That was a reaction

É tarde, está escuro e eles não deviam estar fazendo isso. Suzan não devia estar fazendo isso. E ainda assim, ela o acompanha. Saíram da residência Swan pela porta da frente, Emmett a guiou para o carro vermelho de Rosalie e agora eles embicaram em direção à floresta.

Ela vestiu um sobretudo por cima do pijama e usa botas marrons que dão a ela um ar mais desleixado. Ela não para de bater o pé, de se beliscar e tocar o braço de Emmett, apertando-o para testar sua rigidez.

Ela não para de pensar e não transmitir nenhum dos seus pensamentos para Emmett, estava o deixando doido.

Ele nunca deu a entender que era um cara do mau, e teria que ser muito mau mesmo para ser tão bem humorado se no fim do dia ele estava se alimentando de um ser humano.

— Você nunca matou ninguém, né? Tipo, vocês só se alimentam de animais, né?— ela pergunta, ansiosa. Emmett comprime os lábios, teve lá seus deslizes, mas não é o tipo de coisa que ela vai ver de maneira leviana.

Ele matou algumas pessoas, a sede às vezes o cega e, infelizmente, ele não é como Carlisle que consegue se controlar em situações extremas. Emmett reluta em falar disso com Suzan, mas é óbvio que seria a primeira coisa que ela pensaria. Ele não quer parecer um monstro dos filmes de terror para ela, só que tampouco quer mentir.

— Tiveram algumas vezes que... não pudemos nos controlar.— ele diz, tem que arrastar sua família para o fundo do poço consigo, não quer que a garota foque somente nele embora seja impossível não ser o alvo principal dela.

— Tá. Meu Deus. Tá— ela levou as mãos à cabeça e sentiu falta de ar.

— Quando somos muito jovens nessa nova vida, somos dominados pelos instintos selvagens— Emmett fala depressa embora tenha sua suspeita de que ela sequer está ouvindo— Não há nada de racional ou humano em nossos pensamentos, é só....— ele se interrompeu, pensou em falar "comida", mas era evidente que não cairia nada bem. Suzan já está perturbada o suficiente— Por favor, não tenha medo de mim, eu nunca fiz nada disso por mal.

— Meu Deus.— era a única resposta que ela tinha, eles estavam indo para a mesma clareira do seu primeiro encontro— Você se afastou de mim por causa da sua sede!

— Eu nunca machucaria você, Su.— Emmett diz com uma firmeza que não lhe é muito comum. Ela não estaria ali se não confiasse nisso, não é? Ao menos um pouquinho.

— Meio que você provou que não é o que você quer, mas como eu vou saber se não estou segura? Tipo, você vai me matar agora?

O casal se afunda no silêncio desconfortável e, assim que Emmett para o carro, Suzan desce, desesperada por ar puro. Emmett deixa os faróis acessos e a acompanha com medo do que vem a seguir.

— Desculpa, eu não quero ser grossa, eu sei que você é um bom homem, mas Emmett...— ela arregala os olhos e gesticula sem nenhuma coerência, meramente agitada.— Eu estou surtando, espera.

— Desculpa— Emmett fez careta e obedeceu. Ela andou de um lado para o outro na sua frente, completamente esquecida do propósito que tinham para estar ali. O rapaz queria deixá-la pensar à vontade, mas não seria bom demorarem. O pai dela continua sendo o xerife e se ele notar que sua filha mais velha desapareceu no meio da noite o alarde vai ser grande, sua família vai receber uma atenção especial e seria um tanto vergonhoso sua família toda ser colocada sob um holofote por culpa dele. Tá, é bastante inútil Emmett pensar em ser responsável fazendo algo completamente irresponsável.

— Certo.— Suzan parou, finalmente. Ela respirou fundo e gastou um minuto inteiro até estar sob controle. Vai precisar de sangue frio para lidar com isso. Ela foca seus olhos no Emmett, o que é um tanto difícil, considerando que ele está contra a forte luz dos faróis— Me mostra o que pode fazer.— ela assentiu. Era o que ele precisava. Suzan mal piscou e o rapaz havia desaparecido da sua frente. Ela ficou assustada e alerta, caçou por ele dando giros no mesmo lugar, mas não o via em lugar nenhum, apenas a sombra de várias árvores ao redor. Ficou bastante assustada e meio que essa não era a intenção de Emmett, mas não havia outra forma de se exibir. Qualquer ser racional ficaria assustado. Ele me deixou aqui? Ela pensou, sentiu então um toque no seu ombro, mas assim que se virou para olhar, não tinha ninguém ali— Emmett!— ela chamou, cerrando os punhos para que suas mãos parassem de tremer.

Emmett assobiou, chamando sua atenção, estava no mesmo lugar de antes, como se sequer tivesse saído dali. Suzan sentia seus ombros incrivelmente tensos.

