13
Meu amores, obrigada por tudo. Quero agradecer pelas mensagens carinhosas que tem deixado no Facebook, WhatsApp e todo amor que tem propagado com as minhas histórias. Espero que continuem aí desse lado, e uma boa leitura.
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─ Eu estava a pensar se terias uma boa vodka em casa? ─ Decidiu quebrar o clima e viu quando Dior se afastou para o encarar de sobrolho fechado.
─ Queres entrar?
─ Queres que vá embora?
Ela não respondeu, estava a pisar em terrenos perigosos e depois do sexo podia-se lembrar do aviso de Carlo. Se retirou dele com cuidado e sentiu o ardor do sexo quente. Abriu a porta com dificuldade e saiu para fora do carro, arranjando a calcinha. Suas pernas estavam fracas e seu coração ainda batia com muita força.
Diego se livrou do preservativo, fechou as calças e saiu atrás dela. Curioso e afirmou que deixaria para outro dia para pensar sobre tudo aquilo. Entrou na pequena casa e se lembrou dos dias que tinham ficado ali. Era quente e mesmo com as janelas abertas não passava nenhum ar. Tinha detestado estar naquela casa, dissera coisas desagradáveis e no entanto retornava por livre e espontânea vontade.
─ Queres gelo? ─ Dior perguntou da cozinha, tentava se manter calma por fora, mas por dentro sabia que tinha estragado tudo.
─ Não. ─ Negou. Correu os dedos pela mesa de jantar e ficou curioso com as novas telas cobertas que ainda cheiravam a tinta, se perguntou que novidades é que ela teria pintado, mas desta vez não se atreveu a mexer.
Dior voltou com a garrafa, gelo e um pacote de suco de laranja. Com aquele calor todo não iria beber assim a seco ou então iria esquentar ainda mais. Não tanto como no carro, o doce latejar interno a recordou disso.
─ Nunca tinhas atingido um orgasmo, antes? ─ Diego não hesitou em perguntar, gostava de saber as coisas, assim como de as dizer.
─ Não quero falar sobre isso. ─ Respondeu evasiva e tratou de servir as bebidas. Não conseguia olhá-lo directamente, mas lutou para o fazer, não iria lhe dar o gosto de saber que estava desconcertada.
─ Sei que já disse coisas ruins, mas sou assim mesmo. Falo o que penso sem pensar se vou magoar ou não. Sou assim desde sempre e sei que às vezes erro por isso, o problema é que não tenho como controlar isso.
─ Posso parecer ingénua por cair nos teus braços facilmente, mas não sou cega. Tinhas desprezo por estar aqui, por estar perto de mim, comer minha comida e vestir roupas de alguém.
─ É certo.
─ E te achavas tão superior que eu nem era sequer digna da tua gratidão. Nem quero imaginar os teus pensamentos, deviam ser mil vezes piores.
─ Fiquei indignado por saber que tinhas o mesmo curso que o meu, por saber que trabalhavas em limpezas, por estar a tua mercê. Chamei a tua casa de pocilga e tudo mais. Eu tenho toda consciência disso. ─ Quis mencionar a Saltzman, mas achou por bem deixar aquilo para mais tarde.
─ E então? ─ Riu de nervoso e bebeu o copo que estava refrescante.
─ Então tu foste boa, me suportaste e cuidaste de mim quando podias ter-me atirado na rua. Não aceitaste dinheiro e sempre respondeste a altura, o que me fez procurar rever alguns conceitos que tinha tão vincados até então. ─ Também bebeu o copo dele e se arrependeu de não ter aceitado o gelo. Estava quente demais.
Soltou um esgar.
─ Cada um dá aquilo que tem.
─ Eu a agradeci. ─ Salientou com clareza. Os olhos estavam cinzentos de novo e o sobrolho espesso os evidenciava tão bem. ─ Nunca fui de me importar ou de correr atrás, porque raramente sinto essa necessidade.
Dior se lembrou das palavras de Carlo, mas se manteve calada para não trair a confissão de quem só tinha tentado ajudá-la.
─ Em nenhum momento uma pessoa como tu teria cedido aos meus encantos depois de tudo. E no entanto, aqui estamos. ─ Diego bebeu mais um gole e desta vez sentiu que escorregava com mais facilidade. ─ Não achas que tem algo mais?
─ Como o quê?
─ Eu não sei. Não vou mentir. ─ Deu de ombros. ─ Vamos precisar conversar, Dior.
Ela coçou os olhos, se sentia estranha quanto a aquilo. Tinha medo, só queria poder dormir e pensar que tudo tinha sido um sonho. Que não existia nenhum Diego.
─ Não voltes a trabalhar naquele Court.
─ É claro que volto. Podes continuar a fingir que não me conheces. ─ Soltou a farpa e se irritou ao lembrar daquilo também. Bateu com a mão na testa em recriminação.
