Capítulo 32 - Lembranças: Parte 16
https://youtu.be/H9tEvfIsDyo
A cortina da janela estava entreaberta, deixando uma fresta que permitia entrar no meu quarto luz suficiente para que eu enxergasse tudo à meia penumbra. Estava quente. Será que faltou energia ou o ar condicionado quebrou? Eu me perguntava enquanto descia o cobertor que cobria meu peito. Eu já começava a suar. O trinco da porta do meu quarto se mexeu e em seguida ela começou a se abrir. Eu jurava que tinha trancado à chave. Que vacilo!
- Acordou? - Perguntou Davi, enrolado numa toalha branca. Ele só podia estar de brincadeira. - Tava te esperando na piscina, mas com essa demora pra acordar vim conferir se tu estava vivo. Mas tô vendo que tá bem vivo. - Seus olhos miraram minha cintura e eu logo vi o que chamou sua atenção.
Ereção matinal. Algo muito comum para os homens. Dei um sorriso sem graça ao ver que o volume erguia o edredom. Davi fechou a porta atrás de si, mudando seu rosto antes sereno para algo mais provocativo. Ele deu alguns passos até encostar na minha cama, aos meus pés. Então se abaixou e levantou meu cobertor, entrando ali em baixo. Minha cabeça gritava me fazendo interromper meu primo, mas o tesão que eu sentia me mantinha amarrado.
As mãos dele deslizaram por minhas pernas enquanto ele avançava na direção do volume que chamou sua atenção. Senti sua língua quente tocar minhas bolas, e com elas brincar por um tempo. Ele abocanhava meu saco e em seguida foi dando mordidinhas pelo corpo do meu pau, até alcançar a cabeça. Ele então engoliu tudo, me causando contorções involuntárias.
Ele subia e descia engolindo tudo com uma facilidade que me surpreendia. Eu acompanhava o tecido que nos cobria se movimentar junto com ele. Tudo estava quente e molhado embaixo daquele edredom, inclusive Davi que já estava suando. Então, para aliviar seu calor e eu poder assistir àquela cena maravilhosa, levantei a coberta. Me assustei. Não era Davi, era Nanda.
- Então é isso que você quer? - Ela me perguntou.
Saltei, acordando assustado e me sentando na cama. Mais uma vez esse tipo de sonho me perturbava. E eles estavam ficando cada vez mais reais. As sensações. O calor. Mesmo com o gelo do meu quarto eu suava. Balancei a cabeça negativamente, sentido meu coração acelerado em meu peito. Esfreguei o rosto, para despertar. Em seguida levei uma mão ao peito e respirei fundo, tentando me acalmar. Foi só um sonho. Ou seria pesadelo?
Pouco mais de um mês havia se passado. Período que serviu apenas para me mostrar o quanto eu estava tentando me enganar com aquelas histórias de Escala de Kinsey e tudo mais. Os desejos continuavam me afligindo. As atrações que eu passei a sentir por homens quando esses sonhos surgiram estavam ainda maiores. Me masturbar pra "acalmar" esses pensamentos virou uma rotina diária. Por outro lado, o convívio com Davi melhorou. No início ficamos um pouco estranhos, mas aos poucos, com a rotina, tudo se encaixou.
Meu primo e eu estávamos mais cuidadosos com algumas brincadeiras, mas nada que interferisse muito na nossa amizade. Por um momento, depois da nossa conversa pós-sexo àquela noite, cheguei a cogitar que talvez meu primo estivesse apaixonado por mim. Agora isso parecia apenas loucura da minha cabeça. Isso meio que me ajudava na luta contra o desejo. Lembrei que era o dia do noivado de Fred e Luna e eu estava muito feliz por meu irmão e minha cunhada. Tratei de levantar da cama, deixando lá meus pensamentos sobre aquele sonho e todos esses assuntos.
As coisas entre Nanda e eu estavam finalmente melhores, depois que minha mãe e sua língua solta deixaram escapar que aquele dia do jantar eu estava acordado às 5:00h da madrugada, quando eu havia dito a minha namorada que dormi assim que cheguei, acordando apenas na hora do almoço. Ela insistia que eu havia saído para "pegar alguma menina". Cada vez que ela repetia isso eu me arrepiava imaginando a possibilidade de ela saber a verdade.
