10. A possessividade de um alfa
Os olhos de Law estavam vidrados. Como ela poderia ser tão bonita? De onde vinha essa vontade de ficar colado nela?
É simples, faltavam dois dias para o famigerado, se não maldito, cio alfa, e Trafalgar procurava um limite entre o bom senso e a verdade, pois Davina estava ali à sua frente, rindo e batendo palmas ao acompanhar uma música qualquer ao lado de seus tripulantes naquele belo vilarejo com traços e alguns costumes ciganos, estava tao concentrado nela que por hora deixou de lado a pequena vontade de puní-la por ter lhe dado tantas despesas.
A respiração do capitao estava pesada, desde que chegaram, não tiveram tempo de parar, até o momento depois da compra, quando o bando se reuniu para almoçar e, no centro do vilarejo, começou a celebração. Davina, Sachi, Ikkaku e até mesmo Bepo ficaram extremamente interessados, e como Law estava tentando entendê-la melhor, cedeu à vontade de todos.
Agora estava ali, sentindo as emoções dela conforme se divertia minimamente e fazia anotações, isso até notar um olhar fixo naquela que era sua. Momentaneamente, a aura pesou, e foi só encontrar o olhar de Davina, que parecia sentir dor, que suavizou. Mesmo incomodado, manteve a postura e assistiu a um homem, que parecia ter a sua idade, praticamente devorar Davina com os olhos.
"É HOJE QUE EU MATO ALGUÉM!" O lado possessivo gritou conforme o mesmo cara se aproximava dela.
— Bela deusa. — O homem se aproximou, estendendo a mão para Davina. Ele era bonito, extremamente bonito. Os olhos agateados em um tom de amarelo vivo, a boca bem desenhada e longos cabelos pretos, o sorriso cafajeste e a pele morena. Nos cabelos havia um lenço com três contas de prata. — Não vai aceitar uma boa dança?
Ela então olhou para Ikkaku, sem saber o que fazer, e a tripulante a incentivou.
— Vai. Estamos aqui com você. — Foi rápida e sincera ao esclarecer que Davina poderia se divertir, pois tinha quem olhasse por ela. Law, entretanto, comprimiu os punhos. Primeiro, sentia a vontade dela de se divertir, depois, o receio misturado, mas mesmo assim Davina aceitou.
— Eu não sei dançar. — Afirmou para o homem que agora sorria.
— Nem precisa. Eu te guio. Posso tocar sua cintura? — Pediu, e ela tremeu. Somente duas pessoas haviam deslizado as mãos por ali, e assim, negou, deixando o homem com o olhar ainda mais brilhoso. Ele sabia, no momento em que pôs os olhos nela, que Davina era uma ômega.
— Você é muito interessante — disse, enquanto a rodopiava pelas mãos, encostando levemente no corpo feminino antes de se separar e sorrir mais uma vez. Deixou um beijo no dorso das mãos, e dali em diante parecia que o corpo de Davina estava sob seus comandos, movendo-se meramente conforme ele a conduzia pelos braços, e ela estava se divertindo. No fim daquela apresentação, a loira se sentou mais uma vez ao lado de Ikkaku, que ergueu a mão direita em provocação.
— Ei, bonitão, não deixe outra dama na vontade. — A beta piscou, e ele a puxou. Diferente de Davina, ela não oferecia resistência; pelo contrário, apresentava ainda mais vontade.
— Me chame de Ravi. — E assim voltou a dançar. Davina estava adorando observá-los, mesmo que a presença de Law em seu corpo estivesse começando a incomodar ao ponto da marca arder. Ela permaneceu por mais alguns minutos ali antes de se levantar e seguir para as barraquinhas de venda, um pouco mais isolada, onde poderia comprar alguns itens para uma nova pílula que tinha em mente e, acima de tudo, afastar o peso de Law de si mesma.
A garota estava na terceira barraca de temperos, os pensamentos distantes, apenas as atitudes de Law vinham à mente.
"Ele me deixa tão confusa." Davina balançou a cabeça, focando nas especiarias, e não pôde deixar de relembrar a noite em que se entregou completamente ao capitão dos Piratas do Coração.
