Capítulo 4 - Carter

"Eles vêm hoje, meu plano está dando certo, subestimaram minha capacidade, o que de fato eu esperava, acostumados a lidar com crianças indefesas esses monstros."

"Não posso falhar! Sei que estão chegando." Se livrar das correntes foi fácil, assim como foi fácil passar com uma faca despercebido. Um pequeno sorriso formou em seu rosto enquanto ele colava as costas na parede.

Em questão de segundos seu corpo desapareceu, só esperar. Ter destruído a câmera do quarto com certeza lhe traria problemas, porem desta vez não seria ele a ser punido. O plano estava correndo como o esperado no 10º mês ali ele havia levado uma surra que deixou hematomas visíveis impedindo assim sua visita mensal. O inicio da segunda fase do plano.

Primeira parte obter informações.

Segunda parte, desmascarar.

"Eles fazem uma verdadeira lavagem cerebral, muito me admira que aquelas pobres crianças não falem nada aos seus pais. Apesar de sofrer elas têm medo que seus queridos pais morram por sua culpa." Sua mente repassava tudo o que havia descoberto.

O tratamento de cura consiste em fazer com que aquelas crianças acreditem verdadeiramente que são uma ameaça. Que cada punição, surra e ameaça seja merecida.
Acreditando que elas têm problema e que aquilo não é normal.

Fome, frio, dor, medo, pressão psicológica, tudo a que são submetidas. Tantas barbaridades que se torna impossível mencionar e numerar todas.

"O que imaginávamos quando suspeitamos desse local não é nada comparado com a realidade dele." Ele ainda não acreditava que existe pessoas capazes disso.

Mesmo com todo treinamento que havia recebido, se viu tentado a desistir varias vezes, isso o envergonhava, mas também trazia a certeza que ele faria o impossível para que ninguém mais passasse por aquilo.

A instituição dava um prazo de um ano e três meses para a "cura" definitiva. Porem em todos os dados levantados as crianças morriam antes de chegar a esse ponto, os relatórios sempre acusavam uma queda, reação alérgica a medicamentos, ou o relato de: 'Era uma criança violenta demais, não apresentou nenhuma melhora e feriu vários de nossos funcionários. No seu ultimo confronto acabou se ferindo gravemente e morreu.'

Essas eram as informações passadas aos pais que acreditavam que seus filhos eram aberrações ao ponto de deixa-los naquele terrível lugar.

Nenhuma suspeita era levantada porque tinham o exemplo de superação e cura, todos os pais achavam que seus filhos seriam os próximos a obter êxito e voltar para casa. Pura farsa criada para iludi-los.

Seu corpo estava quase vibrando em expectativa do início da segunda parte. Estava ansioso para descobrir se essas crianças estavam mesmo mortas.

Era quase palpável seu desejo por isso.

Tudo ali foi muito bem pensado, as crianças deveriam ser mantidas por perto caso houvesse uma evacuação de emergência. Eles não correriam o risco de perde-las. Seja o que quer que eles planejam com elas, sem duvida alguma elas eram uma parte muito importante para serem deixadas para trás.

Seus olhos focaram em seus riscos improvisados marcados na parede, uma forma de marcar o tempo, as visitas até poderiam ajudar, se eles não ficassem mudando as datas de acordo com suas vontades. Aqueles riscos o mantinham em sã consciência, cada um ali significava um dia a menos, um dia mais perto do confronto. Algo em seu intimo dizia que esse era O dia.

Passadas apressadas e quase imperceptíveis ecoavam pelo corredor, apesar do quarto ser acolchoado ele tinha conseguido abrir uma brecha ali e sua audição sensível o ajudava.

Os guardas praticamente corriam em direção a cela, eles tinha de concertar aquilo antes que seu chefe descobrisse, se isso acontecesse eles estariam completamente em maus lençóis.

- Onde ele está? - o que estava a frente perguntou examinando o lugar vazio, ainda encostado na parede o prisioneiro prendia a respiração. - Abra já essa cela! - o homem gritou, já estava pensando em como seria punido se o prisioneiro não estivesse ali dentro. - Vasculhe todo esse lugar. Quero que o encontre! - sua palavras duras não demostravam o medo que ele sentia.

