*Bônus - 2145
Morgana.
Nada mais promissor do que começar a noite de um novo ano garantindo seu lugar no trono e com a coroa. Tudo certo para hoje e nunca ninguém vai desconfiar, um plano perfeito.
Alisei meu vestido com a mão, nenhuma imperfeição é permitida, nem hoje e nem nunca, nem precisaria disfarçar meu sorriso que pela primeira vez é sincero.
- Venha meu doce, sua irmã já está a caminho sente-se e me conte o que planeja para esse novo ano? - aquele sorriso me enoja.
Você não imagina quais serão meus planos, aumentei ainda mais meu sorriso.
- A papai esse ano a surpresa será de matar. - soltei uma leve gargalhada.
- Será uma surpresa e tanto imagino. - Ele mantinha aquele sorriso - Devo abrir os portões?
- Ah não! Não será necessário. Quero manter apenas em família.
- Me esperem estou aqui. - Loren corria esbaforida, podia ter caído da escada e morrido.
Sorri para ela da melhor forma que eu podia, meu desejo se realizaria em breve.
- Sempre atrasada não é mesmo minha amora silvestre. - Mychel falou todo sorridente, aumentando ainda mais meu enjoo - Aposto que estava com um daqueles livros que encontramos.
- Me desculpe papai, realmente eu estava trabalhando em um deles. Toda aquela areia está dificultando um pouco para que eu consiga recupera-lo.
Blá blá blá, chatice, NOJO, melação, paparico. NOJO, NOJO e ainda mais NOJO!
Como podem ser tão insuportáveis. Deveriam ser como vovô Guendel, mesmo sendo um velhote colocava medo em todos. Agora que se foi, Mychel seu projeto de filho esta jogando tudo no lixo. Mas isso não passa de hoje.
- Morgana? Está me ouvindo? - tinha de ser ela.
- Desculpe me distrai, estava pensando qual vinho será melhor para esta noite.
- Quanto mistério. Sua irmã está preparando uma surpresa para nós. - uma surpresa e tanto, ti garanto meu pai.
- Se me derem licença vou buscar o vinho. - falei já me levantando da mesa.
- Pode ir querida.
Em direção à adega retirei o recipiente do meu bolso escondido em meio às camadas de tecido do vestido que havia sido feito especialmente para essa noite. Azul celeste. Queria dar um pouco de cor, afinal hoje seria o último dia de suas patéticas existência.
Abri a garrafa e depositei todo o conteúdo do frasco ali. Escondi novamente o recipiente e voltei para a mesa.
- Isso realmente é uma grande surpresa. - Mychel estava radiante novamente. - Mas querida você não gosta desse vinho. - suas sobrancelhas se juntaram.
- Eu sei! Mas nada me impede de agradar vocês. - nojo, mil vezes nojo.
- Sempre tão generosa. Você é uma raridade. Minhas duas princesas são o sonho de qualquer pai. Queria que sua mãe estivesse aqui para ver as mulheres incríveis que vocês se tornaram.
- Seria muito bom ter a mamãe de volta. - Loren soltou em um suspiro.
Isso tem que acabar logo, não vou aguentar todo esse showzinho.
- Parem com isso, me estendam suas taças e vamos brindar em sua lembrança. - comecei a encher as taças e coloquei o suco que estava sobre a mesa na minha. - Ao descanso eterno e pacífico.
Estalando os copos. Agora tudo parecia em câmera lenta, às taças sendo levada a boca. Mas não, a peste tinha de derrubar o talher. Papai sorriu e tomou um gole enquanto Loren se abaixava para apanhar o talher.
Mais um gole, e a estúpida bate a cabeça na mesa ao se levantar. Agora papai gargalhava e ela se encolhia envergonhada. Mais um gole e nada dela tomar o maldito vinho.
Quando ela finalmente volta a tocar na taça um reboliço e barulho de algo caindo se faz presente. Subitamente as portas se abrem revelando um homem vestido em farrapos todo sujo, seus olhos verdes irados.
- Mas o que está acontecendo aqui? - Mychel se levantou abruptamente adquirindo um semblante rígido.
- Eu quero meu tio de volta! - Ele tem que sair daqui, isso vai arruinar meus planos, não posso ter testemunhas.
