Capítulo 12 - Lembranças: Parte 06
Eu encarava a tela do meu celular, olhando aquela notificação e pensando no que fazer. Todo aquele turbilhão de pensamentos veio à tona novamente. Respirei fundo algumas vezes, tentando me acalmar. Deslizei a notificação para o lado, fazendo ela desaparecer. Daria a ele o mesmo que ele me deu: silêncio. Voltei para minha pesquisa, até o sono finalmente chegar.
● ● ● ● ●
https://youtu.be/-OEVZ_tEBuk
Deitado em uma das espreguiçadeiras dispostas na área de lazer da minha casa, dei play em uma playlist do meu Spotify. O sol estava bem em cima de minha cabeça e eu sentia gotas de suor escorrendo pelo meu corpo. Segui com meu olhar uma que escorreu do meu pescoço, passando pelo meu peitoral, em seguida deslizou entre os gominhos do meu abdome e caiu dentro do meu umbigo.
Levantei o cós da sunga, posicionando melhor meu pau dentro dela. Depois apertei o laço que havia folgado com a movimentação. Peguei uma garrafa de cerveja no apoio ao meu lado, dei um gole, o sabor era perfeito. Gelada, ela descia aveludada. Devolvi a bebida ao seu lugar de origem. Notei a água da piscina ondulando. Alguém acabara de mergulhar. Levantei os óculos escuros para ver quem era.
Davi surgiu na borda da piscina, saindo da água bem à minha frente. Seu cabelo molhado estava escorrido para trás, seus olhos pareciam ainda mais azuis e penetravam nos meus. Fiquei imóvel admirando aquela beleza. Apoiando suas mãos na borda ele ergueu seu corpo, fazendo os músculos dos seus braços saltarem. Ficou ali um ou dois segundos que pareceram uma eternidade. Admirava seu corpo, água escorrendo por cada curvinha de músculo existente.
Apoiando um joelho, logo ele se pôs de pé e caminhava em minha direção. Minha respiração começava a ficar ofegante, mas eu não conseguia me mover. Estava congelado. Parado, aos meus pés se curvou apoiando as mãos nas laterais de minhas pernas. As gotas de água gelada que pingavam dele e batiam em mim me causavam arrepios. Ele engatinhou, sem tirar seus olhos dos meus, até que estava face a face comigo.
Eu sentia a respiração dele, quando ele fechou os olhos e me beijou. Eu não resisti. Submerso naqueles lábios também fechei os meus, mas ele, repentinamente, parou de me beijar. Quando tornei a abrir os olhos para ver o que tinha acontecido, quem me encarava de perto não era mais ele, era Nanda. Num salto, acordei.
Mais uma vez, isso! Semanas já tinham se passado, mas sonhos desse tipo continuavam me perturbando. Pra minha surpresa eu tinha conseguido evitar Davi por todo aquele tempo. Mudei o horário que eu frequentava a academia, pois sempre íamos juntos. Faltava encontros com os amigos, usando o TCC como desculpa para a falta de tempo. O arrependimento me corroía. Se eu soubesse que aquela noite significaria o fim da minha melhor amizade e o isolamento de todas as outras, jamais teria feito aquilo.
Sem contar que depois daquela noite, eu passei a enxergar coisas que eu não notava antes. Homens que antes eu acharia apenas bonitos, ou que tinham um corpo maneiro, agora passavam a causar em mim um tipo de atração. Desejos que, por mais que eu tentasse controlar, me dominavam. Era tudo muito novo, confuso. Eu me sentia por vezes culpado, por vezes vítima.
Pensava em Nanda, no que aconteceria comigo se descobrissem aquilo. Tentava enfiar em minha cabeça que nada tinha acontecido. Eu havia me afastado da única pessoa com quem podia conversar sobre tudo aquilo que me afligia. E não queria admitir, nem para eu mesmo, mas tinha medo do que uma possível reaproximação piorasse ainda mais as coisas. A conclusão era sempre a mesma: melhor deixar as coisas como estavam indo.
Sentado ali em minha cama, com a respiração ofegante e parte do meu membro ainda ereto e babando na minha barriga, eu lembrei que dia era aquele. Levei minhas mãos ao rosto, deslizando elas com força na direção dos meus cabelos, os organizando para trás. Eu precisaria me preparar, pois, naquela noite, o encontro com Davi fugiria do meu controle.
