Tell me a story

O aniversário de Isabella está chegando e Suzan não faz a mínima ideia do que vai comprar para sua irmã mais nova. Ela pensa nisso enquanto trabalha e limpa as mesas do restaurante, cantarola baixinho e se enfia em seu mundinho muito rapidamente. No dia seguinte teria mais um encontro com Emmett e tentava não ficar ansiosa, embora seja impossível já que ele disse que vai se soltar pra valer dessa vez. Emmett se soltando? Sinal de perigo.

Ela está se adaptando bem ao fato de que ele não é humano e de que mais da metade da sua realidade fora desmentida. Continua um tanto chocada, claro, mas vai levando. Se Isabella se acostumou, ela também pode.

Suzan olha ao redor com mais atenção do que nunca agora, sempre a procura de algo que é muito mais do que aparenta. Sua curiosidade está instigada e longe de ser saciada, mas Emmett sente que tem toda a eternidade para responder cada uma de suas dúvidas. Pela milésima vez no dia, ela arrumou os cabelos no rabo de cavalo e limpou mais algumas mesas, anotou pedidos e os entregou. Seu turno de sete horas estava para acabar e logo Emmett viria buscá-la. Quando Suzan olha para o relógio, um sorriso lhe escapa e ela corre para o banheiro para se trocar.

O jeito que ele tenta e conquista ela a cada hora a está deixando tão boba. Emmett gosta que ela goste disso.

Ele chega cedo, por incrível que pareça, e a espera do lado de fora encostado no seu jeep com os braços cruzados. Tem uma pequena surpresa para a humana e espera que ela goste de presentes porque Emmett definitivamente vai adorar entupi-la com eles. São coisas que Emmett adora receber, mas não mais do que adora dar. Podem ser coisas pequenas como lembrancinhas de uma cidade pela qual passou ou pode ser um urso de pelúcia que mal caberia no carro pelo seu tamanho. Ele sabe que já a conquistou, mas parece que nunca será o suficiente se ela não saber o quanto o deixa empolgado todos os dias.

Quando Suzan aparece finalmente, um sorriso largo de alegria genuína nasce nos lábios de Emmett e se reflete nos dela. Ele parte para a prender em um abraço firme no meio do caminho e a ergue do chão fazendo com que a humana deixe escapar uma risada. Ele rodopia e cambaleia com ela nos braços, deposita um beijo na bochecha dela assim que a devolve para o chão e Suzan se sente eufórica, recarregada do desgaste do trabalho.

— Pra casa, senhorita Swan?— ele pergunta.

— Pra casa, senhor Cullen.— Suzan assente e ele a acompanha para abrir a porta do jeep para ela. Suzan tem os olhos fixos no moreno e uma sensação boa e tranquilizante corre pelo seu corpo. Ela gosta muito dele, quer tocar seu rosto, quer beijá-lo e abraçá-lo, mas ainda é cedo para esse sentimento e ela se controla. Quando seus olhos passam para o assento do carro, Suzan franze a testa e fica confusa ao se deparar com uma caixa grande e impecavelmente embrulhada, Emmett observa com cuidado a reação dela e espera com um sorrisinho nos lábios. Ele encosta o rosto na porta aberta e Suzan o questiona com o olhar— O que é isso?— ela quer saber, Emmett dá de ombros.

— Por que você mesma não vê?— ele sugere e a curiosidade fala alto. Suzan sorri e passa as mãos pela embalagem colorida procurando por alguma fresta fácil de ser aberta. Ela acha e a puxa, rasgando o embrulho. Seus olhos crescem quando ela reconhece o desenho na tampa da caixa e ela encara Emmett sentindo seu coração de colecionadora se acelerar.

— Você não fez isso— disse em um sussurro. Emmett gesticulou para que ela continuasse com um sorriso meigo nos lábios. Suzan se livrou da tampa e se deparou com muitas caixas pequenas de bonecos com a cara de cada personagem do universo da Marvel. Ela sempre quis ter esses bonecos mas não tinha dinheiro para tal coisa, mesmo que eles não sejam particularmente caros no seu país. Ela congelou e segurou a caixa com firmeza antes de explodir em alegria e se jogar nos braços do vampiro por ele ter dado aquilo para ela.— Eu sempre, sempre quis esses funko pop!— ela mal se aguentava e Emmett riu, abraçando-a de volta. Isso vale muito a pena.

A humana estava agitada demais para permanecer no abraço e logo se sentiu mal por ficar tão feliz com o presente.

— Meu Deus, Emmett, isso deve ter custado uma fortuna....

