9.Confuso
"Aquilo que é feito em prazer raramente destoa e se transforma em amor." Queen The Vampie
Desde que tiveram a primeira noite, Law passou a olhá-la com outros olhos, Davina continuava a mesma, sempre sorridente quando conversava com os membros da tripulação, porém, ele sentia cada traço de emoção e com isso aquietou-se um pouco a respeito dela e como Ikkaku havia informado sobre o combustível e Bepo sobre os suprimentos, Law decidiu passar três meses no mar.
Davina não se importou com a decisão dele, afinal ele é o capitão, mas as emoções conflitantes dele a alcançavam facilmente, ainda assim não possuíam um bom diálogo para ceder e falarem abertamente sobre o que cada um estava sentindo, Law procurava a todo momento fingir que estava ocupado e no fim o sexo foi apenas uma obrigação para ele, mesmo que não pensasse assim e para ela também.
Os dias que se passaram aproximaram Davina ainda mais da tripulação enquanto ele apenas observava o entrosamento e mesmo que não assumisse gostava do que estava vendo e toda noite era a mesma coisa, os olhares se encontravam de forma fulminante, tanta coisa não dita que quando as palavras rebentassem seria difícil lidar e por fim, ela passava direto para o próprio quarto após o jantar, não trancava a porta, mas seguia até a mesa preparava algo e depois escrevia uma carta e sabia que Law a estava observando, sentia o olhar dele há distância enquanto o capitão ficava parado na porta, indeciso se deveria dizer o que pensava ou não. Era engraçado de se ver e no fim, ela já tinha se acostumado com a presença dele, era tão... confortável, porém, nessa noite algo estava diferente e após escrever as cartas ela seguiu para o banheiro, tinha o hábito de se banhar antes de dormir, gostava de se sentir limpa. Davina bocejou pensando que, na maior parte das vezes ele mesmo fecha a porta.
"Ele já deve ter ido embora." Pensou, acostumada com a ausência do Alfa, mas ao sair do banheiro se deparou com a porta do quarto fechada e dessa vez o moreno encostado nela.
— Vai continuar me ignorando até quando ômega? — A voz parecia um comando ao qual ela tentou ignorar em vão.
— Eu não fiz isso. — Law se aproximou furtivamente como se preenchesse todo o lugar. Davina chegou a respirar curto sentindo os feromônios dele pelo ar.
— Então por que resolveu voltar para o seu quarto sem antes me comunicar?
Ela piscou diversas vezes, ele que a estava ignorando, sempre ocupado ou agindo friamente pelo menos a grosseria tinha acabado.
— Só respeitei o seu espaço. — Deu de ombros e ele se aproximou mais, de repente ela prendeu a respiração era difícil prever os movimentos dele, principalmente quando a puxou pela cintura dedilhando a pele praticamente nua devido o pijama curto.
— Precisamos conversar — Ele roçou os dedos na pele causando um leve arrepio e ela prendeu a respiração se sentindo extremamente seduzida.
— Sou todo ouvidos. — Law continuou a provocando e a situação para Davina parecia a mais improvável possível, ele nunca esteve tão perto, chegava a ser sufocante e ao mesmo tempo bom.
Mas como responder a isso? Como se fazer ouvir sem perder a razão ou acabar caindo nos braços dele? Era possível sentir o desejo emanando por cada poro e mesmo que estivesse visivelmente afetada tentava se manter sã.
— Se bem que... Eu não tenho certeza se conversar é exatamente o que eu quero agora, Davina. Mas talvez você possa me convencer do contrário. — Law sorriu de forma maliciosa enquanto apertava a cintura da garota com mais força, ao ponto do bom senso estar prestes a ir para o inferno. Porém ela se manteve firme, mesmo que ele sentisse a mesma vontade partir dela.
No entanto não conseguiu falar nada, o coração estava disparado demais assim como as pupilas dilatadas e por isso se afastou. O que fez com que o moreno encarasse como rejeição, quando na verdade era isso que ela sentia a maior parte do tempo.
