Capítulo 30 - Lembranças: Parte 15
https://youtu.be/_wn3i4f5pzA
Vi o brilho nos lindos olhos azuis de Davi sumir. Seu olhar se aturdiu, tornou-se fosco. Senti seu corpo parar de forçar contra minha mão espalmada em seu peito. Inclusive, ele deu um passo para trás, para deixar ainda mais claro que não mais tentaria avançar para cima de mim. Abaixei a guarda. Não me sentia bem em fazer aquilo, ainda mais depois de ter tido com meu primo um sexo tão incrível, com um prazer eu eu jamais consideraria sentir.
Meu medo era que ele se sentisse usado, para depois ser descartado, como lixo. Sentia meu coração diminuir dentro do meu peito. Porém, por outro lado minha cabeça pensava na possibilidade de que eu também houvesse sido usado. Avisei que estava chegando. Davi teve tempo suficiente para colocar uma roupa, mas resolve me esperar de toalha, na porta de casa. Mais confusão em minha mente. Conturbado, não aguentei mais encará-lo. Então, olhando para baixo falei:
- Desculpa! - Respirei e continuei. - Eu sei que tu deve tá me achando um louco.
- Não, relaxa. - Ele falou, num tom de voz brando. Voltei a encará-lo, então, notei uma leve esperança dominar seus olhos e um discreto sorriso nascer no canto de sua boca, com algo que ele lhe ocorrera. - Talvez seja só a sensação pós-gozo. As vezes, quando fazemos coisas assim, mais fora do que seria correto...
Ele tentava arranjar qualquer justificativa para minha reação. Usou como argumento algo que, em minha cabeça, eu já havia suposto. Mas não, embora isso ajudasse, o meu arrependimento envolvia muito mais coisas do que um simples sentimento de culpa pós-sexo. As palavras que algumas horas atrás eu ouvia sair da boca do meu pai, na mesa do restaurante, talvez justificasse melhor... não sei, só sei que era algo bem maior, que me causava medo.
- Não! - O interrompi, fazendo uma careta e chacoalhando a cabeça negativamente. - Não é nada disso. O fato... - Parei, pensando em como falar sem machucar meu primo. À essa altura era algo que eu não queria. Dei uma daquelas longas respiradas. - Isso não tá certo, Davi. Não tá! A gente é primo, quase irmãos. - Ele abaixou a cabeça. - Eu tenho namorada, porra! - Falei num tom de lamentação, sentido um aperto no peito ao ouvir minha voz pela primeira vez externar isso.
- Mas Theozinho... - Davi mais uma vez se aproximou. Não ouve tempo para reação. Ele segurou meus ombros. - Ninguém precisa saber disso. Vai ser um segredo nosso.
Arregalei meus olhos, atordoado com a proposta. Agitei meus braços, me liberando de suas mãos e, em seguida, dei alguns passos para a frente, passando por ele, que girou seu corpo me acompanhando com o olhar. Minha cabeça estava a mil. Ele só pode estar louco. Não deve ter falado sério. Que proposta é essa? Ele pensa que eu sou como Diego? Ele pensa que eu sou gay? Ele tá muito enganado.
- Tu tá de brincadeira? Tu ouviu o que tu acabou de falar, Davi?- Perguntei retoricamente. Em seu rosto percebi o constrangimento que deixou claro que ele falava sério com essa proposta. - Tira isso da tua cabeça. Isso foi um erro nosso, certo?!
- Desculpa, eu só achei que... - Davi iniciou.
- O que quer que tu tenha achado, achou errado. - Interrompi, novamente. - Eu vim aqui justamente pra dizer que não quero que fique um mal entendido entre nós, não quero me afastar de tu, mas nada disso vai acontecer novamente. Nem era pra ter acontecido agora. - Levei minhas mãos à cabeça percebendo a dimensão que meus atos tinham.
- Tu não gostou? Não foi bom? - Ele perguntou.