─ Não te martirizes. ─ Saltzman disse com seriedade. ─ Muitas coisas vão mudar.
─ Qual é o teu sobrenome, pelo menos? ─ Abriu os olhos. ─ Nem sei quem és ao certo e já entraste em tudo o que era meu.
Ele ficou sério e mordeu os dentes, ainda parado em toda sua pose máscula. Apertou os punhos.
─ Posso me encontrar contigo na segunda-feira de manhã? ─ Não respondeu a pergunta. Precisava tratar alguns assuntos antes de qualquer coisa.
─ Não posso. Tenho algo a tratar. ─ Não ia mencionar que iria se atrever a aceitar uma vaga na mesma empresa que a tinha humilhado. Tinha tudo descontrolado.
─ No fim do dia? ─ Ele cogitou e coçou a barba.
─ Está bem. ─ Acabou por concordar e viu quando Diego terminou o copo. Percebeu que ele tinha sido gentil em não abandoná-la logo após o sexo, mas em nenhum momento pareceu demonstrar emoções mais profundas. Ele era muito diferente.
─ Até breve. ─ Deu um passo em frente, mas recuou de imediato. Respirou fundo e seguiu até a porta. Dior o acompanhou, deixou que abrisse e o despediu quase num sussurro ainda a sentir seu peito finalmente a bombardear.
∞
Dior passou a manhã de domingo com Paul que bateu na sua porta logo cedo. Conversaram sobre irem visitar os avós, sobre Vanessa e o novo curso técnico que ele estava frequentando. Almoçaram juntos e se sentaram do lado de fora, em frente ao mar por baixo de uma sombreira branca com riscas vermelhas e em duas cadeiras de descanso. Os finais de verão estavam muito quentes, como se quisesse mostrar toda a sua força ao atingir os quarenta graus.
─ A Vanessa é culta, viajada e dentro de um nível social alto. Não que eu seja burro, nem de longe, mas sempre quando chega a maldita pergunta: Que faculdade você frequentou? ─ Paul tinha preparado vodka com suco e muito gelo. ─ Fica sempre aquele clima, como se as pessoas apenas são valiosas se tiverem um diploma. Sabe?
─ O que importa para mim é a educação. Conheço muitos pseudo doutores que se comportam como verdadeiros analfabetos sociais. Não sabem dizer sequer um bom dia. ─ Comentou e baixou o livro que estava a ler para perto do peito. Virou o rosto para o irmão e soltou um suspiro. ─ Leve o seu tempo, Paul. Nenhum diploma irá te definir ou as tuas capacidades.
─ Eu sei, mas é tudo muito constrangedor. A Vanessa nunca soube que estive na cadeia, maldita hora que me envolvi com aquele grupo. Não devia ter deixado a faculdade de lado, hoje talvez eu pudesse te ajudar mais. ─ Paul não estava satisfeito, os olhos castanhos deixavam isso em evidência.
─ Eu estou bem, não preciso da tua ajuda. Apenas concentra-te, és muito capaz. Aproveita as oportunidades que a vida te dá e as abraça. ─ Parou para pensar no que dizia e sentiu um frio na barriga. Tinha tido uma noite bem dormida pelo cansaço, mas pela manhã sentira aquele mar de dúvidas que se amontoaram por cima de sua cabeça. ─ A Saltzman Corporate vai me contratar pela manhã. Se tudo correr bem.
Paul girou a cabeça com uma rapidez que parecia próprio de um filme de terror. Abanou a cabeça negativamente e chegou a soltar uma gargalhada irónica.
─ Não quero que penses que tenho inveja. Não é isso, mas aquele lugar tem um mau auguro. Desde que nossa mãe saiu de lá tudo ficou estranho demais, o nosso pai sumiu e ela nos informou que morreu. Nossa vida girou de pernas para o ar. São porcos racistas e tenho medo do que pode acontecer contigo. ─ Foi sincero e sentiu um ardor no peito. ─ Aqueles Saltzman...
─ Não quero nada pessoal com eles, mas tenho que pensar em mim. Orgulho não me vai valer de muito. É a minha carreira, a minha vida. ─ Parou para olhar para as unhas das mãos em mau estado e sabia que não merecia.
─ Eu entendo. Apenas quero que tenhas cuidado e lembres que sou teu irmão. Se alguém ousar te fazer algum mal, eu vou lá tirar satisfações. Entendido? ─ Disse com os lábios grossos em evidência, era um jovem muito belo.
Dior concordou com um sorriso fraco e fingiu que voltava a leitura, ao mesmo tempo que seus pensamentos corriam pela noite anterior. Procurava por um arrependimento que não chegava, pois tinha cedido com tanta facilidade depois de todas as formas rudes que ele a tratou. Não conseguia entender, onde se metera o seu orgulho? O corpo e a mente sempre em contradição, pensava que tinha dominado isso, mas agora percebia que estava errada.