Davina respirou fundo apertando o tecido da roupa fina pela vergonha antes de finalmente tomar coragem para falar.
— Eu só queria saber em que patamar estamos. Ômega e alfa ou até mesmo algo mais, subordinada e capitão, tripulante... Só preciso de uma resposta concreta. — Sentiu um alívio nos ombros ao questioná-lo e Trafalgar respirou fundo, na verdade, não tinha pensado a respeito disso momento algum, entretanto, não estava disposto a ficar longe principalmente agora.
— Quero que durma no meu quarto. Não há motivos para ficar aqui. — Davina arqueou a sobrancelha; ele não podia simplesmente mudar de assunto de repente, só porque lhe convinha.
— E se eu não quiser? — Ela questionou, engolindo a tremulação que insistia em se manifestar em sua voz. Mesmo aturdido pela pergunta, Law praticamente rosnou ao se aproximar dela mais uma vez e a envolver totalmente e respirar no pescoço dela mantendo o arrepio constante por onde tocou. Os lábios de forma maldosa deslizaram ali, fazendo com que a ômega fechasse os olhos devido a sensação forte e apertasse o muque dele.
— Então dormirei aqui. Sua cama é bem mais apertada do que a minha. Ficará bem grudada em mim...
O sussurro fez com que cada batida do coração acelerasse e Davina sentiu o sangue subir ao rosto. Law nem disfarçava o desejo que sentia por ela, especialmente com o rut se aproximando. Mas a garota não se importava com isso; mesmo que sentisse os sinais em sua pele, não queria ser apenas o alívio de um alfa, um objeto de desejo facilmente descartável. Ela queria muito mais do que isso, e não necessariamente se voltava aos sentimentos de Law, dos quais não podia ter certeza se existiam. Comprimindo os punhos e sentindo a pele em brasa, ela respirou fundo.
— Eu vou com você. Só preciso pegar algumas coisas...
— Não. Tem tudo no meu quarto. — Ele segurou suavemente o pulso dela, arrastando-a em direção à porta.
— Law...
— Davina, você é muito lenta às vezes. — E, assim, ele passou as mãos pelas costas e coxas dela, erguendo-a nos braços. O rosto da loira ficou intensamente envergonhado enquanto ela respirava devagar, tentando conter as batidas aceleradas do próprio coração. Ao chegar no quarto, Law a deixou sobre a cama e seguiu até o banheiro, trancando-se lá dentro. Não demorou muito, tomou um banho frio e enxugou os fios. Quando retornou ao quarto, encontrou a ômega de pé, observando o mar pela escotilha. Law apoiou a mão direita na parede de metal fria do submarino e, com a esquerda, afastou alguns fios do cabelo dela.
— No que tanto pensa? — Ele se sentiu bem na presença dela, mesmo que não estivesse agindo calmamente. Law deveria sim ponderar, mas depois daquela noite em que a teve tão entregue, e nos dias seguintes em que ela o ignorou, ele se sentiu extremamente confuso e irritado. O capitão se pegou pensando nela: no sorriso gentil, nos olhos brilhantes, nos toques cálidos, cheios de uma ternura e um sentimento que ele afirmava não querer ou sentir.
Não por ela.
Afinal, Davina era filha de Doflamingo, mas parecia trazer a essência de Rosinante. Contudo, Law também já conhecia a dor de não ser correspondido e de ser traído por amor, um homem quebrado por todos os lados e que, desde tantos problemas, passou a tratar sentimentos como apego e amor como meros descartes, jogados fora através do contato pele-a-pele.
Então, por que estava ali, despejando carícias na ômega, permitindo que seu corpo se encostasse no dela, sentindo-se tão bem? Por que queria obrigá-la a permanecer no mesmo ambiente que ele, quando por diversas vezes expressou seu mais profundo ódio por ela? A resposta era simples.