— O que foi isso?— ela perguntou, em dúvida se ele era muito rápido ou se simplesmente tinha entrado na mente dela. Vai saber!

— Eu estava correndo— ele andou para a orla da floresta e esticou a mão para tocar o tronco da árvore mais próxima. Suzan cerrou os olhos tentando distinguir a sombra enorme dele e ergueu a mão para que a luz dos faróis não a deixasse cega.

Podia esperar por isso, é uma das coisas mais populares da cultura moderna: os vampiros serem super rápidos. O coração da humana batia acelerado, ela estava começando a ficar dividida entre o medo e a mais genuína excitação e curiosidade.

— O que está fazendo?— ela pergunta, aflita.

— Olha só isso— ele ergue o punho e soca a árvore de uma vez, com toda sua força. Suzan definitivamente não estava alucinando quando a árvore começou a estalar e logo caiu alguns metros dela. Ela cobriu a boca, chocada e seu corpo todo se arrepiou pois, em uma batida de coração, Emmett estava a menos de um metro de distância dela.

O moreno comprimiu os lábios e a olhou com expectativa. Não percebia o quanto estava agindo de maneira afobada. Aquilo era perfeitamente normal para ele.

— Você... você acabou de derrubar uma árvore— ela apontou, abismada.

— Sim— ele assentiu, estava energizado, precisava dela falando. Contanto que ela não o chamasse de monstro, Emmett creu que poderia sobreviver.

— Com um soco. Puta.merda!— ela gritou, uma explosão que surpreendeu o vampiro. De uma face assustada para uma alegre é um salto enorme. Agora Suzan tinha um sorriso largo no rosto e Emmett ficou confuso.— Eu estou saindo com um vampiro!— ela começou a rir, pânico e euforia se misturando— Por isso você parece um Deus grego— ela gargalhava. Emmett sorriu, sem saber o que dizer. Olhava para a humana com curiosidade, as sobrancelhas unindo-se lentamente conforme a crise dela se agravava.

— Suzan?... tudo bem?— ele quis saber. Ela já estava ficando vermelha, ele repara que é a primeira crise de riso que ele presencia de um humano. É muito legal de se ver embora o contexto não seja dos melhores.

— Claro, por que não estaria?— ela ria e sacudia os ombros, como se não desse a mínima para o que estava acontecendo, como se quisesse agir como se aquilo fosse tão normal para ela quanto é para ele— Daqui a pouco eu vou sair por aí caçando uns unicórnios porque... porque... você não deveria existir, e ainda assim tá aqui— ela começou a empalidecer, a faltar com o ar. Emmett começou a se preocupar com a saúde mental da ruiva— Ah, meu Deus... eu acho... acho que vou apagar agora.

E, dito isto, ela desmaiou. Emmett a agarrou muito antes que ela caísse no chão ainda sem entender direito o que aconteceu. Ele observou a garota nocauteada e inerte em seus braços e não pôde deixar de rir sozinho.

— É. Isso foi uma reação.

[...]

Suzan acordou em seu quarto como se tivesse levado um susto. Sentou-se de uma vez e olhou ao redor, demorando para processar que estava em casa, sã e salva. Ela estava com a mesma roupa e suas botas estavam perto da porta. O edredom caiu de seu peito para seu colo e ela esfregou o rosto tentando reconhecer que o que vira e ouvira durante a madrugada não foi um sonho muito louco e realista.

Seus cabelos estão terrivelmente embaraçados e ela rapidamente se arrepende de tentar penteá-los com os dedos. Ela está nervosa, a sua inquietação retorna e ela se levanta da cama começando a andar de um lado para o outro no meio do quarto.

— Ok, ok, tudo bem— ela murmurava. Precisava processar isso de um jeito ou de outro.

Está claro do lado de fora, a luz da manhã atravessa a janela e uma brisa suave levanta as cortinas. Há apenas uma pequena fresta aberta e Suzan se aproxima para escancarar a janela, no entanto, a mesma está emperrada. Prova número três de que Emmett estivera ali. Ele quebrou mesmo a janela dela. Suzan tenta fechá-la mas logo desiste, em dúvida se conseguiria abri-la novamente.

Sentiu-se embaraçada por um momento ao ter noção de que desmaiou depois do showzinho de Emmett, mas não demorou em superar o fato. Não foi uma reação tão errada assim, considerando que um dia antes vampiros não passavam de mitos e fantasias irreais. Ela saiu do seu quarto correndo direto para o banheiro, apoiou-se na pia e sentiu uma forte tremedeira em suas mãos. Encarou o reflexo acabado no espelho, tinha um semblante sério que normalmente seria um contraste com sua personalidade leve e bem humorada.

