•| Capítulo 20 - Amote.

Os vidros estalam após sentir algo escorrer pelos meus ouvidos. Olho para estes que acabam por partir e espalham-se pela sala. Toda a gente se baixa para se tentarem proteger, mas todos levaram com os pedaços de vidro que voavam pelos ares, até mesmo eu.
Começo a correr sem parar. Vi carros a pegarem fogo, vi pessoas deitadas no chão, mas neste momento não sei porquê, e sinceramente, estou-me bem a cagar para tudo e todos. Neste momento sou a pessoa mais fria do mundo e desejo que toda a gente sofra o que eu estou a sofrer neste momento.

Luke

Vejo a Chloe correr e tento ir atrás dela mas o seu pai agarra o meu braço fazendo com que não vá.

— Mas eu quero ajudá-la!
— Se queres ajudá-la, encontra o Harry.

Comecei a correr e assim saí daquele lugar. Mas o que é que se passou aqui? Há carros virados ao contrário e a arder, pessoas a sangrarem deitadas tanto nos passeios como no alcatrão, crianças a chorar, haviam postes de eletricidade no meio da estrada, pessoas aos gritos, árvores a arder... Não havia sinal da Chloe. Será que foi ela que fez isto? Será que é o fim do mundo? O que é que se passa?
Agora, como vou eu encontrar o Harry?

— Estou? Katherine? Desculpa incomodar mas alguma de vocês tem o número do Harry?
— Boas, eu não tenho. Deixa-me ligar à minha irmã do fixo. (...) Ela também não tem.
— E sabes como o encontrar?
— Também não, eu só o conheço de vista.
— E a Chris?
— Chris, sabes como encontrar o Harry? (...) Ela diz que o mais provável é ele estar no parque pois ela encontra-o sempre lá.
— Está bem, obrigado.
— Mas o que é que...

Desligo e começo a correr, parando apenas no parque onde ando às voltas à procura dele. Infelizmente consegui encontrá-lo.

— Luke?
— Chris? O que é que estás aqui a fazer com ele?
— Estou pela primeira vez a conhecer um homem. E tu o que é que estás a fazer aqui?
— Estou pela primeira vez a conhecer a puta que és!
— Seu cabrão de merda!
— PAUSA! - grita o Harry - Parem de se ofender um ao outro que não vale a pena. Quem és tu?
— Sou o namorado dela!
— Diz antes ex-namorado.
— Nós nunca acabamos, mas agora sim, porque eu não vou ser nenhum corno!
— Acalma-te lá rapaz. Eu estava aqui na minha e ela apareceu, não aconteceu nada. Eu curto de outra pessoa.
— Quem? - pergunta a Chris, mas ignoro a sua presença.
— Eu preciso da tua ajuda. Há uma pessoa que não está nada bem e que precisa de ti.
— Chloe?
— Sim. Eu nunca a vi assim. O pai dela é que me disse para te encontrar pois só tu a conseguirias ajudar. Não entendi porquê, mas deve de saber o que diz.
— O que é que se passou?
— A mãe dela foi esfaqueada e ela desatou a correr para fora do hospital. - vejo-o agarrar os cabelos e pelo canto do olho vejo a Christianna boquiaberta - Antes disso, encontrei-a quase a desmaiar de nervos no Mc, agarrou uma enfermeira, tinha os olhos escuros e ainda a vi sangrar dos ouvido.
— Oh não!
— Como assim oh não, tu sabes o que se passa? - pergunta ela.

Ele começa a correr feito maluco, nunca vi ninguém correr tão rápido. Penso em correr atrás dele, mas ele foi pelo meio do mato que vai dar à floresta e sinceramente, eu não vou lá andar atrás dele para me perder.

— Eu não acredito que me chamaste de puta...
— E eu não acredito que me ias traír depois de tudo, nem que achas que não sou um homem a sério, porque estás bem enganada.
— Eu acabei contigo. E eu não fiz nada com ele, apenas te queria fazer ciúmes e tu acabaste por me chamar aquilo que chamaste. Nem acredito que o disseste mesmo. Eu pensava que te conhecia, mas afinal estava enganada. Sabes, desde que acabámos que penso que estou bem sozinha. Não ando irritada e a discutir como antes quando estávamos juntos. Posso não estar feliz mas ao menos estou calma.
— Queres dizer que estás melhor sozinha do que comigo?
— Ainda por cima depois das mensagens que vi.
— Eu emprestei o telemóvel ao Ash. Falei com ele ontem, ele disse que pediu ao Harry, o irmão dele, que o guardasse durante o jogo e ele deve de o ter usado com mais alguém. Não fui eu que escrevi aquilo. Nunca na vida te trairia. - sinto algo molhado escorrer pelo meu rosto.
— Tal como sempre disseste que nunca na vida irias derramar uma lágrima seja por quem fosse?
— Há exceções, essencialmente quando entra alguém na nossa vida que é capaz de nos mudar como nunca ninguém fora antes capaz de o fazer. Nunca te trairia. Só se fosse contigo.
— Amote.
— Também te amo.

