Ela agradece aos céus por ser um dos poucos seres que conhece que não é obrigado a ter que lidar com a ressaca na manhã após a festa. Heloise se sente mais cansada que o normal e demora a criar coragem para sair da cama.

Ela solta um gemido e vai tomar um banho quente, completamente preguiçosa. Leva tempo para recordar o que aconteceu na noite anterior, só que, quando prepara suas torradas, lembra-se de um certo rapaz que flertava com ela na noite anterior e que ela flertou de volta. Suzan ergueu o olhar e fez uma careta de vergonha para o nada. Ah.meu.Deus.

Ela fica maliciosa quando bebe. Não se joga em ninguém, beija estranhos? Tampouco. Suzan apenas flerta e, se recordando de como se divertiu com aquele Cullen em especial, ela tem certeza que não tem coragem de vê-lo novamente. A ruiva solta um gemido frustrado e se debruça no balcão, escondendo o rosto.

— O que foi que eu fiz?— ela resmunga sozinha. A única resposta que recebe é o apito da torradeira. Seu café da manhã está pronto. Seu futuro também.

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Emmett sorri e assobia ao se vestir depois de tomar um banho frio. Está de bom humor, teve uma boa noite com aquela ruiva bonita e engraçadinha. Quer vê-la de novo. Ele penteia os cabelos negros para trás com os dedos e lança uma piscadela para o espelho. Consegue se divertir sozinho.

O moreno deixa seu quarto com uma música animada tocando em sua cabeça, ele cantarola ao correr atrás de Alice, sua família está espalhada pela casa. Ele ouve os movimentos, papéis sendo remexidos, portas sendo abertas e fechadas, risadinhas maliciosas de um casal excitado.

A vidente sabe que está sendo caçada e vai de encontro a seu irmão rapidamente, um sorrisinho maroto em seus lábios pintados de vermelho — ela sairá num encontro com Jasper em breve, só tirou um tempo para tirar as dúvidas do irmão.

Emmett para no fim da escada e sorri para Alice que surgira na sua frente, balançando a cabeça.

— Desembucha— ele cruza os braços.

— Não vai se encontrar com ela hoje, Emmett.— a vidente determina.

— Por que não?

— Não tem desculpas para encontrar com ela.

— Posso dizer que ela levou uma coisa minha pra casa.

— Por que faria... Não, espera...— Alice riu prevendo a piadinha.

— Quando ela perguntar do que eu estou falando, eu direi: meu coração, princesa— ele ironizou com um ar shakespeariano colocando a mão no peito.

— Ei, essa cantada é minha— Mackenzie reclamou entrando na sala com o celular em mãos, digitava rapidamente, conversando com seu outro irmão de consideração, Peter. A cacheada foi se sentar do lado de Rosalie, a loira não mudou a postura, mudando de canal distraidamente, não ficando interessada por nada que a TV de tela plana lhe oferecia.

— Mas, falando sério, Ali, me diz que visão você teve pra dar uma de cupido pra cima de mim.— Emmett pede, tombando a cabeça para o lado.

— Eu a vi correndo na sua direção— Alice abriu um sorriso, empolgada e com um ar romântico— Ela parecia bem feliz. Você também.

— Eu vou me apaixonar por essa humana, então?— ele cerrou os olhos.

— Precisamente— Alice assentiu.

— Pode me dizer como?

— Emmett, se manca, você falou com ela uma vez e dá pra ver como gostou.

— Atraídos como vespas para a luz, como  vespas para luz!— Mackenzie zombou rindo, Rosalie revirou os olhos. Às vezes, sua namorada parece estressá-la mais do que qualquer coisa.

— Nossa casa fica cada vez mais cheia— ela resmunga e desliga a TV se levantando e corre para fora da casa.

— Ela vai superar— Alice balança a cabeça.

— A ruivinha vai se tornar uma de nós?— pergunta Mackenzie, contorcendo-se no sofá para olhar para os irmãos.

— Não agora, não nesta visão.

— Espera aí— Emmett faz careta— Ela vai ser humana e eu vou querer ficar com ela mesmo assim?