— Nem começa.— ele sacudiu a cabeça, nem de longe queria ouvir ela falando de dinheiro. Suzan o encarou por um tempo, nem de longe estaria pronta para se livrar desse presente, uma vez que olhou, já lhe pertenciam até a sua morte. Os braços grandes do moreno ainda estavam em sua cintura e ela estava inclinada para trás apenas para poder ver seu rosto melhor. Suzan respirou fundo e colocou as mãos quentes nas bochechas dele o encarando com muito carinho, ele ficou remexido e envergonhado por se sentir tão entregue àquele rosto.

— Você parece um sonho— ela disse apaixonadamente e o mediu por um minuto antes de se aproximar para beijá-lo. Emmett jura que não pode se apaixonar ainda mais. Os lábios quentes dela o levam para outra dimensão e ele se perde naquele sonho, como se um pedaço de paraíso estivesse nos seus braços. Tudo estava no seu lugar e sob controle como nunca esteve antes.

Ele nunca vai deixar essa mulher escapar. Não faz mais sentido estar em um lugar onde Suzan Heloise Swan não está.

[...]

Assistir filmes juntos quase todas as noites virou uma lei depois da quinta semana tendo... alguma coisa.

Emmett traz seu computador e o coloca na cadeira, o casal se senta na cama de Suzan e eles se enrolam no edredom mesmo que ele não seja capaz de sentir frio. Suzan se aninha no peito do vampiro e come todo tipo de porcaria e eles não dão um pio enquanto o filme de todos os tipos de heróis e vilões, roda naquela pequena tela. Os dias poderiam ser tranquilos assim pela eternidade, Emmett pensa. Ele passa a mão pelos cabelos dela, a cor do fogo e do amor. O filme acabou e qualquer comentário não é necessário. Ela está sonolenta, mal consegue manter os olhos abertos graças ao carinho dele. Emmett examina minuciosamente cada fio de cabelo dela, sente sua textura por entre os dedos. Sente-se calmo e em paz como nunca antes. É uma novidade, e ele está muito longe de estar entediado por causa disso.

É bom demais ouvir o coração dela batendo, seu corpo é sua própria banda, sempre tocando sem que ela possa escutar. Emmett respira fundo e deixa que o cheiro dela ataque a sede em sua garganta.

— Zan.— ele chama em voz baixa. Está escuro lá fora, chovendo, como de rotina. O xerife está dormindo e, no quarto ao lado, Bella e Edward seguem o mesmo ritmo calmo e pacífico. Suzan está cansada do trabalho e com leve dor de cabeça por conta do filme, mas ainda assim se vira para Emmett, a cabeça permanecendo no peito de aço dele (ou qualquer que seja o material que ele é feito). Emmett sorri para o rosto inchado e corado da humana, passa somente a ponta dos dedos pela bochecha esquerda dela, tirando uns fios ruivos da frente— Você está bem?— quer saber. Suzan esboça um sorriso fraco e cobre a boca ao bocejar.

— Um pouco cansada.

— Devo ir embora?— ele levanta a sobrancelha e apenas espera a dispensa como ela veio nas noites anteriores. Ele não é o maior fã de separações por mais breve que sejam, mas é cedo demais para qualquer movimento do tipo vamos-dormir-juntos-agora.

Suzan não consegue manter os olhos abertos e logo os fecha, acomodando-se só mais um pouco no corpo dele. Se ela quer que ele vá embora, está mandando sinais confusos.

— Eu te acompanho— murmurou ela.

— Até a janela?— ele sorri e a admira sem que ela possa ver.

— Hum.— é o único som que ela emite. Realmente, a humana não está em condições de ter qualquer conversa. Emmett sopra uma risadinha baixa e se desvencilha da ruiva, deitando-a lentamente no colchão frio e saindo da cama com cuidado de não fazê-la ranger demais— Emmett— ela choraminga, esticando a mão para agarrar a blusa do rapaz. O moreno congela no lugar e a olha com atenção.

— Oi, boneca?— pergunta, em um sussurro.

— Espera eu dormir— Suzan pede, sente-se carente e precisa dele por perto. Não o olha e Emmett apenas estica o braço para fechar seu laptop na cadeira perto dos pés da cama.

— Agora mesmo— ele sorri e se senta no chão do lado dela, não quer ficar perto demais para que ela não sinta quando ele for embora. Suzan tem um sono leve.

— Você me conta uma história para dormir?— ela pede com a mão no ombro de Emmett, os dedos apertando preguiçosamente a gola da camisa branca dele— Quero ouvir sua voz.

— Ela é muito sensual, não é?— ele debocha, arrancando outro sorriso da garota. Já foram tantos.

— Pode crer— ela diz. Seu tom é tão baixo que se Emmett não tivesse a audição sobrenatural, de certo, não a ouviria.

