I love you
— .... o número de desaparecidos está aumentando..— Emmett mudou de rádio novamente mas aquela voz masculina e robotizada chamou a atenção de Suzan. Ela parou de rabiscar no caderno que acabara de ganhar e segurou o pulso de seu namorado, ele a olhou.
— Espera, volta.— ela pediu e ele obedeceu. O rádio chiou uns segundos antes de voltar a funcionar.
— .... as autoridades começam a desconfiar que estão enfrentando um caso de um assassino em série embora as vítimas não tenham nenhuma correlação aparente. A população de Seattle está assustada e não sabe o que fazer. Rezamos para que a polícia encontre logo alguma pista, mas, enquanto isso, seguimos mantendo as portas bem trancadas, e as cortinas fechadas.— o rádio voltou a falhar quando o jeep de Emmett fez caminho por entre a trilha que os levaria para sua casa. Emmett desligou o rádio, o som de estática era tremendamente irritante.
— Meu Deus, é aqui do lado.— Suzan franziu a testa, preocupada. Andava tão imersa em problemas não naturais que esqueceu que o mundo real também tinha seus monstros. Emmett fez careta, já acompanhava o caso tinha um tempo, Carlisle gosta de assistir jornal. É sempre bom estar atento às notícias.
— Não é nada com que deva se preocupar, gatinha— ele sorriu e passou a mão na cabeça dela apenas para lhe bagunçar os cabelos e a arrancar um sorriso acompanhado de um olhar de censura. No fundo, só queria poupar Suzan de mais um problema que não era dela. Sabe melhor do que ninguém como ela anda estressada.
O jeep balançava muito, mas aparentemente isso não atrapalhava o empenho com que Suzan rabiscava. Emmett sorriu de canto.
— Pronto?— ele levantou a sobrancelha e voltou o rosto para frente conforme ordenado.
— Quase lá.— Suzan o olhava vez ou outra e mordeu a língua como uma verdadeira artista bem concentrada. O sorriso de Emmett se alargou e ele tentou espiar pelo reflexo da janela, mas o ombro de Suzan estava na frente.
— Aposto que vai demorar muito para terminar de me desenhar, Ariel.— ele comentou, mudando a marcha para forçar o motor em uma estrada mais acentuada— Olha todos esses detalhes— ele apontou para o próprio rosto, tão convencido— pensa em como vai demorar para ficar perfeito como eu. Aposto que nem em um milhão de anos...
— Cabei— ela disse e ajeitou a postura no assento. Apoiou o caderno de desenhos no colo com a página rabiscada para baixo. Emmett cerrou os olhos, desconfiado, e sorriu para a cara de inocente dela.
— Quero ver.
— Não, você está dirigindo.— ela colocou as mãos sobre o caderno. Emmett soltou uma risada de escárnio, como se isso fosse adiantar, pensou.
Mas também não é de seu feitio arrancar o caderno das mãos de uma garota. Ainda mais quando essa garota pode te deixar sem algo que ele gosta muito.
— Posso dirigir de olhos fechados. Tecnicamente tenho superpoderes, amor.
— Se concentra na estrada, Homem de Aço. Eu não sou indestrutível.
— Vacilo usar essa.— ele estalou a língua e ela abriu um sorriso malicioso. Emmett se concentrou na estrada e, felizmente, já estavam chegando.
— Antes de eu te mostrar o desenho... preciso saber, por que me sequestrou?
— Não te sequestrei.— defendeu-se o vampiro sem conter o sorriso malicioso.
— Emmett, são quatro da madrugada de um domingo. Eu acordei com você me colocando dentro do carro e me oferecendo um bolinho recheado e um caderno para desenhar como se eu fosse uma criança que precisa de distrações.— ela esfregou o rosto e conteve os dedos nos lábios pensando como conseguiria escovar os dentes.
— Colocando assim...
— O que está tramando, Emmett Cullen?— ela levanta a sobrancelha e o observa de um jeito que o rapaz sente que ela irá abrir seu crânio para saber o que ele está pensando.
— Meio que não é coisa nova já que eu estava me programando para fazer isso faz tempo e temos andado muito ocupados um para o outro...
— Nós nos vemos todos os dias.— ela franze a testa.
— Isso não basta.