Ela fica com essa cara quando está sob muito estresse. Mandíbula trincada e um olhar que poderia ser considerado bem raivoso, visto por alguém que não sabe o que ela está passando.

Tudo bem. É. Tudo bem. Ela só está gostando de um cara que na verdade é um vampiro. Vem de uma família de vampiros. Família essa que tem Edward Cullen que namora sua irmã mais nova.

ISABELLA! Suzan não está necessariamente furiosa, mas o adjetivo não é muito mal colocado. Ela apenas lavou o rosto antes de ir invadir o quarto da irmã mais nova. Era um abre e fecha de portas que estava começando a chamar a atenção de Charlie que estava tomando o café da manhã sozinho no andar de baixo.

Bella estava sentada e tentava alcançar sua pantufa com o pé sem ter que levantar da cama. Pelo menos tiraria esse maldito gesso logo, logo. Se sua perna não estivesse dolorida, ela mesma iria partí-lo, pensou, rancorosa. A garota nem olhou para a irmã quando a mesma invadiu seu quarto, estava acostumada com isso, mas ao passar dos segundos ela reparou que Suzan não estava falando nada, e decidiu encará-la. Ficou confusa com a carranca da irmã.

— Bom dia?— ela tentou, franzindo a testa. Suzan fechou a porta atrás de si e respirou fundo.

— Você sabia e nem tentou me contar?— ela cruzou os braços, mais magoada do que qualquer coisa. Bella empalideceu, isso só podia significar uma coisa.

— E-eu não sei do que você está falando.

— Não precisa mentir, Bella, Emmett me contou ontem o que ele é. O que Edward também é. Eu sei que eles são vampiros.

— Oh— Bella piscou, parte de si estava aliviada com a notícia, mas ela ainda não estava entendendo a mais velha— Que bom então... né? Eu estava esperando isso acontecer— admitiu.

— Você podia ter tentado me contar!— Suzan ralhou, sentando-se do lado de Bella. Passado o choque ela percebeu que não gostou tanto assim de ter ouvido de alguém de fora e não da sua irmã. Bella recolheu os lábios e abaixou o olhar, embaraçada.

— Não é um segredo meu para ficar compartilhando. Me desculpa, Su, não é que eu não confio em você. Só... eu não podia, entende?— ela pegou as mãos da irmã e a apertou, ansiosa. A mais velha hesitou um pouco, não aceitou a desculpa, mas agiu como se tivesse e assentiu. Ela faz o tipo tradicional que acredita que não deve haver segredos entre irmãs.

— E você está tranquila com isso? O fato de que o sobrenatural é real?— Suzan parecia abismada. Bella sorriu de canto.

— Você se acostuma.— ela encolhe os ombros— O mundo se mostra mais mágico do que parece.... eu gosto disso— ela sussurrou essa última parte, falando mais para si mesma do que para a outra. Suzan não sabe o que acrescentar a esse comentário.

— E Charlie sabe disso?

— Não, ele não faz ideia— Bella balançou a cabeça.

— Por que não?

— Não é seguro para ele saber.

— E é seguro para nós?— Suzan rebate. Bella mordeu o lábio inferior com força e não quis responder de jeito nenhum— Bella— Suzan apertou as mãos da irmã mais nova, usando da sua autoridade para chamar a atenção que queria— A gente tem que conversar sobre isso.

— Não há muito que eu possa te dizer.

— Por que não é seu segredo?— Suzan levanta a sobrancelha como se a desafiasse a continuar se esquivando dela.

— Não, porque eu realmente não sei tudo.— Bella soltou as mãos da irmã para colocar os cabelos atrás das orelhas. Evitava contato visual, não queria ver sua irmã chateada com ela sendo que ela não fez nada de errado. Se Suzan está agindo assim agora, imagine quando descobrir o que Bella deseja.

Não é perigoso para ela porque Bella anseia em fazer parte desse mundo muito em breve. Seu desejo de se tornar vampira e superar a fragilidade humana é intenso desde que descobrira que o garoto pelo qual estava interessada era um vampiro. Ela sente que tem que fazer parte disso, talvez mais por ela mesma do que pelo seu namorado. Ela quer se sentir mais forte, odeia que fiquem a salvando.

— Eu não sei se tenho cabeça para isso— Suzan suspirou, cansada. Ela esfregou o rosto e pensou mais uma vez no assunto.

Agora está preocupada. Óbvio, esse mundo novo chega a ser uma miragem de tão fascinante, mas é um território completamente novo que ela não acha que sua irmã de dezessete anos está pronta para enfrentar. Ela é só uma criança perdida, como a Alice no país das maravilhas. Bem... pode ser até bom Emmett tê-la incluído na história, agora poderá supervisionar a irmã já que afastá-la do namorado não seria uma primeira opção.

Ah, céus. Emmett. O que é que ela vai fazer com ele agora?

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