"Eu agi com tanto impulso." O rosto ficou em chamas ao lembrar das próprias palavras, e então se recordou de outro detalhe.
— O inibidor...— Sussurrou, o pensamento eclodindo como pólvora. — Então foi esse o efeito. — Mais uma vez divagou. Davina se referiu a quando praticamente ordenou que ele descesse até o meio das pernas e chupasse, e quando exigiu por mais.
"Eu não ajo normalmente desse jeito. Pelos deuses de todo esse mar, eu nunca mais tomo uma pílula do Kid!" Bradou mentalmente antes de pedir por algumas mudas e sementes. Depois, seguiu para a próxima em busca de especiarias e estava prestes a pedir quando foi abordada pelo rapaz moreno com quem dançou.
— A senhorita não me disse o seu nome.— Ela se assustou com a proximidade e o forte cheiro de chocolate que invadia de maneira praticamente agressiva suas vias nasais.
— Você não estava dançando? — Questionou um pouco confusa, e ele riu genuinamente. Seria fácil se encantar por um homem tão bonito, mas tudo o que Davina conseguia pensar era em que tipo de perigo ele poderia envolvê-la. Ainda assim, Ravi apontou para onde ela estava anteriormente e a mesma notou Ikkaku dançando com outro homem.
— Eu não sou o homem certo para ela. — Piscou. — E você, bela dama, continuará sem me dizer seu nome? — Davina arqueou a sobrancelha. Nunca alguém a tratou assim, o que ele estava tentando fazer?
— Davina.
— Uma estrangeira sem sobrenome? Que interessante. E sobre a sua amiga, faz parte da minha cultura dividir. — Sorriu e desviou o olhar, onde Davina pôde observar Ikkaku dançando colado com outro homem, tão bonito quanto Ravi.
— Nossa... Que vergonha. — Ela deixou escapar, e ele se aproximou mais, pegando uma das flores da barraca e entregando-a para ela.
— Você é muito diferente do que estamos acostumados a receber aqui. Em sua maioria, os estrangeiros se soltam e se deixam levar pela tentação de Romavari.
Davina ficou ainda mais curiosa a respeito da ilha. Mais tarde, daria um jeito de explorar o local e talvez pedisse para Ikkaku ir junto.
"Não, Davina, não queira ser um problema para as pessoas." Ela apertou as mãos e encarou o homem, que ainda a observava de uma forma tão maravilhada que parecia estar em adoração.
— Posso parecer rude, mas você é muito bonita. — Davina não entendeu o motivo de não se sentir desconfortável, porém não teve muito tempo para pensar, pois, no momento seguinte, Law estava praticamente rosnando enquanto a puxava para si. Isso fez com que Ravi risse de leve. — Uma pena que a bela deusa tenha companhia. — Sorriu.
— Parece que alguém não percebeu que vai acabar morrendo se continuar abrindo essa boca. — Law respondeu por puro impulso, e Davina sentiu ainda mais vergonha.
— Law! — Com muito custo, conseguiu sair dos braços dele e depois encarou o moreno, que continuava achando toda a situação engraçada. — Nos desculpe por isso.
— Vindo de você, qualquer coisa é bem aceita. — Ravi se aproximou, beijou a mão direita dela, e tão rápido foi embora. Davina permaneceu ali com o coração disparado. Nunca fora tratada desse jeito antes, nunca em toda a sua vida alguém a "cortejou", se é que podemos resumir esse simples flerte a tanto. E tudo estava para piorar devido à simples raiva de Law, que fez com que ela prendesse a respiração rapidamente pela onda de feromônios que obviamente foi liberada de propósito. Assim que estava com ela nos braços, ele voltou a agir normalmente.
— No que você estava pensando para agir desse jeito? — Apesar de estar tremendo, não deixou de questioná-lo.
— Eu que te devo essa pergunta, ômega. Por acaso esqueceu que já tem um alfa pra você, ou quer mais? — Rosnou baixo, enquanto ela revirava os olhos, se sentindo insultada, e com isso se afastou.