— Você estava no meu quarto comigo ainda agora! Diria que dormimos juntos, mas... você sabe!
— Sei?
— Emmett, por que eu não posso estar tendo um belo e pacífico sono nesse frio gostoso?
— Porque você vai namorar comigo.
— A gente já namora.
— Mas tá faltando uma coisa.
— Que seria? O que é que está faltando pra você, gostosão?— ela ficou séria e ele não conteve o riso. Suzan sempre fica uma graça zangada, não tem como conter.
— As nossas alianças, pimentinha.— ele esclareceu com um tom de voz manso e desarmou a ruiva. Suzan mordeu o lábio e voltou o rosto para o parabrisa.
— E por que que você não poderia simplesmente me dar a minha aliança depois que eu acordasse?
— Porque eu precisava fazer quando estivesse determinado, se não você ia me distrair de alguma forma e eu ia esquecer as alianças no porta luvas de novo.— dito isso, imediatamente Suzan levou a mão ao porta luvas, mas mal conseguiu abri-lo quando a mão de Emmett voltou a fechar a portinha. Suzan encarou o namorado como se questionasse sua audácia. Ele mima ela demais, Suzan não está acostumada a ser censurada por Emmett.— É uma troca, querida. Tipo mostra o seu que eu mostro o meu.
— Me diga que não vai fazer nada extravagante diante de sua família.— ela arregalou os olhos.
— Claro que não, eu os expulsei de casa exatamente para termos um momento só nosso.
— Como é que a gente não está tendo momentos nossos se vivemos grudados, Emmett?— ela quis saber.
Ela não está mentindo. Um sempre arranja horário na agenda para o outro. Desde que começaram a namorar, não haviam passado um dia que fosse separados. Por mais que a rotina estivesse agitada, não havia nada no mundo que os impedisse de ficar juntos no final do dia.
— Eu estou carente.
— Você é carente, querido.
— Você bate depois faz carinho, isso é sacanagem.— Emmett fez biquinho e Suzan riu. Ele parou o carro e o desligou.
— Você é uma causa perdida, Emmett!— eles desceram do carro em sincronia e ele pulou por cima do capô do Jeep para chegar até ela mais rápido ainda. Suzan abraçou o caderno contra o peito e o encarou com expectativa.
— Eu só estou afim de fazer você se apaixonar por mim mais um pouco.— ele se justificou. Suzan balançou a cabeça e fingiu que isso não a deixava em pura euforia. Com ele, Suzan descobriu que adora romances.
— Shakespeare adoraria escrever sobre você.
— Ele não seria tão criativo.— humildade não combina mesmo com Emmett. Ele segurou o rosto de Suzan, iluminado pelo fraco alvorecer, Suzan sentia que estava sonhando com um anjo.
Ela recua antes que ele consiga tocar seus lábios. Emmett franze a testa, ofendido com a recusa.
— Não tive tempo de escovar os dentes, se é que me entende.
— Querida, você peida enquanto dorme, acredito que posso suportar um bafinho. Me beija, vai.
— Mas que merda, garoto!
A casa Cullen parecia ter saído de um filme, com uma mudança aqui e ali na decoração, tornando o ambiente mais acolhedor e até sensual. A humana poderia jurar que eles tinham entrado no lugar errado, ela deixou o caderno de desenho sobre a estante ao lado da porta da frente e olhou ao redor, embasbacada. Logo começaria um filme de romance bem clichê que mostraria uma cena épica regada de sexo a luz de velas ou algo do tipo.
Haviam velas e uma garrafa de vinho no chão junto com uma vasilha com morangos ao lado de uma vasilha com chocolate derretido. Suspeito. Suzan mal acordou.
Suzan encarou Emmett com desconfiança e uma pitada de curiosidade maliciosa.
— O que?— ele parecia inocente demais, como se não fosse capaz de compreender o olhar dela.— Não gostou?
— Vai me pedir em casamento ou vai fazer uma proposta de vídeo porno caseiro?— ela disse e não conseguiu se levar a sério, ela gargalhou e tirou as botas perto da porta para ir se deitar no monte de cobertores no meio do chão da sala de estar.
— Não estraga o clima, sua pervertida— Emmett tampouco era capaz de esconder o riso.