Trafalgar D. Water Law foi pego pela própria armadilha, só que ainda não se deu conta disso. E agora, o coração de Davina disparava, como se baixar a guarda pudesse ocasionar um sério problema. Esse pensamento, esse sentimento, ecoou pelo corpo do alfa, que desde o início desse mero joguinho, sentiu-se rejeitado.
Law se afastou, frustrado, notando o quanto a desejava, enquanto Davina continuava a encarar a escotilha.
— Eu gosto de observar o mar submerso. Ele me traz tanta paz, diferente de quando estou em um navio, onde o mar é revolto e parece me expulsar. Aqui, ele simplesmente me ampara, me afunda em si e faz com que tudo ao meu redor se foque apenas nele. São sensações bruscas e extremamente diferentes, capazes de confundir qualquer um. — Ela desviou o olhar momentaneamente para ele.
E foi mais do que suficiente para que Trafalgar compreendesse que, naquele momento, o Mar era ele.
[...]
Após dois meses navegando pelo vasto oceano, o submarino finalmente fez uma parada em Romavari, um arquipélago oculto no mapa, conhecido por suas paisagens exuberantes e sua atmosfera misteriosa. As ilhas eram um misto de vegetação densa e praias de areia branca, onde as águas cristalinas se encontravam com a verdejante mata tropical. Romavari, com seu ar de serenidade e segredos, contrastava com o ambiente carregado do Porto dos Venenos, oferecendo um respiro à tripulação após um longo período no mar.
Enquanto a tripulação desembarcava, Davina caminhava ao lado de Bepo, Ikkaku e Shachi. Ela estava animada para explorar a nova ilha e se misturava com os outros, conversando e rindo. A atmosfera descontraída parecia um alívio após os tensos meses a bordo.
— Você ainda me deve dois mil, Ikkaku. — Shachi reclamou.
— Vocês me devem o dobro disso. — Davina afirmou, e ambos reviraram os olhos.
— Não é possível, Vina, você estava roubando. Além disso, como mulher do capitão, você nem precisa desse dinheiro. — Shachi afirmou, e ela ficou extremamente envergonhada pelas palavras. Law nunca deixou isso claro, então ela não se via dessa forma ao lado dele.
Ikkaku apenas revirou os olhos diante da falta de percepção do tripulante, enquanto Bepo sorriu e mudou de assunto. No entanto, Davina sentiu o olhar de Trafalgar sobre ela, como se a qualquer momento suas costas fossem queimar. Nem mesmo a beleza do lugar conseguia apagar a sensação de desconforto que a acompanhava desde sua chegada.
Law, ao contrário, permanecia em silêncio e continuava a observá-la de longe, recapitulando cada passo dado desde que se envolveu com ela, como uma releitura de seus atos mais simples aos mais selvagens. Embora ele tivesse tentado manter distância de Davina desde o incidente a bordo, não pôde evitar que seus pensamentos se voltassem para ela. O sexo que haviam compartilhado no passado havia deixado marcas profundas, e agora, ao ver a maneira como Davina interagia com os outros, Law se pegava ponderando sobre a complexidade de seus sentimentos.
O contato físico que tiveram havia despertado em Law uma turbulência interna, principalmente por acreditar que ela não o queria mais. Pelo menos, era isso que sentia sempre que a olhava, mas ele não facilitou. Law exigiu que Davina dividisse o quarto com ele, e assim foi feito. Eles passaram a compartilhar a cama e todos os momentos solenes dentro daquele quarto. As conversas eram poucas, e os toques do moreno sempre exigentes, mas ela se afastava para não ir além.