Chloe

— O que é que tu queres?
— Porque é que estás assim?
— Estou descontrolada, não posso?
— Não podes perder o controlo, tens que saber dominar o teu corpo tanto física como psicologicamente.
— Afasta-te. Eu sou perigosa.
— Eu sei que sim, mas eu não tenho medo de nada. Eu sei que preferes estar sozinha do que comigo, mas tu precisas de mim.
— Para trás!
— Precisas de quem te segure a mão direita quando a esquerda segue o caminho errado. Eu sou o caminho certo. - ele diz agarrando a minha mão.
— Como é que tu fazes isto?
— O quê?
— Tu controlas-me. Tu dás a volta à minha cabeça de tal forma que me controlas. Como?
— Amor.
— Ahn?
— Isso mesmo. Apenas te amo e quero o melhor para ti. Posso já te ter digo as piores coisas do mundo e te ter desejado mal, mas não era o que queria. Eu quero que sejas feliz ao lado da pessoa que quiseres, apesar de saber que a pessoa certa sou eu.
— Como é que sabes?
— Porque o sinto, tu não? - ele pergunta mexendo no meu cabelo e acariciando o meu rosto.
— Sinto que és uma perda de tempo e que apenas estás aqui para me controlar! - atiro-o contra a árvore mais próxima e vejo-o queixar-se das costas - Está a doer? Tenho uma pena... Ninguém te mandou desejar o que desejaste!
— O quê?
— A minha mãe foi esfaqueada devido ao teu desejo! Ainda não tinhas percebido isso?!
— Como é que... Não és a Chloe.
— Claro que sou a Chloe!

Vejo-o aproximar-se de mim com os seus olhos negros tal como os meus e as suas mãos a transpirar fogo. Agarra-me pelo pescoço e deita-me no chão. Senta-se em cima de mim e olha-me nos olhos.

— Chloe. Tu és mais forte que ele! Não o deixes vencer!
— Deixa-me em paz! Larga-me, estás-me a aleijar.
— Chloe, eu amote.

Sinto os seus lábios encostarem nos meus e sem conseguir parar tomo controle do beijo. Ele larga o meu pescoço e acaba por se deitar em cima de mim. Coloco as minhas pernas à volta das pernas dele e agarro as suas costas puxando-o para mim.

— Também te amo. - digo sorrindo.
— É bom saber.
— Porquê?
— Porque eu só o disse para te acalmares.
— Estás a gozar certo?!
— Sim, tem calma princesa. Eu amote mesmo. Tudo o que disse é verdade.
— Também te amo, mas não dá.
— Porquê?
— Com isto acabei por descobrir que a minha mãe está mal por causa de ti!
— Eu não sabia que ao pensar nisso que isso poderia acontecer... Não o fiz de propósito.
— A culpa é tua.
— Amor, por favor.
— Não me chames isso. Eu nunca mais te quero ver à minha frente.
— Mas eu não consigo. Tu és a minha alma gémea e eu não te quero perder.
— Como me perdes se nunca me tiveste?
— Nunca?
— Nunca.
— Como posso emendar isto?
— Sempre podes desejar que a minha mãe se cure.
— Como é que faço isso?
— Tal como desejaste que eu sofresse com a morte da minha mãe ou como eu desejei ter um acidente e morrer para salvar a minha mãe.
— Como assim?
— Eu desejei isso e tivemos um acidente antes de ir ao hospital.
— Eu posso tentar, mas não acredito que resulte. Resultou apenas porque o demónio também o desejou. O corpo pedir um desejo e o demónio concordar acaba por acontecer. Pelos vistos.
— Eu ODEIO-TE! Nunca mais me apareças à frente.
— Eu faço-o. Mas quero tentar de uma forma...
— Como?

Ele agarra as minhas mãos, olha-me nos olhos dizendo "Desejo que a tua mãe esteja sã e salva." e eu digo sem pensar "Desejo que todos os estragos que causei hoje não passem de uma visão.", para finalizar beija-me. Não consegui pará-lo pois também o desejava, tanto ao Harry como a ambos os desejos. Este beijo foi diferente de todos os outros, foi de tal forma diferente que não o sei descrever. O beijo acaba e ele afasta-se de mim virando as costas.

— Espera!
— Que foi?
— Preciso que me deixes ao pé do hospital, não sei o caminho.
— Está bem.

Não sei como consegui correr tanto até aqui, pois estou extremamente cansada por causa do que já andei e ainda nem vi o hospital.
Estivemos calados todo o caminho até aqui e não acredito que isso mude.
Começo a ver o hospital e começo a ficar com receio de me aproximar devido aos estragos que causei. Não me lembro de tudo, mas lembro-me de algumas coisas.
De repente, sinto um puxão e aí dou conta que o Harry me estava a beijar de novo. E também de novo, não consigo parar o beijo. Sinto-me fraca e ele sabe como me controlar. Ele desiste do beijo e mira o chão. Apenas se ouvia o barulho das corujas, o que me fez recordar do barulho que eu trazia nos ouvidos na última vez que aqui estive. Curiosa, continuei a andar chegando mesmo ao pé do hospital podendo ver que estava tudo normal, como se nada tivesse acontecido. Olho para trás procurando o Harry, mas ele não estava lá mais. Lembrei-me do meu desejo tal como me lembrei do dele, e ao recordar, não sei onde as fui buscar, mas ganhei forças para começar a correr pelo hospital. Paro na sala de espera onde deixei o meu pai e estava tudo normal, não haviam vidros no chão nem nada. Nem o meu pai. Perguntei à enfermeira, que antes machuquei, pelos meus pais, e esta disse-me onde estavam como se não se recordasse de mim. Sem pensar mais nisso, corri até ao quarto que a enfermeira me indicou podendo ver o meu pai agarrado à minha mãe. A minha mãe está sã e salva.  

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