─ Qual é a probabilidade de cair nas mãos de uma pessoa que tu sabes que é mau carácter? ─ Acabou por perguntar por alto.
─ Eu vou te explicar uma coisa, irmãzinha. Muita gente vai ter a própria opinião sobre o que é certo ou errado, sobre o que devemos ou não fazer e vão querer medir o teu valor de acordo com as tuas acções. Porque é mais fácil não estar no teu lugar.
─ Mas se a pessoa te trata com frieza, diz e faz coisas que não tem como te apaixonares e mesmo assim tu te apaixonas... Quero dizer, sentes algo. ─ Se corrigiu e se achou uma completa idiota. Precisava resgatar a Dior forte que era antes de se cruzar com aquele homem. Estremeceu por inteiro.
─ Não podes decidir pelos teus sentimentos, eles são estúpidos. O que podes tentar é os controlar e redireccionar para o caminho certo. Nem sempre é fácil, o ser humano é muito mundano e mais fácil cede as tentações. Não serás a primeira, só espero que aprendas. ─ Paul falava, mas as linhas do rosto estavam vincadas. ─ Ter o coração partido uma vez não é mau. Ajuda a amadurecer.
─ Quem disse que estava a falar de mim?
─ Dior. Tu tiveste dois namorados, dos quais foste tu quem os deixou. Sempre estiveste por cima e no controlo de tudo. Na escola as meninas te seguiam, na casa sempre a dar ordens, até a mim. Mesmo nesse trabalho que fazes agora é uma forma de teres como gerir as tuas próprias situações. ─ Paul afirmou e não temeu os olhos semicerrados da irmã. ─ Não tentes explicar o inexplicável, apenas aceita que desta vez não tens as rédeas do jogo. Uma queda far-te-á bem.
Ela resmungou, mas ficou calada e voltou atenção para o seu livro mesmo quando a sua própria história parecia martelar na cabeça.
Ao fim do dia, Paul foi embora e Dior não conseguiu se concentrar em mais nada. Tomou um banho demorado, arrumou algumas coisas e tentou pintar, mas nem isso foi capaz de tirar o maldito Diego de seus pensamentos. Tentou dormir cedo, mas rebolou na cama, tanto pelo calor como pelas lembranças. Como iria gerir tudo aquilo? Só de pensar na conversa que teriam sentia seu estômago se embrulhar, pois era certo que aquele homem iria destilar alguma de suas farpas que naquele momento não mais saberia como lidar. Estava a perder-se e não gostava nada daquilo.
Ouviu o telefone zunir sem parar e saltou da cama para o procurar, nunca recebia muitas chamadas e por isso estranhou o número que viu no ecrã do pequeno celular. Atendeu.
─ Alô?
─ Dior? ─ Aquele sotaque fez o interior dela se revolver por inteiro. ─ É o Diego.
Ela engoliu em seco e cruzou a perna apenas para voltar a descruzar.
─ Sim?
─ Está tudo bem?
─ Está sim. Aconteceu alguma coisa? ─ Foi o que lhe ocorreu perguntar, não queria ficar calada mesmo não tendo o que dizer.
─ Onde queres que te encontre amanhã? Em casa?
─ Não é como se nos encontrássemos noutro lugar. A não ser que a vossa majestade queira me levar a sair, o que duvido. ─ Foi áspera e se recriminou ao ouvir o suspiro que ele deu, não queria que pensasse que estava desesperada.
─ Eu conheço um lugar. ─ Acabou por dizer sem rebater o que tinha escutado. ─ Penso que vais gostar.
O que era aquilo? Um encontro? Não podia esperar algo assim vindo dele.
─ Sobre o que queres falar? ─ Não segurou a ansiedade.
─ Sobre nós. ─ Foi directo ao assunto sem ensaiar.
─ E existe um "nós"? ─ As palavras saíam mais rápido de sua boca do que costumava parar para pensar. Precisava acalmar o conflito que crescia dentro dela, tinha tomado algumas decisões, não iria ser uma amiga íntima dele e tinha a certeza que ele não a queria namorar. Então precisavam colocar um final naquilo, se é que realmente existia alguma coisa.
─ Falamos amanhã. ─ Foi o que disse sem deixar uma resposta clara. ─ Tenha uma boa noite.
─ Obrigada. ─ Quando concluiu a chamada, tinha as mãos a tremer sem parar. Se levantou até ao espelho que tinha no quarto e encarou o próprio reflexo. Não se podia dar ao luxo de acreditar num conto de fadas. Por muito que Paul lhe tivesse dito coisas, ela não queria bater com a cara no chão, por isso iria tomar as rédeas daquela situação.
Iria ainda a tempo?
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Fiquei de mostrar estes dois. E vou colocar o Carlo só para vos recordar.
Paul Brown
Vanessa Hodges
Carlo Davis
Beijos de amor.
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