● ● ● ● ●
Era aniversário de minha mãe. Eu passei na casa de Nanda, quando ia ao treino, pois a loja onde ela encomendou o presente para a sogra e a academia que eu frequentava ficavam no mesmo shopping. Na volta parei em seu apartamento e subi com ela. Não havia ninguém da família em casa, entramos em seu quarto, ela já foi tirando a camisa. Eu entendi o recado. Fizemos sexo e em seguida me despedi. Ficou combinado de eu buscar ela, a mãe e a irmã à noite, pois o pai dela estava viajando a trabalho.
● ● ● ● ●
Se Nanda, sozinha, sempre me fazia esperar na porta do prédio, imagina em dose tripla. A estratégia era jogar algumas partidas de Candy Crush Saga, mas dessa vez as vidas acabaram e nada delas. Quando saí de casa alguns convidados já haviam chegado. Meu medo era que quando eu voltasse Davi já estivesse por lá. Alguns minutos depois, finalmente elas surgiram. Lá estava eu dirigindo de volta à minha casa.
Quando chegamos Gui e Toninho já estavam por lá. Gab e Igor não iriam, porque tinham outros compromissos. Nas festas de aniversário da minha família todos os membros sempre tiveram liberdade para chamar os próprios convidados, independente de quem fosse o aniversariante. A única regra era avisar com antecedência para saber a quantidade exata de convidados. Além do mais, os meninos eram de casa e chamavam meus pais de tios.
Quando me viram, eles se levantaram acenando para mim na sala de estar e eu fui caminhando na direção deles. Nanda, sua mãe e sua irmã ficaram cumprimentando minha mãe que recepcionava os seus convidados ladeada por um garçom servindo champanhe, próximo à entrada, na base da escada que levava ao primeiro pavimento da casa.
Já estava conversando com os meninos, que insistiam em saber o motivo do meu sumiço, alegando que para conseguir me ver tiveram que ir a uma "festa chata de velhos". Me virei procurando por Nanda, para que ela me salvasse do interrogatório. Ela já segurava uma taça com champanhe na mão, ainda conversando com minha mãe e Raquel, minha sogra. Quando Nanda me viu a encarando fiz um sinal para que ela viesse até mim, ela assentiu com a cabeça, mas quando deu o primeiro passo minha mãe abriu os braços em direção à porta. Nanda girou seu corpo para ver quem era.
https://youtu.be/rSMY2CVjCZA
Do ponto onde eu estava não conseguia ver quem chegava, mas o sorriso no rosto de Nanda entregou que era alguém íntimo. Mesmo sem ter certeza, senti meu corpo retesar. Quando meus tios Maria Luíza, tia Malu, e Carlos Eduardo, Tio Cadu, passaram pela porta fiz uma prece rápida, para que por qualquer motivo Davi não entrasse em seguida. Foi em vão, pois ele entrou logo após seus pais. A partir dali, tudo parecia acontecer em câmera lenta.
Uma seção de abraços e sorrisos foi iniciada. Eu estático assistia aquela cena. Por fim, Davi e Nanda deram um longo abraço e ao se soltarem Davi falou algo. Ele mantinha sua mão direita pousada próxima ao ombro direito de Nanda, passando o antebraço pela nuca dela. Ela tinha seu braço esquerdo passando por trás da cintura de Davi, com a mão recostada na lateral esquerda do abdome dele. Era como quando abraçamos alguém de lado. A diferença de altura era discrepante. Com a mão direita, que segurava a taça com champanhe ela me apontou. Seguindo a direção indicada, Davi me encontrou. Percebi que ele havia perguntado onde eu estava.
Quando o olhar de Davi penetrou o meu, seus lábios se abriram ainda mais, mostrando aqueles dentes perfeitos e branquinhos. Um sorriso encantador. Me mantive imóvel. Ele caminhava em minha direção ainda abraçado a Nanda. Suas bocas mexiam, eu não tinha noção do que eles falavam, pois estava submerso em pensamentos. Ao chegarem próximo a mim, se soltaram, a boca de Davi mais uma vez se mexeu, ele estendeu a mão. Ficou assim por tempo bastante para que se tornasse constrangedor. Eu continuava uma estátua.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top