— Me tornei pervertida por sua culpa, você que me fez começar a pensar nas coisas desse jeito.— ela se defendeu. Deitando-se de lado e apoiando a cabeça na mão, Suzan fez um gesto debochado e provocativo, convidando Emmett a se juntar a ela. Ele rolou os olhos e correu, desaparecendo de vista— Mas...— Suzan ficou confusa e se sentou, olhando ao redor. É difícil prever o próximo movimento de Emmett. É tão fácil de lê-lo ao mesmo tempo que é difícil de acompanhar.— Mas já fugiu, querido?— ela elevou o tom, está com preguiça demais para ir procurar pelo rapaz.
— Um segundo! Tenho uma surpresa para você!— gritou ele de volta.
— Não sabia que iríamos mesmo fazer um porno caseiro— ela resmungou procurando por uma câmera.— Esse negócio de fantasia... é mesmo sua cara.
— Você me respeita! Eu ouvi hein!— ele falou de onde quer que estivesse naquela mansão.
— Eu estou brincando, amor— ela riu e se esparramou no chão novamente. Até que não estava cansada, mas bem que poderia ter dormido mais um pouco. O dia vai clareando o ambiente, a parede de vidro dava uma bela visão para a floresta e o olhar da humana se deteve ali enquanto ela esperava sua surpresa completamente fora de hora.— Ah! E a gente não vai se beijar até eu poder tomar um banho ou, no mínimo, escovar os dentes!— ela pontuou. Odiava sentir que estava fedendo agora ainda mais depois do comentário nada delicado do seu namorado sobre o que ela fazia dormindo. A pior parte é que não tinha nem como falar que eles não tinham aquele nível de intimidade.
Ela divagou de novo. Andava fazendo muito isso desde que aceitara que tinha mais de uma opção de qual estilo de vida seguir.
Suzan não é ambiciosa. Mesmo que poder se proteger seja uma coisa boa, ela não quer ser eterna. Ela ficou um dia inteiro com a ideia matutando sua cabeça, chegando a lhe trazer dor. Ela sabe que poderia ser vampira, mas sente do fundo do coração que não é o que ela deseja. Ela não quer morrer de jeito nenhum, mas também não quer ser imortal. Suzan passava a mão na linha de seu maxilar, o olhar distante, claramente fora de órbita. Ela nem notou quando Emmett chegou e demorou um pouco mais em reagir ao ser encarada. Ela teve que trancar o riso ao reparar o que estava acontecendo.
Emmett vestia uma fantasia do Homem de Ferro.
— Ah.meu.Deus.— ela não conseguiu se segurar tempo demais e gargalhou enquanto o rapaz com um porte grande demais fazia pose para ela.
— E aí, gatinha, curtiu?— ele zombou, adora provocar essas crises de riso em Suzan.
— O Halloween não passou?
— Eu só estou querendo ver se assim, vestido como seu super herói favorito, você aceita namorar comigo mais rápido.
— Emmett, a gente já namora!— Suzan não conseguia se controlar enquanto a versão maromba do Homem de Ferro se aproximava e se ajoelhava na sua frente. Suzan voltou a se sentar e tirou a máscara de plástico que escondia o belo rosto do moreno, colocando-a no chão ao seu lado.— E você sabe que não precisa virar ninguém para me agradar, você já é exatamente tudo o que eu quero.
Emmett sorriu de maneira doce encarando-a como se ela fosse única coisa no mundo que valesse a pena olhar.
— Isso é tão gay.— ele disse e Suzan revirou os olhos azuis.
— Sempre estragando o clima, Mett.— ela fingiu dar um tapa na cara dele e Emmett se movimentou como se a mão dela tivesse qualquer efeito sobre seu deslocamento.
— O que eu disse não é uma coisa ruim!— defendeu-se o rapaz.
— Bobalhão.— ela esboçou um sorriso e ele partiu para cima dela, apertando-a em um abraço de urso. Não estava usando nem um por cento de sua força, mas isso era capaz de tirar todo o fôlego de uma humana.
— Um completo bobalhão por você.— ele sussurrou contra a pele dela. Suzan amoleceu o corpo, preguiçosa.
— Eu posso dormir agora?
— De jeito nenhum, nem te mostrei as alianças.
— Você sabe que nem precisamos delas, né?— ela só queria ser educada, é claro que ela quer as alianças, imagine só, com o tema da Marvel ainda!