— Que história você quer ouvir?— ele se debruça sobre o colchão e a observa com carinho. Emmett sente que está sendo queimado de dentro para fora e não é uma sensação ruim— De princesas? Finais felizes ou tristes? Terror? Aventura?

— Uma sua. Me conte sobre uma de suas aventuras, Mett. A que mais gostou.

— Ah, eu já tive muitas— ele sussurra e aproxima os lábios da mão dela que está em seu ombro, ele chega muito perto de tocá-la, mas não acha necessário beijar sua mão. A emoção do quase é melhor ainda. O calor que ela irradia é reconfortante e ele fecha os olhos sem pensar em nada quando sente a pulsação dela tão perto de sua boca— Lembro-me da mais louca. Uma em que me apaixonei por uma humana, te falei dessa?

Suzan quer muito, mas não consegue abrir os olhos.

— Ah, é? E como tem sido essa aventura tão maravilhosa?

— Eu não diria maravilhosa— ele zomba, o tapa dela vira um carinho, ela está bêbada de sono— Parece meio raso, mas também acho que não inventaram ainda a palavra que poderia definir a altura a alegria e satisfação que essa aventura me proporciona.

O sorriso de Suzan cresce e ela não consegue pensar direito nem responder.

— Você é muito bobo.— ela murmura.

— Não, espera aí, deixa eu te contar essa história direito!— ele pede, voltando a olhá-la, seu rosto sereno.

— Vá em frente, senhor Cullen. Conte-me como foi que se apaixonou por uma humana.

— Já fazem oitenta e quatro anos...— ele começa e ri sozinho enquanto Suzan balança a cabeça minimamente no travesseiro.

— Criança é complicado.

— Você adora essa criança aqui, cala a boca. Então, continuando. Era uma vez uma garota com cabelos azuis...

— Azuis, Emmett?

— Shh, a história é minha, estou mudando uns fatores para não ter problemas com os direitos autorais.

— Ah, Emmett, ainda é plágio.— ela finge lamentar.

— Fazem 42 dias e mais algumas horas desde que ela chegou na minha area.— continuou ele, ignorando-a— No começo, eu nem dei tanta bola para ela, sabe como é, ela era uma humana e eu sou um vampiro, o que ela teria a me acrescentar?

— Ah, tá. Imagina se...— ele a interrompe colocando o indicador contra seus lábios.

— Mas aí eu vi como ela era engraçadinha e tímida ao mesmo tempo e pensei, nossa, vou ter que zoar— ele ri, Suzan revira os olhos sob as pálpebras— O começo foi bem divertido, a gente brincou e foi incrivelmente fácil de encantar a mulher de cabelos azuis com meu charme.

— Hum.

— Sem interrupções, fazendo o favor. Como eu dizia, eu sempre fui apaixonante e maravilhoso e essa mulher não demorou muito mais do que qualquer outro ser são a enxergar isso. Foi fisgada do momento que colocou os olhos nos meus músculos perfeitos, mas eu ainda estava me fazendo de difícil e neguei seu pedido de casamento.

— Desde que segundo passamos para a ficção?— ela se encolheu para escapar do dedo silenciador dele.

— Ela tentou e tentou, arduamente, ela quis me conquistar!— o moreno disse com um sorriso divertido nos lábios.— Movimentos pequenos, sabe? Ela colocou os cabelos azuis atrás da orelha, ficou corada, me olhou como se eu brilhasse.

— Edward disse que você brilha, literalmente.

— Ah, eu sei que sou uma estrela.

— Não, não foi isso que eu-

— Silêncio, mortal!— ele a interrompeu, a respiração de Suzan estava ritmada e tranquila, Emmett sabia que ela não demoraria a dormir e decidiu continuar como se ela não o tivesse interrompido— Mas como eu não sou idiota nem nada, entrei no joguinho da sereia e nós vivemos lutando um contra o outro com palavras de humor e paixão ardente.

— Essa história tá errada aí.— Suzan foi perdendo a consciência.

— Claro que não! Eu estava lá, vi com meus próprios olhos.

— Tem droga pra vampiro?

— É o que, minha filha?— ele arregalou os olhos, animado, tinha energia para conversar por muitas mais horas, mas então, Suzan adormeceu. De algum jeito, ele soube e tratou de se calar. Emmett suspirou e tirou a mão dela de seu ombro, estava longe de terminar sua história completamente improvisada, mas tudo bem. Ele se levantou e se inclinou na direção da humana para beijar o topo de sua cabeça suavemente— E eles viveram felizes para sempre e até agora.— ele sussurrou e foi embora sem mais delongas. Suzan se remexeu na cama, sem que pudesse saber o que estava fazendo, sua mão tateou o vazio à procura do vampiro e ela dormiu com saudade dele.

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