- Não sei do que está falando. - Claro que não, a ordem de apanhar e punir qualquer um que fosse suspeito do menor caso era minha.
- Não venha com essa! Conheci muitas pessoas como você. Conheço bem esse jogo.
Mychel colocou a mão sobre a cabeça.
Droga! Já está fazendo efeito.
- Papai você está bem? Do que ele está falando? - Seria muito chamativo se eu saísse agora? - Morgana me ajude!
Droga, droga, droga!
- Maravilha! Já estão morrendo! - olhei para trás surpresa, foi aí que Otto viu Loren de pé.
- O que? Do que ele está falando Morgana?
Quer saber, cansei.
- Se você fosse ao menos coordenada e tivesse tomado aquele vinho nada disso estaria acontecendo, você estaria morrendo assim como Mychel nosso querido pai e eu seria dona disso tudo. Mas não se preocupe que isso ainda vai acontecer e vocês vão se juntar com a mamãe, o vovô e a vovó.
- Porque está fazendo isso? Nunca fizemos nada pra você, sempre cuidamos e paparicamos você.
- Cala a boca! Deixa de ser patética ao menos uma vez. - falei a interrompendo - Otto pegue esse imprestável que estragou tudo.
Rapidamente Otto me obedeceu. Loren me deu um tapa com toda sua força fazendo meu rosto virar, não estava preparada para isso, levei a mão ao rosto, mas antes que meu olhar voltasse para ela vi Otto caído inconsciente no chão. Preciso sair daqui.
Apanhei a taça de suco e joguei na cara dela, com essa distração sai correndo dali.
🍁
Assim que tive certeza que não teria ninguém na sala de jantar, voltei para tirar Otto de lá. Como o esperado ele ainda estava inconsciente e amarrado.
Peguei a jarra de água e joguei em sua cabeça. No mesmo instante ele acordou e assim que me viu ficou parado. Soltei suas amarras e começamos a correr pelos labirintos que eram os corredores do Castelo, até finalmente sair de lá.
- Isso ainda não chegou ao fim. - falei olhando o imenso paredão de tijolos - Eu volto para acabar com o que comecei.
🍁
- Estão chamando a parteira. - Otto falou entrando em casa.
Maravilha! Foram quase seis anos de espera que finalmente chegou ao fim.
- Perfeito! - olhei Castiel que dormia tranquilamente. - Em poucos dias voltaremos para casa meu príncipe. - acariciei sua bochecha. - Mas mamãe tem que ir acabar com aqueles imprestáveis.
Conhecia cada centímetro daquele castelo e foi mais fácil do que pensei entrar nele, nada havia mudado.
Agora só esperar ouvir o choro, o pai estúpido sair do lado e pegar a criança, tudo certo.
A movimentação estava intensa, não demorou muito os gritos pararam e um choro estridente começou. Estou mais perto do que nunca, era difícil impedir que o sorriso surgisse em meus lábios.
Atenta vi todos sair, dando espaço aos dois, logo Ethan teria que sair também e aí era minha hora de agir.
Depois de horas parada ali, fui recompensada, ele saiu do quarto e assim que virou o corredor, sai de meu esconderijo e entrei no quarto.
Ali estava mãe e filha dormindo tranquilamente. Por pouco tempo.
Apanhei o embrulho cor de rosa e sai sem olhar para trás.
Meu destino é o tão temido Vale das almas perdidas!
Contornaria o vale e largaria a criança ali. As histórias daquele lugar eram o bastante para eu saber que em poucos minutos ela estaria morta e eu voltaria para casa como se nada tivesse acontecido.
O barulho de animais chamou minha atenção. Já devem ter dado falta da criança. Sem muitas opções entrei no Vale, precisava me distanciar deles.
Quanto mais entrava mais fraca me tornava, minha visão já estava turva, esperava que essa criatura já estivesse morta, se eu iria morrer a levaria comigo.
Sem aguentar mais com o peso do meu corpo me deixei cair no chão. Respirar estava difícil, parecia que tinha uma imensa rocha em meu tórax me impedindo de respirar. Mas eu sabia que era apenas o Vale fazendo o seu serviço e acabando com a minha vida.
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