Se afastando da parede o prisioneiro atinge um dos homens na têmpora com o cabo da sua faca, sem nem chance o homem cai inconsciente. Ao ver seu companheiro no chão o outro tentou achar a fonte da agressão, no entanto seus olhos não viam nada.

Antes que pudesse externar sua confusão sentiu sua cabeça queimar e a escuridão lhe dominou.

"Agora tenho de me apressar." Sua mente lhe alertava enquanto passava por cima dos corpos caídos.

Fechou a porta atrás de si e reparou que as armas dos soldados estavam largadas no chão, pegou a corrente que estava ali e passou pela porta a travando. O tempo estava correndo. Seus olhos pararam na corda repleta de nós e no machadinho tão conhecido que estava ali. Chutou a corda para longe e apanhou o machadinho, ele seria util.

Mantendo sua nova arma firme rente ao corpo, avançou pegando os detalhes do lugar.

Os corredores extremamente iguais, parecia um labirinto. Dois portões se destacavam, as crianças deveriam estar ali perto de um deles, ou dos dois. Não podia ir até lá ainda, seria muito arriscado.

Ao passar por outro corredor, algo quase imperceptível lhe chamou a atenção. Esgueirando se ali sorriu com a visão.

"Sala de controle! Que sorte a minha."

Furtivamente apanhou o cartão de acesso dentro de um quadro encaixotado, cuidadosamente para que não causasse nenhum ruído, abaixou a tampa. "Isso está muito fácil!" Sua mente e corpo estavam esperando pelo pior.

As mesas meticulosamente alinhadas formando dois meio circulo um na frente do outro permitia, de onde estava, olhar tudo o que as duas pessoas sentadas em cada uma delas faziam. As imagens revelavam as câmeras da sala de visita.

Uma ira irrefreável subiu por seu corpo o dominando, agindo por impulso empurrou a cabeça do soldado mais próximo de encontro ao painel. O estrondo fez os outros três se virar para ver o que acontecia, o outro ali se aproximou do colega caído. Seu punho fechado desceu rapidamente pelo rosto do homem, inconsciente caiu no chão restando apenas dois na sala.

Desorientados e sem entender nada os dois começaram a se mover, mas ninguém passaria pelo homem invisível que bloqueava a saída. Em um movimento rápido o machado se cravou na parede próximo a cabeça de um dos soldados ali.

O espanto ao ver o objeto aparecer do nada e quase cravar na cabeça do seu companheiro fez o outro ficar estatístico. Sua paralisia momentânea era tudo o que Carter precisava para lhe acertar e o deixar inconsciente junto com os outros.

- Como vocês dormem presenciando tamanhas atrocidades a essas crianças?- sua voz soou cortante e aos poucos seu corpo se revelou, ele poderia sem remorso algum matar aquele sujeito devido a raiva que sentia.

- Eu não vejo crianças! Eu vejo aberrações, assim como você. - disse o soldado com um sorriso vitorioso no rosto.

Sem nem pensar, Carter atirou a faca no peito do homem. A dúvida se deveria acabar com a vida dos outros três passou por sua cabeça.

"São todos podres. Mas eu não sou assim." Olhando para as telas uma ideia lhe ocorreu.

Seus dedos rapidamente começaram a apertar botões, virar chaves, aumentar e abaixar a intensidade da força elétrica, quando o painel começou a crepitar uma sirene foi acionada, ele se afastou rapidamente, e saiu correndo dali fechando a porta as suas costas.

"O tempo não está ao meu favor agora." Precisava encontrar e libertar todos que estavam ali.

Conforme corria pelos corredores percebeu que tudo ali não passava de holográficos. Hologramas para causar confusão, ao mecher nos botões a pane causou um curto desativando tudo e facilitando muito o seu trabalho. Os corredores iam passando rapidamente por seus olhos até q um específico se destacou, as salas de visitas, seus olhos rápidos percorreram o lugar até encontrar o que procurava, como se percebesse o olhar sobre si a ruiva virou a cabeça o encontrando.