De certo modo, Davina compreendeu que a noite que passou com ele foi apenas por obrigação e colocou na cabeça que jamais voltaria a acontecer. A ômega nunca esperou nada de bom da vida depois que foi parar no leilão. E então, quando estava relativamente bem, acabou nas mãos dele, o que a deixou confusa e novamente se sentindo mal. Os sentimentos que começaram a nutrir quebravam expectativas e a travavam de corresponder, inibindo-a ao máximo. E agora, Law tentava negar a profundidade de suas reações, mas o impacto emocional não podia ser ignorado. Sua aversão inicial, alimentada pelo desdém e pela repulsa pela ligação com a família de Davina, começava a dar lugar a uma confusão crescente. O desejo de afastá-la vinha cada vez mais forte e se misturava com um impulso instintivo de protegê-la, uma dualidade que o deixava frustrado, principalmente por contrapor a forma como a tratou desde o começo, sentindo-se um verdadeiro imbecil. Mas algo ainda assim lhe dizia que estava com razão. Que, se baixasse a guarda, seria apenas uma questão de tempo até perdê-la também.
A possessividade, que antes se manifestava apenas em pequenas reações, agora se tornava evidente à medida que Law observava Davina interagir com a tripulação. A forma como ela se movia e como sua presença afetava o ambiente ao redor deixava Law inquieto. Ele tentava se distanciar para preservar seu controle emocional, mas isso apenas intensificava seu desejo de proximidade. E tudo estava prestes a piorar, pois o rut, mais conhecido como o cio de um alfa, estava próximo, muito próximo.
Law já estava se perguntando o porquê da demora, uma vez que seu ciclo ocorria a cada seis meses, como regia a cartilha. Até onde sabia, após marcar Davina, esse ciclo deveria acontecer no máximo em até quinze dias. Para ele, essa demora não fazia o menor sentido. Entretanto, a resistência que a ômega parecia demonstrar talvez, só talvez, tivesse desregulado seu ciclo. Afinal, era um período como qualquer outro.
Ele suspirou, deixando de lado mais alguns pensamentos e focando no que realmente importava: a próxima batalha, onde tentariam derrubar mais um dos porcos que estão no poder. Porém, bastava olhar para o quadril de Davina e seu belo sorriso para que as reflexões se aprofundassem entre o que era o certo e o que ele realmente queria. Sua mente estava repleta de pensamentos contraditórios. O instinto de proteção e o sentimento de posse não eram facilmente ignorados, e o esforço para manter a distância apenas agravava a complexidade de suas emoções. Ele sentia uma necessidade crescente de entender o motivo de estar agindo assim e, no fundo, sabia que deveria tomar uma postura antes que ela escorresse por suas mãos.
[...]
— Seis sacas de farinha e trezentos e cinquenta mirtilos. — Law arqueou a sobrancelha. Desde quando seu submarino havia se transformado em uma espécie de cargueiro?
— Pra que tudo isso? — Exigiu uma resposta de Bepo, que sorria ao lado de Davina. — Irão hibernar ou algo assim? — Questionou, levemente irritado.
— É para uma produção em massa.
— Trezentos e sessenta quilos de farinha é suficiente para alimentar o Chapéu de Palha e mais! — Peguin riu antes de balançar a cabeça, aguardando que Davina terminasse de pagar.
— Capitão, é contrabando. Só tem uma saca de farinha aqui, o resto são os materiais que o senhor pediu, e os mirtilos são para ela. — Sussurrou.
— E como ela pagou por tudo isso? Até onde eu lembro, essa operação era privada. — Law bateu os dedos no próprio braço, extremamente irritado com a situação.
— Bom... — Peguin coçou a nuca. — Davina, ela...
— Fale de uma vez! — Exigiu, irritado, enquanto a ômega os observava de esguelha.
— Foi o senhor quem pagou, capitão. — A aura de Law estava terrível, e Davina apenas desviou o olhar, claramente ciente de que estava encrencada, mas preferindo agir como se não tivesse feito nada de errado.
💛
Se o nome do Doffy gostoso sair errado, peço desculpas, eu escrevo pelo celular e ele corrige constantemente Doflamingo para Don e Donquixote para Dom quixote e em breve eu acerto no pc.
Ai ai, o próximo capítulo terá 😡👿 ou 🥵😈?
Façam suas apostas...
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top