— Você está cada vez pior! — As palavras não eram nada comparadas com a sensação de irritação e frustração que emanavam dela. Davina pegou a bolsa que trazia consigo, pagou o restante das compras e caminhou em direção à praia. Law queria mandá-la para o raio que a parta, porém não conseguia; algo em seu instinto o obrigava a segui-la, e, à distância, ele foi.
Davina caminhava em direção à praia, disposta a se jogar no mar e nadar até o fundo do submarino, se fosse preciso. Estava se sentindo tão sufocada por tudo o que Law vinha fazendo, e sempre sem dizer uma palavra.
"Por que ele é tão... confuso? Nunca me quis, continua não me querendo, e ainda assim afirma que é todo meu." Os pensamentos dúbios travaram assim que ela chegou na praia e encarou o mar, tão belo, e um aperto no peito ocorreu. O rosto logo sentiu o rastro quente da lágrima descer, enquanto ela tirava os sapatos e sentava na areia.
"Um passatempo, um problema, algo para aliviar o cio. Foi isso que eu virei? Será que esse era o meu destino?" Ela encarou o mar, dobrando os joelhos e apoiando o rosto na fresta das pernas. Respirou fundo diversas vezes antes de enxugar as lágrimas e encarar o céu.
"Ainda é melhor do que estar no leilão." Davina observou alguns casais conversando e se divertindo na areia, em sua maioria betas. Dava para ver e sentir a diferença tanto de energia quanto de tratamento. Então, viu um homem mais bruto agarrar uma mulher e a jogar na água. Ambos riram da situação, e ela só pôde recordar de seu tempo no Victoria Punk:
Kid estava mais puto que o normal. Ele havia arrumado um rolo com uma das betas da casa Shimezã e agora tinha que lidar com uma briga dentro do seu navio. A mulher em questão havia destratado Davina por se sentir no direito, já que ela estava "sentando no capitão" há muito tempo. O problema foi que tudo saiu do controle, e antes que Killer matasse a prostituta, ele a atirou no mar, o que obrigou o ruivo a pagar uma pequena fortuna para a casa Shimezã em vistas doa danos a mercadoria. Com isso, Davina entrou em uma greve tão gigantesca que alterou completamente a dinâmica do navio.
— Ei, pirralha, para de gracinha e volta para o meu quarto agora! — Kid esbravejou, sendo ignorado. Davina estava dormindo na sala de navegação há semanas, e o capitão estava prestes a perder a paciência quando ela se levantou e caminhou até Killer:
— Senhor Killer, eu posso dormir em outro lugar se aqui está incomodando tanto. — O loiro, por um momento, sentiu vontade de implicar com o amigo. Kid estava realmente merecendo passar raiva depois do que fez, e com isso, ele apoiou a destra no ombro dela.
— Pode dormir no meu quarto, se quiser. A minha cama não é tão grande, mas podemos dividir com travesseiros.
Kid abriu um sorriso cruel antes de se aproximar tanto que Davina podia sentir o cheiro dele, sendo praticamente imprensada. Killer conteve o som de escárnio que queria liberar pelo ato do amigo raivoso.
— Isso é perfeito, eu vou... Ei! — Berrou ao sentir o corpo ser levantado, enquanto Kid a carregava para dentro do próprio quarto.
— Me solta, seu puro músculo, grosso!
Ele gargalhou.
— Mas que porra de xingamento é esse, pirralha? Está me elogiando e olha que nem me viu nu ainda! — Gargalhou e pôde sentir o corpo dela mais quente. No início, pensou que fosse vergonha, mas logo notou a febre e respirou pesado antes de se sentar na cama com ela, observando-a pegar um comprimido na bolsa largada sobre a colcha e tomá-lo a seco. Kid, em momento algum, pensou em se oferecer para sanar aquele problema, mas, pelo resto do dia, Davina permaneceu grudada em seu corpo.
A respiração dela pesou ao afastar a lembrança.
— Por que minha vida é assim? — O olhar dela vagou para o mar, onde era possível sentir a frustração e o desamparo de longe. Davina se sentia reduzida a um mero objeto, uma conveniência que mais a deixava a ponto de não querer pertencer a lugar algum, e Law, mesmo à distância, conseguia sentir todas as inseguranças e frustrações por parte dela.