— Você está doidinha para ver elas, né?— ele perguntou, afastando-se um pouco apenas para poder ver o rosto da humana. Ela sorriu e cobriu a boca.
— É claro que sim, deixe-me vê-las!— ela pediu. Emmett balançou a cabeça para a humana, em reprovação— O que?
— A gente não acabou de falar disso de hálito, Suzan?— ele recomeçou e Emmett com certeza sabe que ela sabe que cobrir a boca não adianta, mas não custa tentar.
— Vai pegar as alianças, Emmett.
E ele obedeceu. Emmett voltou correndo para o carro após soltar a garota cuidadosamente e não demorou mais do que um segundo para voltar. Em uma mão segurava uma caixinha vermelha bem pequena, e na outra, segurava o caderno de desenho que Suzan já havia esquecido. Ela arregalou os olhos e tentou pegar o caderno de volta, mas já era tarde demais.
— Mostra o seu que eu mostro o meu— ele falou e estendeu a caixinha para a ruiva, que não demorou muito em aceitar a troca. Ela agarrou a caixinha bruscamente e mirou o namorado com desconfiança como se ele só fosse tirar o item de seu alcance e estivesse para fazer ela de boba. Claro, ele cogitou a hipótese.
Ao mesmo tempo que Suzan abria a caixinha para se deparar com lindas alianças de prata, Emmett erguia o caderno e admirava com confusão o rabisco que deveria ser seu retrato. Ele franziu a testa e inclinou a cabeça para o lado, virou o caderno de ponta cabeça como se assim fosse ser capaz de entender. Parecia que tinha sido feito por uma criança de quatro anos e, por mais que ele estivesse fazendo graça para Suzan, quando a olhou, tudo o que ela encarava eram as alianças. Parecia ter congelado.
— E lá vamos nós...— Emmett se preparou quando ela abriu a boca e fez careta quando o grito agudo e alegre escapou da humana. Ele sorriu diante do surto dela e quase não pôde prever a velocidade com a qual a humana o atacou, pulando em seus braços e o enchendo de beijos por todo o rosto.
— Eu amei, eu amei, eu amei! Pelo amor de Odin, você é perfeito, Emmett Cullen!
Ele riu e a abraçou de volta.
— Agora eu mereço um beijinho, é?— provocou, malicioso. Suzan agarrou o rosto dele e o apertou dando mais um gritinho alegre.
— Argh! Eu te amo, seu bobalhão!— ela disse em um ápice de alegria e os dois imediatamente se soltaram, surpresos com o que escapou dos lábios dela. Suzan bateu na boca e se virou de costas, embaraçada.
É, Emmett não fazia tanta questão de ouvir antes, mas algo mudou, como se uma chave tivesse virado em seu peito. A sensação que o preencheu foi tão, mas tão estupidamente boa.
— Você disse.— ele quebrou o gelo depois de um longo minuto de choque.
— Eu disse.— Suzan concordou e mordeu o lábio com força, quase desejou arrancar a própria língua, mas por que se sentia tão embaraçada? Aquilo não era mentira. E ela disse. Ela disse para Emmett que o ama com aquelas benditas três palavrinhas e estava longe de ser um surto.
— É, disse.— ele se sentiu borbulhar por dentro de um jeito novo. Era sua vez agora? Por que de repente ficou tão tímido em usar aquelas palavras? Ele nunca teve problema em dizê-las. Ela se volta para Emmett mas perdeu a coragem de o olhar nos olhos.
— Eu amei as alianças...— murmurou balançando a caixinha entre eles— Desculpa, eu...
— Eu também amo você, Su.— ele disse e pareceu que tudo explodiria ao seu redor. Não era uma revelação bombástica, por que toda essa euforia?
Quando ela ergueu aqueles olhos cor de céu e o encarou como se estivesse assustada, Emmett sorriu e lhe passou segurança com um simples olhar. Não tinha porque sentirem medo de falar aquilo. Era o que sentiam. Era o que sentiram desde o começo. Era um amor instantâneo.
Emmett ergueu a mão e tocou o rosto dela com seus dedos frios.
— Me dá essa aliança, pimentinha.
NOTA DA AUTORA:
Tá gostando, vadia? Já leu minhas outras histórias? Não? Tá esperando o que?
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