— Sim— Alice revira os olhos impaciente que ele não tenha entendido de primeira. Emmett faz careta, frustrado.

— Mas... humanos são muito fáceis de quebrar— diz ele, fazendo bico como se estivesse falando de um brinquedo de vidro.— Isso é muito estranho!

— Você não vai achar isso por muito tempo.

— Não gosto de ser previsível, mas fazer o que!?— ele ergue os braços e se desvia de Alice para sair de casa.

— Emmett, não!— Alice reclama.

— Se estiver usando meu instinto de contrariar a seu favor, saiba que está dando muito certo, maninha!

— Então vá!

— Tarde demais— ele ri e se encaminha para a garagem. Suzan havia esquecido algo, sua pulseira não tão querida da qual ela nem daria falta, simplória e com pedrinhas azuis para combinar com o vestido que usava na noite anterior. Ou foi Emmett que tirou dela para ter uma desculpa para vê-la hoje? Hum, nunca saberemos! O destino tem cada uma dessas também, não é?

Ele quer mesmo conhecer a garota. E ele irá.

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As batidas firmes na porta da frente chamam a atenção de Suzan e Isabella. As irmãs se entreolham e para a infelicidade da ruiva, ela é a única capaz de ir atender. Ela suspira e passa o balde de pipoca para o colo da irmã que pausa o seu filme. O dia é da preguiça, elas só querem assistir uns filmes de ação ultrapassados e encherem a barriga de porcaria. A coisa é que, quando Suzan abre a porta, em poucos segundos, ela vai do reconhecimento ao choque e volta a bater a porta antes que seu convidado inesperado tenha outra coisa a fazer se não lhe oferecer um sorriso animado.

Emmett ri do lado de fora, Suzan arregala os olhos e se encosta na porta, nervosa, seu coração se acelera, por Deus, ela não imaginava que o veria nem tão cedo! Bella a olha por cima do ombro, confusa.

— Su?— ela questiona a mais velha com o olhar. Heloise faz careta e balança a cabeça como se estivesse dolorida.

— Você chamou Emmett para cá?— ela questiona em voz baixa.

— O que?— Isabella não a ouviu direito.

— Você chamou Emmett para cá?— ela repete, ainda mais nervosa.

— Não…

A vergonha é dolorosa, às vezes. Ela controla a respiração e se ajeita. Está de pijama, se é que um blusão manchado e calça moletom podem ser considerados pijamas. Ela penteia os cabelos com as mãos e abre a porta mais uma vez, bem lentamente. Demora o mesmo tempo para ter coragem de subir o olhar para o rosto de Emmett. Ele abre um sorriso largo com a carinha vermelha dela.

— Oi, pimentinha! E aí, me diz que a menina do exorcista não está atrás de mim para você ter se assustado desse jeito— ele zomba. Suzan morde o lábio e balança a cabeça.

— Não, claro que não.— ela suspira— Desculpa.

— Ah, relaxa, não precisa surtar só porque me disse como eu sou estupidamente lindo noite passada— ele se inclina na direção dela e Suzan recua, Emmett só é um tanto invasivo, ele procura por Bella— Oi, Saci, como está?

Ele gosta muito de livros infantis e culturas novas. Claro que ele conhece o Saci Pererê. Bella e Suzan também. A ruiva daria risada da gracinha se não estivesse tão intimidada com o tamanho do moreno.

— Muito bem, Emmett, obrigada— Bella sorri e balança a cabeça. Os olhos dourados do rapaz se voltam para a TV. Ele finge não notar que o coração de Suzan está batendo mais rápido ou que ela está apertando a maçaneta com mais força do que o necessário, até porque não tem como ele falar disso com ela. Não agora. Ele recua e olha para Suzan com um nível acentuado de audácia cintilando em seu olhar.

— Pode respirar agora, pimentinha— ele enfia a mão no casaco azul escuro e grosso que veste e pega de lá a pulseira que roubou... Que Suzan esquecera em sua casa, perdão.

Suzan mal se recupera de um momento de timidez e é arremessada em outro. Não consegue responder nada até seus olhos reconhecerem a pulseira.

