de tão ruim em uma cidade pequena e pacata como Mystic Falls?
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