Convenci meus amigos a dizer a Nanda que tínhamos apenas saído pra beber e que esqueci meu celular no carro, quando vi as ligações era tarde. Por sua vez, aos meus amigos tive que dizer que tinha saído, sim, para pegar uma menina. Eles insistiram muito para saber quem era e tive que me desdobrar pra me livrar das perguntas. Davi me ajudou. Mentiras para encobrir mentiras. Até quando?
Essa situação com Nanda também nos deixou num longo período de seca sexual. Durante esse tempo que passou não tinha rolado nenhuma vez. E essa atitude não ajudava em nada meu autocontrole. Até pensei que na noite passada aconteceria algo, mas ela precisou ir ajudar uma amiga e não conseguimos nos encontrar. Enfim.
Eu havia me oferecido para levar ela ao salão, do tipo de atividade que eu odiava, mas precisava fazer para manter as coisas com ela na paz. Tudo o que eu não queria era acabar meu namoro em meio àquela confusão de desejos, a qual eu fazia questão de negar. Ficar solteiro seria um perigo. Por isso eu me esforçava bastante. Já estava quase na hora que eu havia combinado com ela, então corri.
• • • • •
Já à noite, enquanto descia as escadas, eu percebi que minha mãe havia conseguido transformar um simples jantar de noivado, como desejavam os próprios noivos, em um evento, o que era de sua vontade. Se tratava de algo menor que seu aniversário, mas mesmo assim havia se tornado uma festa. Já estávamos acostumados. Quando Dona Laura encasquetava em uma ideia, ninguém conseguia ir contra.
Notei que eu estava atrasado, pela quantidade de pessoas que já estavam por ali. Demorei mais do que devia na academia. Por sorte não precisei buscar Nanda aquela noite, pois ela viria com os pais. Vi Fred e Luna recebendo os convidados no patamar próximo à porta. O pedido já tinha sido feito antes mesmo deles nos contarem no restaurante, àquela noite. E a festa era só uma formalização e comemoração à notícia.
- Parabéns bonitão! - Falei agarrando por trás meu irmão, que não esperava e tomou um susto.
- Obrigado Theozinho! - Ele respondeu sorridente ao se virar para mim. Nos abraçamos.
- E você também Luna, Parabéns! - Falei me dirigindo à minha cunhada, que também mostrava os dentes à toa. Nos abraçamos.
- Obrigada, meu amor! - Ela respondeu. Então nos soltamos.
- Dona Laura não tem jeito, né? - Indaguei apontando com o polegar a festa atrás de mim.
- Não, mesmo! - Respondeu Fred, revirando os olhos.
- Mas quer saber? - Perguntou Luna. E já emendou. - A gente tá tão feliz, que desistimos de tentar segurar ela. - Nós rimos.
- De qualquer modo, seria uma batalha perdida. - Falei. Rimos novamente. - Deixa eu ver aqui esse anel. - Peguei a mão dela e girei meu corpo, ficando de costas para a porta. - Nossa! Fred é mesmo um mão de vaca. Comprar um anel desse, com essa pedrinha mixuruca... - Disparei.
Eles riram com a brincadeira. O anel era lindo e ostentava um brilhante grande, rodeado por outros menores. Eu sabia que a joia tinha sido cara. O valor, inclusive, foi assunto por alguns dias lá em casa. Mas minha cunhada ainda não estava o usando, porque a peça havia ficado folgada e precisou voltar à joalheria para ser ajustada.
- Espero que não esteja sendo incentivado aí... - Falou uma voz atrás de mim. Antes de me virar eu sabia que se tratava do meu sogro. - Não vai arrancar minha filha lá de casa nem tão cedo! - Ele exclamou.