Um suspiro aliviado saiu de seus lábios enquanto se levantava da cadeira.

- Vamos, vamos! - ela começou atraindo a atenção de todos - Por aqui! Todos tem que sair. - ela apontava com a mão a direção que deveriam tomar.

As crianças rapidamente a obedeceu, eram acostumados a essas interrupções, estranharam o caminho apontado, mas não discutiram com a mulher. Os pais iam seguindo seus filhos sem saber o que acontecia.

Os soldados tentaram impedir, no entanto rapidamente foram interceptados, tanto pela ruiva que não poupava esforços para os tirar de jogo quanto pelos aliados dela.

As sirenes pararam, entretanto a luz vermelha continuava a piscar, Carter avançava em sua busca, entrando em todo corredor e porta que encontrava a sua frente. Como os hologramas não funcionava mais, seu trabalho visual estava prosseguindo rapidamente.

Um corredor escuro chamou sua atenção, com cuidado para não cair em nenhuma armadilha sorrateiramente foi descendo, tochas na parede iluminavam o seu caminho, isso até poderia o denunciar se ele não estivesse invisível.

Seus ouvidos não captavam ruído algum, isso era incomum.

Assim que chegou ao fim reparou vários mantos holográficos tampando a entrada do que julgava ser as celas. Ainda se mantendo invisível entrou em uma das celas. Nada.

Passou para a seguinte. Vazio. Tudo o que conseguia ver eram correntes quebradas e as portas das celas abertas. Todas as quinze se encontravam da mesma maneira.

- Isso não faz sentido! - sussurrou para si mesmo - As celas devem ter se aberto igual às outras portas. Mas quem os soltou? - ele praticamente implorava para que não tivesse chego tarde, que não tivessem levados as crianças para outro lugar, as mantendo aprisionada por ainda mais tempo.

Subiu as escadas novamente atento a todo detalhe que pudesse ter deixado passar, ao virar o corredor parou surpreso com o que via. Seis soldados caídos no chão sem calças e camisas, suas armas também não estavam mais com eles, colocando os dedos indicador e médio no pescoço de cada um constatou que estavam apenas inconsciente. Olhou ao redor na espectativa que ainda estivessem por ali, no entanto a pequena abertura no portão lhe indicava que quem fez aquilo já saiu.

Sem conseguir se segurar a risada saiu livre.

"Algum apressadinho não esperou o resgate. Agora faz sentido." Balançou a cabeça com esse pensamento enquanto ainda ria abertamente.

- Carter? - Seu corpo relaxou instantâneamente ao ouvir aquela voz.

- Aqui! - Respondeu ainda olhando para aquela cena.

- Você fez isso? - A curiosidade e perplexidade na voz dela o fez se segurar para não voltar a rir.

- Não! Tirar a roupa de um monte de homens não faz o meu estilo. - falou provocativo.

Depois de tanto tempo ele não podia perder a oportunidade de irrita-la.

- Vê se cresce! - sua revolta o fez sorrir, conseguiu o que queria. Ao se virar para encara-la um grito agudo quase o assustou - O que fizeram com você? - o espanto era visível em seus olhos.

- Bom! Isso eu não posso garantir, no entanto, julgo ser resultado de um dos chutes que levei. Agora preste atenção! Os outros já estão aqui?

- Sim! Capturamos a maior parte, - seus olhos não saiam do hematoma no rosto dele - alguns conseguiram fugir. Mandamos os rastreadores atrás.

- Ótimo, saiam todos daqui, vamos bolar uma forma de manter esse lugar como se nada tivesse acontecido, precisamos acolher essas crianças de verdade. - enfatizou a última parte - Agora vou atrás desses aqui. - apontou a brecha do portão atrás de si.

Se dirigiu para a abertura e quanto mais se aproximava mais surpreso ficava, a brecha era bem estreita. Abriu mais para que passassem com folga, e assim que colocou a cabeça para fora já procurava vestígios dos fugitivos.