O fato é que atos carnais não explicitam o que um coração magoado deseja sentir. Podem sanar momentaneamente, mas não o suficiente para que fique bem, quando as palavras são mais do que necessárias, e Davina estava ruindo. Na verdade, essas sensações só terminaram de transbordar o cálice de desespero da loira que só queria ter uma vida normal.
Nesse momento, nem diria que tanto faz se fosse ou não com ele, pois, no íntimo, gostava tanto da presença do cirurgião que até ansiava por mais, e essa confusão estava a dominando. Quando Law se aproximou, notou amplamente cada sensação; por instinto, sentia que deveria abraçá-la e reconfortá-la, mesmo sem compreendê-la totalmente. No fundo, os gatilhos que ele mesmo ajudou a alimentar haviam dado voltas em sua própria mente.
Um problema.
Um ser descartável.
Alguém que, se não fosse valioso ao próximo, ficaria solitária.
Esses eram apenas alguns dos pensamentos que Davina afastava em busca de felicidade. Ainda havia os mais severos, relacionados à sua condição e ao quase abuso; esses, ela soterrava toda vez que vinham à mente.
O alfa respirou pesado, parando atrás dela. O cheiro meio cítrico de sempre parecia comprometido pelas emoções, e a sombra dele se projetava sobre o corpo bonito.
— Vamos dar uma volta, Davina. — O pedido, que mais parecia uma ordem, não entoava voz de comando.
Ela revirou os olhos, descruzou as pernas e se levantou, como se sentisse obrigada, e, como sempre, Law agiu, pegando as coisas das mãos dela. Por algum motivo, o alfa não gostava de vê-la carregando peso.
"Será que quando essa raiva passar ela vai olhar na minha cara? Porra..." O cirurgião respirou fundo antes de voltar a andar, agora ao lado dela.
— Aonde vamos? — O sussurro tão baixo que escapou dos lábios dela o fez se inclinar, ao ponto de usar a outra mão na cintura feminina e roçar os lábios propositalmente, como se não fosse nada, na orelha direita da loira.
— Temos que reservar o hotel e quero levá-la ao lago.
A pele dela chegou a arrepiar, e o olhar distante foi substituído por um momento de vergonha, pois, agora que não estava mais no cio e tomando regularmente as pílulas, só conseguia reagir com a racionalidade que a lembrava do momento no banho que tiveram no outro hotel, assim como todos os atos subsequentes na cama.
Davina tinha certeza de que ele não a deixaria ficar em um quarto sozinha e, por mais que se negasse a admitir, também gostava de dividir a cama com Trafalgar. Havia se acostumado rápido demais com a presença dele.
Ambos estavam na mesma sintonia e permaneciam completamente desintonizados por serem cabeça dura e cegos demais.
— Você parece conhecer bem essa ilha. — Davina afirmou, respirando calmamente para não expor todo o receio e a vergonha que pareciam impregnados em seu ser. Toda a falta de pudor parecia ter batido na sua cara, e Law sabia exatamente como ela estava se sentindo.
— Tanto que tenho um local fixo quando venho, fora que aquele babaca e o Mugiwara-ya devem passar por aqui. — Ela piscou várias vezes enquanto o ouvia falar, até que agarrou o braço dele. Por um momento, Law gostou da iniciativa, até ver os olhos dela brilharem de uma forma que expressava saudade, e isso o consumiu rapidamente.
— O Mestre Kid virá? — A presa do lado direito da boca, onde foi exposto o meio sorriso, fez com que Davina se contivesse mais uma vez.
"Então é assim que vai ser? Pra mim, expressa essa porra de desconforto, agora, quando se trata daquele idiota, é toda sorrisos? Mas que porra está acontecendo comigo?" O pensamento maltratou a ambos, pois ela levou a mão até o local da mordida, sentindo receio, e ele notou. O ar da respiração chegou a sair quente quando segurou firme na cintura dela, colando seus corpos.