- Não é questão de gostar. - Falei desconversando, para não dizer o que ele queria ouvir. Eu tinha adorado. Foi ótimo! Perfeito! de longe o melhor e mais gostoso sexo da minha vida, até aquele dia. Mas, por enquanto, eu não assumiria isso nem para mim mesmo, quanto mais para ele. - Eu tenho planos, um namoro de anos, quero ter filhos, uma família. E isso - Apontei para a cama dele. - não se encaixa em nenhuma dessas partes.
- Tá bom. - Ele falou. Seus olhos lacrimejando. Meu coração apertando ainda mais. - Isso é tudo?
- Desculpa! - Eu procurava mais alguma coisa que pudesse falar. Não encontrei. - Desculpa!
- Não precisa se desculpar. - Ele se virou, levando as mãos ao rosto. Certamente para esconder lágrimas que caíam de seu rosto. Eu não queria que chegasse a esse ponto.
- Davi... - Dei alguns passos em sua direção e ia o abraçar, por trás, mas imaginei que isso poderia piorar ainda mais a confusão. - Eu não quero te perder. E acredita em mim quando eu digo que isso só acabaria com tudo que nós temos. Tu é meu melhor amigo, meu conselheiro, meu primo, meu irmão.
- Tu tá certo. - Ele falou. Então se virou, entregando que realmente algumas lágrimas tinham caído. - Eu não sei onde eu tava com a cabeça. - Ele forçou um sorriso. - É que tudo isso é muito confuso. Eu que te devo desculpas.
- Nada disso! - Falei. - Ninguém aqui deve desculpas. Só temos que conversar, esclarecer. Isso foi um erro, vamos enterrar e deixar pra trás. Certo? - Estendi minha mão pra ele.
- Certo! - Ele falou ao apertar minha mão. Evitei puxar ele pra um abraço.
- Então é isso. - Falei. - Melhor assim.
- Melhor assim! - Ele repetiu. Não senti muita firmeza, mas era um passo.
- Agora tenho que ir nessa. - Peguei meu celular e quando acendi a tela, três ligações perdidas de Nanda, fora as notificações de mensagens no Whatsapp. - Puta que pariu! - Exclamei e mostrei a tela a Davi.
- Bronca! - Ele disse. - Diz que pegou no sono. - Piscou um de seus lindos olhos azuis.
- Sempre me salvando! - Falei. - Funcionamos melhor assim. - Sorri para ele. - Então, vou nessa. Tem cara dela já ter ligado lá em casa.
- Eu te acompanho. - Ele falou.
Davi e eu seguimos em silêncio, lado a lado, refazendo de trás para frente o caminho pelo qual momentos antes passamos nos agarrando deliciosamente. Ele abriu a porta da frente e eu saí. Chamei o elevador, enquanto o silêncio constrangedor continuava entre nós. O som baixo e agudo de um sino indicou sua chegada e as portas de metal se abriram ao meio. Entrei, apertei o zero, me virei e antes que as portas voltassem a se encontrar acenei com a mão. Ele respondeu com um sorriso amarelo, encostado na porta, envolto pela toalha, na mesma posição em que mais cedo me recebeu.
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No caminho para casa, enquanto dirigia, senti minha coluna arder, como se meu corpo se livrasse de uma tensão presa dentro de mim. Eu pensei em tudo que acabara de acontecer, torcendo para que minha máscara tivesse funcionado e nada daquilo voltasse a acontecer. Lembrei das palavras do meu pai, do que eu estava fazendo com Nanda. Foi inevitável que algumas lágrimas caíssem dos meus olhos no percurso.