'Eles são rápidos. Muito bom." Não ouvia barulho nenhum.

"É sempre em frente." Pensou antes de começar a correr. Um bosque não muito longe fornecia a cobertura perfeita. "Se eu fosse eles para onde eu iria?" Seus olhos e ouvidos não captavam nada de diferente.

Seus instinto continuava a impulsionar ele para frente, antes mesmo de visualizar ele já podia ouvir o rio correndo mais a frente, não demorou muito para que seus olhos o vissem. Vasculhou suas memórias tampando se lembrar daquele rio, no entanto nada lhe vinha. A água escura deixava claro que era fundo.

"Eles não passaram por aqui!" Ele se negava a acreditar que um bando de crianças conseguiria nadar até o outro lado, ainda mais sem preparo algum.

"Espera ai! O que é aquilo?" Seus olhos ficaram presos em uma mancha de coloração diferente.

Sem nem mesmo pensar duas vezes se atirou para dentro no rio, tentando cobrir a maior distância que podia com o pulo, as longas braçadas o fazia chegar mais perto, mas algo ali dificultava seu avanço, com certo esforço se viu fora do rio encarando o pedaço peculiar de terra.

O local parecia ter sido varrido e as pequenas partículas de madeira caíram ali logo em seguida. Pegou um pouco do pó e levou ao nariz.

"Sim! É madeira. O que aconteceu aqui?" A curiosidade estava martelando seu cérebro desde que encontrou os soldados desacordados.

Com ainda mais cuidado seus olhos procuravam desesperadamente por algo fora do lugar, as evidências eram muito discretas.

- Está de sacanagem né! - um paredão de pedras bloqueava o caminho. - Com certeza eles não vieram por aqui.

Voltou parte do caminho, acreditava ter perdido alguma pista, mas tudo levava aquele imenso paredão. Seus instintos de rastreador estavam sendo postos a prova.

"Ou eles são leves de mais para causar algum dano ou alguém estava manipulando as coisas ao redor. Isso seria possível?"

Olhou para cima novamente, já estava escurecendo, contornar o rochedo era a opção mais sensata. Eles não subiriam aquilo ali, sua mente se recusava imaginar um bando de crianças penduradas naquela imensa rocha. A cada instante que passava observando o lugar, tudo ia ficando mais e mais escuro, dificultando seu possível avanço. Se continuasse as cegas poderia deixar passar algo. "Melhor descansar." Deitou no chão se rendendo a natureza que se impunha sobre ele e fechou os olhos.

O farfalhar suave do vento fazia cócegas em seu rosto, obrigando sua mente a despertar e seu corpo se mover para passar a mão no lugar.

O sol já estava nascendo no horizonte, aproveitando a claridade que se instalará retomou a caminhada contornando o rochedo. Seus olhos ainda buscando por qualquer coisa que indicasse que estava no caminho certo. Um barulho preencheu seus ouvidos aguçados, deixando seu corpo em alerta, acelerou os passos enquanto ficava invisível, se fosse uma emboscada teria o elemento surpresa a seu favor.

Uma clareira se abriu a sua frente, escondido ainda sobre a proteção das árvores olhou minuciosamente o local, parando subitamente em uma imensa pedra, um total de dez pessoas estavam em cima dela se preparando para descer.

Seguravam uns aos outros para cobrir a altura da rocha que deveria ter uns três metros na sua parte mais baixa. Muito esperto da parte deles, pensou antes de voltar ao normal e fazer barulho para chamar a atenção dos demais.

Assim que os olhares se voltou a ele, suas mãos foram para cima mostrando estar desarmado, no entanto foi inútil, aquele que estava sendo descido foi puchado imediatamente para cima da pedra, ficando ainda mais longe de seu alcance.

- Olá! - tentou uma aproximação com as mãos ainda para o alto, reparando em cada rosto apavorado que tinha ali. - Me chamo Carter, eu trouxe ajuda, não precisam ter medo, eu sou um de vocês. - silêncio foi tudo o que teve de resposta.