— Isso interessa? — Ele sabia que sim, mas queria que ela olhasse em seus olhos e dissesse a verdade ou que tivesse coragem suficiente para mentir. A onda massiva de feromônios fez com que ela lacrimejasse involuntariamente pelo pequeno descontrole dele. Era tudo muito intenso para alguém que ainda se acostumava a ter a vida ligada a outro.
Quando o cirurgião percebeu o que estava fazendo, cessou sua tortura involuntária, mas manteve a mão no quadril e o corpo colado no seu.
— Estou esperando minha resposta, Davina! — Dessa vez foi um comando que chegou a estremecer a pele dela, que não pôde desviar o olhar, então apertou as roupas dele na direção do peito.
— Importa sim — desviou o olhar. — Pelo menos para mim, porém, não do jeito que você está insinuando! Será que não cansa de me ofender?
Law piscou diversas vezes, não se lembrando de uma única vez em que a tenha ofendido, não diretamente. Mas, sendo tão lógico e racional quanto ela, sabia que havia falhado. Por um segundo, desviou o olhar e notou a cena que estavam protagonizando próximo ao centro da cidade, e as pessoas de Romavari eram bem... Atentas, por assim dizer.
Sem pensar duas vezes, Law a soltou e deslizou suavemente os dedos pelo pulso macio até que ambas as mãos estivessem entrelaçadas, enquanto a puxava para o oeste da ilha.
[...]
Law não disse uma única palavra enquanto a levava pelo local, um pouco distante e com mais contato com a natureza, até que pararam próximo a um tronco largo de árvore, tão largo e alto que, se tentassem cortar, ficariam anos ali para terminar. Era tão majestoso que parecia ser ele a sustentar a ilha de pé no meio do mar. Davina ficou ainda mais maravilhada, porém, não imaginou que ali haveria uma passagem. Quando foi guiada pelo capitão, desaguaram em uma bela clareira com um lago límpido, com a incidência perfeita de luz que passava pelas frestas das árvores e copas altas, refletindo a transparência da água.
— Que lugar bonito — ela sussurrou, enquanto ele finalmente a soltava, observando seus passos curtos em direção à água.
— Que bom que gostou, pois só sairemos daqui amanhã. — Com essas palavras, ele procurou algo dentro dos bolsos da calça até encontrar a chave; aquele era um presente da pessoa que tanto o protegeu.
A casa que mais se assemelhava a um chalé escondido na floresta de Romavari reflete a riqueza cultural e as tradições locais, com um estilo que mistura elementos mediterrâneos e ciganos. O edifício é de tamanho médio, construído com uma base sólida de pedra e reboco branco, oferecendo uma aparência limpa e elegante. O telhado é inclinado e coberto com telhas de cerâmica vermelha, que ajudam a manter o interior fresco durante o calor intenso do verão.
A fachada é adornada com detalhes em ferro forjado, formando padrões delicados nas varandas e nas janelas. As janelas são amplas, com arcos elegantes e cortinas de linho leve que permitem a entrada de luz natural enquanto mantêm a privacidade. As portas são de madeira escura e esculpida, com entalhes intrincados que representam motivos naturais, como flores e folhas.
— Faz tempo que não venho aqui — ele passou a mão na porta, tirando um pouco da poeira enquanto Davina passeava pelo jardim natural, com arbustos floridos e ervas aromáticas que exalavam um perfume suave. Caminhos de pedra serpenteavam por entre canteiros de flores coloridas, como lavanda e gerânios, que criavam um ambiente acolhedor e vibrante. Um pequeno pátio com uma fonte de água ornamentada oferecia um espaço tranquilo para relaxar, refletindo equilíbrio e harmonia com a natureza.
Law abriu a porta e a olhou por cima dos ombros.
-- Você não vem?
Os olhos dela brilhavam de uma forma tão bela, assim como o sorriso ao ver o local, a leve brisa balançavam os belos cabelos e Law se viu completamente perdido naquela beleza. Então ficou ali parado a observando até que ela sentiu o coração disparar, pois, por um momento os sentimentos bons que vagavam na mente de Trafalgar a alcançaram invadindo todo o seu ser.