— Ei..

— Sim, é seu, Cinderela— ele brinca e a estende na direção da humana que o pega, relutante. Emmett não se importa de evitar o contato como deveria. Por que eles sempre tem as mãos tão frias? Heloíse franze o cenho mas é distraída rapidamente quando Emmett volta a falar— Pensei que fosse querer de volta.

— Hã, obrigada por trazer até aqui, mas... Alice não poderia fazer isso?— a ruiva resmunga, tímida.

— Não, eu paguei pra ver como seria sua reação quando me visse. Não lamento por isso.

— Não brincou quando disse que não mente— Suzan encolheu os ombros.

— Não brincou quando disse que ficaria toda envergonhada quando me visse de novo— ele colocou as mãos nas batentes da porta e carregou uma postura desleixada com um sorriso divertido. Naquela pose, Suzan o achou irritante e perigosamente atraente.

— Acho que vou bater a porta na sua cara de novo— Suzan olhou para baixo e coçou a sobrancelha, um sorriso torto nos lábios.

— Ah, não seja rude, pensei que a gente tivesse se entendido bem ontem a noite— ele tomba a cabeça de lado. Suzan respira fundo e luta para manter contato visual, fracassando miseravelmente a cada tentativa. Suzan fica realmente em dúvida se ele está flertando ou tirando onda com a cara dela— E aí, o que vocês estão fazendo de bom, Phoebe?

— Está me chamando de Princesa de Fogo só porque eu sou ruiva?— Suzan une as sobrancelhas.

— Meu Deus— Emmett atua como se estivesse chocado— Você conhece Hora de Aventura, quer conhecer minha mãe?

— E-eu...— Suzan solta uma risada nervosa e olha para os lados, pede socorro para a irmã mais nova que se diverte em assistir a interação dos dois.

— Calma, respira— Emmett dá um sorriso de lado atraindo o olhar da humana novamente— Eu estou brincando com você.— Suzan apenas arregala os olhos azuis, esconde os lábios e balança a cabeça— Então, Bella? O que vocês estão assistindo? Acho que sua irmã pifou.

— E-eu não pifei— Suzan cruza os braços, embaraçada. Emmett ri, olha para ela vez ou outra. A vista é boa. Ele já sabe o que está pausado na TV. Ter memória fotográfica o incapacita de esquecer uma cena que seja de todos os filmes que assistiu.

— Duro de matar.— Bella responde com um sorrisinho. Não que gostasse de ver sua irmã mais velha sendo torturada, mas o ânimo de Emmett é contagiante. Emmett entra sem ser convidado e fica de costas para Suzan.

— Não brinca! Eu adoro esse filme!— Emmett exala uma alegria inocente.

— Hã, quer ver? A gente pode voltar do começo— Bella sugere, fica perdida com os gestos negativos que sua irmã faz às costas do rapaz. Emmett lança um sorriso convencido para a ruiva que para de se mexer imediatamente e coça a nuca.

— Ela me convidou para ficar, não é uma fofa?— ironiza e avança na direção de Bella bagunçando os cabelos da morena como se ela fosse sua irmã mais nova. Ele passa por cima do sofá e se espalha bem no meio. Os dois olham na direção de Suzan por cima dos ombros. Bella pedindo desculpas com uma careta, Emmett claramente bem longe de lamentar qualquer coisa.— Você não vem, pequena sereia?

Suzan bufa e fecha a porta.

— Não me chame assim.— ela vai se sentar de novo, sem muita escolha, do lado direito de Emmett. O braço dele no encosto do sofá se torna um tipo de explosivo extremamente delicado que ela marca em sua mente como algo que não deve encostar de nenhuma forma.

— Tem razão, esqueci que disse que te chamaria de Zan.— ele brinca.

— Vai embora, Mett— a ruiva não faz ideia de onde tira coragem para mencionar essa fala, e fica corada quando o faz. O sorriso de Emmett se alarga. Parece que eles tem uma piada interna agora.

Bella dá de ombros decidindo que ignoraria o clima do casal ao seu lado e solta o filme. Fazer o quê, né!?