"Vai ser difícil." Pensou antes de voltar a abordagem.

- Venho em paz, olha! - girou lentamente para que vissem que ele não escondia nada. - Não quero machucar nenhum de vocês.

Nenhum musculo foi movido por eles, não seriam simples palavras que os faria confiar naquele estranho. Afinal sabiam o quanto palavras simples e um rosto bondoso poderia se transformar em um inferno para suas vidas.

Quem sabe se continuassem ali imóveis o estranho não desistiria e iria embora? Porém ao contrário do que esperavam ele continuava ali, hora andando de um lado para o outro, hora sentado riscando o chão.

Carter tentava dar o tempo que eles precisavam para entender que ele não sairia dali, mas toda aquela demora estava ficando tediante, vagava o olhar por tudo enquanto mantinha o pensamento longe.

Acompanhou o avanço das horas pela sombra que a pedra projetava, estava quase se rendendo e deitando quando o barulho de um galho se quebrando fez seu corpo saltar e ficar em posição de ataque, outro "craccc!" foi ouvido.

Uma sombra se aproximava saindo do meio das árvores. Uma sombra muito conhecida.

- Quer brincar? - uma pequena chama se formou em sua mão.

- Só se você me achar! - respondeu enquanto endireitava a postura e seu corpo sumia.

- Você sabe que eu posso ti queimar né! - uma bola de fogo caiu ao lado do seu pé direito, sorrateiramente ele começou a andar em sua direção, levantou a mão, mas antes mesmo que pudesse fazer qualquer coisa o tom ameaçador o fez travar.

- Se você der mais um passo e bagunçar o meu cabelo, você volta tostado hoje. - Carter olhou para baixo para ter certeza que ainda estava invisível, nada acusava sua aproximação. Seus pensamentos sumiram assim que ela chocou seu corpo ao dele em um abraço apertado, mesmo perplexo com aquilo ele retribuiu com a mesma intensidade.

- Mas... - sussurrou atônito.

- Sem nada de "mas"... Vamos logo! - seu tom subiu um pouco mostrando sua ansiedade e nervosismo, estava com pressa - Temos que achar os outros, eles devem estar com fome e com frio - sua voz diminuiu assim que ele voltou ao normal, o olhando fixamente terminou. - e feridos.

Dando de ombros apontou para cima da pedra.

- Caramba você os encontrou! - a felicidade tomou sua voz, seus olhos brilhavam de alegria.

- Devo dizer que deu trabalho, mas eles não falaram nada e nem se moveram desde que cheguei aqui. - a avisou - Pensam que somos ameaça.

- Nada mais justo! - ela ficou quieta de repente, sua cabeça literalmente começou a sair fumaça.

- Ei! - estalou os dedos perto de seu rosto - Terra chamando. - o receio de se queimar o impediu de abana-la, isso já havia acontecido antes - Eu vou jogar água em você! - seu tom era sério, no entanto ele sabia a consequência que aquilo traria.

- Nem ouse pensar nessa possibilidade! - respondeu sem nem ao menos olhar para ele, continuando na mesma posição, corpo tenso e cabeça baixa - Vamos temos trabalho à frente.

Sua mente passava todos os possíveis senário que aquelas pessoas foram expostas, tanta coisa foi descoberta apenas depois de o mandar como infiltrado. Não era possível calcular o dano psicológico causado aquelas pessoas e o remorso de ter mandado seu primo e única família que tinha a consumia.

- O que você acha que podemos fazer? - Carter a tirou de seus pensamentos.

- No mínimo alimentar vocês. - seu semblante não escondia o arrependimento que sentia.

Carter percebeu sem dificuldade alguma o que a deixava assim, no entanto ele jamais deixaria que ela passasse por aquilo que ele passou, ainda mais agora que sabia as atrocidades cometidas por aquelas pessoas. Então tratou de afastar aquele assunto, ele não se arrependia de nada e faria o possível pra que ela deixasse de se sentir mal.