Davina meia trêmula foi até ele que deixou-a passar na frente, como o espaço era pequeno acabou encostando nela propositalmente. Law parou atrás dela e ligou o mecanismo que acendia toda a estrutura e se com a incidência natural já era bela, agora que estava totalmente acesa demonstrava ainda mais beleza.
-- Nossa... -- Foi a única reação que ela teve ao encarar o local.
O piso de madeira polida rangia suavemente sob seus pés, e o cheiro sutil de ervas e especiarias preenchia o ar, lembrando-o do centro. A sala principal era ampla, com móveis de madeira escura e sólida, que traziam uma sensação de estabilidade e segurança. Uma lareira de pedra dominava o ambiente, com uma prateleira sobre ela exibindo frascos de vidros com ervas locais, livros de medicina alternativa e algumas lembranças de viagens anteriores, provavelmente deixadas por ele.
A mobília era funcional, com uma mesa retangular e cadeiras firmes, sem muitos ornamentos, algo que Law sempre apreciou pela praticidade. A simplicidade do espaço lhe permitiria focar em seus próprios pensamentos sem distrações, mas havia algo na atmosfera acolhedora que suavizava sua típica rigidez. Pequenos detalhes, como cortinas leves de linho branco e um cobertor de lã jogado descuidadamente sobre o sofá, traziam uma sensação de lar, algo que ele talvez não admitisse, mas apreciava secretamente.
Davina, ao contrário, foi imediatamente atraída pelos toques vibrantes e pelos detalhes sutis que escapavam à primeira vista. As cortinas bordadas à mão com motivos florais e a presença de plantas em vasos de barro nas janelas traziam um charme acolhedor ao local. As almofadas espalhadas pelo sofá e pelas cadeiras tinham bordados coloridos e exalavam a energia vibrante e a criatividade que ela parecia admirar na cultura local. Um canto da sala era dedicado a instrumentos musicais tradicionais, como um violino cigano e pandeiros, que, para Davina, evocariam a lembrança da dança e da música na praça do vilarejo. A janela grande deixava a luz natural banhar o espaço, iluminando as tapeçarias e os detalhes dos móveis, criando uma dança de cores e sombras que a encantava.
E quando Davina percorresse o chalé, perceberia pequenos detalhes que faziam referência às lendas e histórias locais, como amuletos de proteção pendurados discretamente nas portas e janelas, que, segundo a crença, afastavam espíritos malignos, porém, precisaria explorar primeiro para os entender. A cozinha, embora pequena, era bem equipada e tinha um charme particular, com panelas de cobre penduradas e prateleiras repletas de especiarias locais.
No quarto, a cama de madeira esculpida tinha lençóis de linho branco e um cobertor pesado, com uma colcha artesanal que apresentava os padrões intrincados e coloridos típicos de Romavari. Um grande armário de portas duplas escondia roupas de cama adicionais e talvez alguns segredos de viajantes passados. Uma pequena mesa lateral continha um vaso com flores que pareciam frescas e um candelabro de ferro, que à noite, traria um brilho suave e reconfortante ao ambiente.
Para Law, o chalé oferecia a privacidade e a funcionalidade necessárias para manter sua mente em paz e seu corpo preparado para qualquer situação. Já para Davina, o lugar exalava uma energia vibrante e acolhedora, que a fazia sentir-se conectada ao lugar e às suas tradições, permitindo que ela apreciasse a beleza em cada detalhe e até mesmo passasse mais tempo desbravando o local do que brigando com o capitão. No entanto, algo chamou sua atenção. Ela percorreu o local mais uma vez antes de ter certeza de todos os seus pensamentos, até que encontrou uma porta extra, a qual descobriu ser o banheiro do local.
— Onde os outros passaram a noite? — Ela comprimiu os lábios, observando-o tirar a boina e se encostar na porta. Davina não podia ver o sorrisinho malicioso dele, muito menos o brilho fugaz que o equipararia facilmente a um lobo pronto para abater um cordeiro.
💛
Teremos flashback do Law no próximo capítulo...
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