Eu soltei a mão de Luna e me voltei para ele, que estava acompanhado de Raquel, sua esposa, Nanda, minha namorada e Yasmim, minha cunhadinha. Abri um sorriso e abracei Romero. Ele sempre foi muito brincalhão e vivia me dizendo que só deixaria sua filhar casar depois dos trinta anos de idade. Cumprimentei todos, deixando minha namorada, em quem dei um selinho, por último. Todos se abraçaram e elogiaram o anel de noivado.
- Luninha, espero que o casamento seja logo. - Falou Raquel. - Tem que amarrar, porque encontrar homem no mercado tá difícil minha filha. Tudo virando viado. - Fui obrigado a rir, para acompanhar os outros. Mas estava me sentindo constrangido com aquela piada. - Tô mentindo? - Continuou. - Eu mesmo vivo dizendo a Theo pra não pegar carona nas brincadeiras de Romero e ficar enrolando minha filha.
- Mãe! - Exclamou Nanda, envergonhada com a pressão que minha sogra acabara de fazer em mim.
- Deixa o menino em paz. - Falou Romero. Em seguida colocou a mão em meu ombro. - No aniversário de trinta anos dela a gente começa a falar sobre isso Theo.
Nos rimos, eu ainda incomodado. Em seguida, seguimos festa adentro. Cumprimentamos meus pais e os de Luna, falamos com mais algumas pessoas e, por fim, fomos para a área da piscina, onde meus amigos estavam, às risadas. De longe, vi que quem também estava por lá era Davi, mais bonito do que deveria. Seria uma batalha para mim segurar meus pensamentos. Passei a mão numa dose de uísque do primeiro garçom que se aproximou.
- Posso saber por que tanta risada aqui? - Perguntei, em tom autoritário, ao me aproximar.
- Chegou a noiva! - Falou Igor. - Que demora foi essa? - Perguntou.
- Pelo menos ele não vai mais poder dizer que sempre chega primeiro em tudo que marcamos. - Disse Toninho.
- Fui buscar Nanda no salão, aí acabei indo tarde demais pra academia. - Justifiquei.
- Aí a culpa agora é minha. - Disse Nanda.
- Ele é assim! - Interviu Gui. - Sempre se esquivando da culpa.
- Vocês poderiam fazer o favor de calar a boquinha? - Brinquei. - Aliás, podem abrir para desembuchar o motivo de tanta risada aqui. Quero rir também.
- O motivo é teu primo. - Falou Gab. Olhei para Davi e vi seu rosto vermelhecer.
- Deixem ele em paz. - Falou Maria Cecília, namorada de Gabriel, dando uma cotovelada de leve no parceiro.
- Ah... Mas agora eu tô curioso. - Eu disse. E realmente estava
- Olha pra isso! - Falou Igor, segurando os ombros de Davi e o fazendo ficar de lado. Em seguida puxou a cabeça do meu primo, expondo seu pescoço. Uma marca arroxeada de chupão contrastava com sua pele alva.
- Parece que ele ficou com uma vampira ontem! - Exclamou Gab, levando mais uma cotovelada da namorada.
- E ela tava esfomeada. - Completou Toninho.
- Só que ele não quer dizer a gente quem foi a boyzinha. - Lamentou Igor.
Olhei para a cara de Davi, que estava completamente constrangido. Nem falava. Seu olhar envergonhado para mim deixou claro que, certamente, não havia sido uma boyzinha, mas sim um boyzinho que favia deixado seu pescoço com aquela marca. E, pelo jeito, a noite tinha sido boa. Senti meu coração acelerar, movido por um sentimento que eu não queria sentir. Ciúmes, do meu primo.
Minha pele começou a esquentar e, depois de colocar uma risada falsa em meu rosto, virei o copo de uísque que eu segurava. A bebida gelada desceu suave. Meu coração acelerou. Assoviei para o garçom que tinha me servido instantes atrás e levantei o copo vazio, para que ele viesse até mim. Em seguida voltei a encarar meu primo e com a cara mais cínica que pude fazer, perguntei:
- E aí Davi, conta a gente, quem foi a boyzinha que arrancou um pedaço de tu? - Torci para que o sarcasmo em minha voz, causado pelo ciúmes que eu não conseguia controlar, fosse percebido apenas por ele.
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