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Horas depois, já madrugava, eu não podia entrar no Whatsapp, pois o "visto por último" desmentiria meu álibi de que eu havia caído na cama e dormido, assim que cheguei em casa. Precisaria disso no dia seguinte, quando Nanda me questionasse sobre eu ignorar suas ligações e mensagens. Como se eu dormisse assim tão fácil. Já havia checado as ligações no telefone residencial, mas a última ligação recebida tinha sido à tarde.
https://youtu.be/sneWn-_nsWM
Aproveitei a madrugada para fazer alguns trabalhos da faculdade, assim manteria minha mente distraída dos acontecimentos recentes. Porém, antes que eu percebesse já estava mergulhado em mais uma pesquisa sobre sexualidade, na tentativa de entender o que estava acontecendo comigo. Heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade... rótulos que no futuro eu desprezaria. Mas por enquanto eu procurava respostas. Até que achei algo que prendeu minha atenção: A Escala de Kinsey.
Nessa teoria, de Alfred Kinsey, seria possível definir o comportamento sexual das pessoas durante sua vida, considerando também episódios em determinados momentos. A escala vai do nível zero, que representaria uma pessoa exclusivamente heterossexual, indo até o nível seis, que seria uma pessoa exclusivamente homossexual. Os níveis intermediários seriam as variações entre a heterossexualidade e a homossexualidade. Havia ainda os assexuais, que não se encaixavam em nenhum nível da escala.
Para mim aquilo significava uma luz no fim do túnel. Eu deveria estar passando por uma fase "nível 1", por um curto período da minha vida. Foi apenas um dos tais episódios eventuais. Talvez se eu conseguisse evitar isso no futuro pudesse me consider novamente um "nível 0", como sempre fui e jamais deveria ter deixado de ser. Eu analisava tudo, enquanto cantarolava a música que ouvia com apenas um dos fones no ouvido. Nem prestava atenção que a letra me sugeria exatamente o oposto das conclusões que eu tomava, buscando desesperadamente uma explicação.
- Cinco horas da manhã, Theo! - Disse minha mãe dando algumas batidas na porta.
Eu dei um pulo que quase caí da cadeira, fechei desesperadamente a janela privativa na qual eu fazia as pesquisas. Mesmo com a porta trancada à chave, foi meu reflexo. Sempre que minha mãe passava pela porta do meu quarto, às 4:50h da madrugada, hora de sua caminhada diária, e percebia que eu estava acordado, algo constante, por conta da minha insônia, fazia a mesma coisa. E sempre me assustava.
- Que susto, mãe! - Respondi de dentro do quarto.
- Tá fazendo algo errado? - Ela perguntou em tom de brincadeira. - Vai dormir, menino.
- Já vou. - Retruquei. - Tava só terminando um trabalho da faculdade.
Os passos de minha mãe indicavam que ela tinha seguido. Fechei o notebook e afastei um pouco para o lado o blackout da cortina, par conferir o céu que já clareava. Voltei a cortina ao seu lugar, mergulhando meu quarto de volta no breu. Com o celular iluminei meu caminho até a cama. Tirei a cueca, única peça que vestia, e deitei, encarando o teto que eu não enxergava, devido à escuridão.
Precisava tentar relaxar para dormir e recorri ao meu método mais eficiente. Levei a mão direita até meu pau e dei algumas mexidas nele. Pensei em algo que me excitasse e meu cérebro me forneceu de cara a imagem de Davi, de quatro, me chamando. Com a rápida reação que tive no membro em minha mão, aceitei a sugestão.
Davi engolindo minha vara. Eu abocanhando tudo dele que eu podia. Minha língua se perdendo em sua bunda. Depois eu enterrando minha pica naquele cuzinho quente e apertado. Essa sequência de lembranças, enquanto eu deslisava para cima e para baixo a mão que segurava minha rola, foi suficiente para que eu sentisse o orgasmo chegar. Usei a mão esquerda, que estava livre, para pegar rapidamente a cueca ao lado da minha cama e despejei nela a porra que liberei ao gozar.
Me limpei. Senti meu corpo relaxar. Fingi que não tinha usado Davi como inspiração para me masturbar. Fechei os olhos. Não percebi quando dormi.
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