- Não posso negar que estou com fome mesmo. - falou olhando para cima - Só não sei como vamos convencê-los. - coçou a nuca em um gesto nervoso.

- Impossível não conseguir convencer alguém com comida.

- Impossível não conseguir convencer VOCÊ com comida. - ele a corrigi já rindo, o semblante dela mudou rapidamente para perplexa e ele apenas gargalhou ainda mais.

- Da para parar! Não tem nem quinze minutos que estamos juntos e eu já quero me livrar de você. - suas palavras eram firmes, mas era possível notar a brincadeira ali.

- Você me ama isso sim! - levantou uma sobrancelha de forma provocante - Quero ver negar.

Ela abriu o sorriso mais fofo que conseguia.

- Como eu gostaria de vender você, mas ninguém vai querer comprar. - soltou ainda sorrindo, faltava dar batidinhas nas bochechas de dele.

- O quê? - começou a rir - Você é impossível! Senti sua falta.

- Pena que não posso dizer o mesmo. - falou deixando ele de queixo caido - Brincadeira! Eu também senti sua falta. - ela deu de ombros como se aquilo não fosse nada, mas ambos sabiam que ela realmente tinha sentido a falta dele - Menos do que você com toda a certeza. - seu sorriso travesso apareceu bem sutil.

- Okay! - se rendeu antes que sua barriga começasse a protestar - Me diga onde está a comida?

- Está a caminho. - ela voltou a atenção para seu relógio holográfico digitando algumas coisas. - Na verdade meu suporte aéreo está bem perto.

Parecendo que foi programado assim que ela terminou de falar um mini helicóptero com seis hélices e três turbinas pousou silenciosamente.

As hélices de baixo se deslocaram para lateral e juntamente com as traseiras se abaixaram estabilizando o helicóptero em pé sobre elas.

- Ele não era assim da ultima vez que o vi! - Carter estava surpreso em ver que o protótipo realmente tinha funcionando e estava voando, as hélices de cima haviam se retraído para não atrapalhar devido ao tamanho do helicóptero. As duas portas iniciais deram espaço a única que abria toda a frente dele. - Muito bem pensado. - o compartimento dos fundos compunha de uma porta de correr, e o que antes media 1x1 e nenhum conforto. Agora dispunha de 1.50m de altura por 1.20m de largura por 1.70m de comprimento - Ele ficou estranhamente apresentável. - pontuou sorrindo, quando seus olhos focaram verdadeiramente na frente do helicóptero não pode deixar de se expressar. - Não!!

- Sim!!

- Não acredito que você colocou assento e... - se aproximou mais para ter certeza, ela havia dito que não iria pôr. - Você colocou os comandos! - pulou dentro e rapidamente seus dedos foram para os comandos apertando e movendo cada alavanca, o helicóptero obedecia cada movimento. - FUNCIONA!! - seus grito de contentamento fez Priscila revirar os olhos.

- É claro que funciona. Você acha que eu faria algo somente para enfeite?

- Você é maravilhosa! - tão animado como estava ele nem se quer se deu conta da alfinetada da prima, correu em sua direção, e a abraçou levantando do chão e rodopiando. - Como eu amo você. - falou ainda sorrindo e quando a colocou no chão beijou sua bochecha.

- Chega de melação! - tentou desviar sem jeito.

- Deixa disso! - ele sabia que ela apesar de nunca admitir, gostava das demonstrações de carinho dele. O encantamento com o helicóptero não permitia que ele ficasse muito tempo olhando para ela.

- Vai lá! Eu descarrego. - ela ofereceu gentilmente pela primeira vez, enquanto ia em direção a porta de correr, e por mais tentadora que fosse a ideia de voltar a mexer nos controles da aeronave ele não a deixaria descarregar sozinha.

- Vou ter tempo pra isso depois.




Oieee! Tudo certinho com vocês?

Talvez esse começo seja um pouco confuso, mas logo, logo as peças vão se encaixando, espero que gostem 💕💕

Um forte abraço de urso, fiquem bem ❤
ʕっ•ᴥ•ʔっ❤

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